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O que você vai ver nesse post:

 

1. O que é Design Thinking?

O Design Thinking foi apresentado pela primeira vez em 1969 no livro “The Science of the Artificil” de Herbert A. Simon.

Seu principal objetivo: Solucionar um problema de forma colaborativa.

 

2. Premissas do Design Thinking

Um grande ponto positivo à favor do uso dessa metodologia em sala de aula é conseguir reunir alunos com diferentes experiências de vida em um mesmo grupo. Essa proposta leva em consideração visões diferenciadas de seus participantes, o que abrirá espaço para pensamentos e argumentações mais críticas (usando o termo “crítico” no melhor dos sentidos). Em outras palavras, o Design Thinking é centrado em pessoas (Human-Centered Design), na vivência de cada participante e em suas necessidades individuais.

Toda a ideia acima se resume em 3 premissas básicas, que são:

  • Empatia: Que nada mais é do que se colocar no lugar do outro, ou seja, é necessário para que todo o processo funcione de forma efetiva que cada participante entenda o contexto ou a necessidade em questão, porém sob uma perspectiva dos olhos do outro.
  • Cocriação: É uma iniciativa colaborativa para desenvolver soluções, ou seja, quanto mais plural for o grupo, maior a chance de se obter um resultado melhor. A ideia é simples, a interação com o outro nos traz novas ideias não consideradas antes.
  • Experimentação: Todo o produto dessa metodologia deve passar por teste. Não há necessidade do produto estar totalmente finalizado, pode ser uma versão beta, ou seja, uma versão do produto que tenha o mínimo necessário para funcionar, receber feedback dos usuários, passar por melhorias, e logicamente, evoluir.

De forma mais detalhada podemos dividir as 3 premissas acima do Design Thinking em 5 passos, conforme segue abaixo.

 

3. 5 passos do Design Thinking

O Design Thinking se divide em 5 passos simples:

Passo #01: Descoberta

No passo #01 estamos na fase da descoberta, onde é importante construir uma base sólida, por pesquisas ou entrevistas, sobre o problema proposto. Desde que os envolvidos estejam abertos a novos pontos de vista, todo a metodologia acaba por se tornar um processo de aprendizagem significativa e crescimento pessoal. Colete dados, converse com pessoas que estão envolvidas com o problema, anote o máximo de informação que conseguir coletar, tente entender melhor como aquele problema afeta seu entorno.

Sugestão de tempo: de 20 a 30 minutos para cada parte do passo #01

Dica da boa: Caso você seja o proponente da atividade, lembre-se de que o problema proposto deve ser aberto o suficiente para que possamos dar espaço a novas ideias.

  • Pesquisa / entrevista:
    • Usuários, observação, etc
  • Construa sua equipe:
    • Proposta de funções, habilidades de cada envolvido, regras do grupo, respeito nas discussões, etc
  • Compartilhe suas ideias com a equipe
    • Expor o desafio, expor dados/ informações coletadas, admitir que não sabemos tudo, etc
  • Crie um diário de bordo para registrar todos os passos e compreender melhor o progresso do grupo.

 

Passo #02: Interpretação

No passo #02 entramos na fase da interpretação. Aqui precisamos aprofundar nossa compreensão sobre as informações coletadas no passo anterior e transformá-los em oportunidades para uma ação. Momento dos insights (“boas sacadas”). Momento de boas conversas entre o grupo. Não tenha medo de ver os envolvidos em discussões calorosas, eles tem um combinado inicial que envolve respeito, caso seja necessário lembre-os desse combinado e apenas interfira na discussão caso a coisa toda fuja da normalidade.

Sugestão de tempo: de 20 a 40 minutos para cada parte do passo #02

Dica da boa: O momento de interpretação é uma boa oportunidade para notar como cada um dos envolvidos se comportam em grupo, ou seja, saber ouvir quando devem ouvir e falar quando podem falar.

  • Insights:
    • Converse com mais pessoas, procure especialistas no assunto, pesquise mais.
  • Insights em ações:
    • Transforme suas “boas sacadas” em possíveis ações.
    • Lembre-se que você pode utilizar mapas conceituais, fluxogramas, entre outros para organizar melhor suas ideias.
    • Perguntas do tipo: “Com podemos … ?”

 

Passo #03: Ideação

No passo #03 entramos no momento de ideação, ou seja, no momento de criar ideias livremente. Não se preocupe com ideias absurdas, elas podem servir de motivação para outras que realmente sejam efetivas na solução do problema. Brainstorming, ou seja, tempestade de ideias. Anote tudo, faça conexões, crie! A prioridade aqui é desenvolver ideias de forma colaborativa. O mesmo acontece quando estamos conversando em uma roda de amigos, um tópico engraçado surge e cada um colabora para tornar o tópico mais engraçado ou até mesmo contextualizado com a roda.

Após esse momento é necessário selecionar as melhores ideias do grupo, ou seja, precisaremos de um momento para discussão e/ou escolha (por votação, por exemplo)

Sugestão de tempo: de 45 a 60 minutos para cada parte do passo #03

Dica da boa: Reserve um local apropriado para que todos se sintam confortáveis para conversar e fazer anotações. Uma sala espaçosa com lousa e cadeiras irá ajudar muito na dinâmica desse passo!

  • Brainstorming:
    • Apresente o assunto para iniciar
    • Não há ideia ruim.
    • Conecte ideias.
    • Foco no tema principal.
    • Estimule pensamentos.
  • Votação:
    • Papéis com as melhores ideias (escolhidas pelo grupo) podem ser coladas nas paredes para uma votação com mais pessoas (fora do grupo).
    • A própria lousa pode servir de mural para exibir as ideias e receber votos.
    • As pessoas andam pelos grupos, e com um pontinho feito ao lado da ideia votam em suas preferidas.

 

Passo #04: Experimentação

Estamos quase finalizando nosso processo, porém o passo#04 é um dos mais importantes, nele iremos realizar a experimentação, ou seja, mão na massa, hands-on, ao trabalho, … Um protótipo é um primeiro rascunho da ideia inicial, não precisa estar finalizado, mas precisa trazer consigo os pontos principais de funcionamento. Caso você esteja desenvolvendo um novo conceito de cadeira que traga uma braço ajustável para perfis diferentes de usuários, você não precisa finalizar toda a costura do tecido que cobrirá a cadeira ou fazer todo o preenchimento do estofado, basta que as principais ideias sejam evidenciadas. Nesse caso é importante que sua cadeira venha com o braço ajustável já articulado, com um mínimo de eletrônica (botões, sensores, fiação, motores, etc), e mecânica (articulações, engrenagens, etc) necessárias para que essa articulação funcione. Não se preocupe em esconder os fios, estando expostos podem ser úteis para que outras pessoas entendam o funcionamento da sua ideia!

Sugestão de tempo: O tempo dedicado ao passo #04 irá depender da complexidade do projeto, do acesso aos materiais necessários da disponibilidade de ferramentas, entre outros fatores. CASO você esteja em uma oficina maker com com ferramentas e materiais em mãos, minha sugestão é que esse tempo seja de até 90 minutos (1h30min).

Dica da boa: Oriente os grupos para que foquem seu trabalho na realização do protótipo. Disponibilize materiais como cola quente, papelão, tesoura, entre outros para que os envolvidos possam dar forma ao pensamento.

  • Prototipar:
    • Rascunhe o conceito.
    • Crie um diagrama.
    • Crie um modelo / maquete.
    • Crie uma propaganda para expor seu protótipo.

 

Passo #05: Evolução

Para finalizar nossa metodologia, o passo #05 tem como principal característica a melhoria do seu protótipo, em outras palavras, a Evolução da sua ideia. Aqui cabe um planejamento sobre os próximos passos do seu protótipo, como fazer a ideia se monetizar ou como implantar a ideia em outros locais ou contextos. Um planejamento sobre como divulgar e distribuir a ideia também é muito bem-vindo.

Sugestão de tempo: O tempo utilizado nesse passo também é diretamente proporcional ao tamanho do projeto a ser desenvolvido. de 45 a 60 minutos para cada parte do passo #05

Dica da boa: Peça para os grupos organizarem as perguntas que compõe o questionário de feedback. Essa ação irá poupar tempo e irá focar a atenção ao que realmente é importante.

  • Feedback:
    • Apresente o protótipo.
    • Deixe as pessoas usarem seu protótipo.
    • Organize um questionário focado nas funcionalidades do protótipo.
    • Analise as respostas recebidas, e caso seja da vontade do grupo, recomece a metodologia.
    • Retome o diário de bordo com o intuito de entender melhor todo o processo.
    • Peça ao grupo que faça uma autoavaliação de todo o processo, isso lhe dará subsídios para melhorar as próximas propostas.

 

4. Quem pode utilizar o Design Thinking

Basicamente falando qualquer processo que há uma necessidade de solucionar um problema e há possibilidade de se fazer isso em grupo, o Design Thinking será muito bem vindo!

O Design Thinking pode ser utilizado como dinâmica inicial de um tema específico de uma aula entre professor e alunos. A metodologia irá colocar o aluno numa posição mais ativa no que diz respeito ao seu aprendizado. Entre coordenadores e professores. Se você é coordenador pedagógico de uma instituição de educação, pode abrir aos seus professores um espaço para discussão. Nesse momento, todos poderão propor soluções para um determinado problema. O mesmo poderá acontecer entre escola e famílias, onde a escola busca ter uma participação mais efetiva dos familiares dos alunos ao propor um momento de soluções colaborativas.

 

Observação relevante: Acredito que a educação evolua com bons exemplos, por isso mesmo que fico devendo um exemplo de aplicação da metodologia que já utilizei e com sucesso! (Farei um outro post para isso, prometo!)

 

5. Referências / Créditos

Vídeo: Design Thinking para educadores

Infographic vector created by BiZkettE1

Infographic vector created by freepik

 


Como referenciar este post: Design Thinking na Educação em 5 passos. Rodrigo R. Terra. Publicado em: 4/9/2019. Link da postagem: (http://www.makerzine.com.br/aprendizagem-colaborativa/design-thinking-na-educacao-em-5-passos/).


Rodrigo Terra

Com mais de 20 anos de experiência como Professor de Física e Cultura Maker, minha dedicação se estendeu à pesquisa em Ciências Educacionais, com ênfase em Tecnologia Educacional e Consultoria Pedagógica. Ao longo dos anos, desenvolvi trabalhos de consultoria para empresas do setor educacional, direcionando meus estudos para a aplicação de dados e programação na gestão pedagógica e letramento digital. Também desempenhei papéis como Coordenador Pedagógico, Líder Acadêmico e Conteudista, acompanhando o desenvolvimento de conteúdos didáticos em diversas áreas, desde Física, Matemática e Projetos até Data Analytics, Metodologias Ágeis, Gestão de Produtos Digitais e Mercado Financeiro. Como eterno curioso, busco constantemente expandir meus conhecimentos. Sou apaixonado por café e por boas conversas. Acredito firmemente que uma formação multidisciplinar é essencial para criar oportunidades de se pensar em diferentes aspectos e pontos de vista, contribuindo para o desenvolvimento de pessoas mais conscientes e preparadas para enfrentar os desafios da vida.

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