Serão utilizados exemplos reais de entrevistas com figuras públicas, como Emicida, Maria da Penha e Gabriela Leite, favorecendo discussões sobre temas contemporâneos e estruturando ferramentas críticas para interpretação e produção de sentido.
Além da análise textual, a aula se valerá da metodologia ativa de aprendizagem baseada em projetos, convidando os alunos a planejarem e realizarem entrevistas no ambiente escolar, estimulando protagonismo e autonomia.
Este conteúdo está diretamente relacionado às exigências do ENEM e vestibulares, que frequentemente cobram domínio dos gêneros vinculados à linguagem oral formalizada em registros escritos e midiáticos.
Objetivos de Aprendizagem
Ao trabalhar com o gênero entrevista no ensino médio, os estudantes devem ser capazes de compreender sua estrutura básica — composta por abertura, corpo e encerramento —, além de identificar as funções sociais que ela pode assumir, como informar, entreter ou argumentar. A exploração de entrevistas de diferentes tipos, como jornalísticas, documentais e depoimentos históricos, ajuda a ilustrar essas variações, promovendo o entendimento textual e comunicativo.
Outro objetivo essencial é desenvolver a capacidade de leitura crítica de entrevistas, prestando atenção tanto nas perguntas quanto nas respostas, além de analisar o contexto da interlocução. Atividades de interpretação que contrastem diferentes versões ou enfoques sobre um mesmo tema (como direitos humanos ou participação política) ajudam os alunos a perceber a intencionalidade, os silêncios e os efeitos de sentido embutidos no discurso.
Em sala, os alunos deverão planejar coletivamente entrevistas reais. Isso envolve pesquisar sobre o entrevistado, elaborar um roteiro coerente, praticar técnicas de escuta ativa e aprender sobre postura corporal e linguagem adequada para condução da conversa. Após a entrevista, cabe aos grupos produzir um registro escrito, seja na forma de artigo, matéria jornalística ou post em rede social, consolidando a aprendizagem do gênero em múltiplas mídias.
Essa experiência promove o protagonismo juvenil, além de desenvolver competências de trabalho em equipe, planejamento, capacidade argumentativa e expressão oral. Ao final do processo, ações como rodas de conversa, exposições ou publicação dos materiais podem fortalecer o vínculo entre escola e comunidade.
Materiais utilizados
Para a condução desta aula sobre o gênero entrevista, é fundamental contar com uma variedade de materiais que facilitem tanto a compreensão teórica quanto a prática comunicativa dos alunos. A impressão da entrevista de Tatiana Nahas publicada na Ciência Hoje da UNICAMP é um excelente ponto de partida, pois oferece não apenas conteúdo relevante, como também um exemplo real de entrevista jornalística de qualidade. Essa leitura pode ser feita coletivamente em sala, destacando elementos estruturais do gênero, como introdução, perguntas, respostas e fechamento.
O uso de um projetor multimídia e caixas de som é essencial para exibir entrevistas audiovisuais e ampliar o repertório dos estudantes. Sugere-se selecionar material de plataformas confiáveis como o YouTube Educativo, Canal USP e TV Escola, priorizando entrevistas com temas interdisciplinares que dialoguem com História e Sociologia. Esses vídeos devem ser discutidos em grupo, com ênfase nos recursos linguísticos da oralidade e nas estratégias de argumentação.
Se possível, os alunos podem usar seus próprios celulares para gravar exercícios de entrevista. Essa atividade estimula a criatividade, desenvolve habilidades de comunicação e permite que os estudantes experimentem diferentes papéis – entrevistador, entrevistado e plateia. Para isso, é importante também distribuir folhas de planejamento com sugestões de perguntas, roteiros e tópicos norteadores para os grupos estruturarem suas produções.
O acesso à internet durante a aula cria espaço para pesquisas rápidas sobre biografias dos entrevistados registrados em vídeos e elaboração de perguntas informadas, fortalecendo a criticidade e a capacidade de escuta ativa dos alunos. Orientar os estudantes sobre a verificação de fontes reforça competências de letramento digital, tão relevantes nos contextos atuais.
Metodologia utilizada e justificativa
A metodologia ativa de Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) será o eixo central desta proposta didática. Por meio dela, os estudantes serão incentivados a desenvolver um projeto real: a produção de uma entrevista com uma figura relevante da comunidade escolar ou local, como professores, ex-alunos, lideranças comunitárias ou profissionais convidados. A orientação é que a escolha ocorra mediante consenso do grupo, a partir de critérios como pertinência temática, interesse coletivo e possibilidades logísticas de contato e agendamento da conversa.
Ao propor a realização de entrevistas autênticas, cria-se um ambiente de aprendizado mais significativo, em que os alunos assumem papéis ativos — desde a pesquisa sobre o entrevistado e preparação do roteiro de perguntas, até a condução, gravação e transcrição da entrevista. Isso favorece o uso funcional da linguagem oral formalizada, bem como o desenvolvimento de competências como escuta ativa, síntese de informações e escrita coesa.
Como parte da justificativa pedagógica, está prevista a análise comparativa entre entrevistas de diferentes áreas e estilos, como as concedidas por Emicida, Maria da Penha e Gabriela Leite. Ao contrastá-las, os alunos observam variações no registro linguístico, enquadramento temático, intencionalidade comunicativa e representações sociais. Este exercício constrói um ponte entre o trabalho com o texto e reflexões críticas sobre temas contemporâneos, como direitos humanos, desigualdades sociais e cultura urbana.
Além disso, a ABP possibilita integrar saberes de disciplinas como História e Sociologia, uma vez que os temas das entrevistas podem estar relacionados a contextos políticos e culturais. Como dica prática, o professor pode sugerir temas macro, como “memória escolar”, “preconceitos enfrentados no cotidiano” ou “mudanças sociais no bairro”, e os grupos escolhem entrevistados que se relacionem a esses eixos. A culminância do projeto pode ser a socialização das entrevistas em formato de podcast, vídeo ou mural de textos, valorizando a autoria e incentivar o protagonismo juvenil.
Desenvolvimento da aula
Preparo da aula
Para garantir o sucesso da aula, o professor deve iniciar com a preparação prévia de materiais. Cópias impressas da entrevista de Tatiana Nahas (UNICAMP, revista Ciência Hoje) servirão como material base para a leitura guiada. Além disso, é fundamental selecionar vídeos confiáveis e inspiradores, como entrevistas de Emicida no programa ‘Provocações’ ou falas de Maria da Penha em documentários, que dialogam diretamente com temas de relevância social e cultural. Verifique sempre que os links estejam acessíveis e que os equipamentos de reprodução (computador, projetor e caixas de som) funcionem adequadamente.
Introdução da aula (10 min)
A aula começa com uma atividade de ativação do conhecimento prévio dos alunos. Provoque-os com a pergunta: “Qual a função de uma entrevista?”, para estimular a participação e gerar reflexões iniciais sobre o gênero. Em seguida, apresente o conceito de gênero dialogal e as características da entrevista oral como modalidade de comunicação planejada, com interlocução definida, objetivo informativo ou reflexivo e linguagem apropriada ao contexto de transmissão.
Atividade principal (30 a 35 min)
Na atividade principal, promova uma leitura guiada da entrevista escrita de Tatiana Nahas, destacando a forma como as perguntas são construídas, a organização das respostas e a intencionalidade comunicativa. Após isso, forme grupos e distribua trechos de entrevistas em vídeo (com legendas, se necessário). Solicite que cada grupo identifique aspectos como tom da conversa, temas centrais e estratégias do entrevistador para manter a fluidez comunicativa.
Na sequência, os estudantes deverão escolher um tema de interesse para elaborar o roteiro de uma entrevista fictícia. Este roteiro será orientado por critérios como clareza, coerência e adaptabilidade ao entrevistado. Encoraje ensaios práticos e, se possível, a gravação da simulação com celular — o que contribui para o desenvolvimento de competências digitais e de comunicação oral.
Fechamento (5 a 10 min)
Finalize com uma roda de conversa onde os alunos compartilhem suas percepções do processo. Questione: “O que caracteriza uma boa entrevista?” e “Como a escuta ativa e a postura do entrevistador influenciam a entrevista?”. Esse momento permite que os estudantes consolidem os aprendizados e reflitam sobre a aplicação prática do gênero oral em diferentes contextos, inclusive acadêmicos e profissionais.
Avaliação / Feedback
A avaliação será formativa e contínua, acompanhando todo o processo de aprendizado. O professor deve observar aspectos como participação ativa nas discussões, qualidade das perguntas elaboradas, coerência na organização da entrevista e capacidade de escuta durante as interações. A escuta ativa e a postura ética também serão elementos importantes de observação, já que fazem parte do contexto comunicativo proposto pelo gênero.
Durante as etapas de planejamento e execução das entrevistas, o docente pode utilizar uma rubrica clara, previamente discutida com os alunos, com critérios como: clareza dos objetivos, aprofundamento do tema, adequação da linguagem ao contexto e expressividade na apresentação oral ou audiovisual. Essa transparência quanto aos critérios fortalece o protagonismo dos alunos e auxilia na autorregulação das aprendizagens.
Exemplos práticos incluem a realização de círculos de escuta após as entrevistas, nos quais os colegas oferecem devolutivas construtivas entre si. Além disso, gravar e reproduzir trechos das entrevistas permite uma avaliação colaborativa do desempenho, identificando pontos fortes e oportunidades de aprimoramento nas falas, entonações e argumentações.
O feedback final poderá ser entregue por escrito ou oralmente, sempre com caráter qualitativo. Recomenda-se que o professor destaque avanços observados e proponha metas para desenvolvimentos futuros. Essa devolutiva deve encorajar os estudantes a aplicar as aprendizagens em outros gêneros orais e escritos, cultivando habilidades comunicacionais duradouras.
Interdisciplinaridade
A proposta interdisciplinar deste plano de aula permite que os alunos compreendam a entrevista não apenas como um gênero textual, mas também como uma ferramenta de investigação e reflexão social. Ao explorar entrevistas com personalidades como Emicida, Maria da Penha e Gabriela Leite, os estudantes entram em contato com temas relevantes nas áreas de História e Sociologia, como direitos humanos, cultura afro-brasileira e mobilizações sociais. Isso amplia o repertório crítico dos alunos e favorece uma abordagem contextualizada do conteúdo.
No campo da Língua Portuguesa, os estudantes exercitam a oralidade planejada, a escuta ativa e a produção escrita a partir da transcrição e análise de trechos de entrevistas. Em História, pode-se explorar o papel das figuras entrevistadas nos processos históricos contemporâneos; em Sociologia, a discussão pode girar em torno dos fenômenos sociais que compõem o pano de fundo das falas dessas figuras.
Uma atividade prática interessante é a criação de um projeto de entrevista com foco em personagens locais cujas histórias dialoguem com temas estudados em sala, como líderes comunitários, artistas ou educadores. Com isso, os estudantes não apenas aplicam os conhecimentos interdisciplinares, mas também exercitam empatia, escuta ativa e análise crítica da realidade ao seu redor.
Além disso, essas entrevistas podem servir como base para produções textuais dissertativas ou artigos de opinião, estreitando os laços entre o conteúdo escolar e as exigências de exames como o ENEM, que valorizam a articulação de múltiplas áreas do saber em textos argumentativos bem embasados.
Resumo para os alunos
Resumo da aula: Hoje exploramos o gênero textual da entrevista, com ênfase em sua natureza oral e dialogal. Iniciamos com a leitura de uma entrevista escrita por Tatiana Nahas, destacando elementos como apresentação do entrevistado, perguntas direcionadas e o papel do entrevistador. Em seguida, assistimos a trechos de entrevistas em vídeo com personalidades brasileiras, o que permitiu observar entonação, linguagem corporal e estratégias discursivas utilizadas ao vivo.
Durante a atividade prática, os alunos formaram grupos e planejaram suas próprias entrevistas, escolhendo temas de relevância pessoal e social. Essa etapa favoreceu o desenvolvimento de habilidades como escuta ativa, construção de perguntas abertas e organização de roteiro. A prática também estimulou o pensamento crítico na seleção dos entrevistados e temas, aproximando o conteúdo da realidade dos estudantes.
Como aprofundamento, sugeriu-se assistir a entrevistas disponíveis nos canais TV Escola e TV USP, que apresentam entrevistas de qualidade, com temas interdisciplinares. Além disso, o portal Ciência Hoje é indicado para quem procura boas referências para redações, com entrevistas que abordam ciência e sociedade através do olhar de especialistas.
Essa aula foi uma oportunidade concreta para compreender como a entrevista funciona como ferramenta de produção e circulação de informação, e como esse gênero pode ser utilizado tanto na análise textual quanto na criação de conteúdo relevante e autoral.