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História – Governo Costa e Silva (Plano de aula – Ensino médio)

Como referenciar este texto: História – Governo Costa e Silva (Plano de aula – Ensino médio). Rodrigo Terra. Publicado em: 01/11/2025. Link da postagem: https://www.makerzine.com.br/educacao/historia-governo-costa-e-silva-plano-de-aula-ensino-medio/.


 
 

Esta aula incentiva a análise crítica do autoritarismo, suas estruturas e suas consequências para a sociedade, por meio de metodologias ativas e interdisciplinaridade com Língua Portuguesa (leitura de documentos e interpretação textual) e Sociologia (debate sobre autoritarismo e controle social).

Com um olhar atento às fontes históricas e à vivência dos sujeitos na época, os alunos poderão refletir sobre os impactos do AI-5, o cerceamento das liberdades civis e a atuação dos movimentos de resistência, estimulando o pensamento crítico e a empatia histórica.

Além disso, o plano propõe recursos digitais gratuitos e abertos, para ampliar o acesso ao conhecimento e apoiar a continuidade do aprendizado fora do ambiente escolar.

 

Objetivos de Aprendizagem

Este plano de aula visa garantir que os estudantes compreendam em profundidade o Governo Costa e Silva, com ênfase nas transformações políticas, sociais e institucionais promovidas durante sua gestão. O conteúdo relacionado ao Ato Institucional nº 5 (AI-5) serve como eixo central para a análise crítica da intensificação do autoritarismo no Brasil, permitindo aos alunos identificar características de regimes não democráticos e suas implicações para os direitos civis.

Um dos principais objetivos é desenvolver a capacidade dos alunos de estabelecer conexões entre o passado e o presente. Ao analisar as ações do regime e a resposta social à repressão, os estudantes serão incentivados a refletir sobre questões atuais relativas à liberdade de expressão, à participação popular e ao papel das instituições democráticas. Esses temas podem ser trabalhados a partir de fontes históricas como cartazes, matérias jornalísticas da época e depoimentos de exilados ou perseguidos políticos, promovendo o pensamento crítico e a análise de múltiplas perspectivas.

Na prática em sala, os alunos podem ser divididos em grupos para analisar diferentes documentos do período, identificar indícios de censura e discutir como o AI-5 impactava o cotidiano das pessoas. Professores podem articular atividades com a disciplina de Língua Portuguesa por meio de leitura crítica de textos selecionados e interpretação contextualizada, além de sociologia, examinando os mecanismos de controle social e repressão política.

Por fim, também se estimula a autonomia dos estudantes na produção de materiais reflexivos, como vídeos curtos, podcasts ou cartazes digitais discutindo os aprendizados obtidos. Esta abordagem ativa potencializa o engajamento e consolida a compreensão dos conteúdos por meio da aplicação prática de conceitos fundamentais.

 

Materiais utilizados

Para dinamizar a aprendizagem sobre o Governo Costa e Silva, os materiais sugeridos proporcionam múltiplas formas de interação com o conteúdo. Os recortes de jornais da época, em versões digitais, permitem que os alunos analisem como os meios de comunicação tratavam o regime militar, além de comparar diferentes narrativas sobre os mesmos fatos. A atividade pode ser reforçada com perguntas orientadoras para interpretação crítica e identificação de linguagem ideológica.

O mapa cronológico, disponível de forma impressa ou digital, ajuda a situar acontecimentos-chave do período, como a promulgação do AI-5 e os atos institucionais. Ele pode ser utilizado coletivamente na construção de uma linha do tempo da aula, envolvendo os estudantes na organização dos dados históricos.

O áudio de discursos políticos, acessível no portal CPDOC/FGV, oferece a oportunidade de desenvolver atividades de escuta crítica: sugere-se que os alunos identifiquem trechos que demonstrem o discurso autoritário ou elementos de propaganda do regime. Tal abordagem estimula a análise da linguagem política e o desenvolvimento da empatia histórica.

Para registrar e apresentar suas reflexões, os alunos podem utilizar cartolinas, canetas e post-its, construindo painéis expositivos sobre os temas debatidos. Já o uso de projetor ou TV multimídia facilita a exibição dos documentos, vídeos ou mapas, promovendo uma experiência visual integradora que amplia a compreensão do conteúdo.

 

Metodologia utilizada e justificativa

A proposta metodológica para este plano de aula baseia-se na Sala de Aula Invertida combinada à Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP), com o objetivo de promover o protagonismo estudantil e desenvolver competências críticas e interpretativas. Os alunos terão acesso prévio, em ambiente virtual, a textos, vídeos e documentos históricos sobre o Governo Costa e Silva, como discursos oficiais, reportagens da época e trechos do AI-5. Esse contato inicial possibilita maior aproveitamento do tempo em sala para atividades práticas e reflexivas.

Durante o encontro presencial, os estudantes serão incentivados a formar grupos para estudar dilemas históricos simulados — por exemplo, o posicionamento de um cidadão frente à censura ou o envolvimento com movimentos de resistência. A partir da análise de fontes primárias e secundárias, cada grupo argumentará alternativas históricas para esses dilemas, estimulando a interpretação de contexto, a empatia histórica e a argumentação fundamentada.

Essa metodologia também integra abordagens interdisciplinares: em Língua Portuguesa, os alunos exercitam leitura crítica e produção de textos argumentativos; em Sociologia, analisam a construção do autoritarismo e seus impactos sociais. Isso amplia o entendimento do período e sua relevância para o debate atual sobre democracia e direitos civis.

Como dica prática, o professor pode utilizar ferramentas digitais como o Padlet para organizar os materiais prévios e os debates em grupo, além do uso de plataformas de quizz como o Kahoot para verificar o envolvimento e a compreensão dos conteúdos, tornando a experiência mais dinâmica.

 

Desenvolvimento da aula

Preparo da aula

Antes da aula, o professor deve selecionar fontes históricas confiáveis, como reportagens da época, discursos oficiais de Costa e Silva e documentos institucionais, disponíveis em plataformas como o CPDOC/FGV e a Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. Uma boa prática é organizar essas fontes em uma pasta digital compartilhada com os alunos, facilitando o acesso. Produzir ou indicar um podcast introdutório sobre o AI-5 é uma excelente estratégia para engajamento prévio, podendo também ser utilizado como base para perguntas disparadoras no início da aula.

Introdução da aula (10 min)

Projete uma linha do tempo com marcos do período, relembrando o governo de Castelo Branco e situando o contexto de ascensão de Costa e Silva. Utilize imagens de jornais da época para enriquecer o debate. Este momento também pode incluir perguntas instigadoras como: “O que vocês sabem sobre o AI-5?” ou “Quais consequências uma decisão autoritária pode trazer para a sociedade?”. Isso ajuda a ativar conhecimentos prévios e captar o interesse dos estudantes.

Atividade principal (30 a 35 min)

Divida a turma em grupos, entregando a cada um um conjunto diferente de fontes. Oriente os estudantes a identificar o discurso explícito e implícito das fontes, observando elementos como linguagem, censura e intenções políticas. As perguntas norteadoras devem estimular pensamento crítico: qual a visão que o documento transmite? O que está ausente ou silenciado? Cada grupo compartilha suas conclusões com os colegas, promovendo a escuta ativa e o debate.

Em seguida, realize a simulação do “tribunal histórico”. Cada grupo representa uma perspectiva: governo ou resistência. Os argumentos devem ser embasados nas fontes analisadas. Essa atividade não apenas reforça a leitura crítica e a argumentação, como também trabalha empatia histórica ao colocar os alunos no lugar de sujeitos históricos com diferentes visões.

Fechamento (5 a 10 minutos)

Finalize com uma roda de conversa mediada pelo professor. Perguntas como “Como o AI-5 impactou os direitos civis?” ou “Quais paralelos podemos fazer com situações atuais?” promovem reflexão e conexão com o presente. Incentivar os alunos a registrar suas impressões em um diário reflexivo ou mural colaborativo online pode ser uma atividade complementar eficaz.

 

Avaliação / Feedback

A avaliação será contínua ao longo da atividade, considerando diferentes dimensões da aprendizagem. É essencial observar a participação ativa dos alunos nas discussões em grupo e no tribunal histórico, promovendo um ambiente de escuta, argumentação e respeito às divergências. O professor pode utilizar rubricas com critérios claros para facilitar o acompanhamento e dar retorno individualizado.

Outro aspecto relevante é a capacidade de análise crítica e argumentação histórica. Os estudantes devem ser estimulados a contextualizar os eventos do período Costa e Silva, especialmente o AI-5, relacionando-os aos conceitos de autoritarismo e democracia. Uma dica é propor que os alunos elaborem mini-ensaios ou mapas conceituais com base nas discussões e nas fontes analisadas.

A utilização adequada das fontes documentais será observada durante as atividades em sala, como na leitura crítica de trechos de jornais da época, discursos e textos legislativos. Os estudantes devem ser incentivados a identificar e problematizar intenções, omissões e linguagem utilizada nas fontes, o que pode ser feito em duplas ou pequenos grupos.

Por fim, como forma de sistematização e aprofundamento, propõe-se uma reflexão escrita para casa. Como tarefa, os estudantes redigem um parágrafo respondendo à pergunta “O que o AI-5 representou para a democracia brasileira?”. Essa produção permite avaliar tanto o domínio conceitual quanto a capacidade de expressão e reflexão individual, promovendo o aprendizado contínuo e significativo.

 

Observações

Integrar disciplinas como Língua Portuguesa e Sociologia ao ensino de História enriquece a compreensão do Governo Costa e Silva e do período ditatorial brasileiro. Em Língua Portuguesa, os alunos podem analisar fontes primárias como discursos, editoriais de jornais e cartas abertas, discutindo os gêneros textuais, suas estruturas argumentativas e o contexto de produção. Isso permite desenvolver habilidades de interpretação crítica e produção escrita com base em documentos históricos reais.

Já em Sociologia, a aula pode ser articulada com os conceitos de autoritarismo, hegemonia e resistência social. Por exemplo, pode-se debater como o regime utilizava os meios de comunicação para consolidar a narrativa oficial, refletindo sobre como a censura limitava o acesso à informação e como grupos da sociedade civil resistiram a essas imposições.

O uso de recursos digitais é essencial para aproximar os estudantes das fontes e do contexto da época. Sites como o CPDOC/FGV oferecem acervos valiosos com documentos oficiais, entrevistas e fotografias. A Hemeroteca Digital permite o acesso a jornais da época, possibilitando atividades de leitura crítica e comparação de fontes. Já o portal Memórias da Ditadura traz materiais multimídia acessíveis que contextualizam os principais eventos e personagens do regime.

Essas abordagens favorecem o aprendizado ativo, estimulam o protagonismo dos alunos na construção do conhecimento e promovem o desenvolvimento de competências essenciais para o exercício da cidadania em contextos democráticos.

 

Resumo para os alunos

Nesta aula, aprofundamos nosso entendimento sobre o governo do general Costa e Silva, um dos períodos mais rígidos e autoritários da Ditadura Militar no Brasil. Discutimos como esse governo intensificou a repressão às liberdades individuais e políticas, especialmente após a promulgação do Ato Institucional nº 5 (AI-5), que deu poderes quase ilimitados ao Executivo e suspendeu direitos fundamentais, como o habeas corpus.

Realizamos a leitura e análise de documentos históricos autênticos, como decretos, manchetes de jornais da época e testemunhos de perseguidos políticos, que ajudaram a entender o clima de medo e censura que dominava o país. Esses materiais permitiram uma compreensão mais concreta dos impactos do autoritarismo sobre a vida cotidiana e a resistência de parte da sociedade civil.

Além disso, aplicamos uma simulação de tribunal na sala de aula, em que os alunos representaram diferentes atores históricos – como militares, opositores ao regime, jornalistas e estudantes – para debater a legitimidade e as consequências do AI-5. Essa metodologia ativa permitiu o desenvolvimento da empatia histórica e o exercício da argumentação com base em evidências.

Como sugestão para aprofundar o conteúdo, recomendamos o acesso ao site Memórias da Ditadura, que reúne vídeos, documentos e artigos sobre o período. Outra dica é escutar o episódio “Ditadura e AI-5” do CPDOC/FGV Podcast no Spotify, que traz análises especializadas sobre os desdobramentos políticos desse momento. Esses recursos podem ser usados para trabalhos em grupo, debates e produção de resumos multimodais.

 

Rodrigo Terra

Com formação inicial em Física, especialização em Ciências Educacionais com ênfase em Tecnologia Educacional e Docência, e graduação em Ciências de Dados, construí uma trajetória sólida que une educação, tecnologias ee inovação. Desde 2001, dedico-me ao campo educacional, e desde 2019, atuo também na área de ciência de dados, buscando sempre encontrar soluções focadas no desenvolvimento humano. Minha experiência combina um profundo conhecimento em educação com habilidades técnicas em dados e programação, permitindo-me criar soluções estratégicas e práticas. Com ampla vivência em análise de dados, definição de métricas e desenvolvimento de indicadores, acredito que a formação transdisciplinar é essencial para preparar indivíduos conscientes e capacitados para os desafios do mundo contemporâneo. Apaixonado por café e boas conversas, sou movido pela curiosidade e pela busca constante de novas ideias e perspectivas. Minha missão é contribuir para uma educação que inspire pensamento crítico, estimule a criatividade e promova a colaboração.

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