Como referenciar este texto: Arte – Eugène Delacroix (Plano de aula – Ensino médio). Rodrigo Terra. Publicado em: 02/11/2025. Link da postagem: https://www.makerzine.com.br/educacao/arte-eugene-delacroix-plano-de-aula-ensino-medio/.
Destinado a professores do ensino médio, o conteúdo proposto proporciona uma abordagem interdisciplinar entre Arte, História e Filosofia, incentivando o pensamento crítico dos alunos em relação à função sócio-política da arte.
Através de metodologias ativas, como o Aprendizado Baseado em Projetos (PBL) e Discussões Dirigidas, os estudantes são convidados a analisar simbolicamente a imagem, refletir sobre seus paralelos com os tempos atuais e expressar artisticamente suas conclusões.
Além da análise plástica da obra, esta aula promove o entendimento dos estilos Neoclássico e Romântico, ressaltando sua coexistência e antagonismo no início do século XIX, com foco no papel inovador de Delacroix no campo da arte comprometida com a emoção e a liberdade.
Ao final, os alunos poderão compreender como a produção artística pode agir como denúncia, protesto e inspiração social, agindo como catalisador de ideias e movimentos históricos.
Objetivos de Aprendizagem
Ao abordar a obra de Eugène Delacroix, em especial “A Liberdade guiando o povo”, pretende-se que os alunos do ensino médio reconheçam as características da estética romântica, como o uso expressivo da cor, o dinamismo das formas e a valorização da emoção. É importante que o(a) professor(a) estimule os alunos a identificar esses aspectos a partir de análises comparativas com obras do Neoclassicismo, permitindo o entendimento das rupturas e continuidades entre os estilos.
Outro objetivo fundamental é que os estudantes saibam reconhecer os elementos históricos e simbólicos presentes na pintura. Nesse sentido, pode-se propor uma atividade em duplas ou grupos, na qual cada elemento da composição (como a figura feminina que representa a Liberdade, os corpos no chão, os trajes dos personagens) seja pesquisado e interpretado com base no contexto da Revolução de Julho de 1830. O uso de mapas mentais e linhas do tempo pode enriquecer esse processo.
Além disso, busca-se desenvolver nos alunos a capacidade de leitura crítica da imagem artística como instrumento de representação de ideias, ideologias e protestos sociais. Uma sugestão é promover discussões dirigidas sobre como a arte pode servir como catalisadora de mudanças sociais e políticas, relacionando a obra de Delacroix com movimentos contemporâneos de luta por liberdade e justiça, o que também favorece a interdisciplinaridade com História, Filosofia e Sociologia.
Por fim, encoraja-se que os estudantes expressem suas interpretações de forma criativa, por meio de produções artísticas inspiradas na obra, como colagens, releituras pictóricas ou ilustrações digitais, promovendo o protagonismo juvenil no processo de aprendizado e valorizando múltiplas linguagens artísticas.
Materiais Utilizados
Para uma aula eficaz sobre Eugène Delacroix e sua obra A Liberdade guiando o povo, é fundamental selecionar materiais que estimulem a participação ativa dos alunos e favoreçam diferentes formas de expressão. A projeção digital ou impressão da obra em alta qualidade permite uma análise visual detalhada, essencial para identificar elementos simbólicos e compreender o estilo romântico adotado por Delacroix.
Os vídeos explicativos curtos funcionam como excelente apoio introdutório e contextualizador, especialmente ao abordar os eventos históricos da Revolução de Julho e a estética do Romantismo. Eles podem ser usados como disparadores de discussão em sala ou como atividades preparatórias para aprofundamento temático.
Materiais artísticos como papel A3, lápis de cor, marcadores e elementos para colagem são ideais para que os alunos expressem interpretações pessoais da obra, construindo cartazes, releituras gráficas ou infográficos. Isso favorece a articulação entre teoria e prática e estimula a criatividade.
Por fim, o uso de computadores com acesso à internet e textos de apoio histórico amplia as possibilidades de pesquisa autônoma e fundamenta interpretações, assegurando uma abordagem interdisciplinar entre Arte, História e Filosofia. Incentive os alunos a buscar conexões entre a obra e manifestações artísticas ou políticas contemporâneas.
Metodologia Utilizada e Justificativa
Será adotada a metodologia ativa de Aprendizagem Baseada em Projetos (PBL), permitindo o engajamento dos estudantes em interpretar e contextualizar a obra “A Liberdade guiando o povo” de Delacroix. A aula será estruturada em etapas investigativas: leitura dirigida, análise simbólica da pintura e pesquisa sobre o contexto histórico da Revolução de Julho de 1830. Grupos de alunos poderão escolher diferentes aspectos — como personagens, cores ou ambientação — para investigar suas representações simbólicas, implicações históricas e conexões com o mundo atual.
Essa escolha metodológica se justifica pela complexidade e riqueza do tema. O PBL favorece o pensamento crítico e a construção autônoma do conhecimento, promovendo a integração das áreas de Arte, História e Filosofia. A proposta final inclui a produção de um mural coletivo ou intervenção artística, baseada em reflexões dos alunos sobre liberdade, protesto e empoderamento social.
Durante o percurso, o professor atuará como mediador, sugerindo fontes complementares (como textos filosóficos sobre liberdade e vídeos documentais sobre o Romantismo) e orientando as discussões em sala. A avaliação será processual, com foco na participação, na qualidade das pesquisas e na originalidade das produções artísticas.
Com essa abordagem, pretende-se não apenas transmitir conteúdo, mas fazer da arte um catalisador de consciência cidadã. Os alunos poderão compreender os vínculos entre expressão estética e movimentos sociais, desenvolvendo apreciação crítica pela história da arte e maior consciência sobre seu próprio papel como agentes transformadores no presente.
Preparo da Aula
O preparo da aula sobre Eugène Delacroix deve começar com a curadoria de materiais visuais e teóricos que contextualizem a obra “A Liberdade guiando o povo”. É importante que o professor disponibilize a imagem em alta resolução — seja por impressão em papel ou acesso digital via tablets ou projetor — para que os alunos possam explorar os detalhes da pintura. Isso permitirá uma análise minuciosa dos elementos visuais como composição, cores e simbologia.
Complementarmente, a seleção de um vídeo didático de curta duração (até cinco minutos) sobre a vida e obra de Delacroix pode ajudar a sintetizar informações importantes e atrair a atenção inicial dos estudantes. Plataformas como o Canal da Unicamp e a TV Escola oferecem conteúdos confiáveis e em linguagem acessível. Certifique-se de que o vídeo está alinhado ao recorte temático da aula e de ter testado os equipamentos audiovisuais com antecedência.
Antes de entrar na análise da obra, é fundamental que o professor promova uma retomada breve dos conceitos fundamentais do Neoclassicismo e Romantismo, destacando suas diferenças em termos de estética, valores e contexto histórico. Essa relembrança pode ser feita por meio de slides comparativos, mapas mentais ou uma rápida dinâmica oral.
Por fim, a impressão de textos que contextualizem historicamente a Revolução de Julho de 1830 — evento retratado na obra — é essencial. Os textos devem ser selecionados com cuidado, prezando por uma linguagem clara e objetiva, e podem ser utilizados como base para leitura compartilhada ou trabalho em grupo. Essa preparação garante que os estudantes tenham bases sólidas para compreensão crítica tanto da obra quanto de seu contexto sociohistórico.
Introdução da Aula (10 min)
A introdução da aula é essencial para contextualizar os alunos nas correntes artísticas do Neoclassicismo e do Romantismo. O professor pode iniciar utilizando imagens comparativas entre obras dos dois estilos, como “O Juramento dos Horácios” de David versus “A Liberdade guiando o povo” de Delacroix, destacando características como racionalidade, equilíbrio e ordem no Neoclassicismo, em contraposição à dramaticidade, emoção e individualismo romântico. Essa comparação visual ajuda os alunos a compreenderem as diferenças de forma mais concreta e participativa.
Logo após essa recapitulação, projeta-se a obra central da aula. Os estudantes são orientados a observar em silêncio por dois minutos, estimulando uma conexão pessoal com a pintura antes de qualquer mediação do professor. Essa abordagem desenvolve a percepção visual e a sensibilidade estética, aspectos importantes para o letramento visual.
Em seguida, o professor propõe perguntas abertas que provocam a leitura simbólica e narrativa da imagem: “O que vocês veem?”, “Quais elementos chamam mais atenção?”, “Você identifica alguma emoção sendo transmitida?” e “Quem são as figuras retratadas?”. Anotar as respostas no quadro estimula a construção coletiva do conhecimento, valorizando as múltiplas interpretações dos alunos.
Como dica prática, o professor pode preparar cartões com trechos descritivos da obra e distribuí-los aleatoriamente, pedindo para que os alunos tentem relacionar os textos às personagens e aos elementos visuais, promovendo uma participação ativa e colaborativa nessa etapa inicial.
Atividade Principal (30 a 35 min)
Divididos em grupos, os alunos recebem fichas com perguntas interpretativas e histórico-contextuais relacionadas à obra “A Liberdade guiando o povo”. As perguntas abordam o contexto histórico da Revolução de Julho de 1830, analisam os símbolos visuais presentes na tela (como a figura da Liberdade, as armas, a multidão e as cores) e incentivam os alunos a refletirem sobre as emoções e mensagens transmitidas por Delacroix. Essa etapa busca conectar os elementos da pintura ao momento histórico retratado, promovendo compreensão crítica.
Após um tempo de análise (cerca de 15 minutos), cada grupo apresenta oralmente suas reflexões, criando um momento de socialização e troca de interpretações na turma. O professor pode estimular comparações entre as leituras, conduzindo a discussão com perguntas provocadoras como: “Que outros momentos históricos dialogam com essa obra?”, ou “Como nossos direitos e liberdades atuais se relacionam com os temas representados por Delacroix?”.
Em seguida, os grupos são desafiados a criar uma releitura artística contemporânea da pintura, escolhendo temas atuais como liberdade de expressão, desigualdade social, racismo, ou preservação ambiental. Essa proposta incentiva a criatividade, o engajamento com causas relevantes e a aplicação prática do conteúdo estudado, ao mesmo tempo que reforça o papel da arte como instrumento de denúncia ou inspiração.
As produções podem assumir diferentes formatos conforme os recursos disponíveis: colagens com recortes de revistas, ilustrações, cartazes informativos, vídeos curtos ou apresentações digitais. O uso de celulares e outros dispositivos eletrônicos pode ser incentivado, desde que permita ampliar a expressividade dos alunos. Ao final da aula, é possível realizar uma pequena exposição ou galeria crítica em sala ou no ambiente virtual da escola, promovendo protagonismo estudantil e valorizando a produção coletiva.
Fechamento da Aula (5 a 10 min)
O momento de fechamento da aula é essencial para consolidar os aprendizados e promover a reflexão crítica. O professor pode organizar uma roda de conversa em que os alunos compartilhem suas impressões sobre a obra de Eugène Delacroix, discutindo questões como: a arte pode realmente influenciar mudanças sociais? Qual o papel do artista em contextos de crise? Essas perguntas estimularão a conexão entre o conteúdo analisado e a realidade dos estudantes.
É importante incentivar que os alunos expressem suas próprias opiniões com base na análise da obra “A Liberdade guiando o povo”. O docente pode guiá-los na percepção simbólica dos elementos da pintura, como a figura da mulher que representa a liberdade, o uso das cores vibrantes e a expressão das emoções dos personagens, relacionando-os ao contexto revolucionário da época e à sociedade atual.
Para enriquecer o aprendizado, é recomendável sugerir materiais complementares. Indique vídeos curtos sobre o Romantismo e sobre Delacroix, além de trechos de textos críticos que abordem o papel político da arte. Uma excelente ferramenta é o portal Educapes, onde há conteúdos da UFPR e da UNB. Além disso, um quiz online pode ser utilizado como forma lúdica de revisar os principais tópicos da aula.
Por fim, o professor pode propor como tarefa opcional a criação de uma produção artística que represente, sob a ótica dos alunos, um tema social relevante atualmente. Isso reforça a compreensão do poder expressivo da arte e favorece a personalização do conteúdo, estreitando o vínculo entre teoria, prática e realidade contemporânea.