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Física – Queda Livre + Medir o valor de “g” pelo tempo (Plano de aula – Ensino médio)

Como referenciar este texto: Física – Queda Livre + Medir o valor de “g” pelo tempo (Plano de aula – Ensino médio). Rodrigo Terra. Publicado em: 12/11/2025. Link da postagem: https://www.makerzine.com.br/educacao/fisica-queda-livre-medir-o-valor-de-g-pelo-tempo-plano-de-aula-ensino-medio/.


 
 

Por meio da simulação com cronômetro digital, acessível a todos pela internet, será possível medir o tempo de queda de um corpo soltando-o de diferentes alturas. A partir desses dados, os estudantes calcularão o valor de “g”, aplicando a fórmula do movimento uniformemente variado.

Esta proposta de aula estimula o raciocínio científico, contribui para o desenvolvimento de habilidades de análise experimental e permite uma conexão interdisciplinar com a matemática. Além disso, a experimentação aliada à simulação fortalece o interesse dos alunos e tira o ensino da física do campo puramente teórico.

Ao final da aula, espera-se que os estudantes compreendam a relação entre tempo e deslocamento na queda livre, saibam aplicar equações do MUV no contexto vertical e estejam aptos a estimar o valor de “g” com base em dados obtidos autonomamente.

 

Objetivos de Aprendizagem

Este plano de aula visa, primeiramente, promover a compreensão da queda livre como um caso particular do movimento uniformemente variado (MUV), em que a aceleração é constante e igual à da gravidade. Os alunos serão incentivados a observar que, na ausência de resistência do ar significativa, objetos de massas diferentes aceleram igualmente em direção ao solo. Para reforçar esse conceito, pode-se propor vídeos ou simulações que contrastem a queda de uma pena e uma bola em câmaras de vácuo.

Além disso, pretende-se que os estudantes apliquem a equação do MUV, especificamente s = s₀ + v₀t + (1/2)at², para calcular o valor da aceleração da gravidade “g” com base em dados coletados durante um experimento prático ou simulado. Professores podem utilizar cronômetros digitais online ou sensores de tempo de kits de física para registrar o tempo de queda de um objeto lançado de diferentes alturas conhecidas.

Outro objetivo fundamental é o desenvolvimento de habilidades de análise experimental. Isso envolve a construção de tabelas com os tempos medidos, cálculos de valores médios, análise de discrepâncias e comparação com o valor padrão de 9,8 m/s². Esses momentos são ideais para discutir incertezas experimentais e refletir sobre a repetibilidade e precisão de medições físicas.

Por fim, espera-se que os estudantes interpretem os resultados obtidos à luz das leis físicas, estabelecendo relações entre as variáveis envolvidas. Essa abordagem investigativa fortalece a conexão entre teoria e prática, favorecendo uma aprendizagem duradoura e significativa.

 

Materiais Utilizados

Para realizar o experimento de queda livre de forma eficaz e segura no ambiente escolar, é essencial contar com materiais acessíveis e funcionais. Um computador ou celular com acesso à internet permite que os estudantes utilizem simuladores online que reproduzem o comportamento físico da queda de um objeto. Recomendamos o uso da Simulação de Queda Livre – UFRGS, uma ferramenta interativa que proporciona resultados em tempo real com boa precisão.

Além dos dispositivos eletrônicos, materiais tradicionais como papel, caneta, régua e calculadora científica são indispensáveis. Eles permitem realizar os registros necessários da experiência e calcular o valor de “g” com base nas fórmulas de MUV. Ter uma tabela específica para anotar altura e tempo ajuda os estudantes a organizarem os dados de forma clara, facilitando a análise posterior.

Uma dica prática é imprimir ou projetar a tabela em sala de aula para que todos acompanhem os lançamentos num formato padronizado, incentivando a comparação de resultados entre os grupos. A régua pode ser substituída por uma trena caso seja necessário medir maiores alturas, especialmente se o experimento físico for adaptado para ser realizado em escadarias ou áreas abertas da escola.

Certifique-se de orientar os estudantes sobre como utilizar corretamente os simuladores e interpretar os tempos registrados, enfatizando a importância de repetir o experimento com diferentes alturas para garantir maior confiabilidade nos cálculos e na estimativa de “g”.

 

Metodologia Utilizada e Justificativa

A metodologia ativa utilizada nesta aula é a aprendizagem baseada em experimentação simulada, que promove a construção de conhecimento por meio da experiência prática e da resolução de problemas reais. Ao trabalhar com simulações interativas, os alunos assumem papel protagonista na investigação científica, fortalecendo sua autonomia e capacidade analítica.

Durante a aula, os estudantes utilizam um simulador online para medir o tempo de queda de um objeto a partir de diferentes alturas. Ao variar deliberadamente as condições iniciais da experiência, eles podem observar padrões, registrar resultados e inferir relações entre as variáveis. Essa abordagem estimula o pensamento crítico e permite conexões concretas com conteúdos aprendidos em sala, como as fórmulas do MUV.

A atividade ainda favorece o desenvolvimento da argumentação científica, pois os alunos são incentivados a explicar seus raciocínios e justificar os valores encontrados para a aceleração gravitacional. Além disso, a utilização da simulação facilita a articulação interdisciplinar com a matemática, especialmente na compreensão de funções quadráticas, manipulação de equações e interpretação de gráficos de posição versus tempo.

Como dica prática, recomenda-se que o professor promova discussões em pequenos grupos após a simulação para comparar os resultados obtidos, refletir sobre possíveis erros experimentais e consolidar o conceito de gravidade como uma constante nas proximidades da superfície terrestre. Essa troca de experiências amplia o aprendizado e mantém os alunos engajados em um processo dinâmico e colaborativo.

 

Desenvolvimento da Aula

Preparo da Aula (professor)

Antes da aula, é essencial que o professor explore previamente o simulador de queda livre disponibilizado pela UFRGS. Essa preparação garante que eventuais dúvidas quanto à navegação e aos parâmetros de entrada e saída de dados sejam resolvidas antes da interação com os estudantes. O docente também pode preparar uma folha de atividades com campos dedicados às variáveis altura, tempo e valor calculado de “g”, além de deixar as fórmulas do movimento uniformemente variado (MUV) visíveis na lousa ou projetadas.

Uma dica importante é contextualizar a atividade a partir de exemplos do cotidiano, como a queda de uma maçã, a sensação de pulo livre em parques de diversão ou o comportamento de objetos em jogos eletrônicos que simulam gravidade realista. Isso ajuda a motivar os alunos e mostrar a relevância prática do tema. Ainda, garantir que todos os dispositivos eletrônicos estejam carregados ou disponíveis em versão alternativa impressa pode evitar contratempos técnicos.

Introdução da Aula (10 min)

Para envolver os alunos desde o início, propõe-se questionar: “Se soltarmos uma moeda de uma altura de dois metros, quanto tempo ela leva para cair ao chão?” Essa pergunta ativa conhecimentos prévios e instiga a curiosidade. Em seguida, o professor pode explicar que, na ausência do ar, todos os corpos caem com a mesma aceleração, que na Terra tem valor médio aproximado de 9,8 m/s². Ressalte que esse tipo de experimento contribuiu historicamente para o desenvolvimento da física e introduza o objetivo da aula: investigar e estimar, experimentalmente, esse valor de “g”.

Atividade Principal (30–35 min)

Os alunos deverão acessar o simulador e testar diferentes alturas (por exemplo: 1 m, 2 m, 3 m, etc.), anotando os respectivos tempos de queda. Em grupos de dois ou três, eles aplicarão a equação h = 0,5 × g × t² para calcular o valor de g para cada caso. Uma sugestão prática é que os grupos troquem resultados entre si e observem discrepâncias ou padrões, discutindo as possíveis causas de variação, como arredondamentos, atrasos na medição ou limitações do simulador.

Durante a atividade, o professor deve circular pela sala, orientando o uso correto da fórmula, estimulando a análise crítica dos dados e encorajando os estudantes a pensarem como cientistas. Se possível, proponha que registrem os resultados em gráficos para melhor visualização da relação entre altura e tempo ao quadrado, o que reforça a interdisciplinaridade com matemática.

Fechamento (5–10 min)

Na parte final, conduza uma roda de conversa questionando onde mais encontramos a influência da gravidade no cotidiano. Apresente exemplos práticos, como o funcionamento de montanhas-russas, salto de paraquedas, projetos espaciais ou sistemas de segurança em elevadores. Reflita com a turma sobre o valor encontrado de “g” e comente que, embora seja uma estimativa, aproxima-se do valor aceito cientificamente, incentivando a valorização da experimentação.

Finalize citando outras metodologias mais precisas de medição do valor de g utilizadas em laboratórios, como pêndulos de tempo conhecido ou plataformas com sensores. Essa abordagem mostra que toda ciência parte de observações simples, mas que, com rigor e tecnologia, se refinam em conhecimento preciso e aplicável em larga escala.

 

Avaliação / Feedback

A avaliação da aula será conduzida de forma diagnóstica e formativa, valorizando o processo de aprendizagem em vez de uma simples verificação de resultados. Durante a atividade experimental, é importante observar o nível de envolvimento dos alunos, a precisão na coleta de dados e a aplicação adequada das fórmulas do movimento uniformemente variado (MUV). A presença ativa nas discussões em grupo e na construção conjunta do conhecimento também deve ser um critério relevante.

Como produto da aula, os estudantes podem entregar uma tabela organizada com os registros dos experimentos — tempos de queda em diferentes alturas — e os cálculos do valor estimado da aceleração da gravidade “g”. Além disso, um pequeno texto reflexivo pode ser solicitado, no qual os alunos indiquem possíveis fontes de erro, como o tempo de reação ao acionar o cronômetro ou irregularidades no piso, comentando como tais fatores interferem nos resultados.

É recomendável reservar os minutos finais da aula para um feedback coletivo. Estimule os estudantes a expressarem dúvidas remanescentes e a opinarem sobre a experiência prática. Esse momento pode ser conduzido em roda de conversa ou por meio de formulários rápidos, permitindo uma escuta ativa por parte do professor. As sugestões coletadas são valiosas para ajustar e aperfeiçoar as próximas edições da atividade.

Por fim, professores podem utilizar um instrumento de autoavaliação, no qual cada aluno indica seu grau de compreensão do conteúdo, sua contribuição para o grupo e o que pretende melhorar. Essas práticas fortalecem a autonomia e promovem um ambiente de aprendizagem mais colaborativo e significativo.

 

Integração Interdisciplinar

Esta aula dialoga diretamente com conteúdos da Matemática, especialmente no uso de funções quadráticas e resolução de equações. Também pode integrar conteúdos de Geografia ao pensar nas variações do valor de “g” em diferentes altitudes e lugares da Terra.

Uma maneira prática de explorar essa interdisciplinaridade é solicitar aos alunos que modelem, por meio de equações quadráticas, os dados coletados no experimento de queda livre. Por exemplo, ao medir diferentes tempos de queda para diferentes alturas, os estudantes podem ajustar uma função do tipo h(t) = h₀ – (1/2)gt² e comparar os coeficientes obtidos com os valores teóricos. Isso facilita a visualização do comportamento parabólico do movimento uniformemente acelerado e ajuda a fortalecer conceitos matemáticos aplicados.

Com relação à Geografia, é interessante discutir como o valor da gravidade pode variar levemente com a latitude ou a altitude, e propor aos alunos pesquisas sobre como isso afeta o peso dos objetos em diferentes pontos da Terra. Atividades como o uso de mapas físicos para identificar regiões onde essas diferenças podem ser mais relevantes enriquecem ainda mais a abordagem interdisciplinar.

Outra sugestão é trabalhar conjuntamente com a disciplina de Tecnologia ou Informática, utilizando simuladores online e planilhas para coletar e analisar os dados experimentais. Os estudantes podem usar softwares como o GeoGebra ou o Excel para gerar gráficos e realizar análises estatísticas simples, o que também desenvolve competências digitais importantes para a formação científica dos alunos.

 

Resumo para os Alunos

Nesta aula, aprendemos que a queda livre é um tipo de movimento uniformemente variado, no qual um corpo sujeito apenas à força da gravidade cai com aceleração constante em direção ao solo. Utilizamos a equação h = 0,5 × g × t² para determinar a gravidade terrestre, relacionando a altura da queda (h) e o tempo (t) medido. Esse experimento permitiu uma aplicação direta das equações do MUV no contexto vertical, facilitando o entendimento do conceito de aceleração e sua importância em fenômenos naturais.

Com o auxílio de um simulador digital desenvolvido pela UFRGS, conseguimos realizar experimentos virtuais que reproduzem o comportamento de um corpo em queda livre. A partir das medições obtidas, observamos que o tempo de queda varia com a altura, e aprendemos a utilizar essas medidas no cálculo de “g”. Isso mostrou como é possível aproximar valores reais em situações práticas usando ferramentas acessíveis e seguras.

Durante o processo, discutimos fontes de erro, como o tempo de reação ao iniciar o cronômetro virtual ou as limitações do modelo simulado. Essas reflexões fortalecem habilidades analíticas e incentivam o pensamento crítico sobre os dados e os resultados encontrados. Além disso, essa atividade nos aproxima do método científico ao lidar com hipóteses, coleta de dados e análise de resultados.

Recomendamos repetir os experimentos com diferentes alturas e tempos para consolidar o aprendizado. Você pode acessar novamente o simulador e explorar mais possibilidades neste link: Simulação de Queda Livre – UFRGS. Use-o para testar diferentes cenários e explicar seu raciocínio em sala de aula ou em relatórios científicos.

 

Rodrigo Terra

Com formação inicial em Física, especialização em Ciências Educacionais com ênfase em Tecnologia Educacional e Docência, e graduação em Ciências de Dados, construí uma trajetória sólida que une educação, tecnologias ee inovação. Desde 2001, dedico-me ao campo educacional, e desde 2019, atuo também na área de ciência de dados, buscando sempre encontrar soluções focadas no desenvolvimento humano. Minha experiência combina um profundo conhecimento em educação com habilidades técnicas em dados e programação, permitindo-me criar soluções estratégicas e práticas. Com ampla vivência em análise de dados, definição de métricas e desenvolvimento de indicadores, acredito que a formação transdisciplinar é essencial para preparar indivíduos conscientes e capacitados para os desafios do mundo contemporâneo. Apaixonado por café e boas conversas, sou movido pela curiosidade e pela busca constante de novas ideias e perspectivas. Minha missão é contribuir para uma educação que inspire pensamento crítico, estimule a criatividade e promova a colaboração.

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