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História – Redemocratização (Plano de aula – Ensino médio)

Como referenciar este texto: História – Redemocratização (Plano de aula – Ensino médio). Rodrigo Terra. Publicado em: 18/11/2025. Link da postagem: https://www.makerzine.com.br/educacao/historia-redemocratizacao-plano-de-aula-ensino-medio/.


 
 

Ao abordar as transformações políticas entre o fim do regime militar e o início da Nova República, propõe-se uma análise contextualizada, com foco nos movimentos sociais, nos processos eleitorais e nos principais atores envolvidos. O tema possibilita ainda uma rica interdisciplinaridade com a disciplina de Sociologia, ao tratar da participação popular e da construção da cidadania.

Além disso, esta proposta inclui o uso de metodologias ativas, como debates orientados por fontes documentais, análise de materiais audiovisuais e reflexão colaborativa, estimulando o protagonismo estudantil, a empatia histórica e a leitura crítica do passado recente.

Ao final da aula, os alunos deverão ser capazes de reconhecer os fatores internos e externos que influenciaram o processo de abertura política, identificar os principais acontecimentos do período e compreender os impactos na vida política brasileira atual.

 

Objetivos de Aprendizagem

Os objetivos de aprendizagem deste plano de aula visam proporcionar aos estudantes uma compreensão ampla e crítica sobre o processo de Redemocratização no Brasil. A primeira meta é levar os alunos a identificar os fatores históricos, sociais e políticos que levaram ao fim do regime militar. Para isso, recomenda-se utilizar linha do tempo colaborativa e análise de documentos da época, como discursos, reportagens e atas do Congresso Nacional.

Outro objetivo essencial é a análise crítica dos principais eventos e atores envolvidos no período, como o movimento Diretas Já, o papel da mídia, das organizações civis, da Igreja Católica e de figuras como Tancredo Neves e Ulysses Guimarães. Atividades que estimulem a produção de painéis temáticos ou dramatizações históricas podem facilitar a apropriação desse conteúdo de forma engajadora.

Além da contextualização local, será trabalhada a relação entre o cenário brasileiro e o panorama político internacional no final do século XX, destacando influências como a redemocratização em outros países latino-americanos e o fim da Guerra Fria. Uma sugestão é promover comparações com processos semelhantes na Argentina e no Chile por meio de mapas conceituais ou rodas de conversa, promovendo o pensamento comparativo e interdisciplinar.

Esses objetivos contribuem diretamente para o desenvolvimento de competências críticas, ampliando a capacidade dos estudantes de reconhecer o papel da cidadania e da participação política na construção da democracia brasileira. Através dessas propostas, o professor poderá trabalhar habilidades previstas na BNCC de forma ativa e significativa.

 

Materiais Utilizados

Para conduzir esta aula de forma dinâmica e engajadora, a seleção dos materiais foi pensada visando a diversidade de mídias, a interatividade e a acessibilidade. O uso de um projetor ou TV com acesso à internet é fundamental para exibir conteúdos audiovisuais e materiais de apoio, ampliando a compreensão dos alunos por meio de múltiplas linguagens. Recomendamos, por exemplo, a exibição de trechos do documentário “O dia que durou 21 anos”, que oferece um panorama visual impactante do regime militar e é excelente para iniciar debates sobre os antecedentes da redemocratização.

Materiais impressos como a Carta aos Brasileiros (1977) e discursos emblemáticos de Tancredo Neves e Ulisses Guimarães incentivam a leitura crítica de fontes primárias. Distribua tais documentos em grupos e proponha que os estudantes identifiquem trechos significativos, relacionando-os ao contexto histórico. Essa atividade pode ser acompanhada de fichas de papel para sistematização das ideias, perguntas ou reflexões individuais e coletivas.

Outro recurso útil é a construção colaborativa de um mapa cronológico, que pode ser feito de forma física usando papel pardo e cards coloridos, ou digitalmente por meio de plataformas como o Google Jamboard. A montagem da linha do tempo estimula a organização lógica dos fatos, a cooperação entre os alunos e a visualização do processo de abertura política de maneira mais concreta.

Esses recursos, quando bem integrados ao plano de aula, garantem uma abordagem metodológica ativa e interdisciplinar. Além disso, permitem adaptar a proposta a diferentes realidades escolares, inclusive àquelas com infraestrutura limitada, pois os conteúdos indicados são acessíveis e versáteis.

 

Metodologia Utilizada e Justificativa

Será utilizada a metodologia de Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP), por meio de uma investigação coletiva sobre o cenário de transição democrática. Essa abordagem convida os alunos à construção de conhecimento a partir de eventos históricos reais, passando pela análise de fontes primárias, reportagens da época, trechos de discursos políticos e notícias de jornais, fomentando uma reflexão crítica e contextualizada.

A implementação da ABP em sala inclui a divisão dos alunos em grupos, onde cada equipe recebe um problema histórico específico relacionado ao processo de redemocratização. Por exemplo, um grupo pode investigar os impactos do movimento Diretas Já, enquanto outro analisa o papel dos meios de comunicação nesse período. A atividade culmina na construção de linhas do tempo colaborativas, onde os principais eventos são organizados e discutidos coletivamente.

Essa estratégia favorece o engajamento ativo dos estudantes e estimula habilidades como argumentação, cooperação e pensamento crítico. Além disso, promove uma articulação concreta entre conteúdos de História e Sociologia, permitindo compreender como os atores sociais atuaram na reconstrução democrática e quais dilemas civis e institucionais estavam em jogo.

Como sugestão, o professor pode utilizar vídeos documentais, como trechos da série “Brasil: uma história incomum” ou entrevistas com personagens relevantes do período, como Ulysses Guimarães e Tancredo Neves. Essas ferramentas colaboram para proporcionar aos alunos uma imersão mais sensível e humana nos acontecimentos, favorecendo tanto a empatia histórica quanto a formação de uma consciência cidadã crítica.

 

Preparo da Aula

Para garantir uma aula fluida e engajadora, o preparo antecipado é essencial. O professor deve reunir materiais relevantes, como trechos de discursos históricos (por exemplo, o discurso de posse de Tancredo Neves), dados estatísticos sobre crescimento econômico e repressão no período militar, além de gráficos sobre comparecimento eleitoral e índices de censura. Esses materiais servirão de base para as análises propostas durante a aula. A curadoria de vídeos documentais — como trechos de reportagens da época ou entrevistas com protagonistas da redemocratização — deve ser feita com atenção ao tempo e à dinâmica planejada.

Além disso, a organização prévia dos grupos de trabalho é recomendada com dois a três dias de antecedência. A divisão equitativa dos alunos, respeitando níveis de participação e diferentes perfis, ajuda a estimular a colaboração. Também é importante definir a função de cada integrante do grupo, garantindo que todos tenham tarefas a cumprir, como apresentador, relator e pesquisador.

Outro aspecto central do preparo é a elaboração de uma linha do tempo interativa. O docente pode optar por um modelo impresso, usando cartolinas e post-its, ou uma versão digital com ferramentas como Padlet ou Canva. Essa linha será preenchida colaborativamente e ajudará os alunos a visualizar os acontecimentos de maneira integrada.

Para ampliar o acesso à pesquisa, recomenda-se disponibilizar dispositivos móveis ou tablets durante a aula, quando possível. Também é útil preparar perguntas norteadoras previamente, como: “Que fatores desencadearam a abertura política?” ou “Qual foi o papel da sociedade civil na redemocratização?”. Isso guiará as análises dos grupos e incentivará pensamentos críticos e fundamentados.

 

Introdução da Aula (10 minutos)

Comece a aula com a pergunta provocadora escrita no quadro: “Como nasce uma democracia?”. Essa estratégia desperta a curiosidade inicial dos alunos e os convida a refletir sobre a relação entre regimes políticos e participação popular. Dê um minuto para que respondam oralmente ou anotem em um caderno. Em seguida, organize as respostas em um mapa conceitual simples no quadro, destacando conceitos como liberdade, voto, direitos civis e cidadania.

Após essa breve discussão, exiba os primeiros três minutos do documentário “O Dia que Durou 21 Anos”, que aborda o início da ditadura militar no Brasil. O vídeo traz elementos visuais e sonoros que ajudam a ambientar o contexto histórico e emocional do período. Oriente os alunos a assistirem com atenção especial às imagens e palavras que causam maior impacto.

Com o vídeo finalizado, proponha que os alunos mencionem palavras que vieram à mente enquanto assistiam. Podem ser termos como repressão, censura, medo, resistência, entre outros. Anote essas palavras no quadro negro, criando uma nuvem de ideias. Esse exercício ajuda a construir uma base de sentimentos e conceitos para aprofundar a análise histórica nos próximos momentos da aula.

Finalize a introdução retomando rapidamente a pergunta original e conectando as palavras citadas pelos alunos com o objetivo da aula: explorar como o Brasil caminhou da repressão à redemocratização e como isso molda nossa democracia contemporânea.

 

Atividade Principal (30 a 35 minutos)

A atividade principal propõe uma abordagem colaborativa e investigativa do processo de redemocratização brasileira. Divida a turma em grupos e forneça a cada um conjuntos diferenciados de documentos históricos, como trechos de jornais da época, discursos políticos, manifestos sociais e cartazes de mobilizações. Cada grupo deve analisar suas fontes para responder à pergunta central: quais foram os elementos que contribuíram para a redemocratização do Brasil? Essa análise culminará em uma apresentação oral de até cinco minutos, sintetizando suas conclusões.

Simultaneamente, os alunos devem posicionar eventos marcantes e figuras-chave numa linha do tempo colaborativa, que pode ser criada em uma ferramenta digital como o Jamboard ou em cartolina. Reforce que é importante construir uma linha do tempo precisa e contextualizada, mostrando como os diferentes eventos se conectam historicamente.

Para aprofundar a análise e fomentar o pensamento crítico, oriente os grupos com questionamentos norteadores. Perguntas como “Quem foi beneficiado com a abertura política?”, “Quais riscos estiveram envolvidos na transição pacífica?” e “Que papel teve o movimento Diretas Já nesse processo?” ajudam os estudantes a pensar para além dos fatos e considerar a complexidade sociopolítica do momento.

Como dica prática, incentive que os alunos façam conexões com a realidade atual — por exemplo, comparando momentos de instabilidade institucional ou observando como os direitos políticos evoluíram desde os anos 1980. Essa atividade não só reforça conteúdos históricos, como também trabalha habilidades como análise crítica, pesquisa e trabalho em grupo.

 

Fechamento (5 a 10 minutos)

Para concluir a aula de forma significativa, retome com os alunos as palavras-chave abordadas no início — como “cidadania”, “Constituição”, “direitos civis” e “participação política”. Pergunte o que mudou na percepção deles após a discussão dos movimentos sociais, do processo eleitoral da década de 1980 e da promulgação da Constituição de 1988. Essa autoavaliação crítica ajuda a consolidar os aprendizados do dia.

Em seguida, exiba um vídeo curto e impactante da sessão solene de promulgação da Constituição de 1988, com foco na cerimônia no Congresso Nacional. Utilize plataformas como YouTube ou o acervo da Câmara para selecionar um trecho com boa qualidade e legenda acessível. Essa atividade audiovisual oferece um fechamento emocional e histórico, permitindo que os alunos visualizem o impacto simbólico do momento.

Após o vídeo, leia com os estudantes um trecho do emblemático discurso de Ulisses Guimarães, presidente da Assembleia Constituinte. Escolha passagens que enfoquem a ideia de justiça social e ruptura com o autoritarismo. Incentive os alunos a relacionarem as palavras do orador com temas contemporâneos, como o papel do Congresso e o fortalecimento da democracia.

Como tarefa de casa, indique a leitura comentada dos primeiros artigos da Constituição Federal de 1988, propondo que escolham um artigo e escrevam um parágrafo explicando seu significado e relevância atual. Isso amplia a compreensão do texto legal e estimula a reflexão sobre sua aplicação prática.

 

Avaliação / Feedback

A avaliação será realizada de maneira contínua, considerando a participação ativa dos estudantes nos debates em sala, a qualidade das análises de documentos históricos, a precisão na construção da linha do tempo dos eventos da redemocratização e a clareza nas apresentações orais em grupo. Cada um desses critérios permite observar não apenas a aquisição de conteúdos, mas também o desenvolvimento de competências como argumentação, colaboração e interpretação crítica.

Durante os debates, o professor pode fazer observações em um quadro visível, anotando ideias-chave levantadas pelos grupos e destacando contribuições relevantes. Na análise documental, é recomendável o uso de uma ficha-guia com perguntas norteadoras, que ajude os alunos a extrair informações dos textos e relacioná-las com o contexto histórico. Esses registros podem servir como elementos objetivos na avaliação.

Além disso, propor que os alunos organizem uma linha do tempo colaborativa, usando murais físicos ou plataformas digitais como o Padlet ou o Google Jamboard, favorece a construção conjunta do conhecimento. Já a apresentação oral pode ser estruturada com rubricas claras, distribuídas previamente, abordando critérios como domínio do conteúdo, organização das ideias e uso de recursos visuais.

Como forma de feedback, o professor pode aplicar uma breve autoavaliação escrita com perguntas reflexivas, como: “O que mais aprendi nesta aula?”, “Que parte me deixou mais curioso(a)?” e “O que ainda gostaria de entender melhor?”. Essa prática dá voz aos alunos e orienta o planejamento das próximas aulas a partir das dúvidas e interesses manifestados.

 

Resumo para os Alunos

Nesta aula, compreendemos o processo de Redemocratização do Brasil, que marcou a transição do regime militar, vigente de 1964 a 1985, para um Estado democrático. Discutimos o contexto da década de 1980, quando crises econômicas, pressão internacional e protestos populares, como o movimento Diretas Já, impulsionaram mudanças significativas na política brasileira.

Exploramos discursos históricos emblemáticos, como os pronunciamentos de Ulysses Guimarães e Tancredo Neves, assim como trechos da Constituição de 1988. Essa análise ajudou os alunos a perceberem como a legislação refletia os anseios democráticos da sociedade e consolidava direitos fundamentais suprimidos durante o regime autoritário.

A atividade também incluiu interpretação de documentos da época, como os jornais alternativos e manifestos estudantis, promovendo o pensamento crítico sobre o papel dos movimentos sociais (estudantil, operário, das mulheres) na construção da cidadania. A incorporação desses materiais estimulou a empatia histórica, permitindo que os alunos se colocassem no papel dos cidadãos da época.

Para aprofundar o estudo, indicamos recursos complementares como o FGV CPDOC – Abertura Política, a plataforma Domínio Público e o documentário O dia que durou 21 anos, que oferece uma perspectiva crítica da ditadura e de sua superação. O uso dessas fontes é recomendado para consolidar o aprendizado e promover debates em sala.

 

Rodrigo Terra

Com formação inicial em Física, especialização em Ciências Educacionais com ênfase em Tecnologia Educacional e Docência, e graduação em Ciências de Dados, construí uma trajetória sólida que une educação, tecnologias ee inovação. Desde 2001, dedico-me ao campo educacional, e desde 2019, atuo também na área de ciência de dados, buscando sempre encontrar soluções focadas no desenvolvimento humano. Minha experiência combina um profundo conhecimento em educação com habilidades técnicas em dados e programação, permitindo-me criar soluções estratégicas e práticas. Com ampla vivência em análise de dados, definição de métricas e desenvolvimento de indicadores, acredito que a formação transdisciplinar é essencial para preparar indivíduos conscientes e capacitados para os desafios do mundo contemporâneo. Apaixonado por café e boas conversas, sou movido pela curiosidade e pela busca constante de novas ideias e perspectivas. Minha missão é contribuir para uma educação que inspire pensamento crítico, estimule a criatividade e promova a colaboração.

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