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Literatura – Carlos Drummond de Andrade – Multiplicidade das obras (Plano de aula – Ensino médio)

Como referenciar este texto: Literatura – Carlos Drummond de Andrade – Multiplicidade das obras (Plano de aula – Ensino médio). Rodrigo Terra. Publicado em: 20/11/2025. Link da postagem: https://www.makerzine.com.br/educacao/literatura-carlos-drummond-de-andrade-multiplicidade-das-obras-plano-de-aula-ensino-medio/.


 
 

Este plano de aula propõe uma abordagem mediada e ativa da leitura de Drummond, aliando análise literária, interpretação crítica e contextualização histórica. O objetivo é estimular o pensamento autônomo dos estudantes e promover conexões com outras disciplinas, como História e Filosofia.

A atividade foi pensada com foco na multiplicidade da obra de Drummond: sua poesia passa pela ironia cotidiana, questões políticas e reflexões profundas sobre o eu e o outro. Assim, o estudo poderá dialogar com os dilemas vivenciados pelos próprios alunos.

O material selecionado foca em trechos das obras mais icônicas do autor — como Alguma Poesia, A Rosa do Povo e Claro Enigma — oferecendo um panorama de diferentes fases do escritor.

Professores poderão adaptar a sequência de acordo com o nível da turma, adotando estratégias de leitura coletiva, rodas de conversa e criação de textos, alinhando os conteúdos às práticas de metodologias ativas.

 

Objetivos de Aprendizagem

1. Identificar as diferentes fases da produção poética de Carlos Drummond de Andrade: Ao longo de sua carreira, Drummond atravessou diferentes períodos estilísticos, desde o modernismo inicial até uma poesia mais existencial e filosófica. Em sala de aula, os estudantes podem analisar poemas de livros como Alguma Poesia (1930), com seu tom irônico e urbano, A Rosa do Povo (1945), marcado pelo engajamento social e político, e Claro Enigma (1951), introspectivo e metafísico. Uma boa atividade seria formar grupos para cada fase, com análise de um poema representativo e apresentação dos temas e estilos predominantes.

2. Compreender a relação entre as obras e os contextos históricos e sociais: Drummond escreveu durante momentos cruciais da história brasileira e mundial, como a Era Vargas e a Segunda Guerra Mundial. É essencial discutir como esses fatos influenciaram sua produção literária. Por exemplo, o poema “A Rosa do Povo” pode ser articulado com uma aula de História sobre autoritarismo e guerra. Incentive os estudantes a criarem uma linha do tempo relacionando eventos históricos e publicações de Drummond, o que contribui para uma leitura mais contextualizada.

3. Promover a leitura crítica e criativa de textos literários através de metodologias ativas: Utilizar rodas de leitura, escrita criativa e debates são estratégias eficazes para trabalhar a poesia de Drummond. Os estudantes podem ser desafiados a reescrever um poema no contexto atual, criando conexões com sua realidade. Outra sugestão é realizar um sarau na escola ou um podcast literário, nos quais os alunos desempenham papel ativo na interpretação e divulgação da obra.

Esses objetivos formam a base para uma abordagem dinâmica da literatura, promovendo autonomia intelectual e o desenvolvimento de competências críticas e expressivas. Com mediação adequada do professor, a poesia de Drummond pode ser explorada para além do conteúdo curricular tradicional, abrindo espaço para debates significativos sobre identidade, política, ética e arte.

 

Materiais Utilizados

Para a condução eficaz das atividades propostas neste plano de aula, é essencial a utilização de recursos que possibilitem o engajamento e a participação ativa dos alunos. As impressões dos poemas selecionados — ou o acesso digital por dispositivos como celulares e tablets — garantem que cada estudante possa acompanhar a leitura de forma autônoma ou coletiva. Ao optar pelo meio impresso ou digital, o professor pode adaptar-se à realidade da escola e propor leituras em diferentes formatos, incentivando inclusive a fluência e a oralidade com leitura em voz alta.

O quadro branco ou a lousa digital servem como suporte para a sistematização das análises feitas em grupo. Eles são úteis para destacar versos-chave, anotar significados e metáforas recorrentes, além de facilitar a visualização da estrutura dos poemas. Esse processo contribui para o desenvolvimento da leitura crítica e da interpretação textual, abrindo espaço para a construção compartilhada do conhecimento.

As cartolinas e canetas coloridas são ideais para a criação dos chamados “mapas poéticos” — atividades em que os alunos são convidados a representar visualmente o conteúdo dos poemas, identificando elementos temáticos, figurativos e estéticos. Com essa abordagem, os estudantes desenvolvem habilidades de síntese, criatividade e expressão artística, criando uma ponte entre a linguagem verbal e a visual.

Dispondo de um projetor multimídia, o professor pode enriquecer a aula com leituras dramatizadas, vídeos explicativos ou painéis interativos, promovendo maior variedade de estímulos sensoriais e facilitando a compreensão de cada fase da obra de Drummond. Isso também favorece a interdisciplinaridade, ao vincular poesia e recursos tecnológicos.

Por fim, o acesso ao portal Domínio Público é uma excelente fonte de conteúdos literários gratuitos. A plataforma oferece versões digitais de várias obras de Drummond, permitindo que o professor amplie a seleção de textos caso deseje diversificar os gêneros ou explorar novos temas. Além disso, os próprios alunos podem consultar o site para aprofundar temas trabalhados em sala ou realizar pesquisas orientadas.

 

Metodologia Utilizada e Justificativa

No plano de aula sobre Carlos Drummond de Andrade, optou-se por empregar a Sala de Aula Invertida aliada à Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP). Na prática, os alunos recebem materiais introdutórios — como vídeos biográficos, entrevistas e trechos digitalizados da obra de Drummond — com antecedência para que possam chegar à aula preparados para o aprofundamento crítico e colaborativo.

Durante os encontros presenciais, o tempo é dedicado à análise de poemas selecionados, como “José”, “Mundo Grande” e “Congresso Internacional do Medo”. O papel do professor é o de mediador, incentivando os alunos a interpretar os versos sob múltiplas perspectivas: histórica, filosófica e estética. Rodas de discussão em pequenos grupos propiciam um ambiente acolhedor para o compartilhamento de interpretações e experiências.

A segunda etapa metodológica envolve a criação de painéis poéticos por meio da ABP. Os estudantes são desafiados a escolher um tema social relevante — como desigualdade, afetividade, tecnologia ou identidade — e relacioná-lo com trechos da poesia de Drummond. A partir disso, constroem painéis visuais ou digitais que expressam essas conexões, promovendo o protagonismo juvenil.

Essa abordagem estimula habilidades essenciais no Ensino Médio, como pensamento crítico, criatividade e trabalho em equipe. Além disso, permite que os estudantes desenvolvam uma leitura mais sensível e contextualizada da literatura brasileira, percebendo a relevância de Drummond para os dilemas modernos.

Recomenda-se à equipe docente revisar previamente os materiais disponibilizados, adequando os vídeos e textos às características da turma. As apresentações dos painéis podem ser feitas em forma de seminário ou exposição interativa, envolvendo até outras disciplinas para ampliar a interdisciplinaridade do projeto.

 

Desenvolvimento da Aula

Preparo da aula

Para garantir uma abordagem rica e contextualizada da obra de Carlos Drummond de Andrade, é essencial que o professor selecione 3 a 4 poemas que representem diferentes fases do autor. Poemas como “No meio do caminho”, “Mundo Grande”, “Confidência do Itabirano” e “A máquina do mundo” trazem temas variados, que vão desde o lirismo cotidiano até reflexões filosóficas e políticas. Além disso, é recomendável ambientar os estudantes previamente com materiais audiovisuais ou textos sobre a trajetória do autor — isso pode incluir biografias de domínio público e vídeos educativos, como os do canal da TV Escola, que contextualizam sua vida e obra.

Introdução da aula (10 min)

Inicie o encontro com um bate-papo leve: a poesia ainda faz sentido no mundo de hoje? A seguir, exiba trecho curto do vídeo sobre Drummond e convide os estudantes a levantar hipóteses sobre os temas que aparecem em seus poemas. Esse momento inicial ajuda a despertar o interesse e promover o engajamento, além de abrir espaço para escutar a bagagem cultural dos alunos.

Atividade principal (30 a 35 min)

Divida a turma em pequenos grupos, atribuindo um poema para cada um. Oriente que a análise deve focar nos temas centrais, na linguagem empregada, em recursos estilísticos e no contexto histórico de produção. Os alunos devem montar um “mapa poético” visual (em cartolina ou digital) que relacione o poema a temas transversais atuais, como desigualdade, identidade, capitalismo ou memória. Essa atividade promove a leitura atenta, interpretação crítica e expressão criativa. Após a preparação, os grupos devem apresentar suas interpretações aos colegas.

Fechamento (5 a 10 min)

Organize uma roda de conversa na qual os alunos possam refletir sobre a presença e relevância dos temas drummondianos hoje. É interessante propor uma miniatividade escrita individual: “Qual verso de Drummond representa melhor um sentimento seu atual?”. Essa proposta estimula o vínculo afetivo com a obra e desenvolve a habilidade de análise introspectiva.

Como dica extra, o professor pode introduzir comparações com outros autores ou composições contemporâneas, favorecendo conexões intertextuais e interdisciplinaridade — especialmente com as áreas de História e Filosofia.

 

Avaliação / Feedback

A avaliação da proposta deve ser pensada de forma formativa, acompanhando o desenvolvimento dos estudantes ao longo do trabalho com a obra de Carlos Drummond de Andrade. A participação ativa nas discussões em sala de aula será valorizada, bem como a capacidade de interpretar os poemas com profundidade, relacionando-os ao contexto histórico e à própria vivência.

Além disso, a criatividade demonstrada na elaboração dos painéis ou apresentações é um critério fundamental. Esses recursos visuais ou midiáticos, compostos com base nos poemas estudados, revelam a apropriação crítica do conteúdo e a habilidade em comunicar ideias complexas de forma acessível.

Como estratégia de avaliação e feedback, o uso de um formulário digital (como o Google Forms) é uma ferramenta eficaz. Ele pode incluir perguntas objetivas e subjetivas sobre os textos, além de uma seção destinada à autoavaliação, permitindo que os alunos reflitam sobre seu processo de aprendizagem.

O feedback do professor deve ocorrer de forma contínua: comentários orais durante os debates e ao final das apresentações são fundamentais para fortalecer a competência leitora literária. Esse retorno pode focar em aspectos positivos e sugerir pontos de melhoria, sempre com o intuito de promover o crescimento interpretativo do aluno.

Por fim, recomenda-se que os docentes criem rubricas claras de avaliação, envolvendo os estudantes desde o início no entendimento dos critérios. Isso favorece a transparência e o engajamento, possibilitando que os alunos compreendam melhor seus avanços ao longo da sequência didática.

 

Integração Interdisciplinar

A proposta de integrar a obra de Carlos Drummond de Andrade com outras disciplinas possibilita uma abordagem mais rica e multifacetada da literatura em sala de aula. O contexto histórico do modernismo, marcado por grandes transformações sociais e políticas, fornece o pano de fundo ideal para discussões em aulas de História. Por exemplo, ao analisar poemas como “A rosa do povo”, é possível relacionar o conteúdo à Segunda Guerra Mundial e ao Estado Novo no Brasil, destacando como o autor exprime inquietações políticas e sociais em seus versos.

Na disciplina de Filosofia, os temas existencialistas presentes em “Claro enigma” podem ser explorados a partir do pensamento de autores como Sartre e Camus. Os dilemas morais, a solidão do ser humano moderno e a busca por sentido são questões levantadas por Drummond, que ganham profundidade quando cotejadas com o conceito de absurdo em Camus. Uma sugestão prática seria dividir a turma em grupos: cada um ficaria responsável por estudar um poema de Drummond e um trecho filosófico, apresentando depois as conexões entre eles.

Outra possibilidade interdisciplinar é uma sequência de aulas que combine análise literária com debate histórico-filosófico. Por exemplo, iniciar com uma aula de História sobre a censura durante a Ditadura Militar, seguida da leitura do poema “A flor e a náusea”, e encerrar com uma roda de conversa orientada pela Filosofia política, discutindo o papel do artista e da liberdade de expressão.

Além disso, incentivar os alunos a escreverem seus próprios poemas reflexivos, inspirados pela leitura de Drummond e pelas discussões interdisciplinares, pode ser uma excelente forma de articular a produção textual com as competências de leitura crítica e pensamento autônomo. É importante que o professor atue como mediador, guiando as reflexões sem limitar as interpretações individuais.

Essas conexões entre Literatura, História e Filosofia promovem uma aprendizagem significativa, pois estimulam os alunos a compreenderem a arte como expressão das tensões de seu tempo e a refletirem criticamente sobre o mundo em que vivem. Estudar Drummond, nesse sentido, transforma-se em uma potente ferramenta para formar leitores ativos e cidadãos conscientes.

 

Resumo para os alunos

Nesta aula, exploramos a obra de Carlos Drummond de Andrade, um dos principais nomes da literatura brasileira do século XX. Por meio da leitura e análise de seus poemas, discutimos temas centrais como identidade, tempo, política e emoções humanas. Esses elementos aparecem com forte presença em sua escrita, combinando ironia, lirismo e engajamento com o momento histórico de sua época.

Os alunos tiveram contato com diferentes fases da produção drummondiana, notando as transformações estilísticas e temáticas ao longo do tempo — desde a leveza e experimentação de Alguma Poesia, a crítica social robusta em A Rosa do Povo, até a filosofia existencial presente em Claro Enigma. Essa diversidade demonstra como a poesia de Drummond continua dialogando com os dilemas contemporâneos.

Para reforçar esse conteúdo em sala de aula, sugerimos propor atividades como rodas de leitura, onde os estudantes escolhem um poema e compartilham sua interpretação em pequenos grupos. Além disso, oficinas de escrita com inspiração nos estilos de Drummond podem incentivar a produção criativa e a reflexão pessoal.

Outra sugestão prática é traçar paralelos entre os poemas lidos e momentos históricos do Brasil, contextualizando as obras com os períodos políticos e sociais retratados. Documentários e recursos visuais, como vídeos da série TV Escola sobre o modernismo, são excelentes aliados para enriquecer a abordagem interdisciplinar.

Por fim, indicamos o acesso gratuito à obra de Drummond por meio do portal Domínio Público, onde os alunos podem continuar explorando sua poesia. Estimular a leitura autônoma é uma estratégia essencial para formar leitores críticos e sensíveis.

 

Rodrigo Terra

Com formação inicial em Física, especialização em Ciências Educacionais com ênfase em Tecnologia Educacional e Docência, e graduação em Ciências de Dados, construí uma trajetória sólida que une educação, tecnologias ee inovação. Desde 2001, dedico-me ao campo educacional, e desde 2019, atuo também na área de ciência de dados, buscando sempre encontrar soluções focadas no desenvolvimento humano. Minha experiência combina um profundo conhecimento em educação com habilidades técnicas em dados e programação, permitindo-me criar soluções estratégicas e práticas. Com ampla vivência em análise de dados, definição de métricas e desenvolvimento de indicadores, acredito que a formação transdisciplinar é essencial para preparar indivíduos conscientes e capacitados para os desafios do mundo contemporâneo. Apaixonado por café e boas conversas, sou movido pela curiosidade e pela busca constante de novas ideias e perspectivas. Minha missão é contribuir para uma educação que inspire pensamento crítico, estimule a criatividade e promova a colaboração.

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