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BNCC EI03ET07 na Educação Infantil: números, quantidades e sequências em práticas ativas

Como referenciar este texto: BNCC EI03ET07 na Educação Infantil: números, quantidades e sequências em práticas ativas. Rodrigo Terra. Publicado em: 03/12/2025. Link da postagem: https://www.makerzine.com.br/educacao/bncc-ei03et07-na-educacao-infantil-numeros-quantidades-e-sequencias-em-praticas-ativas/.


 
 

Mais do que “ensinar números”, essa habilidade convida o professor a criar situações nas quais contar, comparar e ordenar façam sentido nas experiências cotidianas das crianças. Isso exige uma mediação intencional, centrada no brincar, nas interações e na exploração de materiais variados.

Ao mesmo tempo, EI03ET07 dialoga diretamente com metodologias ativas e abordagens investigativas, em que a criança é protagonista na produção de hipóteses sobre quantidade, sequência e regularidades. Em vez de fichas repetitivas, entram em cena jogos, projetos, desafios e situações-problema que emergem do contexto do grupo.

Este artigo apresenta caminhos práticos para planejar, observar e avaliar propostas alinhadas à BNCC, integrando tecnologia, ludicidade e projetos maker. A intenção é apoiar professores na construção de rotinas e ambientes matematicamente ricos, sem antecipar o ensino formal do 1º ano, mas criando bases sólidas para ele.

Você encontrará sugestões de atividades, estratégias de observação da aprendizagem e exemplos de organização do espaço que favorecem o trabalho com números, quantidades e sequências na Educação Infantil, especialmente com crianças do último período (faixa etária de 4 a 5 anos).

 

Compreendendo a habilidade EI03ET07 na prática da Educação Infantil

Compreender a habilidade EI03ET07 na prática da Educação Infantil significa ir além de pedir que as crianças repitam a sequência de números em voz alta. A BNCC enfatiza que relacionar números às respectivas quantidades é uma construção conceitual, que se desenvolve quando a criança pode contar objetos significativos, conferir se “sobrou” ou “faltou” algum item, comparar conjuntos e reorganizar materiais de diferentes maneiras. Da mesma forma, reconhecer o antes, o depois e o entre em uma sequência não é apenas saber o que vem “depois do 3”, mas perceber regularidades, antecipar o próximo elemento e justificar escolhas.

Na rotina do grupo, EI03ET07 se materializa em situações simples, porém intencionalmente planejadas. Ao organizar a fila, o professor pode explorar quem está na frente, quem está atrás e quem está entre dois colegas, relacionando essas posições a números. Em momentos de lanche, é possível propor que a turma conte copos ou pedaços de fruta, verificando se a quantidade é suficiente para todos. Em jogos de construção, como blocos ou peças de encaixe, as crianças podem comparar torres mais altas e mais baixas, contando quantas peças cada uma possui e discutindo quantidades “maiores”, “menores” ou “iguais”.

Outro aspecto fundamental é a mediação da linguagem matemática em contextos de brincadeira. Ao narrar o que acontece, o professor ajuda a criança a conectar sua ação aos conceitos previstos na habilidade EI03ET07: “Você pegou três carrinhos, agora tem mais um, quantos são ao todo?”, “Se tirarmos esse brinquedo daqui, o que acontece com a ordem?”, “Quem vem antes da Ana na brincadeira de roda?”. Essa verbalização apoia a construção de significados, pois vincula a experiência concreta a palavras, símbolos e gestos que compõem a linguagem numérica e de sequências.

Ainda que a habilidade esteja organizada em um código específico da BNCC, sua aplicação não deve ser fragmentada ou isolada. EI03ET07 se integra a projetos de investigação, à exploração de histórias infantis que envolvem contagens e ordens (como contos com repetições numéricas), a circuitos motores que envolvem etapas numeradas e a atividades maker em que as crianças planejam sequências de ações para construir algo. Nesses contextos, elas vivenciam a ideia de sequência como roteiro, algoritmo ou conjunto de passos, aproximando o pensamento matemático do pensamento computacional.

Por fim, compreender EI03ET07 na prática implica olhar atentamente para as produções das crianças, reconhecendo diferentes formas de registrar e demonstrar a compreensão de quantidade e ordem. Algumas podem desenhar bolinhas, outras usar riscos, números convencionais ou até histórias orais para explicar suas contagens. Observar esses caminhos, documentar com fotos, anotações e pequenos relatos, e compartilhar com as famílias ajuda a valorizar o percurso de aprendizagem, fortalecendo uma abordagem em que a matemática é viva, significativa e presente em todas as dimensões da vida na Educação Infantil.

 

Brincadeiras, rotinas e projetos: onde vivem os números na vida da criança

Os números estão presentes no cotidiano das crianças muito antes de aparecerem em qualquer ficha ou atividade “formal”. Eles vivem nas brincadeiras de esconde-esconde, quando alguém conta até dez; nas corridas, ao decidir quem chegou em primeiro ou em segundo; na hora do lanche, ao conferir se há uma fruta para cada colega. Ao reconhecer esses momentos como situações matemáticas, o professor transforma o cotidiano em um laboratório vivo para explorar contagem, comparação de quantidades e noções de sequência, sem perder de vista o caráter lúdico e significativo das experiências.

Nas rotinas diárias da Educação Infantil, é possível intencionalizar o encontro da criança com os números de forma simples e potente. O momento da chamada pode se tornar uma contagem coletiva dos presentes e ausentes, permitindo discutir “quantos vieram hoje” e “quantos faltaram”. A organização da fila para o parque ou para o refeitório é uma oportunidade para falar sobre quem está antes, depois e entre os colegas, relacionando posições a uma ordem que pode ser numerada, dramatizada e reconstruída pelas próprias crianças.

Os projetos de investigação ampliam ainda mais esse universo, pois inserem os números em contextos de pesquisa e criação. Em um projeto sobre o crescimento das plantas, por exemplo, as crianças podem medir e registrar, em intervalos de tempo, a altura de um vaso, comparando se está “maior” ou “menor” do que na semana anterior. Já em um projeto sobre o bairro, podem contar quantas casas, árvores ou comércios existem na rua da escola, organizando os dados em listas, quadros e sequências visuais que ajudem a dar sentido às quantidades observadas.

As brincadeiras estruturadas, como jogos de trilha, dados e cartas, também são aliadas para trabalhar EI03ET07. Ao jogar, as crianças contam casas, relacionam o número do dado ao número de movimentos, identificam quem está na frente, quem está atrás e quem está no meio da trilha. Além disso, podem criar suas próprias regras: decidir quantos pontos valem determinadas jogadas, registrar placares ou construir novas trilhas com desafios numéricos. Nesse processo, elaboram hipóteses, negociam, verificam erros e ajustam estratégias, exercitando a compreensão de números e sequências em situações reais de uso.

Por fim, integrar números às experiências maker e tecnológicas abre novas linguagens para explorar quantidades e ordem. Ao montar uma sequência de blocos de encaixe para programar um robô educativo, por exemplo, as crianças pensam em “primeiro”, “depois” e “por último”, relacionando comandos a uma ordem lógica. Em construções com materiais diversos, podem planejar “quantas peças” precisam e ajustar o projeto se a quantidade não for suficiente. Assim, brincadeiras, rotinas e projetos se entrelaçam e mostram às crianças que os números moram em todos os cantos da vida, ajudando-as a interpretar, organizar e transformar o mundo ao seu redor.

 

Metodologias ativas e pensamento matemático na Educação Infantil

As metodologias ativas na Educação Infantil partem do princípio de que as crianças aprendem melhor quando estão envolvidas em experiências significativas, nas quais podem investigar, experimentar, tomar decisões e explicar seus raciocínios. No campo do pensamento matemático, isso significa criar situações em que contar, comparar quantidades e organizar sequências não seja um exercício isolado, mas parte de um projeto, de um jogo ou de um problema que faça sentido para o grupo. Assim, EI03ET07 ganha vida em propostas em que o número aparece como ferramenta para resolver questões reais da rotina da sala.

Ao invés de apresentar fichas ou listas de números, o professor pode propor desafios como organizar a fila por critérios variados, montar uma trilha no chão com passos numerados ou criar tabelas simples para registrar votos em uma escolha coletiva. Em cada uma dessas experiências, as crianças exploram a noção de antes, depois e entre, percebendo que a sequência numérica obedece a uma ordem estável e que mudar a posição altera a quantidade representada. A mediação do adulto, ao provocar perguntas e convidar os pequenos a justificarem suas escolhas, é crucial para transformar a ação em reflexão matemática.

Projetos maker e atividades de construção são aliados poderosos nesse processo. Montar um circuito de blocos numerados, programar um robô para avançar um certo número de casas ou criar jogos de percurso com dados e cartas de números coloca as crianças diante de problemas que exigem coordenação entre contagem, previsão de resultados e controle de etapas. Nessas situações, as metodologias ativas aparecem quando se dá tempo para que o grupo teste hipóteses, discuta estratégias e reajuste o plano, em vez de apenas seguir instruções prontas.

Os jogos de regras também constituem um terreno fértil para o desenvolvimento do pensamento matemático. Jogos de trilha, dominós numéricos, bingo de quantidades e cartas com representações variadas (pontos, dedos, algarismos) favorecem a construção de correspondência um a um, comparação de coleções e compreensão da sequência. O papel do professor é selecionar materiais que permitam múltiplas soluções, observar as estratégias usadas pelas crianças e intervir com perguntas que ampliem a percepção de padrões, regularidades e relações entre número e quantidade.

Por fim, trabalhar com metodologias ativas implica pensar em avaliação como processo contínuo de escuta e registro, e não apenas como checagem de resultados. Fotografar produções, anotar falas significativas, gravar pequenos vídeos das interações e revisitar essas evidências com o grupo ajuda a tornar visível o desenvolvimento do pensamento matemático. Assim, EI03ET07 deixa de ser uma meta abstrata da BNCC e se converte em um caminho compartilhado, no qual crianças e adultos constroem juntos significados para os números, as quantidades e as sequências que organizam o cotidiano.

 

Ambientes e materiais: organizando o espaço para aprender números

Para que a habilidade EI03ET07 ganhe vida no cotidiano, o primeiro passo é pensar no ambiente como um “terceiro educador”. Isso significa organizar a sala de forma que os números, as quantidades e as sequências apareçam de maneira funcional e significativa: etiquetas em prateleiras com numerais e quantidades correspondentes, calendários ilustrados ao alcance das crianças, linhas do tempo de projetos, quadros de rotina diária com imagens e números, entre outros recursos. Quando a criança encontra números em contextos reais — para contar brinquedos, marcar presença, registrar pontos de um jogo — ela percebe que essa linguagem faz parte do seu mundo e se engaja com mais curiosidade.

Os materiais também precisam convidar à exploração ativa. Blocos de montar, tampinhas, pregadores, palitos, fichas coloridas, dados, cartas com numerais, trilhas de chão e tapetes com marcas numéricas são exemplos simples e acessíveis que permitem experiências ricas de contagem, comparação e ordenação. Em um canto de matemática, por exemplo, é possível deixar cestas com coleções variadas (conchas, botões, pedrinhas) e cartões com desafios visuais: “pegue tantos quanto…”; “faça uma fila de 1 até 5”; “quem vem antes do 4?”. O importante é que os materiais sejam manipuláveis, seguros e em quantidade suficiente para o grupo explorar de forma autônoma ou em pequenos times.

A disposição física do espaço influencia diretamente como as crianças se relacionam com os conceitos matemáticos. Ambientes segmentados em cantos — jogo de tabuleiro, faz de conta, construção, artes, tecnologias — permitem que as experiências com números apareçam de modos diferentes em cada área. No canto de faz de conta, etiquetas de preços, blocos de anotações e “caixas registradoras” estimulam contagem e trocas; no canto de construção, esquemas de sequência (primeiro, depois, por último) e desafios de quantidade (“construir uma ponte com 10 blocos”) trabalham ordem e correspondência termo a termo. Ao circular pela sala, a criança encontra múltiplas oportunidades de observar, experimentar e testar hipóteses sobre quantidades e sequências.

Outro aspecto importante é tornar visíveis os registros das crianças no ambiente. Painéis com fotos das brincadeiras numéricas, produções gráficas com tentativas de escrita de números, gráficos coletivos simples (quem trouxe brinquedo hoje? quantos preferem brincar lá fora?), linhas de sequência feitas com desenhos ou objetos reais ajudam a consolidar aprendizagens. Além de valorizar o protagonismo infantil, esses registros funcionam como “memórias” que a turma revisita, comparando situações, retomando contagens e discutindo o que mudou de um dia para o outro. Assim, a noção de antes, depois e entre vai sendo construída de forma visual e compartilhada.

Por fim, integrar recursos tecnológicos de forma crítica e criativa pode potencializar o trabalho com EI03ET07 sem substituir o contato concreto com os materiais. Tablets ou computadores podem ser usados para fotografar coleções e organizar sequências em aplicativos simples; projetores podem ampliar jogos de trilha no chão; robôs educativos de entrada (como carrinhos programáveis) permitem planejar percursos numerados e discutir quantos passos são necessários para chegar a determinado ponto. O equilíbrio entre o analógico e o digital, sempre a serviço da investigação e do brincar, ajuda a criar um ambiente matematicamente rico, onde o aprender números está intimamente ligado à exploração do espaço e dos materiais.

 

Atividades e jogos para relacionar números, quantidades e sequências

Para trabalhar a habilidade EI03ET07 de forma significativa, é fundamental propor atividades e jogos que aproximem os números das experiências concretas das crianças. Um primeiro caminho é explorar as rotinas do dia: fazer a chamada contando quantos vieram e quantos faltaram, registrar a quantidade de crianças em cada refeição ou organizar filas e pequenos grupos com base em números sorteados. Nessas situações, o professor pode convidar as crianças a pensar sobre quem veio antes ou depois na chamada, quem está entre dois colegas na fila ou qual número vem imediatamente após aquele que aparece no calendário da sala.

Os jogos de tabuleiro simples são aliados poderosos para relacionar números, quantidades e sequências. Caminhos numerados em trilhas feitas de papelão, tapetes ou blocos no chão possibilitam que as crianças avancem casas conforme o resultado dos dados, associando a quantidade de pontos ao movimento concreto. É possível propor desafios como “quem está antes de você?”, “quem ficou depois de você?” ou “em qual número você estava e para qual foi?”, estimulando a linguagem ordinal e a reflexão sobre posições na sequência. Jogos cooperativos, em que o grupo precisa chegar junto a um objetivo, ajudam a tirar o foco da competição e reforçam as interações.

Materiais não estruturados, como tampinhas, blocos de montar, palitos e pedras, também enriquecem as experiências com quantidades. As crianças podem organizar coleções, comparar montes maiores e menores, agrupar por critérios diversos e registrar, com cartões numéricos, quantos objetos há em cada conjunto. Nessa hora, o professor pode criar pequenos desafios: montar “estações” com etiquetas numéricas para que as crianças associem a cada número uma quantidade de objetos, ou ainda propor que completem lacunas de sequências: “se tenho 3 tampinhas aqui e 5 ali, qual número ficaria entre essas quantidades?”

As tecnologias digitais podem ser integradas às propostas de forma crítica e criativa. Tablets e projetores podem apoiar jogos de sequência em que as crianças arrastam números para organizar linhas numéricas, mas também podem servir para registrar as próprias produções: fotografar coleções organizadas, filmar explicações sobre como montaram uma sequência ou criar pequenas histórias em que personagens precisam descobrir quem vem antes ou depois em uma fila. Ao rever essas produções, o grupo discute estratégias, erros e acertos, tornando visível o pensamento matemático em construção.

Por fim, atividades maker ampliam o envolvimento das crianças ao permitir que elas mesmas criem jogos e materiais numéricos. Construir dados gigantes com caixas, confeccionar cartas numeradas, elaborar trilhas no pátio com giz ou fitas adesivas e programar, com o apoio do professor, pequenos percursos para robôs educativos são exemplos de experiências em que números, quantidades e sequências aparecem de forma integrada. Nessas propostas, o professor observa como cada criança compreende o antes, o depois e o entre, registrando falas, gestos e estratégias para planejar novos desafios que respeitem o ritmo do grupo e aprofundem a compreensão das relações numéricas.

 

Integrando tecnologia e cultura maker na EI03ET07

Integrar tecnologia e cultura maker à habilidade EI03ET07 significa transformar o trabalho com números, quantidades e sequências em experiências concretas de criação. Em vez de apenas contar objetos de forma descontextualizada, as crianças podem construir circuitos simples, montar trajetos, programar brinquedos ou organizar materiais em etapas, vivenciando na prática o que é “antes”, “depois” e “entre”. A tecnologia, aqui, não é sinônimo de telas o tempo todo, mas de explorar recursos variados – de sucatas eletrônicas a tablets – que ampliam as possibilidades de investigação e expressão das crianças.

Em um ambiente maker, por exemplo, as crianças podem construir um “tapete numérico” com materiais diversos, registrando com números e ícones a quantidade de passos em cada quadrado. Ao programar um robô de chão para percorrer o tapete, elas precisam definir a sequência de movimentos, antecipar o ponto de partida e de chegada e ajustar a rota quando algo não sai como o esperado. Nesse processo, conceitos de contagem, ordem e correspondência entre número e quantidade surgem de forma natural, mediados pela experimentação e pelo erro construtivo.

Outro caminho é usar recursos de tecnologia simples, como câmeras ou tablets, para registrar sequências do cotidiano: as etapas de um experimento de ciências, o passo a passo de uma receita ou a ordem de montagem de um brinquedo. As crianças podem fotografar cada etapa, organizar as imagens em sequência e depois narrar “o que vem antes” e “o que vem depois”, associando números às fotos para indicar a ordem. Essa prática fortalece a compreensão de sequência temporal e numérica, ao mesmo tempo que desenvolve linguagem oral, registro visual e autoria.

A cultura maker também convida as crianças a construir seus próprios jogos matemáticos. Elas podem criar trilhas numeradas em papelão, roletas com quantidades representadas por pontos, blocos empilháveis com números ou peças de encaixe para formar sequências. Nesses projetos, decisões como quantos espaços terá a trilha, qual será a ordem dos números e como representar as quantidades tornam-se oportunidades de discutir, testar e negociar ideias matemáticas em grupo, sempre com o professor atuando como mediador atento.

Para que essa integração seja potente, é importante que o professor planeje propostas abertas, com materiais acessíveis e possibilidades de diferentes níveis de desafio. O foco não está em “acertar o número”, mas em permitir que as crianças expliquem seus raciocínios, comparem estratégias e revisem suas hipóteses à luz das experiências vividas. Assim, tecnologia e cultura maker deixam de ser apenas “recursos legais” e se tornam parte de uma abordagem intencional, que dá sentido às aprendizagens de EI03ET07 e fortalece a autonomia, a criatividade e a curiosidade investigativa das crianças.

 

Avaliação formativa e documentação da aprendizagem em EI03ET07

A avaliação formativa em EI03ET07 precisa ser entendida como um processo contínuo de observação e escuta das crianças enquanto elas contam, comparam e organizam sequências em situações reais de brincadeira e investigação. Em vez de verificar se “acertou ou errou” um número, o foco recai sobre as estratégias usadas: como a criança conta os elementos (apontando um a um, pulando objetos, retomando a contagem), como justifica que uma coleção tem mais ou menos elementos, ou como explica o porquê de um objeto estar “antes”, “depois” ou “entre” outro em uma sequência. Esse olhar atento permite ao professor compreender o estágio de pensamento de cada criança e planejar intervenções que a ajudem a avançar.

Para isso, é fundamental construir instrumentos simples, porém sistemáticos, de registro. Quadros de acompanhamento da turma, fichas de observação individual, cadernos de campo do professor e fotografias de situações de contagem e ordenação ajudam a captar evidências de aprendizagem que não aparecem em testes tradicionais. Um registro pode descrever, por exemplo: “Durante o jogo de corrida de carrinhos, Mariana organizou sozinha a linha de chegada numerada até 5, questionando o colega sobre qual número vinha depois do 3”. Essa anotação, aparentemente breve, revela compreensão de sequência numérica, uso funcional dos números e interação colaborativa.

A documentação da aprendizagem amplia essa lógica, tornando visível o percurso da turma e de cada criança, e não apenas o resultado final. Painéis com fotos e falas das crianças, portfólios com produções que envolvem contagem, gráficos construídos coletivamente e registros de projetos (como “quantos passos até o parque?”) são formas de mostrar o desenvolvimento da habilidade EI03ET07 ao longo do tempo. Ao expor essas produções nos corredores, murais digitais ou pastas compartilhadas com as famílias, a escola reforça a ideia de que os números aparecem em contextos significativos e que cada tentativa, acerto parcial ou hipótese faz parte do aprender.

Outro aspecto importante é envolver as próprias crianças no processo avaliativo, em uma perspectiva de metacognição adequada à faixa etária. Elas podem, por exemplo, revisitar fotos de uma brincadeira de trilha numerada e comentar como descobriram quem estava “na frente”, quem vinha “depois” e por que precisaram “voltar uma casa”. Ao narrar suas ações, as crianças reorganizam o pensamento, tomam consciência de estratégias usadas e percebem avanços em relação ao que faziam antes. Esse movimento valoriza a voz infantil e reforça a autoria sobre o próprio percurso de aprendizagem matemática.

Por fim, a avaliação formativa em EI03ET07 precisa dialogar com o planejamento, realimentando-o continuamente. Ao analisar os registros, o professor identifica interesses do grupo (como jogos de percurso, coleções de tampinhas, circuitos no pátio) e dificuldades persistentes (como confundir quantidade com tamanho físico dos objetos ou não perceber o “entre” na fila). Com base nisso, ajusta desafios, materiais e agrupamentos: propõe novos jogos, insere marcas visuais que ajudem na contagem, cria sequências com padrões variados, planeja intervenções mais próximas a determinadas crianças. Assim, avaliar deixa de ser um momento isolado e passa a ser eixo estruturante do trabalho pedagógico com números, quantidades e sequências na Educação Infantil.

 

Rodrigo Terra

Com formação inicial em Física, especialização em Ciências Educacionais com ênfase em Tecnologia Educacional e Docência, e graduação em Ciências de Dados, construí uma trajetória sólida que une educação, tecnologias ee inovação. Desde 2001, dedico-me ao campo educacional, e desde 2019, atuo também na área de ciência de dados, buscando sempre encontrar soluções focadas no desenvolvimento humano. Minha experiência combina um profundo conhecimento em educação com habilidades técnicas em dados e programação, permitindo-me criar soluções estratégicas e práticas. Com ampla vivência em análise de dados, definição de métricas e desenvolvimento de indicadores, acredito que a formação transdisciplinar é essencial para preparar indivíduos conscientes e capacitados para os desafios do mundo contemporâneo. Apaixonado por café e boas conversas, sou movido pela curiosidade e pela busca constante de novas ideias e perspectivas. Minha missão é contribuir para uma educação que inspire pensamento crítico, estimule a criatividade e promova a colaboração.

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