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Filosofia – Hobbes (Plano de aula – Ensino médio)

Como referenciar este texto: Filosofia – Hobbes (Plano de aula – Ensino médio). Rodrigo Terra. Publicado em: 21/11/2025. Link da postagem: https://www.makerzine.com.br/educacao/filosofia-hobbes-plano-de-aula-ensino-medio/.


 
 

Ao abordar as ideias de Hobbes, vamos explorar conceitos como estado de natureza, pacto social, soberania e autoridade, estabelecendo paralelos com situações do cotidiano e estimulando os estudantes a entender a relevância desses debates para a análise política contemporânea.

Adotaremos uma metodologia ativa com base na Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP), utilizando um estudo de caso para promover discussões em grupo e o desenvolvimento de argumentos fundamentados. Haverá também a integração com o componente de Sociologia, que trabalha os fundamentos do contrato social.

Este plano é voltado para professores do Ensino Médio, especialmente das séries finais, compatibilizando o conteúdo com exigências de vestibulares e o desenvolvimento do pensamento crítico.

 

Objetivos de Aprendizagem

Os objetivos de aprendizagem do plano de aula sobre Hobbes visam garantir que o aluno compreenda e aplique os principais conceitos de sua filosofia política. O primeiro objetivo — compreender os principais conceitos políticos do pensamento de Thomas Hobbes — envolve a familiarização com noções fundamentais como estado de natureza, contrato social e soberania. Para isso, o professor pode propor a leitura comentada de trechos do “Leviatã” e complementar com vídeos ou podcasts que sintetizam o pensamento do autor.

Interpretar o papel da razão e do medo na constituição do Estado é outro objetivo essencial. Hobbes considerava que o medo da morte violenta era o motor que levava os seres humanos a buscar a paz por meio de um contrato social. Em sala, o docente pode promover uma dinâmica em que os alunos simulem um ambiente de anarquia, seguida da construção coletiva de regras para ilustrar o surgimento da autoridade e do Estado.

Para alcançar o terceiro objetivo — relacionar a teoria hobbesiana com situações contemporâneas — recomenda-se o uso de estudos de caso sobre segurança pública, fake news ou crises políticas. Os alunos podem trabalhar em grupos para aplicar os conceitos hobbesianos na análise crítica dessas realidades, fortalecendo a conexão entre teoria e prática.

Além disso, esse plano pode ser enriquecido com a comparação entre Hobbes e outros pensadores, como Locke e Rousseau, promovendo o diálogo interdisciplinar com a Sociologia. O professor pode sugerir a elaboração de mapas conceituais ou painéis comparativos que contrastem os diferentes modelos de contrato social.

Por fim, todos os objetivos devem ser orientados para o desenvolvimento do pensamento crítico, favorecendo que os alunos não apenas memorizem conteúdos, mas sejam capazes de argumentar e refletir sobre a organização política da sociedade atual à luz do pensamento de Hobbes.

 

Materiais utilizados

Para proporcionar uma experiência de aprendizado eficaz e engajadora sobre o pensamento político de Thomas Hobbes, é fundamental selecionar materiais que promovam tanto o conhecimento conceitual quanto o pensamento crítico. Um dos principais recursos será a utilização de trechos selecionados da obra “O Leviatã”, preferencialmente em traduções de domínio público. A escolha de passagens centrais é essencial para facilitar a compreensão de conceitos como estado de natureza, pacto social e soberania. Recomenda-se discutir previamente os trechos escolhidos com os alunos, a fim de contextualizá-los histórica e filosoficamente.

Ferramentas como quadro branco ou lousa digital são indispensáveis para organizar ideias coletivamente durante os debates em sala. Quando disponível, o uso de projetor multimídia pode potencializar a atuação do professor, exibindo mapas conceituais, vídeos explicativos ou até mesmo extratos do texto de Hobbes com destaques visuais.

Outro componente pedagógico importante são as fichas de debate, que podem ser físicas ou digitais, contendo questões norteadoras, frases provocativas ou dilemas morais baseados no pensamento hobbesiano. Essas fichas auxiliam os estudantes a se posicionarem criticamente e fomentam o trabalho colaborativo, um pilar da metodologia ativa.

Além disso, recomenda-se a exibição de vídeos curtos produzidos por universidades públicas, como conteúdo da UNIVESP TV ou do Canal da USP. Esses materiais oferecem uma linguagem acessível e contextualização acadêmica de qualidade, reforçando o conteúdo abordado em aula. A exibição pode ser usada como introdução à temática ou como fechamento para reflexão em grupo.

Ao combinar esses recursos, o professor cria um ambiente de aprendizagem dinâmico, com múltiplas fontes de informação e estímulos, favorecendo a apropriação significativa do conteúdo filosófico por parte dos alunos.

 

Metodologia utilizada e justificativa

A opção pela Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) como metodologia central visa colocar o estudante no papel de protagonista do próprio processo de aprendizagem. Em vez de receberem respostas prontas, os alunos são convidados a investigar, formular hipóteses e propor soluções para dilemas complexos inspirados na teoria hobbesiana. Por exemplo, o professor pode propor um cenário fictício — como uma ilha deserta sem leis ou regras — e pedir que os estudantes debatam o que aconteceria com a convivência humana nesse ambiente. A partir disso, será possível introduzir conceitos como estado de natureza e contrato social.

Além disso, será feita uma leitura guiada de trechos selecionados do livro O Leviatã, com foco nos argumentos sobre soberania e autoridade. O professor pode dividir a turma em grupos e atribuir a cada um a função de defender uma perspectiva (por exemplo, o Estado absoluto versus o Estado democrático), utilizando os fundamentos de Hobbes. Esse tipo de dinâmica fomenta o pensamento crítico e a capacidade de articulação e argumentação, além de desenvolver as habilidades de leitura e interpretação de textos filosóficos.

A interdisciplinaridade com a Sociologia será estimulada por meio da análise de conceitos similares, como o contrato social em Rousseau, estudado nessa disciplina. Os alunos serão encorajados a comparar os diferentes modelos de contrato social e a discutir suas implicações para a vida em sociedade. Essa abordagem cruzada ajuda a consolidar o conhecimento e a ampliar a compreensão dos estudantes sobre os fundamentos da vida política moderna.

O uso de recursos audiovisuais pode complementar a análise. Vídeos curtos ou infográficos sobre a vida de Hobbes e o contexto histórico do século XVII ajudam a situar o pensamento do autor em sua época, enriquecendo o entendimento da necessidade da construção de uma autoridade soberana.

Por fim, a ABP permite integrar avaliação formativa durante todo o processo. O professor pode utilizar rubricas para avaliar a participação, a capacidade argumentativa e a qualidade das hipóteses levantadas pelos estudantes, promovendo uma aprendizagem contínua e focada no desenvolvimento de competências essenciais do ensino médio.

 

Desenvolvimento da aula

Desenvolvimento da aula

A aula será dividida em quatro momentos principais, cada um com objetivos específicos e estratégias didáticas que visam à participação ativa dos alunos e à compreensão crítica das ideias de Thomas Hobbes.

Preparo da aula

Antes do encontro com os alunos, o professor deve selecionar trechos acessíveis e relevantes dos capítulos XIII e XVII da obra O Leviatã, disponíveis em domínio público, e elaborar uma ficha com perguntas que ajudem na leitura e interpretação. Essas questões devem abordar a visão hobbesiana do estado de natureza, a necessidade do contrato social e a função do soberano. Recomenda-se também disponibilizar um vídeo curto da UNIVESP TV sobre Hobbes no ambiente digital da escola, permitindo que os alunos tenham um primeiro contato com o tema.

Introdução da aula (10 min)

A aula deve começar com uma pergunta provocadora: “O que aconteceria se não houvesse Estado?”. Essa pergunta servirá como ponto de partida para despertar o interesse dos alunos. Em seguida, o professor pode exibir o vídeo selecionado, com duração de cinco minutos, que contextualiza Hobbes como um pensador moderno. Após o vídeo, faça uma breve introdução sobre o contexto histórico da época (Guerra Civil Inglesa) e como ele influenciou o pensamento do autor.

Atividade principal (30 a 35 min)

Os alunos devem ser organizados em grupos e receber um estudo de caso fictício inspirado no estado de natureza, como a situação de sobreviventes de um naufrágio em uma ilha deserta. Cada grupo analisará a situação, identificará os principais conflitos e proporá um conjunto de regras para a convivência. Em seguida, com base nos textos lidos de Hobbes, o grupo deverá relacionar suas propostas ao conceito de contrato social e discutir a quem caberia a autoridade soberana nessas circunstâncias.

Durante as apresentações, os grupos devem expor suas propostas e argumentações de forma clara, estimulando um debate orientado que conecte a teoria hobbesiana a exemplos do cotidiano, como o papel das leis e da autoridade na sociedade brasileira atual.

Fechamento (5 a 10 min)

O encerramento da aula deve retomar a pergunta inicial, promovendo uma reflexão coletiva sobre a importância do Estado e da autoridade segundo Hobbes. O professor pode sugerir uma comparação entre Hobbes e Rousseau, visando a interdisciplinaridade com a Sociologia, e preparando o campo para temas futuros. Como atividade complementar, peça aos alunos que elaborem um texto-resposta explicando por que, para Hobbes, o Estado é necessário à convivência humana.

 

Avaliação / Feedback

A avaliação do plano de aula sobre Hobbes será predominantemente qualitativa, priorizando a análise da participação dos alunos nos debates em sala. O foco estará na clareza da argumentação, na habilidade de escutar os colegas e articular ideias com base no conteúdo teórico discutido, particularmente no pensamento hobbesiano sobre o estado de natureza e o contrato social.

Durante os debates em grupo, o professor pode utilizar uma grade de observação simples para registrar aspectos como coerência argumentativa, uso de conceitos filosóficos e envolvimento na discussão. Essa grade pode ser compartilhada previamente com os estudantes para que eles compreendam os critérios de avaliação.

Como extensão da prática reflexiva, será proposto aos alunos a redação de um pequeno ensaio (limite de uma página) com o tema “O papel da autoridade nos dias de hoje sob a ótica de Hobbes”. Essa produção escrita, embora opcional, oferecerá um instrumento adicional para o desenvolvimento da capacidade crítica e propositiva dos estudantes, além de fornecer indícios de compreensão mais aprofundada dos conceitos filosóficos.

Para avaliar a eficácia da aula e identificar pontos de melhoria, será aplicado um formulário de feedback anônimo. O questionário conterá perguntas abertas e objetivas sobre aspectos como clareza do conteúdo abordado, interesse despertado pela metodologia (como a Aprendizagem Baseada em Problemas) e sugestões para futuras aulas. Esse retorno é essencial para ajustar práticas docentes e valorizar a perspectiva dos próprios alunos.

Por fim, recomenda-se que o professor reserve alguns minutos da última aula para discutir os resultados do feedback com a turma, mostrando como suas respostas influenciarão no planejamento das atividades seguintes. Essa prática fortalece a autonomia dos estudantes e a construção coletiva do ambiente de aprendizagem.

 

Resumo para os alunos

Nesta aula, exploramos o pensamento político de Thomas Hobbes, especialmente sua concepção do estado de natureza, onde, segundo ele, os indivíduos vivem em constante conflito, na famosa “guerra de todos contra todos”. Esse cenário caótico leva à necessidade de um pacto social, no qual os indivíduos abrem mão de parte de sua liberdade em troca de segurança e ordem, entregando o poder a uma autoridade central – o soberano ou Leviatã.

Para ilustrar essas ideias, os alunos leram trechos selecionados de “O Leviatã” e participaram de uma atividade baseada em um estudo de caso: foram desafiados a imaginar uma situação onde não existem leis ou instituições para mediar os conflitos. Durante o debate em grupo, os estudantes refletiram sobre como as decisões seriam tomadas, quem teria poder e como se garantiria justiça nesse ambiente hipotético.

Além da leitura e da atividade prática, assistimos a um vídeo da UNIVESP TV sobre Hobbes, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=42PO3Iv3FD4. O conteúdo audiovisual consolidou o entendimento dos conceitos centrais e mostrou como eles ainda se aplicam às discussões sobre política e sociedade contemporânea.

Sugerimos que os alunos reflitam sobre como seria viver em uma sociedade sem regras e sem autoridades estabelecidas. Essa provocação filosófica serve para conectar a teoria de Hobbes com a vida cotidiana dos jovens, incentivando o pensamento crítico sobre o papel das leis, da moral e do governo.

Para aprofundar, os alunos podem pesquisar outras visões filosóficas sobre o contrato social, como as de John Locke e Jean-Jacques Rousseau, e comparar com a de Hobbes. Essa abordagem comparativa é especialmente útil para reforçar conteúdos exigidos em vestibulares e para promover uma visão mais ampla da Filosofia Política.

 

Rodrigo Terra

Com formação inicial em Física, especialização em Ciências Educacionais com ênfase em Tecnologia Educacional e Docência, e graduação em Ciências de Dados, construí uma trajetória sólida que une educação, tecnologias ee inovação. Desde 2001, dedico-me ao campo educacional, e desde 2019, atuo também na área de ciência de dados, buscando sempre encontrar soluções focadas no desenvolvimento humano. Minha experiência combina um profundo conhecimento em educação com habilidades técnicas em dados e programação, permitindo-me criar soluções estratégicas e práticas. Com ampla vivência em análise de dados, definição de métricas e desenvolvimento de indicadores, acredito que a formação transdisciplinar é essencial para preparar indivíduos conscientes e capacitados para os desafios do mundo contemporâneo. Apaixonado por café e boas conversas, sou movido pela curiosidade e pela busca constante de novas ideias e perspectivas. Minha missão é contribuir para uma educação que inspire pensamento crítico, estimule a criatividade e promova a colaboração.

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