Como referenciar este texto: Física – Experiência de Oersted (Regra da mão direita) e Campo Mag gerado por corrente elétrica – Lei de Biot-Savart (Plano de aula – Ensino médio). Rodrigo Terra. Publicado em: 12/10/2025. Link da postagem: https://www.makerzine.com.br/educacao/fisica-experiencia-de-oersted-regra-da-mao-direita-e-campo-mag-gerado-por-corrente-eletrica-lei-de-biot-savart-plano-de-aula-ensino-medio/.
Este plano de aula foca na experiência de Oersted e na Lei de Biot-Savart, conceitos centrais no estudo do eletromagnetismo. Propõe-se uma abordagem ativa, em que os alunos possam visualizar e manipular os efeitos das correntes elétricas na geração de campos magnéticos.
Além disso, será integrada à aula uma atividade experimental simples, usando materiais de fácil acesso, para consolidar o aprendizado por meio da prática. Haverá também conexões interdisciplinares com matemática (produtos vetoriais) e com geografia, ao discutir o campo magnético terrestre.
O objetivo é permitir que os professores conduzam uma aula engajadora, informativa e baseada na investigação científica, respeitando os limites de tempo e os recursos disponíveis nas escolas públicas brasileiras.
Objetivos de Aprendizagem
Este plano de aula visa proporcionar aos alunos uma compreensão conceitual e prática do papel da corrente elétrica na geração de campos magnéticos, com base na histórica experiência de Hans Christian Oersted. O primeiro objetivo centra-se em apresentar evidências qualitativas e visuais desse fenômeno por meio da montagem de uma experiência simples com uma bússola e um fio condutor energizado, permitindo que os alunos observem diretamente a deflexão da agulha da bússola causada pelo campo magnético gerado.
O segundo objetivo didático propõe o uso da Regra da Mão Direita como ferramenta para prever a direção do campo magnético ao redor de um condutor. Em sala, o professor pode organizar atividades práticas onde os alunos desenhem a resultante do campo magnético em diferentes pontos ao redor de fios retilíneos, comparando suas previsões com resultados obtidos com limalhas de ferro.
O terceiro ponto foca na instrumentalização teórica por meio da Lei de Biot-Savart, que permite calcular a magnitude e a orientação do campo magnético gerado por segmentos de corrente. Os alunos podem ser incentivados a resolver problemas aplicados usando essa equação, como a determinação do campo ao centro de uma espira circular, promovendo a interdisciplinaridade com trigonometria e funções vetoriais.
Esses três objetivos constroem uma progressão de aprendizagem que vai da observação empírica à formalização matemática dos fenômenos, promovendo uma abordagem investigativa que desenvolve habilidades tanto conceituais quanto operatórias em física.
Materiais Utilizados
Para realizar a experiência de Oersted e investigar os efeitos de correntes elétricas sobre campos magnéticos, é essencial utilizar materiais simples, mas eficazes, que permitam a visualização clara dos fenômenos. Cada grupo de alunos deve contar com 25 cm de fio de cobre esmaltado, ideal para conduzir corrente elétrica sem riscos, mantendo a segurança e a precisão do experimento. O fio esmaltado permite enrolamentos eficazes e impede curtos-circuitos indesejados, sendo perfeito para atividades experimentais escolares.
Para detectar alterações no campo magnético, recomenda-se o uso de bússolas pequenas, uma por grupo. Elas são sensíveis o suficiente para indicar variações mesmo com correntes de baixa intensidade. Como fonte de alimentação, utilizam-se duas pilhas AA por grupo ou fontes de tensão portáteis equivalentes. A introdução de chaves liga/desliga ou interruptores torna o experimento mais seguro e controlado, permitindo aos estudantes observar causas e efeitos em tempo real.
Adicionalmente, forneça papel sulfite e canetas marcadoras para que os alunos possam documentar suas observações e desenhar trajetórias dos campos magnéticos baseando-se na posição da agulha da bússola. Para enriquecer a análise, é interessante sugerir o uso de smartphones com bússola digital — um recurso opcional, mas que oferece uma perspectiva moderna e digital da medição do campo magnético.
A escolha desses materiais busca garantir baixo custo, replicabilidade nas condições de escolas públicas e clareza nos resultados. Incentive os grupos a organizar seus materiais antes do experimento e discuta com a turma os papéis de cada item. Isso fomenta responsabilidade e entendimento prático dos conceitos físicos envolvidos.
Metodologia utilizada e justificativa
Será utilizada a metodologia ativa de aprendizagem baseada em investigação (Inquiry-Based Learning), proporcionando aos alunos a oportunidade de desenvolverem habilidades científicas enquanto exploram conceitos de eletromagnetismo. A aula começa com a observação da experiência de Oersted, onde uma corrente elétrica gera um campo magnético perceptível com o auxílio de uma bússola próxima a um fio condutor. Esta observação inicial serve como ponto de partida para a formulação de hipóteses.
Em seguida, os estudantes serão incentivados a estruturar investigações em pequenos grupos, utilizando pilhas, fios condutores, bússolas e clips metálicos. Testarão diferentes configurações do circuito para observar como a orientação do fio e a intensidade da corrente afetam o campo magnético, aplicando a regra da mão direita para prever o sentido do campo.
Essa abordagem promove o protagonismo dos alunos e oferece uma ponte concreta entre a teoria e a prática. A interdisciplinaridade será integrada por meio do uso de diagramas vetoriais para representar o campo magnético, articulando com conteúdos matemáticos sobre vetores e produtos vetoriais. Em geografia, pode-se abordar o campo magnético da Terra e sua função na orientação por bússolas e na proteção contra partículas solares, estabelecendo conexões com o mundo natural.
Ao final da atividade, uma roda de discussão será realizada para que os grupos compartilhem descobertas, dificuldades e conclusões. Essa socialização favorece o pensamento crítico e consolida o aprendizado de maneira colaborativa, respeitando os tempos e recursos disponíveis em sala de aula.
Desenvolvimento da Aula
Preparo da aula
Antes do início da aula, o professor deve garantir que todo o material necessário para os experimentos esteja em condições ideais. Isso inclui testar antecipadamente a polaridade das pilhas, o funcionamento das bússolas e a continuidade dos circuitos com fios e interruptores. Imagens ilustrativas da experiência de Oersted podem ser impressas ou exibidas por meio de projetores multimídia, contribuindo para uma visualização clara do contexto histórico e científico.
Introdução da aula (10 min)
Para promover a curiosidade, o professor pode iniciar a aula com a pergunta provocadora: “A eletricidade pode gerar magnetismo?”. A partir daí, introduz-se a figura de Hans Christian Oersted e sua descoberta em 1820, contextualizando o momento histórico com uma breve exposição didática. Uma boa prática é utilizar uma imagem do experimento de Oersted original para cativar os alunos e facilitar a relação entre teoria e prática.
Atividade principal (30–35 min)
Divididos em pequenos grupos, os alunos constroem um circuito simples utilizando fio condutor e uma bússola posicionada sobre o fio. À medida que a corrente elétrica flui, devem observar a deflexão da agulha da bússola e aplicar a Regra da Mão Direita para prever a direção do campo magnético gerado. Este momento é ideal para reforçar conceitos vetoriais, como orientação da corrente e sentido do campo.
Na sequência, a Lei de Biot-Savart é introduzida como formalização matemática da situação observada. O professor pode projetar a fórmula d𝐵 = (μ₀/4π) · (I d𝐬 × r̂) / r² e discutir qualitativamente seus elementos com os alunos, destacando a relevância dos vetores envolvidos, como o vetor elemento de corrente ds e o vetor unitário r̂. Exemplos práticos e animações podem ajudar a visualizar como o campo varia conforme a distância e geometria do fio condutor.
Fechamento (5–10 min)
Para encerrar, o professor deve fazer uma revisão rápida dos conceitos-chave, convidando cada grupo a compartilhar suas observações e hipóteses. Uma roda de conversa pode ajudar os alunos a refletirem sobre o que mais chamou a atenção. Também é importante fazer conexões com aplicações do mundo real, como no funcionamento de alto-falantes, motores elétricos e aparelhos de ressonância magnética (MRI), tornando a aprendizagem mais significativa.
Avaliação / Feedback
A avaliação desta aula será do tipo formativa, centrada na observação do envolvimento ativo dos estudantes durante as atividades experimentais e discussões em sala. Ao longo da prática com a experiência de Oersted e na interpretação da Lei de Biot-Savart, o professor deve atentar para a qualidade das hipóteses levantadas, a coerência nas explicações orais e o uso adequado de conceitos como campo magnético, corrente elétrica e orientação pelo método da mão direita. Essas interações são excelentes oportunidades para fornecer feedback imediato e orientar os alunos na construção do conhecimento.
Uma dica prática é utilizar uma ficha de acompanhamento com critérios como: participação, argumentação baseada em evidências, uso de vocabulário científico e cooperação em grupo. Isso não apenas torna o processo de avaliação mais transparente, como também serve de guia para os alunos sobre o que se espera deles.
Para consolidar a aprendizagem e promover a autorreflexão, recomenda-se aplicar uma atividade de fechamento breve: pedir aos alunos que, em cinco minutos, escrevam individualmente uma explicação com suas palavras sobre a relação entre eletricidade e magnetismo. Essa produção textual ajuda a identificar compreensões corretas e eventuais equívocos, além de funcionar como registro avaliativo que pode ser arquivado no portfólio do aluno ou em uma pasta digital.
Se a escola contar com recursos digitais, considerar também coletar esses registros via formulário online ou aplicação de microavaliações com ferramentas como Mentimeter ou Google Formulários, permitindo análise rápida pelo professor e acompanhamento do desenvolvimento da turma ao longo do tempo.
Resumo explicativo para os alunos
Resumo da aula: Nesta aula mergulhamos no fascinante mundo do eletromagnetismo, onde exploramos como uma corrente elétrica pode gerar um campo magnético. A experiência de Oersted foi nosso ponto de partida: ao ligar um fio condutor a uma fonte de corrente próxima a uma bússola, observamos que a agulha se movia, revelando a presença de um campo magnético em torno do fio condutor. Esse fenômeno foi essencial para entendermos que eletricidade e magnetismo estão profundamente interligados.
Utilizamos a Regra da Mão Direita como uma ferramenta prática para prever a direção desse campo magnético. Ao apontar o polegar na direção da corrente elétrica e observar o caminho dos dedos fechados, pudemos determinar a orientação circular do campo magnético ao redor do fio. Em sala, os alunos puderam simular essa regra com fios e setas desenhadas, reforçando a compreensão espacial do conceito.
Introduzimos também a Lei de Biot-Savart, que embora mais complexa matematicamente, foi apresentada de forma qualitativa nesta etapa. Discutimos como essa lei permite calcular a intensidade e a direção do campo magnético resultante em pontos específicos ao redor de um condutor. Aplicamos a lei em um exemplo simples de fio retilíneo, destacando sua importância para o entendimento dos campos gerados em motores elétricos e transformadores.
Para consolidar os conceitos, realizamos um experimento prático utilizando fios condutores conectados a uma pilha e uma pequena bússola. Os alunos observaram na prática o desvio da agulha quando a corrente passava pelo fio, reforçando o aprendizado. Como atividades extras, recomendamos o material didático do IF/UFRJ e o simulador interativo de eletromagnetismo da PhET, que aprofundam o entendimento com visualizações dinâmicas e interativas.