Como referenciar este texto: Google Expedições: Ampliando Horizontes com Realidade Virtual e Aumentada. Rodrigo Terra. Publicado em: 18/10/2025. Link da postagem: https://www.makerzine.com.br/educacao/google-expedicoes-ampliando-horizontes-com-realidade-virtual-e-aumentada/.
Com o auxílio de dispositivos móveis e óculos de RV, essas experiências proporcionam uma aprendizagem ativa e contextualizada, aumentando o engajamento e a compreensão de conteúdos complexos.
Além de explorar ambientes em 360°, os docentes podem destacar pontos de interesse e controlar a jornada dos alunos, atuando como verdadeiros guias digitais.
A RA, por sua vez, adiciona camadas de informação ao espaço real, permitindo visualizar modelos 3D interativos que explicam conceitos abstratos de forma concreta e intuitiva.
Este artigo explora as possibilidades educacionais do Google Expedições e como ele pode ser integrado efetivamente ao planejamento pedagógico com metodologias ativas.
O que é o Google Expedições e como ele funciona
O Google Expedições é uma poderosa plataforma educacional que permite a professores e alunos vivenciarem experiências imersivas de aprendizado por meio da Realidade Virtual (RV) e da Realidade Aumentada (RA). Ao acessar o aplicativo por dispositivos móveis, os educadores podem escolher entre centenas de expedições pré-configuradas que abordam temas diversos como ciência, história, geografia e cultura. Cada expedição conta com guias passo a passo, imagens em 360°, anotações educativas e opções de controle da navegação para o professor.
No modo de Realidade Virtual, os alunos são conduzidos a lugares icônicos e difíceis de visitar fisicamente — seja uma viagem ao fundo do oceano, uma caminhada entre os dinossauros ou a exploração de antigas civilizações. Através de óculos de RV compatíveis, como os Cardboards, a experiência se torna ainda mais envolvente e imersiva, estimulando a curiosidade e o pensamento investigativo.
Já no modo de Realidade Aumentada, o aplicativo permite projetar modelos interativos em 3D no ambiente físico da sala de aula. Isso possibilita que os alunos visualizem conceitos abstratos com mais clareza, como o sistema circulatório humano, motores de combustão interna ou moléculas químicas, manipulando-os em tempo real. Essas interações tornam o aprendizado mais prático e acessível, beneficiando especialmente os estudantes com estilos de aprendizagem visual ou cinestésica.
Para os professores, uma dica prática é criar roteiros pedagógicos que combinem uma expedição do Google com atividades como debates, quizzes ou construção de maquetes relacionadas ao tema explorado. Isso ajuda a consolidar o conteúdo e fortalece a aprendizagem ativa e interdisciplinar.
Explorações visuais significativas com cenas em 360°
As visitas guiadas em 360° proporcionadas pelo Google Expedições oferecem uma abordagem rica e imersiva para o ensino de diversos conteúdos curriculares. Por meio de imagens panorâmicas de alta resolução, os alunos podem percorrer ambientes históricos, científicos e culturais com liberdade de observação, promovendo uma aprendizagem ativa e exploratória. Essa metodologia visual favorece a memorização ao associar conhecimento a experiências sensoriais.
O papel do professor é fundamental nesse processo. Utilizando um tablet ou smartphone, o docente conduz a experiência, destacando elementos importantes nas cenas, como monumentos, formações geológicas ou espécies observadas. Essa mediação permite que o educador construa narrativas personalizadas alinhadas ao tema da aula, contextualizando a exploração de forma significativa para os estudantes.
Por exemplo, durante uma aula de geografia, é possível levar os alunos para explorar uma floresta tropical em 360°, discutindo ao vivo temas como biodiversidade, clima e impactos ambientais. Já em história, uma visita virtual ao Coliseu de Roma pode se transformar em uma conversa sobre arquitetura, cultura e política do Império Romano.
Dicas práticas incluem preparar previamente a expedição com perguntas norteadoras, incentivar os alunos a registrarem observações em cadernos ou tablets e promover debates em grupos após a exploração, integrando assim a tecnologia com metodologias ativas como sala de aula invertida e aprendizagem baseada em projetos.
Objetos em 3D e a materialização de conceitos abstratos
A Realidade Aumentada (RA) possibilita que educadores explorem conceitos abstratos de forma tangível e dinâmica, utilizando modelos tridimensionais interativos. Ao tratar, por exemplo, de uma aula sobre química, o professor pode projetar moléculas em 3D no ambiente da sala, permitindo que os alunos girem, ampliem e observem como os átomos se conectam. Essa visualização concreta torna a compreensão de conceitos como ligações covalentes ou geometria molecular mais acessível.
Na área de ciências biológicas, a RA pode ser usada para apresentar o sistema circulatório ou o ciclo celular em formato tridimensional. Estudantes podem “caminhar” pelo interior de um coração ou acompanhar em tempo real o percurso do sangue pelo corpo humano, o que reforça a assimilação de conteúdos difíceis apenas com imagens estáticas ou descrições textuais.
Além de beneficiar aprendizes visuais e cinestésicos, esses recursos ajudam a criar experiências interdisciplinares. Em uma aula de geografia, por exemplo, pode-se explorar formações geológicas em 3D, enquanto em matemática é possível manipular sólidos geométricos, facilitar a visualização de vértices e faces e demonstrar transformações espaciais.
Para aplicar em sala de aula, os professores podem utilizar apps compatíveis com Google Expeditions, como o Merge Cube, que funciona com um cubo físico e permite a visualização de diversos objetos em RA. Integrar essas ferramentas a projetos por investigação e metodologias ativas como a sala de aula invertida pode potencializar ainda mais o aprendizado.
Integração com metodologias ativas de aprendizagem
O Google Expedições se encaixa perfeitamente em metodologias ativas como Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP), Sala de Aula Invertida e Aprendizagem por Investigação. Por meio das experiências imersivas proporcionadas pela Realidade Virtual e Aumentada, os alunos são convidados a explorar conteúdos de forma mais autônoma e significativa, estimulando habilidades como curiosidade, pensamento crítico e resolução de problemas.
Na prática, um projeto de ABP pode começar com uma expedição virtual a um bioma da Amazônia, despertando questões relacionadas à ecologia e sustentabilidade. A partir daí, os alunos podem investigar os impactos ambientais e apresentar soluções criativas. Já na Sala de Aula Invertida, os alunos acessam uma expedição virtual como tarefa prévia, chegando à aula com vivências compartilhadas, prontos para discutir e aplicar os conceitos com seus pares.
Outro exemplo é a Aprendizagem por Investigação, onde os estudantes usam expedições para observar fenômenos naturais – como placas tectônicas ou o ciclo da água – e depois formulam hipóteses baseadas em suas observações. Com o apoio do professor, eles conduzem pesquisas orientadas, relatam as descobertas e propõem interpretações fundamentadas nas imagens e informações exploradas.
Para integrar esse recurso de forma eficaz, recomenda-se mapear objetivos de aprendizagem claros e selecionar expedições que complementem temas transversais ou projetos interdisciplinares. Com dispositivos móveis disponíveis e estrutura adequada, o Google Expedições pode se tornar uma ferramenta pedagógica poderosa para engajar os alunos e aprofundar o conhecimento com propósito e conexão ao mundo real.
Acessibilidade e infraestrutura: desafios e soluções
Embora o Google Expedições represente um avanço significativo na integração de tecnologias imersivas à educação, a sua adoção em larga escala ainda esbarra em entraves estruturais. A exigência por dispositivos móveis atualizados, óculos de Realidade Virtual e conexão estável com a internet pode representar um grande obstáculo, especialmente em escolas da rede pública e em regiões com acesso tecnológico limitado. A ausência de ambientes adequados para a experiência imersiva, como salas amplas e com pouca interferência sonora, também é uma questão a ser considerada.
Apesar dessas restrições, há formas criativas e acessíveis de contornar os desafios. Uma alternativa é o uso do modo de visualização em tela plana, que permite explorar as expedições sem óculos de RV, ainda que de forma menos imersiva. Outro caminho viável é a implementação de programas de empréstimo de kits de realidade virtual por meio das secretarias de educação, garantindo que mais escolas tenham acesso aos recursos sem arcar com os custos elevados de aquisição dos equipamentos.
Adicionalmente, a formação docente é essencial para o sucesso dessas iniciativas. Realizar oficinas voltadas para o uso pedagógico do Google Expedições capacita os educadores a planejar atividades alinhadas ao currículo e a explorar os recursos de forma criativa e significativa. Tais formações podem ser presenciais ou online e devem abordar desde a operação técnica da ferramenta até estratégias didáticas para o uso em aula.
Finalmente, parcerias com universidades, ONGs e empresas de tecnologia podem contribuir tanto com equipamentos quanto com capacitação. Muitas instituições estão dispostas a colaborar com escolas em projetos que promovam inovação e equidade educacional. Ao promover soluções conjuntas, é possível superar barreiras e garantir que todos os alunos tenham acesso às oportunidades proporcionadas pela Realidade Virtual e Aumentada.
Como começar: dicas práticas para professores
O primeiro passo para integrar o Google Expedições à prática pedagógica é familiarizar-se com a plataforma. Acesse a biblioteca de expedições disponível no aplicativo e explore os conteúdos relacionados ao currículo da sua disciplina. Escolha expedições que complementem temas em estudo e experimente navegá-las previamente para se sentir seguro durante a mediação com os alunos.
Antes da atividade, crie um roteiro com perguntas investigativas que estimulem a participação da turma. Por exemplo, ao explorar uma expedição sobre o sistema solar, proponha questões como “Quais são as principais características de cada planeta?” ou “Como a distância do Sol influencia o clima de cada planeta?”. Essa mediação ativa ajuda os estudantes a se engajarem de maneira mais significativa.
Se sua escola não possui kits de realidade virtual, utilize recursos acessíveis como smartphones e espectadores de papelão (cardboards). Quando esses também não estiverem disponíveis, projete as expedições em uma tela grande e conduza a experiência em grupo, instigando a observação e o debate coletivo a partir dos pontos de interesse destacados no aplicativo.
Ao fim da atividade, proponha aos alunos tarefas de consolidação, como criação de maquetes, resumos visuais ou apresentações em grupos, para reforçar os aprendizados e permitir múltiplas formas de expressão dos conhecimentos adquiridos durante a expedição virtual.
A evolução futura da aprendizagem imersiva
As perspectivas para o uso de Realidade Virtual (RV) e Realidade Aumentada (RA) na educação são extremamente promissoras. À medida que as tecnologias se tornam mais acessíveis, com óculos VR mais baratos e smartphones com melhores capacidades gráficas, as barreiras para a adoção dessas ferramentas em sala de aula diminuem. Espera-se que, nos próximos anos, mais escolas incorporem essas soluções em seus currículos, especialmente como forma de abordar conteúdos interdisciplinares e competências socioemocionais.
O Google Expedições, por exemplo, tem se destacado como uma plataforma introdutória ideal. Professores podem utilizar seus recursos para oferecer excursões virtuais a locais históricos, explorar a estrutura do DNA em RA ou analisar ecossistemas de diferentes partes do mundo. Esse tipo de experiência não apenas torna o conteúdo mais relevante como também favorece a retenção do aprendizado.
No futuro, espera-se que as soluções de aprendizagem imersiva sejam cada vez mais personalizadas e conectadas com sistemas de inteligência artificial, permitindo que as experiências sejam adaptadas ao ritmo de cada aluno. As turmas poderão realizar atividades colaborativas em ambientes virtuais compartilhados, promover debates em aulas gamificadas ou reconstruir eventos históricos usando RA em tempo real nos próprios corredores da escola.
Para educadores, isso representa a oportunidade de se tornarem facilitadores de jornadas de aprendizagem mais autênticas. Dica prática: comece utilizando o Google Expedições como complemento a projetos interdisciplinares, integrando com áreas como geografia, biologia e história. Planeje com antecedência, aplicando metodologias como sala de aula invertida ou aprendizagem baseada em projetos, para maximizar o efeito das tecnologias imersivas.