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História – Aula de exercício: Redemocratização e Sarney (Plano de aula – Ensino médio)

Como referenciar este texto: História – Aula de exercício: Redemocratização e Sarney (Plano de aula – Ensino médio). Rodrigo Terra. Publicado em: 22/10/2025. Link da postagem: https://www.makerzine.com.br/educacao/historia-aula-de-exercicio-redemocratizacao-e-sarney-plano-de-aula-ensino-medio/.


 

Trabalhar com essa etapa da história contemporânea brasileira é essencial para a formação crítica dos estudantes, pois envolve reflexões sobre cidadania, participação política, crise econômica, e estruturas do poder vigente no país nos anos 1980.

O foco metodológico da aula será a aprendizagem ativa por meio de resolução de problemas e leitura crítica de fontes primárias e secundárias da época, com uma proposta interdisciplinar envolvendo História, Sociologia e Língua Portuguesa.

Ao final da aula, espera-se que os estudantes estabeleçam conexões entre os acontecimentos históricos do período da redemocratização e os desafios políticos e sociais atuais do Brasil, desenvolvendo, assim, leitura contextualizada e senso histórico.

 

Objetivos de aprendizagem

1. Analisar o processo de redemocratização do Brasil a partir de 1985: Os alunos serão levados a compreender o movimento Diretas Já e a transição política que culminou na eleição indireta de Tancredo Neves e, posteriormente, na posse de José Sarney. É recomendável utilizar vídeos de época, trechos de jornais e entrevistas que mostrem a mobilização popular e o contexto histórico. Professores podem promover um debate sobre o que os estudantes entendem por democracia e como se deu essa conquista no Brasil.

2. Avaliar criticamente o governo de José Sarney: Os alunos irão explorar os principais desafios enfrentados nesse período, como o hiperinflação, os planos econômicos (principalmente o Cruzado), as tensões políticas com o Congresso e a Assembleia Constituinte. Incentive a leitura de trechos do Plano Cruzado e análises econômicas da época. Uma atividade interessante pode ser um júri simulado no qual os estudantes argumentam prós e contras da administração Sarney com base em dados históricos.

3. Estimular a interpretação de fontes e construção de argumentos históricos: Utilizando documentos históricos, capas de jornais e charges da época, os alunos podem exercitar a leitura crítica e contextualização dessas fontes. A proposta interdisciplinar permite integrar, por exemplo, análises de textos políticos em português e reflexões sociológicas sobre participação popular. Os alunos podem ser divididos em grupos para criar podcasts curtos analisando esses documentos, conectando passado e presente.

Esses objetivos fortalecem não apenas o conhecimento factual dos estudantes, mas também a capacidade crítica, o trabalho em grupo e a argumentação baseada em evidências históricas. Ao final da aula, é importante realizar uma atividade de sistematização com perguntas reflexivas que estimulem o olhar analítico sobre a consolidação democrática no Brasil.

 

Materiais utilizados

Para enriquecer a experiência didática e promover uma aprendizagem significativa, esta aula propõe o uso variado de materiais que exploram diferentes fontes e linguagens. O quadro branco e marcadores permitem exposições visuais dinâmicas e a construção coletiva de conteúdos a partir das contribuições dos alunos. É útil, por exemplo, para a criação de linhas do tempo colaborativas com marcos principais do processo de redemocratização.

As impressões de manchetes de jornais da década de 1980, obtidas de acervos como o da Memória EBC, funcionam como fontes primárias para leitura crítica, permitindo que os estudantes analisem os discursos midiáticos da época. Uma sugestão é dividir a turma em grupos e atribuir a cada um um conjunto de manchetes, incentivando debates sobre a visão da mídia em relação à instabilidade política e econômica do governo Sarney.

Áudios de discursos históricos — como os de Tancredo Neves e José Sarney, disponíveis no repositório da Câmara dos Deputados — podem ser utilizados para análise de linguagem política, tom do discurso e intenções comunicativas em diferentes contextos. Após a escuta, os alunos podem comparar os discursos com os resultados efetivos do governo e elaborar textos argumentativos.

As fichas de atividades facilitam tanto a consolidação quanto a avaliação dos conhecimentos. Deve-se variar entre questões objetivas para verificação de dados e dissertativas para estimular o pensamento crítico e a articulação de ideias. O uso de celulares ou computadores permite ampliar o acesso às fontes históricas, abrindo espaço para pesquisas em acervos públicos e produção de pequenos podcasts, vídeos ou infográficos sobre o contexto analisado.

 

Metodologia utilizada e justificativa

A aula será conduzida com base na metodologia ativa de aprendizagem baseada em problemas (PBL), estimulando os alunos a resolverem questões históricas de forma investigativa e colaborativa. Por meio de situações-problema inspiradas em cenários da redemocratização brasileira, os estudantes serão desafiados a analisar diferentes pontos de vista, confrontar interpretações e construir argumentos fundamentados.

Essa abordagem privilegia o protagonismo discente, ampliando a compreensão crítica sobre o período estudado. Por exemplo, pode-se trabalhar com uma simulação de debate parlamentar da época, onde grupos assumem papéis de diferentes partidos e defendem agendas políticas com base em fontes históricas reais. Isso incentiva o senso de empatia histórica e a habilidade de argumentação.

A interdisciplinaridade com Língua Portuguesa se concretiza ao analisar editoriais de jornais da época e propor a produção de cartas abertas ou artigos de opinião, incentivando a escrita crítica e contextualizada. Já a Sociologia contribui com reflexões sobre os conceitos de cidadania, democracia e mobilização social, conectando questões da década de 1980 com o presente.

O uso de fontes primárias – como discursos políticos, capas de jornais e documentos oficiais – aproxima os estudantes do clima político e social do período, reforçando a prática de leitura crítica e análise documental. Essas fontes também são excelentes gatilhos para discussões em sala e atividades interpretativas, como montagem de linhas do tempo ou criação de podcasts históricos.

 

Desenvolvimento da aula

Preparo da aula

O preparo do professor é essencial para garantir o engajamento e o aproveitamento da turma. Recomenda-se selecionar recortes de jornais e revistas do período entre 1984 e 1988, preferencialmente com diferentes pontos de vista, além de discursos políticos relevantes, como os de Tancredo Neves e José Sarney. Esses materiais devem estar disponíveis em formato impresso ou digital, dependendo dos recursos da escola. A elaboração prévia de fichas com perguntas abertas e objetivas ajudará a guiar a análise crítica dos estudantes.

Introdução da aula (10 min)

Durante os primeiros minutos, estimule o pensamento crítico com uma pergunta provocadora: “Quais os principais desafios que uma democracia recém-reinstalada pode enfrentar?”. Dê espaço para que os alunos contribuam com opiniões iniciais, construindo conjuntamente o clima de investigação. Apresente de forma sintética o contexto do fim do Regime Militar, a eleição indireta de Tancredo, sua morte e a posse de José Sarney, destacando os dilemas políticos e sociais do momento.

Atividade principal (30 a 35 min)

Divida a sala em grupos temáticos e entregue a cada um fontes primárias como manchetes de jornais, gráficos sobre inflação, e trechos de discursos. Oriente os estudantes para que preencham fichas interpretando o conteúdo histórico, relacionando aos problemas socioeconômicos vivenciados. Estimule a interdisciplinaridade: por exemplo, os grupos podem analisar os discursos sob a ótica da linguagem persuasiva (Língua Portuguesa) ou examinar indicadores sociais (Sociologia) como desemprego e desigualdade.

Proponha que cada grupo produza uma apresentação oral rápida ou um breve texto analítico sobre seus achados, favorecendo o desenvolvimento de habilidades como argumentação, leitura crítica e síntese.

Fechamento (5 a 10 minutos)

No final da aula, organize um momento de compartilhamento entre os grupos. Reforce as principais descobertas, incentive o debate sobre as semelhanças dos desafios daquela época com os atuais, e introduza brevemente a importância da Constituição de 1988 como resultado do processo de redemocratização. Essa contextualização ajuda os estudantes a compreenderem a construção democrática como um processo contínuo e em constante disputa.

 

Avaliação / Feedback

A avaliação nesta aula será realizada de forma qualitativa e processual, valorizando o envolvimento dos estudantes nas discussões em grupo, a capacidade de argumentação crítica e a profundidade das análises realizadas, tanto oralmente quanto por escrito. Professores devem estar atentos à evolução do raciocínio dos alunos ao longo da aula, em especial, à forma como eles interpretam as fontes trabalhadas e estabelecem conexões entre passado e presente.

É recomendável realizar um momento final de feedback coletivo, abrindo espaço para que os estudantes compartilhem suas percepções sobre os conteúdos discutidos. O professor pode destacar avanços do grupo, como o amadurecimento na leitura crítica de discursos políticos da época ou na contextualização histórica do governo Sarney, além de apontar aspectos que ainda precisam ser mais aprofundados, como a compreensão dos impactos econômicos do período.

Como atividade complementar, sugere-se a aplicação de um quiz digital, que pode ser construído com ferramentas como Kahoot, Google Forms ou por meio da plataforma Rumo ao Enem, gratuita e voltada à preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio. A partir desse quiz, os alunos poderão testar seus conhecimentos sobre a redemocratização do Brasil em um formato lúdico e interativo, reforçando os tópicos abordados em aula.

Professores podem ainda utilizar os resultados do quiz como subsídio adicional para avaliar a aprendizagem dos alunos e identificar temas que mereçam revisão. Isso proporciona uma visão mais abrangente do processo de ensino-aprendizagem e auxilia na adaptação de estratégias futuras.

 

Resumo (para os alunos)

Nesta aula, exploramos o processo da redemocratização brasileira após o período de ditadura militar, destacando momentos-chave como o movimento Diretas Já, a eleição indireta de Tancredo Neves e a posse inesperada de José Sarney em 1985. Discutimos também os impactos econômicos que marcaram o início de seu governo, incluindo a hiperinflação e os planos de estabilização econômica, como o Cruzado, que tentaram conter a crise.

Com base em fontes primárias como jornais da época, discursos políticos e entrevistas, os alunos foram convidados a desenvolver uma leitura crítica dos acontecimentos, percebendo como as decisões daquele período influenciam a política e a economia até os dias atuais. A análise dessas fontes favorece a compreensão de conceitos como democracia, cidadania e participação política.

Para fixar o conteúdo, sugerimos que os alunos desenvolvam uma linha do tempo interativa com eventos da redemocratização, utilizando aplicativos gratuitos como o Canva ou o Padlet. Além disso, a produção de miniartigos comparando o contexto dos anos 1980 com o cenário político atual pode ampliar a reflexão e fomentar o debate em sala.

Como complemento, vale acessar o acervo de áudios históricos da Câmara dos Deputados e praticar questões no portal Rumo ao Enem, reforçando a interdisciplinaridade com Língua Portuguesa e Sociologia.

 

Rodrigo Terra

Com formação inicial em Física, especialização em Ciências Educacionais com ênfase em Tecnologia Educacional e Docência, e graduação em Ciências de Dados, construí uma trajetória sólida que une educação, tecnologias ee inovação. Desde 2001, dedico-me ao campo educacional, e desde 2019, atuo também na área de ciência de dados, buscando sempre encontrar soluções focadas no desenvolvimento humano. Minha experiência combina um profundo conhecimento em educação com habilidades técnicas em dados e programação, permitindo-me criar soluções estratégicas e práticas. Com ampla vivência em análise de dados, definição de métricas e desenvolvimento de indicadores, acredito que a formação transdisciplinar é essencial para preparar indivíduos conscientes e capacitados para os desafios do mundo contemporâneo. Apaixonado por café e boas conversas, sou movido pela curiosidade e pela busca constante de novas ideias e perspectivas. Minha missão é contribuir para uma educação que inspire pensamento crítico, estimule a criatividade e promova a colaboração.

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