Como referenciar este texto: História – Conjuração Baiana (antecedentes) (Plano de aula – Ensino médio). Rodrigo Terra. Publicado em: 08/10/2025. Link da postagem: https://www.makerzine.com.br/educacao/historia-conjuracao-baiana-antecedentes-plano-de-aula-ensino-medio/.
A aula enfatiza a importância do Iluminismo e da influência das ideias revolucionárias vindas da Europa e da América na constituição das bases dos movimentos emancipacionistas brasileiros. Trabalharemos neste encontro os elementos culturais, políticos, sociais e econômicos que contribuíram para esse processo.
Além de oferecer uma estrutura clara para a aula, propomos uma metodologia ativa com análise de fontes históricas, discussões em grupo e um caráter interdisciplinar, integrando os saberes da Filosofia e da Literatura. Também são sugeridos recursos digitais gratuitos oriundos de fontes confiáveis para aprofundamento.
O objetivo é promover o desenvolvimento do pensamento histórico, o reconhecimento da diversidade de agentes sociais envolvidos na Conjuração Baiana e a conexão desses eventos com os dias atuais, especialmente no que tange à luta por igualdade racial e social.
Objetivos de Aprendizagem
Os objetivos de aprendizagem deste plano de aula visam permitir que os alunos compreendam de forma crítica os antecedentes históricos da Conjuração Baiana, contextualizando o movimento dentro das tendências emancipacionistas do Brasil Colônia. Para atingir esse objetivo, é recomendável apresentar aos estudantes mapas históricos, documentos da época e trechos de cartas ou manifestos dos envolvidos, promovendo uma análise profunda das condições políticas, econômicas e sociais do final do século XVIII.
Outro ponto fundamental é a análise da influência do Iluminismo nos movimentos sociais e políticos daquele período. O docente pode recorrer à leitura de trechos de pensadores iluministas como Rousseau, Voltaire e Montesquieu, realizando atividades comparativas entre esses ideais e os propósitos dos conjurados baianos. Uma estratégia eficaz é a divisão da turma em grupos para montagem de painéis que conectem essas ideias com os acontecimentos locais da Bahia colonial.
Refletir sobre as desigualdades sociais e raciais é essencial para uma abordagem crítica e conectada com o presente. Trabalhos em grupo, seminários e rodas de conversa sobre a presença de negros, mestiços, soldados e alfaiates no movimento podem conduzir a discussões sobre permanências e mudanças nas estruturas sociais brasileiras. Documentários e relatos orais atuais podem ser utilizados para fomentar essa comparação.
Por fim, recomenda-se que os estudantes sejam incentivados a relacionar os episódios do passado com os desafios sociais e raciais da atualidade. Isso pode ser feito por meio de produções textuais, podcasts temáticos ou painéis sociológicos abordando a continuidade das lutas por equidade. Assim, os objetivos de aprendizagem tornam-se ferramentas potentes para a construção de uma cidadania crítica e historicamente fundamentada.
Materiais utilizados
Para a condução eficaz dessa aula sobre os antecedentes da Conjuração Baiana, é essencial utilizar recursos que estimulem o pensamento crítico e a contextualização histórica. O mapa do Brasil Colonial pode ser apresentado impresso ou projetado em sala, sendo útil para localizar geograficamente os principais centros envolvidos nos movimentos emancipacionistas e compreender a organização política e econômica da colônia.
As fontes históricas selecionadas, como cartas, editais e panfletos da época, são instrumentos fundamentais para a análise crítica e o exercício da leitura contextualizada. Propor que os alunos trabalhem em pequenos grupos para interpretar essas fontes estimula o debate e a construção do conhecimento coletivo.
O texto de apoio sobre o Iluminismo deve destacar os principais pensadores e ideias do movimento, como liberdade, igualdade e a crítica ao absolutismo. Essas noções conectam diretamente com o surgimento de movimentos emancipatórios no Brasil e podem ser trabalhadas em uma perspectiva interdisciplinar com a Filosofia.
Além disso, o uso de computador com acesso à internet e projetor permitirá a exibição de vídeos curtos ou imagens de documentos digitalizados, proporcionando dinamismo à aula. O quadro branco, marcadores e cartolina são indicados para dinâmicas de fechamento, como a construção de mapas conceituais ou linhas do tempo colaborativas.
Metodologia utilizada e justificativa
A metodologia escolhida para esta aula é a rotação por estações, técnica de aprendizagem ativa que favorece o protagonismo estudantil. Nessa abordagem, os alunos são divididos em pequenos grupos que rotacionam por diferentes estações de aprendizagem. Cada estação propõe uma atividade distinta: leitura crítica de documentos históricos, construção de uma linha do tempo colaborativa com os eventos que antecederam a Conjuração Baiana, interpretação de panfletos da época sob orientação de textos literários e reflexão filosófica sobre as ideias iluministas.
Essa estrutura promove a autonomia e o engajamento dos estudantes, fazendo com que eles desenvolvam habilidades de análise crítica, argumentação e cooperação. Professores podem, por exemplo, utilizar trechos selecionados de obras iluministas como Rousseau e Voltaire para instigar reflexões nas estações temáticas voltadas à Filosofia. Já nas atividades de Literatura, recomenda-se a análise de textos da época que denunciem as condições sociais e o anseio por liberdade, favorecendo uma compreensão mais humanizada dos envolvidos no movimento.
Ao articular História, Filosofia e Literatura, a proposta didática fortalece uma perspectiva interdisciplinar que dialoga com os anseios da contemporaneidade. Tópicos como cidadania, injustiça social, ancestralidade e resistência passam a ser compreendidos como fenômenos complexos e históricos. Além disso, a abordagem permite a inclusão de recursos digitais como vídeos, mapas interativos e plataformas colaborativas (como Padlet ou Jamboard), ampliando a acessibilidade dos conteúdos.
Justifica-se este método por sua eficácia em proporcionar um ambiente de aprendizagem significativo, em que os alunos não apenas acumulam informações, mas também formam opiniões e aplicam o conhecimento histórico de modo crítico. Isso gera conexões relevantes entre o passado e os desafios sociais atuais, favorecendo uma educação cidadã e consciente.
Desenvolvimento da aula
Preparo da aula
Antes da aula, é essencial que o professor pesquise materiais históricos confiáveis sobre a Conjuração Baiana. A recomendação é acessar o Acervo Digital da UFBA e a UOL Educação – História do Brasil para selecionar fontes primárias que retratem ideais de liberdade e igualdade. Além disso, a preparação de vídeos curtos, mapas históricos e panfletos digitalizados ajuda a tornar o conteúdo mais acessível aos alunos. A sala de aula pode ser organizada de forma flexível, com carteiras em círculo ou estações temáticas, promovendo maior interação.
Introdução da aula (10 min)
Para iniciar, o professor deve contextualizar os movimentos emancipacionistas, mostrando como as ideias iluministas cruzaram o Atlântico. A sugestão é projetar um mapa do Brasil Colônia e destacar a cidade de Salvador como epicentro da Conjuração. Em seguida, lança-se uma pergunta que conduza os alunos: “O que motivava os revoltosos da Conjuração Baiana em um período de tanto controle colonial?”. Essa abertura instiga uma escuta ativa e conecta os alunos à temática central da aula.
Atividade principal (30–35 min)
Em grupos, os alunos passam por quatro estações de aprendizagem. Na primeira, analisam trechos originais de panfletos que exigiam liberdade e igualdade racial. Na segunda, constroem uma linha do tempo com eventos como o Iluminismo e a Revolução do Haiti, permitindo que percebam relações de causa e efeito. A terceira estação propõe um quadro comparativo sobre a desigualdade social no Brasil Colônia, estimulando a empatia histórica. Já a última promove um debate sobre os papéis dos negros e pobres no movimento, resgatando a contribuição de agentes frequentemente esquecidos.
Essa abordagem oferece oportunidades de aplicação de metodologias ativas, como rotação por estações e cultura digital. Cada grupo termina sua visita compartilhando um resumo sintético com os colegas, o que favorece a oralidade e a cooperação.
Fechamento (5–10 min)
No encerramento, o professor retoma a pergunta geradora e, com os alunos, registra no quadro os principais fatores sociais, culturais e econômicos que motivaram o levante de 1798. Esta síntese ajuda a consolidar o conteúdo e relacionar o passado com temas atuais como igualdade racial. Para casa, os estudantes podem explorar conteúdos complementares como vídeos e podcasts da Rádio Câmara – Histórias do Brasil, ampliando a reflexão de maneira autônoma.
Avaliação / Feedback
A avaliação será conduzida de forma diagnóstica e formativa, permitindo ao professor acompanhar a evolução dos alunos quanto à compreensão dos elementos históricos que levaram à Conjuração Baiana. Durante as atividades em grupo, o docente pode observar critérios como participação, argumentação, escuta ativa e articulação de ideias. É recomendável utilizar uma ficha de observação para registrar evidências de aprendizagem ao longo das estações.
No momento do fechamento da aula, uma estratégia eficaz é a solicitação de uma produção escrita breve com perguntas reflexivas, como: “Você vê reflexos dos ideais da Conjuração Baiana no Brasil atual? Justifique.” Essa prática estimula o pensamento crítico, permitindo que o estudante conecte o passado ao presente de forma pessoal e significativa. A resposta pode ser avaliada por meio de uma rubrica que considere aspectos como clareza, fundamentação e contextualização histórica.
Uma dica prática é reservar um tempo para o compartilhamento de algumas dessas respostas em roda de conversa, promovendo o aprendizado colaborativo e valorizando a diversidade de perspectivas. O uso de ferramentas digitais, como formulários online ou murais virtuais colaborativos (ex: Padlet), pode também ser uma alternativa moderna e atrativa para recolher e exibir os feedbacks dos alunos.
Por fim, recomenda-se retomar o tema em aulas futuras, aprofundando aspectos como o papel das camadas populares na revolta ou comparando a Conjuração Baiana com outros movimentos emancipacionistas e a própria Independência do Brasil. Essa abordagem contribui para a construção de uma aprendizagem mais contínua e contextualizada.
Resumo (para os alunos)
Nesta aula, exploramos os antecedentes históricos da Conjuração Baiana, também conhecida como Revolta dos Alfaiates. Entendemos que este foi um dos mais significativos movimentos de caráter popular do período colonial, com forte inspiração nas ideias do Iluminismo, que defendiam liberdade individual, igualdade entre os homens e o fim de privilégios.
Debatemos como eventos internacionais, como a Revolução Francesa e a Revolução do Haiti, influenciaram diretamente as lideranças e participantes da Conjuração Baiana. Esses acontecimentos deram esperança de transformação social a diversos grupos marginalizados da sociedade brasileira da época.
Foi enfatizado o papel central dos setores populares na revolta – como negros libertos, pessoas pobres e soldados –, que buscaram uma nova organização social que incluísse salários dignos, liberdade de expressão e o fim da escravidão. Em sala, sugerimos atividades como análise coletiva de documentos históricos e criação de painéis temáticos em grupo.
Para quem deseja aprofundar o conteúdo, sugerimos recursos como o programa “Histórias do Brasil” da Rádio Câmara, a plataforma UOL Educação e o Acervo Digital da UFBA, que oferecem materiais confiáveis e acessíveis para revisões e estudos complementares.