Como referenciar este texto: História – Estado Novo (Plano de aula – Ensino médio). Rodrigo Terra. Publicado em: 23/12/2025. Link da postagem: https://www.makerzine.com.br/educacao/historia-estado-novo-plano-de-aula-ensino-medio/.
O plano privilegia metodologias ativas — trabalho com fontes primárias, debates orientados e atividades cooperativas — para desenvolver pensamento crítico, leitura de imagens e textos históricos e argumentação baseada em evidências.
Propõe ainda articulação interdisciplinar com Sociologia (controle social e corporações), Português (análise de discurso e propaganda) e Artes (linguagem visual em cartazes e rádio), facilitando repertório e preparação para questões de vestibular.
Objetivos de Aprendizagem
Conhecimentos: Compreender as origens, a cronologia e as principais características do Estado Novo (1937–1945), identificando suas instituições-chave — como o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), as Leis Trabalhistas corporativistas e o papel do Estado na intervenção econômica — e situando o regime no contexto internacional do período entre guerras e da Segunda Guerra Mundial.
Habilidades: Desenvolver a capacidade de leitura crítica e análise de fontes primárias e secundárias: interpretar notícias, cartazes, discursos e estatísticas econômicas da época; relacionar evidências documentais a hipóteses históricas; construir argumentos escritos e orais fundamentados em fontes e em análise comparativa.
Atitudes e competências socioemocionais: Promover o pensamento crítico, o respeito à diversidade de interpretações e a postura reflexiva diante de temas sensíveis, como repressão política, censura e violações de direitos. Estimular a responsabilidade cívica dos estudantes ao relacionar o passado autoritário com debates contemporâneos sobre democracia, memória e direitos humanos.
Avaliação e produtos esperados: Avaliar a aprendizagem por meio de atividades diversificadas — relatórios de investigação, análises de fontes, debates avaliados e produções multimodais (cartazes, podcasts ou apresentações) — com critérios claros sobre uso de evidências, coerência argumentativa e capacidade de síntese. Prever adaptações e instrumentos de diferenciação para alunos com necessidades educacionais específicas e propor prazos e etapas que favoreçam o trabalho cooperativo e a autoavaliação.
Materiais utilizados
Para esta aula sugerimos uma combinação de fontes primárias e materiais secundários: textos de decretos e regulamentos do período, trechos de discursos de Getúlio Vargas, reportagens de jornais contemporâneos e reproduções de cartazes e fotografias. Esses documentos podem ser consultados em acervos digitais, como a Biblioteca Nacional (BN Digital) e hemerotecas universitárias, e devem ser distribuídos em cópias físicas ou digitais para análise em sala.
Recursos audiovisuais enriquecem a compreensão do contexto: gravações e fragmentos de programas de rádio, trechos de filmes e músicas da época, além de imagens de propaganda oficial. É recomendável preparar arquivos de áudio com transcrição e legendas, além de versões impressas das imagens para atividades de observação, usando projetor, quadro interativo ou aparelhos de som comuns na escola.
Para orientar as atividades didáticas, inclua fichas de trabalho com perguntas-guia, roteiros para debates e oficinas, mapas e uma linha do tempo imprimível com os principais marcos do Estado Novo. Planilhas de avaliação, rubricas e sugestões de perguntas para avaliações formativas ajudam o professor a acompanhar a aprendizagem e a preparar alunos para análise crítica de fontes.
Por fim, organize uma bibliografia e links de apoio para estudo posterior, indicando artigos acadêmicos, coletâneas de fontes e materiais de referência; garanta acessibilidade produzindo versões em PDF acessíveis, transcrições de áudios e alternativas impressas para escolas com acesso limitado à internet. Essas precauções permitem adaptar a sequência didática a diferentes turmas e condições de infraestrutura.
Metodologia utilizada e justificativa
A metodologia adotada integra trabalho com fontes primárias, análise documental e dinâmicas colaborativas: leituras dirigidas de decretos e cartazes, comparação de jornais da época e interpretação de discursos oficiais. Essas atividades são articuladas em sequências que estimulam a problematização histórica — em vez de simples memorização — e privilegiam evidências para sustentar argumentos e hipóteses sobre o Estado Novo.
Justifica-se essa opção metodológica pela necessidade de desenvolver competências exigidas no Ensino Médio e em exames nacionais, como análise crítica, leitura de fontes e argumentação. Metodologias ativas permitem que estudantes experimentem o método do historiador, confrontando narrativas oficiais com contradições e resistências, e estabelecendo conexões entre contexto político, econômico e cultural.
Na prática, a sequência inclui: introdução contextual com breve exposição e problematização; oficinas em grupos para análise de fontes (textos, imagens, gráficos), com roteiros de perguntas; debates orientados para confrontar interpretações; e produção final individual ou em grupo (ensaio, apresentação ou painel). O professor atua como mediador, propondo questões, avaliando processos e propondo retroalimentação formativa.
A avaliação prioriza rubricas que consideram uso de fontes, coerência argumentativa e capacidade de síntese, e deve incluir autoavaliação e avaliação entre pares. Atenção a questões éticas e de memória: trabalhar com material sensível exige contextualização, pluralidade de perspectivas e respeito às diferentes vivências dos estudantes. Quando possível, utilize acervos digitais e instituições locais, sempre citando fontes e respeitando direitos autorais.
Desenvolvimento da aula
O desenvolvimento da aula se inicia com uma ativação de conhecimentos prévios de cerca de 10–15 minutos: perguntas orientadoras sobre a década de 1930, discussão rápida em duplas e levantamento de hipóteses sobre as razões da implantação do Estado Novo. Em seguida, o professor apresenta objetivos claros da aula — compreender as instituições, práticas de governo e dispositivos ideológicos do regime — e organiza a classe em pequenos grupos para as atividades centrais.
A primeira atividade central propõe a análise de fontes primárias: trechos de decretos, extratos de discursos de Getúlio Vargas, cartazes e notícias da época. Cada grupo recebe uma fonte distinta e um roteiro com perguntas (autor, finalidade, público-alvo, mecanismos de persuasão, omissões e silenciamentos). A tarefa estimula a leitura crítica e a articulação entre conteúdo e contexto, com ênfase em evidências que mostrem como se operava a propaganda e a centralização do poder.
Na segunda atividade, os grupos realizam uma simulação/debate representando atores sociais (governo, trabalhadores, empresários, imprensa). Cada equipe prepara uma posição baseada nas fontes e nas notas historiográficas fornecidas, defendendo medidas econômicas e culturais do período. O professor circula, faz intervenções pontuais e propõe questionamentos que conectam as políticas do Estado Novo a questões de controle social, censura e corporativismo, estimulando argumentação sustentada em fontes.
Para o fechamento, promove-se uma síntese coletiva em que se elencam continuidades e rupturas com regimes anteriores e consequências para a democracia brasileira, seguida de uma avaliação formativa (registro de evidências, autoavaliação e feedback). Sugere-se ainda recursos complementares (textos, imagens, trechos de rádio e vídeos) e adaptações para turmas com necessidades específicas, além de orientações para aprofundamento e preparação para questões de vestibular.
Avaliação / Feedback
A avaliação desta sequência sobre o Estado Novo deve ser compreendida como parte integrante do processo de ensino, não apenas como verificação final de conhecimentos. Priorize instrumentos que avaliem a capacidade dos alunos de interpretar fontes primárias, relacionar instituições e práticas do regime e construir argumentos históricos sustentados por evidências. Observações em sala, registros de participação em debates e análise produzida em atividades coletivas são elementos essenciais para mapear progressos.
Avaliação formativa: utilize pequenos checkpoints ao término de cada atividade — por exemplo, um resumo escrito de três pontos sobre a leitura de um documento, um “exit ticket” com uma pergunta-chave ou um quadro de evidências que os grupos devem preencher. Rubricas claras para análise de fontes e para apresentação de debates ajudam os estudantes a entender critérios de qualidade e permitem feedback objetivo e rápido por parte do professor.
Feedback entre pares e autoavaliação contribuem para o desenvolvimento crítico e metacognitivo. Promova momentos estruturados em que alunos avaliem produções dos colegas com base em critérios previamente combinados (clareza da tese, uso de fontes, argumentação). Incentive a autoavaliação com questões orientadoras — o que aprendi, que evidências usei, o que posso melhorar — para que o feedback seja transformador e direcione os próximos passos de aprendizagem.
Por fim, combine instrumentos somativos (uma prova escrita ou uma produção final) com atividades diversificadas que contemplem diferentes ritmos e formas de expressão, garantindo equidade. Registre resultados em um critério alinhado aos objetivos da aula e utilize o retorno para ajustar intervenções pedagógicas: replanejar atividades, oferecer suportes diferenciados e articular conteúdos com exigências de vestibular sem perder o foco na compreensão crítica do período do Estado Novo.
Observações
Para a aplicação desta aula, organize o tempo considerando as leituras prévias e a atividade com fontes primárias: reserve ao menos 15–20 minutos para que os estudantes analisem documentos ou imagens em pequenos grupos e mais 20–30 minutos para o debate coletivo. Tenha à mão reproduções legíveis das fontes e, quando possível, recursos multimídia (áudios de rádio, cartazes digitalizados) para atender diferentes estilos de aprendizagem. Material de apoio como guias de análise e fichas de trabalho facilita a mediação e reduz o tempo de orientação.
Quanto à avaliação, privilegie instrumentos formativos: produções curtas (resenhas de fonte, mapas conceituais) e rubricas claras para atividade em grupo ajudam a registrar progressos na competência histórica e na argumentação. Para avaliação somativa, proponha uma atividade final que articule análise de fontes e comparação crítica entre políticas públicas do período — por exemplo, uma resposta escrita orientada por evidências ou uma apresentação curta.
Adapte as atividades para garantir acessibilidade e participação: ofereça textos em fonte ampliada, versões em áudio e papéis de trabalho diferenciados para alunos com necessidades específicas. Aborde com sensibilidade temas envolvendo repressão e censura, sinalizando previamente conteúdos potencialmente perturbadores e criando espaço para suporte emocional e discussão orientada. Incentive normas de respeito no debate e mediação docente para evitar polarizações pessoais.
Como observação final, indique sempre a procedência das fontes e oriente os alunos sobre como referenciar documentos históricos em trabalhos escolares. Recomende leituras complementares e arquivos digitais confiáveis para aprofundamento e estimule a interdisciplinaridade com Sociologia, Português e Artes nas etapas de análise e produção. Registre eventuais adaptações realizadas para uso futuro e para alinhamento com o currículo da escola.
Resumo para alunos (recursos digitais)
O Estado Novo (1937–1945) foi um período de governo autoritário marcado pela centralização do poder nas mãos de Getúlio Vargas, pela suspensão de partidos e do Congresso e pela implantação de uma nova constituição. Para os estudantes, o resumo deve apresentar essas características de forma direta: origem do golpe, objetivos do regime, mecanismos de controle político e institucionalização do autoritarismo. Entender a cronologia e os atores principais ajuda a situar as políticas adotadas e as transformações da sociedade brasileira na época.
Nas dimensões econômica e social, destaque para a intervenção estatal na economia e o impulso à industrialização, além da regulamentação das relações de trabalho, simbolizada pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O regime também articulou um projeto de modernização com forte presença do Estado em empresas e obras públicas, enquanto controlava organizações sociais e sindicais por meio de instrumentos corporativistas e de repressão política.
Para trabalhar com recursos digitais, priorize fontes primárias disponíveis online: jornais e revistas da época, cartazes de propaganda, discursos gravados, imagens e decretos oficiais. Atividades práticas recomendadas incluem análise comparativa de cartazes através de imagens digitalizadas, leitura guiada de trechos de discursos e construção de linhas do tempo interativas com eventos e leis. Oriente os alunos a anotar autoria, data e finalidade de cada fonte, buscando relacionar conteúdo e contexto.
Estude com foco em conceitos e relações causais: autoritarismo, corporativismo, nacionalismo, intervenção estatal e propaganda. Prepare resumos temáticos, mapas conceituais e questões reflexivas que comparem o Estado Novo com outros regimes autoritários. Ao pesquisar online, prefira acervos institucionais e verifique procedência das fontes; para provas, priorize a compreensão das políticas e seus efeitos sociais mais do que a memorização isolada de nomes e datas.