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História – Governos de Delfim Moreira e Epitácio Pessoa (Plano de aula – Ensino médio)

Como referenciar este texto: História – Governos de Delfim Moreira e Epitácio Pessoa (Plano de aula – Ensino médio). Rodrigo Terra. Publicado em: 10/11/2025. Link da postagem: https://www.makerzine.com.br/educacao/historia-governos-de-delfim-moreira-e-epitacio-pessoa-plano-de-aula-ensino-medio/.


 
 

Este plano de aula foi desenvolvido com foco em professores da educação básica para fornecer um roteiro didático claro e aplicável com alunos entre 15 e 18 anos. Utiliza abordagem interdisciplinar com elementos de Sociologia e Língua Portuguesa, além de metodologias ativas para promover o protagonismo estudantil.

Serão trabalhados os principais marcos políticos, sociais e econômicos de ambos os governos, destacando-se o impacto da gripe espanhola, a sucessão presidencial de Rodrigues Alves, o agravamento das tensões operárias, o tenentismo e a política do café com leite.

Ao final da aula, os alunos deverão ser capazes de comparar os dois governos, identificar seus desafios e reconhecer a importância desses períodos como antecedentes da Revolução de 1930.

O texto também oferece recursos digitais abertos para aprofundamento e um resumo específico que pode ser utilizado como fechamento da aula e material de estudo pelos alunos.

 

Objetivos de Aprendizagem

1. Compreender o contexto político brasileiro entre 1918 e 1922 e seus reflexos sociais: Os alunos devem ser capazes de reconhecer o impacto profundo da instabilidade político-institucional do pós-Primeira Guerra Mundial e da pandemia da gripe espanhola na política interna do Brasil. Para isso, sugerimos iniciar a aula com uma linha do tempo interativa que mostre os principais eventos do período e discutir em roda as consequências sociais desse contexto nas populações urbanas e operárias, articulando com os dados de saúde e governança pública.

2. Identificar as principais ações e desafios enfrentados pelos governos de Delfim Moreira e Epitácio Pessoa: A análise comparativa entre as ações desses presidentes pode ser feita com uma atividade de leitura de discursos políticos da época e análise de charges históricas. Discuta com os alunos temas como o papel do presidente interino, o aumento das tensões operárias e o surgimento de políticas repressivas, além da centralização do poder político e os embates com os estados.

3. Relacionar os acontecimentos desse período com os movimentos sociais e políticos posteriores, como o tenentismo e a Revolução de 1930: É importante que os alunos consigam traçar uma linha de continuidade entre as crises enfrentadas por esses governos e o fortalecimento dos movimentos reformistas entre os militares de baixa patente. Utilize debates em grupo sobre causas e consequências da instabilidade para fomentar o pensamento crítico. Ao final, proponha que os estudantes construam mapas conceituais conectando os fatos estudados aos eventos posteriores da década de 1920.

 

Materiais Utilizados

Para garantir o sucesso na aplicação do plano de aula sobre os governos de Delfim Moreira e Epitácio Pessoa, é essencial contar com uma seleção de materiais que apoiem tanto a exposição do conteúdo quanto as atividades colaborativas propostas. Um projetor ou computador com acesso à internet permite exibir vídeos curtos, imagens históricas ou realizar leituras guiadas de fontes primárias online, o que enriquece o repertório dos alunos.

O mapa político do Brasil durante a Primeira República, seja impresso ou digital, é uma ferramenta visual estratégica para contextualizar os eventos da época e mostrar as relações regionais de poder, como a política do café com leite. Professores podem pedir que os alunos localizem os estados mais envolvidos nos conflitos trabalhistas ou nos movimentos tenentistas, estimulando também a leitura espacial crítica.

Incluir notícias de jornais da época — acessíveis gratuitamente via o acervo da Biblioteca Nacional (memoria.bn.br) — possibilita o contato direto com fontes históricas. Os alunos podem ser divididos em grupos para analisar manchetes sobre a gripe espanhola ou crises políticas recentes aos mandatos, desenvolvendo o pensamento crítico e habilidades de interpretação de texto.

Materiais simples como cartolinas, canetas hidrocor e folhas A4 são ideais para a construção de linhas do tempo colaborativas. Com o uso supervisionado de celulares, os alunos podem fazer pesquisas rápidas em fontes confiáveis para localizar datas e eventos relevantes, promovendo o protagonismo estudantil e a alfabetização digital. Essas atividades práticas aumentam o engajamento e tornam a aprendizagem mais dinâmica e significativa.

 

Metodologia Utilizada e Justificativa

A metodologia escolhida para este plano de aula integra estratégias de Estudo de Caso e Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP), com o objetivo de proporcionar aos alunos uma visão crítica e participativa sobre os governos de Delfim Moreira e Epitácio Pessoa. Por meio da análise de fontes primárias — como jornais da época, discursos políticos e registros oficiais — os estudantes serão desafiados a interpretar o contexto histórico com base em evidências concretas, aproximando-se dos métodos utilizados por historiadores profissionais.

Na abordagem por projetos, os alunos irão colaborar na construção de uma linha do tempo crítica que destaque os principais eventos e desafios dos dois mandatos presidenciais. Essa linha do tempo pode ser feita de forma digital, utilizando ferramentas como o Time.Graphics, ou em formato físico, como mural em sala, promovendo o protagonismo estudantil e o aprendizado cooperativo.

A interdisciplinaridade se manifesta com a inclusão de temas de Sociologia, como os conflitos operários, a luta de classes e os movimentos sociais da época, além da utilização de textos jornalísticos históricos avaliados nas aulas de Língua Portuguesa. A proposta é que os alunos analisem, por exemplo, editoriais de jornais de 1919, identificando o vocabulário e estratégias discursivas utilizadas para representar diferentes grupos políticos.

Essas estratégias metodológicas são justificadas pela necessidade de romper com a abordagem puramente conteudista e transformar a aprendizagem histórica em uma experiência ativa, exploratória e significativa. O estudo do passado, especialmente em momentos de crise como os governos de Moreira e Pessoa, torna-se uma ferramenta para compreender as dinâmicas políticas atuais e desenvolver uma consciência cidadã mais crítica.

 

Desenvolvimento da Aula

Preparo da Aula

O preparo da aula exige levantamento de fontes históricas para tornar o conteúdo mais palpável aos estudantes. Imprimir trechos de jornais do período de 1918 a 1922, disponíveis no acervo digital da Biblioteca Nacional, pode enriquecer as discussões em sala. Jornais como “Correio da Manhã” e “O País” trazem manchetes que evidenciam o caos da gripe espanhola, a morte de Rodrigues Alves e o cenário político instável. Recomenda-se também reunir imagens impactantes, tanto da epidemia quanto dos protestos operários, que ajudam a despertar a empatia e a compreensão do contexto social. O uso do documentário da TV Escola é indicado como recurso audiovisual de apoio, criando uma ponte entre a narrativa escrita e imagens dinâmicas da época.

Introdução da Aula (10 min)

Comece a aula destacando o contexto da República Velha, especialmente a política do café com leite, para situar os alunos no cenário da sucessão presidencial. A figura de Rodrigues Alves e sua morte são pontos-chave para conectar a gripe espanhola à crise política. Apresente uma imagem de jornal da época (como uma capa do “Gazeta de Notícias”) e incentive os alunos a observar o layout, a linguagem e os sentimentos expressos. Uma dinâmica interessante é pedir que cada estudante escreva em uma frase o que mais chamou atenção naquela notícia histórica — isso prepara o terreno para as análises posteriores.

Atividade Principal (30 a 35 min)

Divida os alunos em grupos e distribua os trechos jornalísticos, fotos históricas e trechos de cartas ou falas políticas da época. Cada grupo será responsável por organizar os dados históricos em uma linha do tempo do seu ano correspondente (1918, 1919, 1920, etc). Ferramentas como o Padlet, Canva ou cartolinas podem ser utilizadas, conforme a infraestrutura da escola. O foco não deve ser apenas a cronologia, mas também as consequências políticas, sociais e econômicas de cada evento. O professor deve acompanhar os grupos, fazendo perguntas direcionadoras para estimular o pensamento crítico e colaborativo.

Fechamento (5 a 10 min)

Dois grupos serão convidados a apresentar suas linhas do tempo, com espaço para comentários e comparações. O professor deve então revisar os principais pontos, estabelecendo ligações com o surgimento do tenentismo e os antecedentes da Revolução de 1930. Um quiz rápido, via Kahoot ou Mentimeter, servirá para revisar fatos históricos e estimular os alunos a fixarem o conteúdo de maneira lúdica. Se possível, disponibilize as linhas do tempo digitais em um mural online da turma para que todos possam acessar e estudar posteriormente.

 

Avaliação / Feedback

A avaliação formativa proposta neste plano de aula é centrada no processo de aprendizagem dos estudantes e na sua participação ativa. O principal instrumento será a construção coletiva de uma linha do tempo, na qual os grupos devem representar os principais eventos dos governos de Delfim Moreira e Epitácio Pessoa, desenvolvendo habilidades como síntese, organização cronológica e análise crítica. Durante as apresentações, o professor pode utilizar uma grade de observação simples para registrar competências como argumentação histórica, articulação entre fatos e clareza na exposição.

Além disso, um quiz final com perguntas objetivas e dissertativas ajudará não apenas a consolidar o conteúdo, mas também a mapear temas que possam necessitar de retomada em aulas futuras. Recomenda-se o uso de plataformas digitais como Kahoot ou Mentimeter, que tornam a atividade mais interativa e envolvente, especialmente com turmas do ensino médio.

O feedback será promovido no encerramento da aula por meio de uma roda de impressões rápidas, em que os alunos respondem oralmente ou por escrito sobre o que aprenderam, suas dúvidas restantes e sugestões para melhorar a dinâmica da aula seguinte. Isso estimula a autoavaliação e a escuta ativa entre pares.

Como ferramenta complementar, o docente pode utilizar formulários online como o Google Forms para levantar percepções tanto do aprendizado quanto da metodologia utilizada, permitindo ajustar futuras intervenções pedagógicas. Esse tipo de devolutiva torna o processo mais transparente e valoriza a voz dos estudantes em sala de aula.

 

Integração Interdisciplinar

A integração interdisciplinar enriquece o aprendizado ao conectar a História com outras áreas do conhecimento. Em Sociologia, por exemplo, os alunos podem analisar criticamente os protestos operários e greves que marcaram os primeiros anos do século XX no Brasil. Leve os estudantes a investigar as causas sociais da insatisfação dos trabalhadores, relacionando-as aos impactos da industrialização, das más condições de trabalho e à ausência de direitos trabalhistas. Proponha debates em sala sobre a formação da consciência de classe e organize seminários nos quais grupos apresentem organizações sindicais da época.

Na disciplina de Língua Portuguesa, a proposta é ampliar a leitura crítica por meio de análises de jornais da década de 1910 e 1920. Selecionar manchetes e trechos opinativos permitirá que os alunos interpretem o discurso político e identifiquem estratégias de persuasão, tom editorial e vocabulário característico da época. Trabalhar com comparações entre textos de diferentes jornais promove a habilidade de leitura crítica e o entendimento da linguagem como ferramenta de influência social.

Uma atividade prática interessante seria montar uma “linha do tempo jornalística”, em que alunos selecione textos históricos e os analisem sob duas perspectivas: sociológica e linguística. Isso auxilia na compreensão da complexidade dos eventos e desenvolve múltiplas competências do currículo do ensino médio.

Ao combinar essas abordagens, o professor estimula o protagonismo estudantil, a leitura crítica da realidade e a compreensão sistemática das transformações políticas e sociais do período, alcançando os objetivos gerais da Base Nacional Comum Curricular.

 

Resumo para os Alunos

Durante a aula de hoje, exploramos os mandatos de Delfim Moreira e Epitácio Pessoa no contexto da República Velha, focando nos principais eventos políticos e sociais que marcaram seus governos. O curto período de Delfim Moreira foi profundamente impactado pela pandemia da gripe espanhola de 1918 e a delicada situação institucional diante da impossibilidade de Rodrigues Alves assumir a presidência por enfermidade. Os alunos identificaram como a instabilidade gerada por esses eventos comprometeu o funcionamento regular das instituições republicanas no Brasil.

No governo de Epitácio Pessoa, evidenciamos a intensificação das tensões sociais e a repressão crescente aos movimentos operários, inclusive o uso das forças armadas em greves. Destacou-se também a eleição indireta de Pessoa, feita durante sua estadia na Conferência de Versalhes, o que simboliza o controle das oligarquias, característica da política do café com leite. Analisamos ainda a crescente insatisfação militar e o surgimento do tenentismo como prenúncio da Revolução de 1930.

Para ampliar sua pesquisa, recomendamos acessar o site da Biblioteca Nacional (memoria.bn.br) e buscar jornais da época, como o Correio da Manhã ou O Paiz, que fornecem uma fonte primária rica para discutir a recepção popular e a opinião pública sobre esses líderes. Outra sugestão é assistir ao documentário “A Primeira República” na TV Escola, que contextualiza com imagens históricas e depoimentos de especialistas os principais atores deste período.

Como exercício final, os alunos podem produzir um podcast curto, resumindo os aspectos mais marcantes dos dois governos e relacionando-os a demandas sociais da atualidade, promovendo uma análise comparativa crítica com base no material pesquisado.

 

Rodrigo Terra

Com formação inicial em Física, especialização em Ciências Educacionais com ênfase em Tecnologia Educacional e Docência, e graduação em Ciências de Dados, construí uma trajetória sólida que une educação, tecnologias ee inovação. Desde 2001, dedico-me ao campo educacional, e desde 2019, atuo também na área de ciência de dados, buscando sempre encontrar soluções focadas no desenvolvimento humano. Minha experiência combina um profundo conhecimento em educação com habilidades técnicas em dados e programação, permitindo-me criar soluções estratégicas e práticas. Com ampla vivência em análise de dados, definição de métricas e desenvolvimento de indicadores, acredito que a formação transdisciplinar é essencial para preparar indivíduos conscientes e capacitados para os desafios do mundo contemporâneo. Apaixonado por café e boas conversas, sou movido pela curiosidade e pela busca constante de novas ideias e perspectivas. Minha missão é contribuir para uma educação que inspire pensamento crítico, estimule a criatividade e promova a colaboração.

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