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História – Política no Segundo Reinado (Plano de aula – Ensino médio)

Como referenciar este texto: História – Política no Segundo Reinado (Plano de aula – Ensino médio). Rodrigo Terra. Publicado em: 30/10/2025. Link da postagem: https://www.makerzine.com.br/educacao/historia-politica-no-segundo-reinado-plano-de-aula-ensino-medio/.


 
 

Abordar a política do Segundo Reinado com estudantes do ensino médio implica promover uma reflexão sobre os mecanismos de poder, a participação social e os limites democráticos em uma monarquia constitucional. Além disso, a proposta aqui apresentada incentiva a leitura crítica dos contextos históricos, relacionando os elementos políticos do passado com questões contemporâneas.

Propomos uma aula engajada com metodologias ativas, centrada na análise de documentos históricos e na realização de debates. Os alunos serão convidados a assumir o papel de deputados da época, discutindo temas centrais que marcaram os embates entre conservadores e liberais.

Ao final, os estudantes terão compreendido como a política imperial tentou conciliar interesses oligárquicos e manter a estabilidade nacional, ao mesmo tempo em que preparava, paradoxalmente, os caminhos para a mudança de regime com a Proclamação da República.

 

Objetivos de Aprendizagem

Ao final desta aula, espera-se que os alunos compreendam em profundidade o funcionamento do sistema político vigente durante o Segundo Reinado, incluindo seus mecanismos formais e informais. Para isso, será essencial o estudo do parlamentarismo às avessas, no qual o Imperador influenciava diretamente na composição dos gabinetes ministeriais, mesmo sob um regime que, teoricamente, deveria preservar a autonomia do Poder Legislativo.

Outro objetivo fundamental é identificar os principais partidos políticos que atuavam no cenário imperial — Partido Conservador e Partido Liberal —, compreendendo suas ideologias, interesses de classe e regiões de maior apoio. Recomenda-se a análise de fontes primárias, como manifestos e jornais da época, permitindo que os alunos percebam as nuances do discurso político do século XIX.

Além disso, busca-se que os estudantes analisem criticamente a figura de Dom Pedro II enquanto articulador político. Por meio de dinâmicas como dramatizações e estudos de caso, os alunos poderão entender como o monarca exercia seu poder de forma estratégica para manter a estabilidade institucional, conciliando interesses divergentes e evitando rupturas drásticas no sistema imperial.

Esses objetivos serão melhor alcançados com o uso de metodologias ativas, como debates simulando sessões parlamentares, para que os alunos não apenas memorizem conteúdos, mas também desenvolvam habilidades de interpretação, argumentação e pensamento crítico aplicados à realidade histórica.

 

Materiais Utilizados

Para dinamizar a aula sobre política no Segundo Reinado, é fundamental selecionar materiais que permitam aos estudantes uma imersão prática e contextualizada da época. A utilização de recortes ou transcrições de documentos históricos, como atas parlamentares e notícias de jornais do século XIX, oferece aos alunos a oportunidade de analisar diretamente fontes primárias, desenvolvendo o pensamento crítico e a capacidade de interpretar discursos políticos.

O mapa político do Império, impresso ou acessível digitalmente, ajuda na visualização geográfica das províncias e dos centros de poder, facilitando discussões sobre os focos de influência das oligarquias e dos partidos Conservador e Liberal. Já o uso de áudio ou vídeo com dramatizações de debates parlamentares engaja os estudantes de forma lúdica e emocional, especialmente ao representar personagens históricos discutindo temas como centralização administrativa e escravidão.

Para a realização das atividades práticas, como os debates simulados propostos, itens como cartolina, canetas coloridas e recursos multimídia (projetor ou TV) são essenciais. Eles permitem a criação de painéis de argumentação, elaboração de cartazes partidários e exibição de recursos audiovisuais que enriquecem a discussão. Ao oferecer uma variedade de materiais, o professor cria condições para que diferentes estilos de aprendizagem sejam contemplados na sala de aula.

 

Metodologia Utilizada e Justificativa

A aula será desenvolvida com base na simulação histórica (role play), uma metodologia ativa que promove o protagonismo dos estudantes. Por meio dessa técnica, os alunos assumem papéis de figuras políticas do Segundo Reinado, como deputados conservadores, liberais ou o próprio Imperador Dom Pedro II, vivenciando os debates e tensões parlamentares que caracterizavam o período. Essa prática estimula não apenas o engajamento, mas também a compreensão crítica e empática dos processos políticos do século XIX brasileiro.

Ao utilizar a dramatização como estratégia pedagógica, o professor ajuda os alunos a se colocarem no lugar de personagens reais, promovendo o desenvolvimento de habilidades argumentativas e analíticas. Os estudantes devem pesquisar seus papéis e se preparar para sessões de debate no ‘Parlamento Escolar’, onde discutirão temas como o parlamentarismo às avessas, a escravidão, as reformas educacionais e o papel da imprensa.

Essa abordagem também permite uma rica articulação interdisciplinar. Em História, reconstrói-se o contexto e os eventos chave; em Sociologia, explora-se a organização das elites e os conflitos sociais; e em Língua Portuguesa, fortalece-se a interpretação de textos históricos e o desenvolvimento de argumentos. Uma dica prática é utilizar fontes primárias — como discursos parlamentares, trechos de jornais da época ou cartas políticas — como base para os personagens se posicionarem.

Ao final da atividade, é recomendável realizar uma roda de conversa para que os alunos compartilhem suas percepções sobre os limites do sistema político imperial e estabeleçam paralelos com o funcionamento da política contemporânea. Essa reflexão final consolida o aprendizado e estimula o pensamento crítico sobre os legados do Segundo Reinado.

 

Desenvolvimento da Aula

O desenvolvimento da aula foi cuidadosamente estruturado para promover o protagonismo dos estudantes através de metodologias ativas. No preparo, recomenda-se que o professor reúna fontes históricas que representem o pensamento político do período, como discursos parlamentares de proeminentes figuras imperiais e registros legislativos da época. Ao disponibilizar esses materiais aos alunos, garante-se o contato direto com as vozes históricas e o exercício da leitura crítica dos documentos. A preparação dos perfis de deputados também pode ser enriquecida com imagens, símbolos partidários e frases de efeito para facilitar a imersão.

Na introdução, o uso de um mapa mental projetado ajuda os alunos a visualizarem as conexões entre eventos e ideias políticas. Essa etapa deve ser breve, dinâmica e participativa: convide os alunos a sugerirem elementos relevantes para o mapa, reforçando o vínculo com seus conhecimentos prévios. Explore a pergunta norteadora com uma problematização coletiva. Por exemplo: “Quem realmente tomava as decisões políticas do país nesse período?” ou “Havia espaço para participação popular?”. Esses questionamentos despertam o senso crítico e antecipam a atividade principal.

Na atividade central, promova a sessão parlamentar como um jogo de papéis estruturado. Cada grupo receberá um perfil com base histórica e terá a missão de defender interesses políticos fictícios porém realistas. Uma dica prática é dividir a classe em blocos por partido para facilitar a negociação entre os ‘aliados’. O problema debatido, como uma nova política de industrialização, deve ser apresentado com contexto e conflitos claros — por exemplo, a tensão entre proteção à indústria nacional e manutenção da economia agroexportadora. O professor atua como um ‘presidente da Câmara’ ou como cronista histórico, garantindo que todos participem e que os argumentos reflitam o contexto do século XIX.

Para o fechamento, a roda de conversa funciona como um momento reflexivo essencial. Além de discutir as decisões tomadas durante a simulação, incentive os alunos a compararem a estrutura do parlamentarismo do Segundo Reinado com o presidencialismo atual. Solicite que criem hipóteses de como seria o Brasil hoje se o modelo monárquico tivesse continuado. Esses exercícios desenvolvem conexões significativas com a política contemporânea e consolidam o aprendizado histórico.

 

Avaliação / Feedback

A avaliação será qualitativa e processual, buscando compreender o envolvimento individual e coletivo dos alunos na simulação parlamentar proposta. Durante os debates, o professor deve registrar observações sobre o uso de argumentos historicamente fundamentados, a interação entre os colegas e a clareza na exposição de ideias. Essa abordagem valoriza as habilidades de comunicação, pensamento crítico e análise contextual, fundamentais para o ensino de história.

Além disso, recomenda-se que os alunos elaborem uma breve reflexão escrita em um parágrafo, destacando seus aprendizados sobre a dinâmica política do Segundo Reinado e as tensões entre os grupos conservadores e liberais. Esse exercício permite avaliar a capacidade dos estudantes de sintetizar conhecimentos e aplicar conceitos discutidos em aula.

Outras formas de avaliação diagnóstica contínua incluem o uso de rubricas com critérios claros, como argumentação, uso de fontes, participação e respeito ao posicionamento alheio. A combinação entre observação direta e devolutivas escritas favorece um acompanhamento mais completo do progresso dos estudantes ao longo da atividade.

Para enriquecer o feedback, o professor pode promover uma breve roda de conversa ao final da aula, incentivando os alunos a compartilharem percepções sobre o processo. Esta etapa final possibilita uma autoavaliação e estimula a metacognição, essencial para o desenvolvimento da autonomia intelectual dos jovens.

 

Resumo para os Alunos

Resumo da Aula:
Nesta aula, exploramos a política brasileira durante o Segundo Reinado, período governado por Dom Pedro II. Analisamos como os partidos Liberal e Conservador se alternavam no poder, dentro de um esquema conhecido como “parlamentarismo às avessas”, em que o imperador interferia diretamente na escolha do presidente do Conselho de Ministros, mesmo em um sistema teoricamente parlamentar. Esse modelo permitia o controle centralizado do Executivo e restringia a autonomia do Parlamento, sendo uma característica marcante da política do século XIX.

Para tornar a aprendizagem mais concreta, realizamos um debate simulado em sala, no qual cada grupo de alunos representou uma ala política da época. Esta atividade promoveu uma maior compreensão dos interesses e argumentos políticos de conservadores e liberais. Os estudantes ainda puderam discutir temas como a questão escravista, o poder moderador e o papel da elite cafeeira na política imperial.

Indicamos também duas fontes de aprofundamento para quem quiser continuar os estudos: a Biblioteca Digital da História do Brasil, que reúne documentos históricos comentados por pesquisadores da USP, e o Portal do Carteiro da Vida, que oferece materiais interativos voltados para o ensino de História. Ambos os recursos ajudam a enriquecer a leitura crítica sobre o período imperial e seus desdobramentos políticos.

Com esta aula, buscamos mostrar como o estudo das estruturas políticas do Segundo Reinado contribui para a análise dos limites democráticos em diferentes sistemas políticos. Além disso, a abordagem ativa estimula o protagonismo estudantil e aproxima os jovens da prática da história como investigação e debate.

 

Rodrigo Terra

Com formação inicial em Física, especialização em Ciências Educacionais com ênfase em Tecnologia Educacional e Docência, e graduação em Ciências de Dados, construí uma trajetória sólida que une educação, tecnologias ee inovação. Desde 2001, dedico-me ao campo educacional, e desde 2019, atuo também na área de ciência de dados, buscando sempre encontrar soluções focadas no desenvolvimento humano. Minha experiência combina um profundo conhecimento em educação com habilidades técnicas em dados e programação, permitindo-me criar soluções estratégicas e práticas. Com ampla vivência em análise de dados, definição de métricas e desenvolvimento de indicadores, acredito que a formação transdisciplinar é essencial para preparar indivíduos conscientes e capacitados para os desafios do mundo contemporâneo. Apaixonado por café e boas conversas, sou movido pela curiosidade e pela busca constante de novas ideias e perspectivas. Minha missão é contribuir para uma educação que inspire pensamento crítico, estimule a criatividade e promova a colaboração.

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