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Literatura – Exercícios sobre trovadorismo e humanismo (Plano de aula – Ensino médio)

Como referenciar este texto: Literatura – Exercícios sobre trovadorismo e humanismo (Plano de aula – Ensino médio). Rodrigo Terra. Publicado em: 19/10/2025. Link da postagem: https://www.makerzine.com.br/educacao/literatura-exercicios-sobre-trovadorismo-e-humanismo-plano-de-aula-ensino-medio/.


 
 

A aula também propõe uma análise comparativa entre expressões artísticas da época medieval e manifestações culturais contemporâneas, especialmente músicas populares que dialogam com temas presentes nas cantigas medievais. Isso favorecerá a construção de repertório para o vestibular e o desenvolvimento de uma leitura crítica da tradição literária europeia.

Para garantir um processo significativo de aprendizagem, adotaremos uma abordagem metodológica ativa, com foco na interdisciplinaridade entre Literatura, História e Música. O objetivo é promover um entendimento sistêmico da produção textual, situando-a em seu tempo, mas também destacando sua permanência e ressignificação.

Além disso, exercícios direcionados e colaborativos permitirão que os alunos se envolvam ativamente na construção do conhecimento, por meio de leitura, escuta e análise textual e musical.

Por fim, a proposta também valoriza o papel social do povo na construção da História e na produção cultural, contribuindo para o reconhecimento do lugar da literatura como expressão da vivência coletiva.

 

Objetivos de Aprendizagem

Os objetivos de aprendizagem desta aula são estruturados para promover uma compreensão ampla e contextualizada sobre o Trovadorismo e o Humanismo, dois momentos-chave na história da literatura portuguesa. O primeiro objetivo visa identificar e analisar as principais características desses movimentos. Para isso, os alunos serão convidados a comparar trechos de cantigas de amor e de escárnio com textos humanistas, observando temáticas, estrutura formal e linguagem. Uma sugestão prática é a construção de um quadro comparativo que destaque as diferenças entre as produções medievais e renascentistas.

O segundo objetivo busca estabelecer conexões entre a produção medieval e elementos culturais contemporâneos. A sala pode explorar letras de músicas modernas que abordem temas semelhantes aos das cantigas — como o amor não correspondido, a crítica social ou o humor sarcástico — e analisar a permanência desses temas na cultura atual. O uso de músicas populares facilita a identificação dos alunos com os conteúdos e estimula a reflexão sobre a tradição oral e sua função social.

O terceiro objetivo é reconhecer o papel social do povo como protagonista histórico e literário. Através da análise de obras que retratam o cotidiano medieval e seus protagonistas, os estudantes serão incentivados a perceber que a literatura da época, apesar de muitas vezes produzida por elites, expressava preocupações e vivências populares. Uma atividade eficiente é propor a produção de cantigas contemporâneas pelos próprios alunos, inspiradas no modelo das cantigas medievais, mas incorporando temáticas atuais.

Esses objetivos convergem para uma aprendizagem ativa e contextualizada, que valoriza a interdisciplinaridade com História e Música, e proporciona aos alunos ferramentas para compreender as raízes da literatura ocidental, além de desenvolverem senso crítico diante da produção cultural ao longo do tempo.

 

Materiais Utilizados

Para uma aula dinâmica e contextualizada sobre Trovadorismo e Humanismo, é essencial selecionar materiais que proporcionem múltiplas linguagens e enfoques pedagógicos. Entre os principais recursos utilizados estão textos que apresentam exemplos de cantigas de amor, de amigo, de escárnio e de maldizer. Esses modelos possibilitam que os estudantes identifiquem as características formais e temáticas de cada tipo de composição, compreendendo seus contextos sociais e ideológicos.

Além disso, o uso de áudios de músicas populares brasileiras com temáticas similares às das cantigas medievais cria uma ponte entre a tradição e a contemporaneidade. Isso permite aos alunos perceberem como certos valores, sentimentos e estruturas poéticas foram ressignificados ao longo do tempo. A comparação pode ser feita, por exemplo, entre uma cantiga de amigo e uma canção da MPB sobre amor não correspondido, evidenciando paralelos e diferenças.

Outro material fundamental são os trechos do Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, que enriquecem a aula com registros do início do Humanismo literário em português. Esses textos refletem uma transição entre a oralidade trovadoresca e a escrita humanista, sendo ideais para analisar o surgimento de uma nova visão de mundo. Complementando a abordagem teórica, há o vídeo explicativo gratuito sobre Fernão Lopes, disponibilizado pela plataforma Ciência em Tela – UERJ, que destaca o papel do cronista na construção da historiografia medieval portuguesa.

Por fim, materiais como cartolina, canetas coloridas e celular com acesso à internet (opcional) possibilitam o desenvolvimento de atividades práticas e colaborativas, como a criação de painéis temáticos ou pesquisas rápidas durante a aula. Esses recursos tornam a experiência mais interativa e significativa, envolvendo os estudantes na produção do próprio conhecimento.

 

Metodologia Utilizada e Justificativa

A metodologia ativa escolhida para esta aula é o Estudo de Casos Culturais, uma abordagem que incentiva a análise crítica e a comparação entre elementos do passado e do presente. Os alunos serão provocados a identificar e refletir sobre vestígios do Trovadorismo e do Humanismo em manifestações artísticas contemporâneas, como letras de música e produções midiáticas populares. Esse processo ocorrerá por meio de oficinas temáticas, onde grupos trabalharão textos literários medievais em paralelo com canções atuais, explorando temas como amor, crítica social, religiosidade e idealização da figura feminina.

Essa metodologia favorece a formação do letramento literário ao capacitar o aluno a fazer leituras críticas e comparativas, desenvolvendo habilidades de interpretação e contextualização histórica. O protagonismo juvenil é incentivado quando os estudantes se tornam agentes ativos do conhecimento, construindo significados à luz de suas vivências e referências culturais.

Além disso, a proposta promove interdisciplinaridade com disciplinas como História e Sociologia. Ao tratar dos contextos sociopolíticos dos períodos abordados — como o sistema feudal no Trovadorismo e a emergência da burguesia no Humanismo —, os alunos ampliam sua compreensão sobre os fatores que moldaram a produção literária medieval. Esse entrecruzamento de saberes proporciona um entendimento mais contextualizado das obras e seus desdobramentos na contemporaneidade.

A realização de atividades práticas, como rodas de conversa, apresentações e criação de pequenas composições inspiradas nos moldes das cantigas, reforça o vínculo entre forma e conteúdo. Isso torna o aprendizado mais significativo, integrando teoria e prática e valorizando a literatura como expressão cultural viva e mutável.

 

Preparo da Aula

O preparo prévio da aula é fundamental para garantir o engajamento e a profundidade na abordagem dos temas do trovadorismo e do humanismo. O professor deve selecionar com antecedência trechos representativos das cantigas medievais, como as de amor e amigo, bem como letras de músicas contemporâneas que dialoguem com essas temáticas, como canções que expressam sentimentos amorosos, críticas sociais ou aspectos narrativos cotidianos. Essa seleção deve ser criteriosa quanto à linguagem e ao conteúdo, buscando criar pontes significativas entre os períodos.

Recomenda-se também a preparação do ambiente com recursos audiovisuais adequados, como caixas de som e projetor, para que os alunos possam ouvir as músicas e acompanhar os textos de forma clara. Os materiais impressos precisam conter não apenas os textos selecionados, mas também sugestões de análise e espaço para anotações interpretativas. Isso possibilita a personalização da leitura e convoca o aluno a se posicionar criticamente frente ao conteúdo.

Além disso, assistir previamente ao vídeo sobre Fernão Lopes — cronista do período humanista — e destacar seus aspectos centrais auxilia na contextualização histórica. Selecionar trechos que demonstrem a transição entre o pensamento medieval e humanista, como a valorização da experiência histórica e da figura do homem individualizado, fortalece o entendimento conceitual das mudanças de mentalidade ao longo do tempo.

Por fim, é aconselhável elaborar perguntas-guia baseadas nas competências da BNCC, como a análise crítica de produções artísticas e culturais, a interpretação de textos verbais e não verbais, além da contextualização histórica e social. Estas perguntas podem nortear a discussão coletiva, promover o trabalho em grupo e aprofundar a conexão entre os conteúdos de Literatura, História e Música.

 

Introdução da Aula (10 minutos)

O início da aula é dedicado à ambientação histórica dos estudantes, situando-os na sociedade feudal europeia e explicando os contextos que deram origem ao Trovadorismo. O professor pode utilizar imagens de castelos medievais e mapas da Europa para reforçar visualmente os conteúdos. A explicação contextual envolve o papel dos trovadores como artistas vinculados à corte, a função dos palácios como centros culturais e a influência das Cruzadas na difusão de ideias e práticas culturais, como a poesia trovadoresca.

Após esse panorama, o docente propõe a leitura coletiva de duas cantigas medievais: uma cantiga de amigo e uma de escárnio. Podem ser utilizadas versões traduzidas acompanhadas dos textos originais em galego-português, com breves comentários sobre vocabulário e construção sintática. Trechos como “Ondas do mar de Vigo” podem ser utilizados para demonstrar a musicalidade e os temas sentimentais das cantigas de amigo, enquanto cantigas de escárnio com humor irônico ilustram a crítica social sutil da época.

Em uma análise linguística interativa, o professor escreve no quadro expressões típicas do galego-português e convida os alunos a identificarem semelhanças com o português atual. Isso ajuda a construir reflexões sobre a evolução da língua e sua relação com a história e a literatura.

Concluindo a introdução, propõe-se uma atividade de interlocução: o professor lança a pergunta “Vocês conhecem músicas atuais que falam de amor platônico ou zombam de alguém?”. Os alunos podem citar exemplos do repertório contemporâneo, como músicas de sofrência ou batalhas de rap, promovendo uma ponte entre os gêneros literários antigos e as expressões culturais contemporâneas. Essa conexão favorece o engajamento e a ampliação do repertório cultural.

 

Atividade Principal (35 minutos)

A atividade principal é dividida em quatro etapas integradas, estimulando a análise comparada e a criatividade dos estudantes. Na Etapa 1, os alunos são organizados em grupos e recebem diferentes tipos de cantigas medievais — de amor, de amigo, de escárnio ou de maldizer. Orienta-se que identifiquem os elementos formais (estrutura métrica, musicalidade, linguagem) e temáticos (relação entre sujeitos líricos, crítica social, sentimentos). Essa análise pode ser feita com o apoio de uma tabela comparativa e consulta a gramáticas escolares especializadas.

Na Etapa 2, os grupos devem eleger uma canção brasileira contemporânea que se relacione com os temas e intenções da cantiga analisada. Por exemplo, uma cantiga de amigo pode ser comparada a canções de autores como Alceu Valença ou Marisa Monte, que tratam da espera ou saudade do ser amado. A proposta é que elaborem uma apresentação oral e criativa, utilizando recursos gráficos (como slides ou cartazes) para evidenciar os pontos de convergência e contraste entre as obras.

Durante a Etapa 3, os grupos apresentam suas análises em painel diante da turma. O professor deve facilitar o debate, incentivando intervenções dos colegas e colaborando para enriquecer a discussão com informações históricas adicionais. Essa etapa une o desenvolvimento da expressão oral com a construção colaborativa do conhecimento literário e histórico.

Na Etapa 4, a turma assiste a um breve vídeo sobre Fernão Lopes, com foco em sua importância na consolidação de uma historiografia voltada para o povo. Após o vídeo, realiza-se um bate-papo sobre o papel da literatura na preservação da memória coletiva e o valor das vozes populares na História. Dica prática: use o recurso de mapas mentais para registrar as ideias principais dessa conversa com a turma.

 

Fechamento (5 a 10 minutos)

Para encerrar a aula, o professor realiza uma retomada dos principais conceitos abordados, destacando as características definidoras dos períodos do Trovadorismo e do Humanismo. Relembra com os alunos os quatro gêneros de cantigas medievais — líricas (de amor e de amigo) e satíricas (de escárnio e de maldizer) —, situando-os no contexto socioeconômico e cultural da Idade Média e da transição para o Renascimento.

Em seguida, promove uma breve discussão em sala sobre a permanência de elementos da cultura oral e musical na sociedade contemporânea. Essa reflexão pode ser conduzida com perguntas como: “Como a música continua sendo uma forma de crítica social ou expressão de sentimentos?” ou “Quais músicas de hoje resgatam elementos narrativos ou poéticos semelhantes às cantigas?”

Para criar um vínculo direto entre o conteúdo histórico e a realidade dos estudantes, é proposto como dever de casa que cada aluno escolha uma música brasileira contemporânea que poderia ser considerada uma “cantiga moderna”. Pode ser uma composição com temática amorosa, de protesto ou que retrate o cotidiano popular, incentivando-os a pensar sobre os paralelos estéticos e sociais entre os gêneros.

Essa atividade final estimula a criatividade dos alunos e fortalece a compreensão de que a literatura é uma expressão dinâmica, que atravessa os séculos se adaptando às linguagens e contextos de cada época. O fechamento, portanto, consolida o conteúdo visto, estabelecendo conexões relevantes e significativas com o presente.

 

Avaliação / Feedback

A avaliação será formativa e contínua, baseada na participação efetiva dos alunos durante as discussões em grupo e na qualidade da análise comparativa entre textos. O professor pode utilizar uma rubrica simples com critérios como: compreensão dos gêneros literários, uso de argumentos, pertinência musical e colaboração.

Durante a aula, é importante que o docente observe atentamente o envolvimento dos alunos nas atividades propostas, como a leitura das cantigas, o reconhecimento de suas categorias (amor, amigo, escárnio e maldizer) e a identificação de elementos humanistas nas produções analisadas. Além disso, o momento de escuta e análise de músicas atuais pode servir como instrumento avaliativo informal, ajudando o professor a medir a capacidade dos estudantes de estabelecer conexões entre diferentes contextos históricos e culturais.

Uma sugestão prática é trabalhar com autoavaliação e avaliação entre pares. Ao final da aula, cada aluno pode preencher um breve formulário refletindo sobre sua aprendizagem e contribuição. O professor também pode solicitar que em duplas ou trios os estudantes se deem feedback construtivo sobre a atividade comparativa que realizaram.

Para fechamento, recomenda-se reservar alguns minutos para um debate coletivo onde todos compartilham seus aprendizados e principais reflexões. Este momento pode ser documentado por meio de um mural colaborativo, seja físico ou digital, para registrar impressões e evidências do desenvolvimento cognitivo e crítico da turma.

 

Resumo para os Alunos

Nesta aula, exploramos o Trovadorismo e o Humanismo, dois momentos marcantes da literatura portuguesa. O Trovadorismo se destacou por suas cantigas acompanhadas de música, retratando sentimentos amorosos, amizades e críticas sociais por meio das modalidades de cantiga de amor, de amigo, de escárnio e de maldizer. Discutimos, por exemplo, como a cantiga de amigo expressa a voz feminina em um lamento pela ausência do amado, enquanto a cantiga de escárnio utiliza a ironia para criticar comportamentos sociais.

Já o Humanismo marcou uma transição entre a Idade Média e o Renascimento, passando a valorizar a razão, a política e a história como registros da ação humana. Analisamos trechos das crônicas de Fernão Lopes para entender como ele retratava tanto os feitos dos reis quanto a vida do povo, refletindo um novo olhar sobre a sociedade e seu papel histórico. Os alunos foram incentivados a refletir sobre como esse registro documental ainda hoje influencia a construção da narrativa histórica.

Para ampliar o repertório, sugerimos recursos gratuitos que aprofundam o conteúdo: a plataforma Ciência em Tela, com vídeos educativos sobre literatura e história, o Domínio Público com textos clássicos da literatura medieval, e o Portal da Literatura com análises didáticas de obras portuguesas. Esses materiais podem ser usados como revisão ou apoio nas produções textuais dos alunos.

Como atividade prática, propomos que cada aluno traga para a próxima aula a letra de uma música atual que dialogue com cantigas medievais, seja em termos temáticos, estruturais ou de crítica social. A partir disso, faremos uma roda de leitura e análise comparativa, promovendo conexões entre a literatura do passado e as expressões culturais do presente.

 

Rodrigo Terra

Com formação inicial em Física, especialização em Ciências Educacionais com ênfase em Tecnologia Educacional e Docência, e graduação em Ciências de Dados, construí uma trajetória sólida que une educação, tecnologias ee inovação. Desde 2001, dedico-me ao campo educacional, e desde 2019, atuo também na área de ciência de dados, buscando sempre encontrar soluções focadas no desenvolvimento humano. Minha experiência combina um profundo conhecimento em educação com habilidades técnicas em dados e programação, permitindo-me criar soluções estratégicas e práticas. Com ampla vivência em análise de dados, definição de métricas e desenvolvimento de indicadores, acredito que a formação transdisciplinar é essencial para preparar indivíduos conscientes e capacitados para os desafios do mundo contemporâneo. Apaixonado por café e boas conversas, sou movido pela curiosidade e pela busca constante de novas ideias e perspectivas. Minha missão é contribuir para uma educação que inspire pensamento crítico, estimule a criatividade e promova a colaboração.

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