Ao final, os estudantes deverão ser capazes de identificar características da prosa neorrealista portuguesa, relacioná-la com o contexto político-social da época e estabelecer diálogos com a literatura brasileira de cunho crítico-social.
Objetivos de Aprendizagem
Os objetivos de aprendizagem apresentados visam orientar o professor na construção de competências críticas e interpretativas a partir do estudo da prosa neorrealista portuguesa. Ao reconhecer as principais características do movimento, os alunos serão incentivados a identificar elementos como a linguagem objetiva, o engajamento social, a representação das classes trabalhadoras e a ambientação rural ou urbana marcada por desigualdade. Um exemplo prático é propor a leitura de trechos de Gaibéus, de Alves Redol, destacando tais elementos na construção narrativa.
Outra meta é compreender a intenção social e reformadora dos autores neorrealistas, contextualizando suas obras no cenário histórico-político do Estado Novo português. Assim, sugerimos integrar o estudo com conteúdos de História que abordem o regime de Salazar e seus impactos sociais, estimulando os estudantes a fazerem conexões entre texto literário e realidade histórica. Um recurso eficaz é a análise de discursos políticos da época confrontados com a narrativa crítica dos autores.
A proposta também envolve estimular a comparação entre a prosa neorrealista portuguesa e a literatura brasileira de denúncia social. Para isso, recomenda-se a leitura comparativa de trechos de obras como Capitães da Areia, de Jorge Amado, e Vidas Secas, de Graciliano Ramos, permitindo que os alunos identifiquem aproximações temáticas e estilísticas. Essa atividade pode ser estruturada como um seminário ou debate entre grupos, promovendo argumentação e senso crítico.
Esses objetivos permitem alinhar o conteúdo com a BNCC, especialmente nas competências gerais ligadas à cultura digital, pensamento crítico e repertório sociocultural, incentivando uma abordagem ativa, contextualizada e interdisciplinar do ensino de Literatura.
Materiais utilizados
Para uma exploração efetiva da prosa neorrealista portuguesa em sala de aula, é essencial contar com uma variedade de recursos que estimulem o engajamento dos alunos. Os textos literários de autores como Ferreira de Castro, Alves Redol, Manuel da Fonseca e José Gomes Ferreira devem estar disponíveis em formato impresso ou digital para facilitar o acesso. Cópias físicas podem ser distribuídas para leitura e anotações manuais, enquanto links eletrônicos, como os fornecidos pelo Domínio Público, oferecem acesso gratuito e legalizado às obras originais.
O uso de equipamento multimídia — como projetores, TVs ou computadores — permite a exibição de vídeos, entrevistas com autores, documentários sobre o contexto histórico e discussões acadêmicas. É possível, por exemplo, projetar um mapa da literatura portuguesa para situar autores no tempo e espaço, ou analisar trechos de filmes que adaptam obras neorrealistas.
Materiais visuais como papel kraft, cartolinas, canetas coloridas e post-its são ideais para atividades colaborativas. Grupos de alunos podem elaborar mapas conceituais, linhas do tempo ou painéis temáticos destacando os elementos do neorrealismo português em comparação com a realidade brasileira representada por autores como Jorge Amado.
Por fim, recursos digitais adicionais, como os oferecidos pelo Laboratório de Educação e Sociedade – UFMG, trazem suporte metodológico para integrar literatura e ciências sociais. Eles ajudam o professor a contextualizar melhor as obras e propor atividades interdisciplinares com História e Sociologia.
Metodologia utilizada e justificativa
Será utilizada a abordagem da aprendizagem baseada em textos (ABT), combinada com a investigação orientada, técnicas eficazes para promover o protagonismo do aluno no processo de aprendizagem. A escolha dessa metodologia decorre da necessidade de desenvolver competências leitoras e críticas, valorizando a leitura atenta de trechos da prosa neorrealista portuguesa, como os de Alves Redol ou Soeiro Pereira Gomes. Textos com conteúdo político-social permitirão ao aluno estabelecer ligações entre literatura e contexto histórico.
Em sala, os professores podem iniciar a aula com uma breve contextualização histórica do Estado Novo português, seguida pela leitura em voz alta de trechos selecionados. Os alunos, organizados em grupos, devem responder a roteiros de discussão que incentivem a análise do estilo, do enredo e dos conflitos sociais abordados nos textos. A investigação orientada entra como ferramenta para guiar os alunos no levantamento de hipóteses e formulação de perguntas, aproximando-os das práticas investigativas das ciências humanas.
Ao utilizar esse modelo ativo, o professor estimula o pensamento crítico e a autonomia intelectual dos alunos. Um exemplo de atividade consiste em comparar um trecho de “Gaibéus” com passagens de “Vidas Secas”, identificando pontos de convergência na crítica social. Além disso, é possível propor a produção de um podcast ou vídeo resenha em grupo, com base na pesquisa realizada.
Essa metodologia favorece ainda a interdisciplinaridade: permite conectar os conteúdos literários com discussões em História e Sociologia, como as transformações do mundo do trabalho rural, as desigualdades sociais e a censura. Ao final, os alunos não apenas compreendem a literatura neorrealista, mas reconhecem seu potencial educativo e cívico.
Desenvolvimento da aula
Preparo da aula
Antes do encontro, o professor deve selecionar trechos impactantes de obras como “Emigrantes”, de Ferreira de Castro, e “Gaibéus”, de Alves Redol, garantindo que representem de forma clara as marcas do Neorrealismo: crítica social, foco na coletividade e realismo descritivo. É recomendável imprimir os textos ou disponibilizá-los via plataforma digital, além de preparar mapas conceituais ou slides com os principais elementos do movimento. A disposição da sala em grupos tornará a discussão mais colaborativa e dinâmica.
Introdução da aula (10 min)
Com base em uma breve exposição dialogada, o professor deve contextualizar o surgimento do Neorrealismo em meio ao regime salazarista. A proposta é introduzir a ideia de literatura como instrumento social, aproximando os estudantes de um conceito de arte engajada. Comparações com autores brasileiros — como Jorge Amado e Graciliano Ramos — ajudam a reforçar a interdisciplinaridade com História e Sociologia, ampliando a relevância da produção literária na formação crítica dos alunos.
Atividade principal (30 a 35 min)
Com os textos em mãos, alunos, organizados em grupos, devem destacar passagens que evidenciem a crítica social presente na narrativa. Para facilitar, entregar um roteiro com questões orientadoras: Quais problemas sociais aparecem no texto? Como a linguagem e os personagens colaboram para essa crítica? Cada grupo sintetiza suas reflexões em um cartaz, promovendo criatividade e cooperação. O compartilhamento em plenária permite o enriquecimento coletivo e o exercício da argumentação.
Durante a discussão, o professor pode abordar elementos como o uso do narrador onisciente, característico do Neorrealismo, ou a presença de personagens anônimos como representação do povo — além de discutir como isso remete à ideologia do movimento. Encaminhamentos visam desenvolver não só interpretação textual, mas empatia e visão crítica de mundo.
Fechamento (5 a 10 min)
Para encerrar, sugere-se uma roda de conversa em que os alunos reflitam sobre a atualidade dos temas abordados: a desigualdade social, a migração, o trabalho precário. Os estudantes são convidados a comparar essas questões com a realidade brasileira, estabelecendo pontes entre contextos históricos distintos. Por fim, o professor pode sugerir leituras complementares, como versões digitais gratuitas das obras estudadas, disponíveis em bibliotecas online ou no site do Domínio Público.
Avaliação / Feedback
A avaliação será contínua e processual, focando na participação ativa dos alunos durante as discussões, na reflexão crítica e na capacidade de articular as obras lidas com o contexto histórico abordado. O professor deve observar atentamente como os estudantes se envolvem nas atividades propostas, valorizando não apenas as respostas corretas, mas o processo de construção do pensamento.
Uma estratégia útil é a análise dos cartazes produzidos pelos grupos, avaliando critérios como clareza argumentativa, coerência temática e uso adequado de elementos visuais e textuais. Essa produção pode também ser compartilhada em murais da escola ou digitalmente, estimulando o protagonismo juvenil e a integração com a comunidade escolar.
Como recurso formativo, a utilização de uma autoavaliação ao final da aula — como a técnica dos três post-its (“o que aprendi”, “o que achei mais difícil” e “o que gostaria de aprofundar”) — permite que os alunos reflitam sobre seu próprio processo de aprendizagem. Essa prática ajuda o professor a ajustar intervenções futuras e proporciona maior autonomia ao aluno.
Para ampliar a análise do feedback, o professor pode ainda usar rubricas simples com critérios previamente combinados com os alunos, promovendo transparência e corresponsabilidade. Essas práticas tornam a avaliação mais justa, diversificada e instrutiva no contexto da análise da prosa neorrealista portuguesa.
Resumo para os alunos
Na aula de hoje, exploramos a prosa neorrealista portuguesa, um movimento literário que emergiu nas décadas de 1930 e 1940. Os autores dessa corrente buscaram representar a dura realidade social da época, especialmente sob o regime autoritário de Salazar, utilizando a literatura como ferramenta de crítica e transformação. Analisamos como temas como pobreza, exploração do trabalho e desigualdade eram retratados por meio de personagens cotidianos, cujas histórias ecoam tensões verdadeiras da sociedade portuguesa.
Estudamos as obras e o papel de escritores como Alves Redol e Ferreira de Castro, que utilizaram a narrativa em prosa para ressaltar a luta dos trabalhadores rurais e urbanos por melhores condições de vida. Comparamos seus textos com autores brasileiros como Jorge Amado e Graciliano Ramos, observando semelhanças no uso da linguagem direta e na crítica social, o que possibilitou aos alunos estabelecerem conexões entre diferentes contextos lusófonos.
No decorrer da aula, realizamos a leitura e análise colaborativa de trechos selecionados, promovendo discussões guiadas e atividades em grupo que ajudaram a desenvolver o pensamento crítico. Os alunos foram incentivados a analisar como os contextos históricos moldaram essas produções e de que forma a arte literária se posiciona frente às injustiças sociais.
Para aprofundar o aprendizado, recomendamos explorar o Domínio Público, onde é possível acessar obras completas gratuitamente, e o Laboratório de Educação e Sociedade – UFMG, que oferece materiais de apoio sobre literatura e crítica social, ideais para trabalhos interdisciplinares e pesquisas escolares.