No momento, você está visualizando Literatura – Prosa Neorrealista Portuguesa (Plano de aula – Ensino médio)

Literatura – Prosa Neorrealista Portuguesa (Plano de aula – Ensino médio)

Como referenciar este texto: Literatura – Prosa Neorrealista Portuguesa (Plano de aula – Ensino médio). Rodrigo Terra. Publicado em: 10/10/2025. Link da postagem: https://www.makerzine.com.br/educacao/literatura-prosa-neorrealista-portuguesa-plano-de-aula-ensino-medio/.

 

Este plano de aula busca explorar os fundamentos estéticos e ideológicos do Neorrealismo português, promovendo a análise crítica e comparativa de obras literárias. Vamos propor atividades que estimulem a leitura ativa, promovam o pensamento crítico e incentivem a interdisciplinaridade, especialmente com História e Sociologia.A estrutura da aula está organizada para se encaixar em um tempo de 50 minutos, com foco na leitura de trechos significativos, análise textual compartilhada e atividades em grupo nos moldes de metodologias ativas. Os professores encontrarão aqui um repertório que conecta literatura, história e cidadania.

Ao final, os estudantes deverão ser capazes de identificar características da prosa neorrealista portuguesa, relacioná-la com o contexto político-social da época e estabelecer diálogos com a literatura brasileira de cunho crítico-social.

 

Objetivos de Aprendizagem

Os objetivos de aprendizagem apresentados visam orientar o professor na construção de competências críticas e interpretativas a partir do estudo da prosa neorrealista portuguesa. Ao reconhecer as principais características do movimento, os alunos serão incentivados a identificar elementos como a linguagem objetiva, o engajamento social, a representação das classes trabalhadoras e a ambientação rural ou urbana marcada por desigualdade. Um exemplo prático é propor a leitura de trechos de Gaibéus, de Alves Redol, destacando tais elementos na construção narrativa.

Outra meta é compreender a intenção social e reformadora dos autores neorrealistas, contextualizando suas obras no cenário histórico-político do Estado Novo português. Assim, sugerimos integrar o estudo com conteúdos de História que abordem o regime de Salazar e seus impactos sociais, estimulando os estudantes a fazerem conexões entre texto literário e realidade histórica. Um recurso eficaz é a análise de discursos políticos da época confrontados com a narrativa crítica dos autores.

A proposta também envolve estimular a comparação entre a prosa neorrealista portuguesa e a literatura brasileira de denúncia social. Para isso, recomenda-se a leitura comparativa de trechos de obras como Capitães da Areia, de Jorge Amado, e Vidas Secas, de Graciliano Ramos, permitindo que os alunos identifiquem aproximações temáticas e estilísticas. Essa atividade pode ser estruturada como um seminário ou debate entre grupos, promovendo argumentação e senso crítico.

Esses objetivos permitem alinhar o conteúdo com a BNCC, especialmente nas competências gerais ligadas à cultura digital, pensamento crítico e repertório sociocultural, incentivando uma abordagem ativa, contextualizada e interdisciplinar do ensino de Literatura.

 

Materiais utilizados

Para uma exploração efetiva da prosa neorrealista portuguesa em sala de aula, é essencial contar com uma variedade de recursos que estimulem o engajamento dos alunos. Os textos literários de autores como Ferreira de Castro, Alves Redol, Manuel da Fonseca e José Gomes Ferreira devem estar disponíveis em formato impresso ou digital para facilitar o acesso. Cópias físicas podem ser distribuídas para leitura e anotações manuais, enquanto links eletrônicos, como os fornecidos pelo Domínio Público, oferecem acesso gratuito e legalizado às obras originais.

O uso de equipamento multimídia — como projetores, TVs ou computadores — permite a exibição de vídeos, entrevistas com autores, documentários sobre o contexto histórico e discussões acadêmicas. É possível, por exemplo, projetar um mapa da literatura portuguesa para situar autores no tempo e espaço, ou analisar trechos de filmes que adaptam obras neorrealistas.

Materiais visuais como papel kraft, cartolinas, canetas coloridas e post-its são ideais para atividades colaborativas. Grupos de alunos podem elaborar mapas conceituais, linhas do tempo ou painéis temáticos destacando os elementos do neorrealismo português em comparação com a realidade brasileira representada por autores como Jorge Amado.

Por fim, recursos digitais adicionais, como os oferecidos pelo Laboratório de Educação e Sociedade – UFMG, trazem suporte metodológico para integrar literatura e ciências sociais. Eles ajudam o professor a contextualizar melhor as obras e propor atividades interdisciplinares com História e Sociologia.

 

Metodologia utilizada e justificativa

Será utilizada a abordagem da aprendizagem baseada em textos (ABT), combinada com a investigação orientada, técnicas eficazes para promover o protagonismo do aluno no processo de aprendizagem. A escolha dessa metodologia decorre da necessidade de desenvolver competências leitoras e críticas, valorizando a leitura atenta de trechos da prosa neorrealista portuguesa, como os de Alves Redol ou Soeiro Pereira Gomes. Textos com conteúdo político-social permitirão ao aluno estabelecer ligações entre literatura e contexto histórico.

Em sala, os professores podem iniciar a aula com uma breve contextualização histórica do Estado Novo português, seguida pela leitura em voz alta de trechos selecionados. Os alunos, organizados em grupos, devem responder a roteiros de discussão que incentivem a análise do estilo, do enredo e dos conflitos sociais abordados nos textos. A investigação orientada entra como ferramenta para guiar os alunos no levantamento de hipóteses e formulação de perguntas, aproximando-os das práticas investigativas das ciências humanas.

Ao utilizar esse modelo ativo, o professor estimula o pensamento crítico e a autonomia intelectual dos alunos. Um exemplo de atividade consiste em comparar um trecho de “Gaibéus” com passagens de “Vidas Secas”, identificando pontos de convergência na crítica social. Além disso, é possível propor a produção de um podcast ou vídeo resenha em grupo, com base na pesquisa realizada.

Essa metodologia favorece ainda a interdisciplinaridade: permite conectar os conteúdos literários com discussões em História e Sociologia, como as transformações do mundo do trabalho rural, as desigualdades sociais e a censura. Ao final, os alunos não apenas compreendem a literatura neorrealista, mas reconhecem seu potencial educativo e cívico.

 

Desenvolvimento da aula

Preparo da aula

Antes do encontro, o professor deve selecionar trechos impactantes de obras como “Emigrantes”, de Ferreira de Castro, e “Gaibéus”, de Alves Redol, garantindo que representem de forma clara as marcas do Neorrealismo: crítica social, foco na coletividade e realismo descritivo. É recomendável imprimir os textos ou disponibilizá-los via plataforma digital, além de preparar mapas conceituais ou slides com os principais elementos do movimento. A disposição da sala em grupos tornará a discussão mais colaborativa e dinâmica.

Introdução da aula (10 min)

Com base em uma breve exposição dialogada, o professor deve contextualizar o surgimento do Neorrealismo em meio ao regime salazarista. A proposta é introduzir a ideia de literatura como instrumento social, aproximando os estudantes de um conceito de arte engajada. Comparações com autores brasileiros — como Jorge Amado e Graciliano Ramos — ajudam a reforçar a interdisciplinaridade com História e Sociologia, ampliando a relevância da produção literária na formação crítica dos alunos.

Atividade principal (30 a 35 min)

Com os textos em mãos, alunos, organizados em grupos, devem destacar passagens que evidenciem a crítica social presente na narrativa. Para facilitar, entregar um roteiro com questões orientadoras: Quais problemas sociais aparecem no texto? Como a linguagem e os personagens colaboram para essa crítica? Cada grupo sintetiza suas reflexões em um cartaz, promovendo criatividade e cooperação. O compartilhamento em plenária permite o enriquecimento coletivo e o exercício da argumentação.

Durante a discussão, o professor pode abordar elementos como o uso do narrador onisciente, característico do Neorrealismo, ou a presença de personagens anônimos como representação do povo — além de discutir como isso remete à ideologia do movimento. Encaminhamentos visam desenvolver não só interpretação textual, mas empatia e visão crítica de mundo.

Fechamento (5 a 10 min)

Para encerrar, sugere-se uma roda de conversa em que os alunos reflitam sobre a atualidade dos temas abordados: a desigualdade social, a migração, o trabalho precário. Os estudantes são convidados a comparar essas questões com a realidade brasileira, estabelecendo pontes entre contextos históricos distintos. Por fim, o professor pode sugerir leituras complementares, como versões digitais gratuitas das obras estudadas, disponíveis em bibliotecas online ou no site do Domínio Público.

 

Avaliação / Feedback

A avaliação será contínua e processual, focando na participação ativa dos alunos durante as discussões, na reflexão crítica e na capacidade de articular as obras lidas com o contexto histórico abordado. O professor deve observar atentamente como os estudantes se envolvem nas atividades propostas, valorizando não apenas as respostas corretas, mas o processo de construção do pensamento.

Uma estratégia útil é a análise dos cartazes produzidos pelos grupos, avaliando critérios como clareza argumentativa, coerência temática e uso adequado de elementos visuais e textuais. Essa produção pode também ser compartilhada em murais da escola ou digitalmente, estimulando o protagonismo juvenil e a integração com a comunidade escolar.

Como recurso formativo, a utilização de uma autoavaliação ao final da aula — como a técnica dos três post-its (“o que aprendi”, “o que achei mais difícil” e “o que gostaria de aprofundar”) — permite que os alunos reflitam sobre seu próprio processo de aprendizagem. Essa prática ajuda o professor a ajustar intervenções futuras e proporciona maior autonomia ao aluno.

Para ampliar a análise do feedback, o professor pode ainda usar rubricas simples com critérios previamente combinados com os alunos, promovendo transparência e corresponsabilidade. Essas práticas tornam a avaliação mais justa, diversificada e instrutiva no contexto da análise da prosa neorrealista portuguesa.

 

Resumo para os alunos

Na aula de hoje, exploramos a prosa neorrealista portuguesa, um movimento literário que emergiu nas décadas de 1930 e 1940. Os autores dessa corrente buscaram representar a dura realidade social da época, especialmente sob o regime autoritário de Salazar, utilizando a literatura como ferramenta de crítica e transformação. Analisamos como temas como pobreza, exploração do trabalho e desigualdade eram retratados por meio de personagens cotidianos, cujas histórias ecoam tensões verdadeiras da sociedade portuguesa.

Estudamos as obras e o papel de escritores como Alves Redol e Ferreira de Castro, que utilizaram a narrativa em prosa para ressaltar a luta dos trabalhadores rurais e urbanos por melhores condições de vida. Comparamos seus textos com autores brasileiros como Jorge Amado e Graciliano Ramos, observando semelhanças no uso da linguagem direta e na crítica social, o que possibilitou aos alunos estabelecerem conexões entre diferentes contextos lusófonos.

No decorrer da aula, realizamos a leitura e análise colaborativa de trechos selecionados, promovendo discussões guiadas e atividades em grupo que ajudaram a desenvolver o pensamento crítico. Os alunos foram incentivados a analisar como os contextos históricos moldaram essas produções e de que forma a arte literária se posiciona frente às injustiças sociais.

Para aprofundar o aprendizado, recomendamos explorar o Domínio Público, onde é possível acessar obras completas gratuitamente, e o Laboratório de Educação e Sociedade – UFMG, que oferece materiais de apoio sobre literatura e crítica social, ideais para trabalhos interdisciplinares e pesquisas escolares.

 

Rodrigo Terra

Com formação inicial em Física, especialização em Ciências Educacionais com ênfase em Tecnologia Educacional e Docência, e graduação em Ciências de Dados, construí uma trajetória sólida que une educação, tecnologias ee inovação. Desde 2001, dedico-me ao campo educacional, e desde 2019, atuo também na área de ciência de dados, buscando sempre encontrar soluções focadas no desenvolvimento humano. Minha experiência combina um profundo conhecimento em educação com habilidades técnicas em dados e programação, permitindo-me criar soluções estratégicas e práticas. Com ampla vivência em análise de dados, definição de métricas e desenvolvimento de indicadores, acredito que a formação transdisciplinar é essencial para preparar indivíduos conscientes e capacitados para os desafios do mundo contemporâneo. Apaixonado por café e boas conversas, sou movido pela curiosidade e pela busca constante de novas ideias e perspectivas. Minha missão é contribuir para uma educação que inspire pensamento crítico, estimule a criatividade e promova a colaboração.

Deixe um comentário