Como referenciar este texto: ‘ODS 15 – Vida Terrestre: Preservar ecossistemas, florestas e biodiversidade’. Rodrigo Terra. Publicado em: 14/08/2025. Link da postagem: https://www.makerzine.com.br/educacao/ods-15-vida-terrestre-preservar-ecossistemas-florestas-e-biodiversidade/.
Conteúdos que você verá nesta postagem
O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 15 – Vida Terrestre – tem como foco proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma responsável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação do solo e frear a perda da biodiversidade. Esses elementos são fundamentais para a manutenção da vida no planeta, pois fornecem alimentos, água, ar puro e recursos essenciais para a sobrevivência de todas as espécies.
O equilíbrio dos ecossistemas terrestres é diretamente influenciado pelas ações humanas. O avanço da agricultura intensiva, o desmatamento, a mineração e a expansão urbana desordenada provocam impactos significativos, ameaçando habitats e espécies. Preservar a vida terrestre não é apenas uma questão ambiental, mas também social e econômica, pois comunidades inteiras dependem da integridade dos recursos naturais para sua subsistência e bem-estar.
No contexto educacional, trabalhar o ODS 15 com os estudantes é uma oportunidade de promover consciência crítica e engajamento em prol da conservação ambiental. Ao compreender a interdependência entre os ecossistemas e a vida humana, os alunos podem desenvolver atitudes responsáveis e ações concretas que contribuam para um futuro mais equilibrado e sustentável.
O que é o ODS 15
O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 15 (ODS 15) foi estabelecido em 2015 pela ONU como parte da Agenda 2030, refletindo a preocupação global com a degradação dos ecossistemas terrestres e a perda acelerada de biodiversidade. Ele reconhece que o equilíbrio ambiental é essencial para a sobrevivência das espécies — incluindo a humana — e para a manutenção dos serviços ecossistêmicos que sustentam a vida, como a regulação do clima, a produção de alimentos e a purificação da água.
O objetivo central do ODS 15 é proteger, restaurar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, abrangendo florestas, zonas áridas, áreas montanhosas e outros habitats essenciais. A proposta envolve garantir que esses ambientes sejam preservados e manejados de forma responsável, para que possam continuar oferecendo recursos e benefícios às gerações atuais e futuras.
Além disso, o ODS 15 dá ênfase à gestão sustentável de florestas, combatendo o desmatamento e incentivando práticas de reflorestamento e conservação; ao combate à desertificação, prevenindo a degradação de solos e promovendo sua recuperação; e à proteção das espécies ameaçadas, buscando reduzir o ritmo de extinção e preservar a diversidade genética do planeta.
Desafios e barreiras
O alcance das metas do ODS 15 enfrenta diversos desafios estruturais, ambientais e sociais que comprometem a preservação e a recuperação dos ecossistemas terrestres. Entre os principais obstáculos, destaca-se o desmatamento, impulsionado pela expansão da fronteira agrícola sem planejamento, pela exploração madeireira ilegal e pela conversão de áreas naturais em pastagens ou monoculturas. A expansão agrícola desordenada, associada à falta de práticas sustentáveis, provoca perda de biodiversidade, degradação do solo e fragmentação de habitats. A mineração ilegal, muitas vezes concentrada em áreas de floresta densa ou de alta relevância ecológica, intensifica os impactos ambientais, polui rios e afeta comunidades tradicionais. Além disso, a poluição — seja por agrotóxicos, metais pesados ou resíduos sólidos — compromete a qualidade dos ecossistemas, enquanto a introdução de espécies invasoras ameaça o equilíbrio natural e coloca em risco espécies nativas.
Os impactos desses problemas variam entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. Nos primeiros, ainda que haja maior capacidade tecnológica e regulatória, persistem pressões sobre ecossistemas devido ao consumo elevado e à dependência de importações de produtos ligados à degradação ambiental em outros países. Já nos países em desenvolvimento, a fragilidade de políticas ambientais, a baixa fiscalização e a dependência econômica de atividades extrativistas dificultam a transição para modelos sustentáveis.
Questões de governança ambiental e conflitos fundiários agravam o cenário, especialmente onde terras de populações tradicionais, indígenas ou quilombolas são alvo de disputas, gerando vulnerabilidade socioambiental. A combinação desses fatores reforça a urgência de ações integradas, que articulem políticas públicas, participação comunitária e cooperação internacional para superar as barreiras e garantir o equilíbrio dos ecossistemas terrestres.
Boas práticas e soluções
Diversas iniciativas ao redor do mundo demonstram que é possível conciliar o desenvolvimento humano com a preservação dos ecossistemas terrestres. Uma das estratégias mais eficazes é o reflorestamento com espécies nativas, que garante a recuperação da vegetação original e a restauração dos serviços ecossistêmicos, como a regulação climática, a proteção do solo e a manutenção da biodiversidade. Esses projetos são especialmente importantes em áreas degradadas por atividades agrícolas ou extrativas.
Outra medida fundamental é a criação e ampliação de áreas protegidas e reservas ecológicas, que funcionam como refúgios para espécies ameaçadas e garantem a conservação de habitats. O fortalecimento de parques nacionais, reservas extrativistas e corredores ecológicos ajuda a manter o equilíbrio dos ecossistemas e contribui para a conectividade das paisagens.
A agricultura regenerativa e o manejo sustentável também se destacam como práticas alinhadas ao ODS 15. Essas abordagens utilizam técnicas como rotação de culturas, plantio direto e integração lavoura-pecuária-floresta, que preservam a fertilidade do solo, evitam o uso excessivo de agrotóxicos e minimizam o impacto ambiental.
Por fim, a educação ambiental e a participação comunitária são pilares para o sucesso dessas ações. Quando comunidades locais se envolvem ativamente na proteção do meio ambiente, seja por meio de programas de sensibilização, capacitação técnica ou incentivo a práticas sustentáveis, cria-se um ciclo virtuoso de conservação e uso responsável dos recursos naturais, assegurando benefícios para as presentes e futuras gerações.
Integração com outras ODS
O ODS 15 não atua de forma isolada. Sua efetividade depende diretamente de ações interligadas a outros objetivos da Agenda 2030, criando um sistema integrado de soluções socioambientais.
A relação mais evidente é com o ODS 13 – Ação contra a mudança global do clima. A preservação e recuperação de ecossistemas terrestres, especialmente florestas, contribuem para o sequestro de carbono, mitigando os efeitos do aquecimento global. Por outro lado, eventos climáticos extremos — como secas e tempestades — afetam diretamente a saúde dos ecossistemas, evidenciando que políticas de clima e de biodiversidade precisam caminhar juntas.
O ODS 15 também se conecta fortemente ao ODS 6 – Água potável e saneamento, já que a proteção de florestas e nascentes garante a qualidade e a disponibilidade de recursos hídricos. Ecossistemas saudáveis funcionam como “filtros naturais”, regulando o fluxo de água e reduzindo custos de tratamento.
Outro ponto de convergência é com o ODS 12 – Consumo e produção responsáveis. A adoção de práticas agrícolas e industriais que minimizem impactos ambientais, reduzam o desperdício e privilegiem cadeias produtivas sustentáveis contribui diretamente para a conservação da biodiversidade.
A sinergia com o ODS 2 – Fome zero e agricultura sustentável é igualmente importante. Métodos de cultivo que respeitam a biodiversidade e mantêm a fertilidade do solo garantem a segurança alimentar de longo prazo, equilibrando produção e preservação.
Além desses, há interações relevantes com outros objetivos, como o ODS 3 – Saúde e bem-estar, pois ecossistemas preservados reduzem a propagação de doenças e garantem acesso a recursos naturais medicinais; e com o ODS 11 – Cidades e comunidades sustentáveis, já que áreas verdes urbanas melhoram a qualidade de vida e contribuem para a resiliência das cidades.
Essa interdependência mostra que investir no ODS 15 é também fortalecer o avanço de vários outros objetivos, criando um efeito multiplicador positivo para o desenvolvimento sustentável.
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