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Química – Drops cultural: Marie Curie (Plano de aula – Ensino médio)

Como referenciar este texto: Química – Drops cultural: Marie Curie (Plano de aula – Ensino médio). Rodrigo Terra. Publicado em: 11/10/2025. Link da postagem: https://www.makerzine.com.br/educacao/quimica-drops-cultural-marie-curie-plano-de-aula-ensino-medio/.


 

A aula é pensada de maneira interdisciplinar, permitindo articulações com Física e História, aproximando os conteúdos científicos dos alunos por meio de narrativas biográficas e situações reais de pesquisa.

A abordagem por meio de metodologia ativa estimula a construção do conhecimento a partir de pesquisas orientadas, debates e uma atividade experimental demonstrativa com materiais acessíveis.

Ao final, os alunos compreenderão conceitos de meia-vida, tipos de radiação, transformações nucleares e a importância da ética e da segurança em pesquisas envolvendo radioatividade.

Além disso, será promovido um olhar crítico e reflexivo sobre o papel da mulher na ciência, estimulando debates sobre representatividade e inclusão.

 

Objetivos de Aprendizagem

Os principais objetivos desta aula são proporcionar aos alunos uma compreensão sólida dos conceitos fundamentais da radioatividade. Isso inclui o entendimento da meia-vida de elementos instáveis, os tipos de radiações (alfa, beta e gama), bem como os processos de decaimento radioativo e transformações nucleares. Como sugestão prática, o professor pode utilizar simulações digitais para demonstrar a desintegração de elementos radioativos ao longo do tempo, facilitando a visualização dos conceitos abstratos.

Além disso, os alunos são incentivados a relacionar os avanços da ciência com o contexto histórico e social em que ocorreram. Por exemplo, ao situar as descobertas de Marie Curie no fim do século XIX e início do XX, o professor pode promover discussões sobre o impacto dessas descobertas no desenvolvimento de tecnologias e no avanço do conhecimento científico, ao mesmo tempo em que examina as barreiras enfrentadas por mulheres na ciência naquela época.

Outro objetivo crucial é analisar criticamente as contribuições científicas de Marie Curie e seu legado para a ciência moderna. Os alunos podem ser convidados a organizar uma linha do tempo colaborativa destacando os marcos da vida de Curie, suas conquistas, premiações e os desdobramentos de sua pesquisa nas áreas médica, energética e bélica. Essa atividade promove não apenas a fixação dos conhecimentos, mas também o desenvolvimento de habilidades de pesquisa e síntese.

Por fim, a aula busca estimular reflexões sobre ética e segurança na manipulação de materiais radioativos. Pode-se propor um debate em sala sobre os limites éticos do uso do conhecimento nuclear, agregando compreensão desde seu uso terapêutico até aplicações controversas. Tais discussões fortalecem o senso crítico e promovem valores de responsabilidade e consciência social nos estudantes.

 

Materiais utilizados

Para tornar a aula mais dinâmica e significativa, utilizaremos materiais simples e de fácil acesso. As cartolinas, canetas e marcadores coloridos serão empregados na criação colaborativa de painéis que apresentam momentos marcantes da vida de Marie Curie e suas descobertas, reforçando o aprendizado através de processos visuais e criativos. Essa atividade pode ser feita em grupos, estimulando o trabalho em equipe e a organização de ideias.

As folhas impressas com a linha do tempo da vida de Marie Curie irão fornecer uma base cronológica para que os estudantes compreendam em que contexto histórico-social Curie desenvolveu suas pesquisas. É interessante que essas folhas incluam imagens, datas importantes e curiosidades, de forma a tornar o conteúdo mais envolvente.

O vídeo curto de 3 a 5 minutos sobre radioatividade e Marie Curie serve como ponto de partida para discussões em sala. Escolha um vídeo acessível e validado por fontes confiáveis. Após a exibição, promova rodas de conversa ou peça que os alunos elaborem perguntas sobre o conteúdo apresentado, promovendo o pensamento crítico.

O simulador digital gratuito Radioactive Dating Game é uma ferramenta rica para explorar conceitos como meia-vida de elementos radioativos. A aula pode ser realizada em laboratórios de informática ou com alunos utilizando seus próprios dispositivos, caso disponível. Garanta que todos tenham acesso à internet e oriente sobre como navegar pelo simulador. Ao final, proponha que os alunos compartilhem suas descobertas com a turma em forma de apresentação.

 

Metodologia utilizada e justificativa

A metodologia ativa de Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) será o fio condutor da proposta pedagógica. Nessa abordagem, o(a) professor(a) apresenta um problema central — no caso, a descoberta da radioatividade por Marie Curie e seus impactos — que serve como ponto de partida para investigações autônomas e colaborativas dos alunos. Isso permite que o conhecimento não seja simplesmente transferido, mas construído de forma significativa, contextualizada e crítica.

Nesse contexto, os estudantes serão organizados em grupos responsáveis por responder a questões como: quais foram os desafios enfrentados por Marie Curie? Como seus estudos influenciam a ciência atual? Para isso, realizarão pesquisas guiadas, analisarão documentos históricos e científicos, além de participar de debates e seminários curtos, desenvolvendo competências como argumentação científica, empatia histórica e autonomia intelectual.

Para além do conteúdo puramente químico, a aula ganhará em riqueza ao incorporar conteúdos de História e Ciências Sociais, permitindo reflexões sobre o papel das mulheres na ciência e questões éticas relacionadas à radioatividade. Isso amplia a visão dos alunos sobre a prática científica como uma atividade humana e situada historicamente, não apenas técnica ou conteudista.

Como sugestão prática, o(a) professor(a) pode aplicar uma atividade experimental simulando a meia-vida de um elemento instável usando balas de goma ou moedas, a fim de representar decaimentos sucessivos. Com isso, conceitos como estabilidade nuclear e tipos de radiação se tornam mais tangíveis, reforçando a aprendizagem por meio da experiência prática e da ludicidade.

 

Desenvolvimento da aula

Preparo da aula

Para garantir o sucesso pedagógico, o(a) professor(a) deve organizar com antecedência todos os recursos didáticos: selecione um vídeo introdutório de até três minutos sobre Marie Curie, prepare uma linha do tempo impressa de sua trajetória e verifique a funcionalidade do simulador PHeT em todos os dispositivos. A disposição da sala pode ser em formato de “ilhas”, favorecendo a colaboração em grupo. Também é útil preparar antecipadamente kits com cartolina, canetas coloridas e post-its para a atividade final.

Introdução da aula (10 minutos)

Inicie com uma pergunta provocadora: “Você conhece alguma cientista mulher?”. A resposta normalmente evidencia o apagamento histórico feminino nas ciências. Em seguida, mostre um minidocumentário ou animação sobre Marie Curie, como os produzidos pelo canal TED-Ed, para situar os estudantes na perspectiva da aula. Esta etapa serve como conexão emocional com a trajetória da cientista e sensibiliza para os desafios do contexto histórico.

Atividade principal (30–35 minutos)

  1. (15 min): Organize os alunos em grupos para analisar a linha do tempo da vida de Curie. Cada grupo deverá identificar marcos científicos e relacioná-los com conceitos químicos, como o decaimento radioativo e as partículas alfa, beta e gama. Incentive a discussão entre os alunos sobre o impacto destes avanços na ciência atual.
  2. (10 min): Utilizando o simulador PHeT, conduza uma explanação demonstrativa, seguida de uma atividade prática onde os alunos possam visualizar o decaimento radioativo e a meia-vida. Questione-os sobre como esse conceito é aplicado, por exemplo, na datação de fósseis ou no diagnóstico por imagens em hospitais.
  3. (5–10 min): Cada grupo constrói uma pequena apresentação usando cartolina, destacando uma inovação trazida por Curie, como a medicina nuclear, e propondo uma aplicação atual. Estimule a criatividade com elementos visuais e dados científicos atualizados.

Fechamento (5–10 minutos)

Conclua com um debate breve: “O que aprendemos com a história de Marie Curie sobre gênero, ciência e sociedade?”. Incentive os alunos a compartilharem suas impressões sobre a representatividade feminina e reflitam sobre os preconceitos científicos de ontem e de hoje. Para encerrar, revise coletivamente os tópicos químicos explorados na aula, reforçando os conceitos de meia-vida, radiação e transformações nucleares com exemplos concretos discutidos pelos grupos.

 

Avaliação / Feedback

A avaliação formativa é essencial nesse plano de aula, pois permite acompanhar o aprendizado dos alunos em tempo real. Durante a aula, o(a) professor(a) deve observar atentamente a participação ativa dos estudantes nas atividades em grupo, nas argumentações durante os debates sobre a vida e a obra de Marie Curie, bem como na compreensão dos conceitos de química nuclear apresentados. Tomar notas sobre falas significativas e registrar progressos ou dificuldades pode enriquecer o acompanhamento individualizado.

Como atividade pós-aula, pode-se aplicar um exercício de questões abertas que explore tanto os conteúdos científicos (como tipos de radiação, meia-vida e segurança nuclear) quanto aspectos críticos, como o papel das mulheres na ciência. Esse exercício pode ser realizado em sala ou em casa, individualmente ou em duplas, promovendo uma revisão do conteúdo e incentivando a reflexão pessoal dos alunos.

Além disso, é altamente recomendado solicitar que os estudantes preencham um formulário anônimo online, por exemplo com o Google Forms. As perguntas devem avaliar os aspectos didáticos da aula, como clareza do conteúdo, engajamento proposto, adequação da metodologia e relevância dos temas abordados. Esse feedback é valioso para o(a) educador(a) aprimorar futuras aulas e dar mais voz ao protagonismo estudantil.

Como dica prática, envolva os alunos na construção dos critérios de avaliação: proponha que, ao início da aula, o grupo defina o que considera evidências de uma participação produtiva. Isso engaja mais profundamente a turma e promove uma cultura de autonomia e responsabilidade compartilhada pela aprendizagem.

 

Resumo para os alunos

Nesta aula, exploramos os conceitos fundamentais da radioatividade, aprendendo a identificar os diferentes tipos de partículas emitidas por materiais radioativos: alfa, beta e gama. Compreendemos o conceito de meia-vida nuclear como uma forma de medir o tempo necessário para que metade de uma substância radioativa decaia, ideia essencial na compreensão dos riscos, aplicações e limitações desses materiais no mundo real.

Vimos também como essa temática é aplicada no cotidiano, com destaque para o uso da radioatividade na medicina, como na radioterapia e na medicina nuclear, além da arqueologia, onde o carbono-14 é usado para datar fósseis e artefatos antigos. Essas conexões ajudaram a demonstrar que a radioatividade não é apenas um conceito abstrato, mas uma realidade com impacto direto em diversas áreas do conhecimento humano.

Além disso, conhecemos a trajetória de Marie Curie, uma mulher que enfrentou muitos desafios em sua época para se afirmar como cientista. Suas descobertas — como os elementos polônio e rádio — revolucionaram a ciência e abriram caminho para novas pesquisas no campo da física e da química. A aula também serviu como um ponto de partida para pensar sobre o papel da mulher na ciência e a importância de promover espaços mais inclusivos.

Como continuidade do aprendizado, sugerimos a exploração do simulador Radioactive Dating Game, que permite vivenciar digitalmente o funcionamento da datação por elementos radioativos. Além disso, vídeos disponíveis no canal Física Total são excelentes para revisar e aprofundar os conceitos discutidos, com linguagem acessível e ilustrações visuais.

 

Observações complementares

Para enriquecer ainda mais a experiência do(a) aluno(a), recomenda-se integrar esta aula com conteúdos da Física, especialmente no que tange às leis da radiação e aos aspectos energéticos dos fenômenos radioativos. Um exemplo prático seria a análise de equações de decaimento radioativo em atividades de cálculo e de interpretação de gráficos, conectando diretamente com conceitos já trabalhados no ensino médio.

A articulação com a História também é altamente recomendada. O papel de Marie Curie durante a Primeira Guerra Mundial, por exemplo, pode ser explorado por meio de atividades que contextualizem seu engajamento com os chamados “carros radiológicos”, que ela própria ajudou a desenvolver e operar para atender feridos no front. Essa abordagem humaniza a figura da cientista e amplia o olhar dos estudantes sobre a atuação social da ciência.

Outra estratégia importante consiste em planejar uma segunda aula voltada para o aprofundamento dos riscos da exposição à radiação. Por meio de estudos de caso — como desastres nucleares e protocolos de segurança — os alunos podem debater sobre bioética e os limites das práticas científicas, desenvolvendo senso crítico e consciência social. Grupos de discussão e simulações de comissões de ética são formas eficazes de fazer isso em sala de aula.

Para tornar tudo mais envolvente, sugere-se a utilização de vídeos curtos, trechos de filmes ou podcasts biográficos. Recursos como esses oferecem suporte visual e auditivo, tornando o aprendizado mais dinâmico. A junção de diferentes linguagens e áreas do conhecimento valoriza a abordagem interdisciplinar e demonstra a relevância do conteúdo científico em contextos históricos e sociais concretos.

 

Rodrigo Terra

Com formação inicial em Física, especialização em Ciências Educacionais com ênfase em Tecnologia Educacional e Docência, e graduação em Ciências de Dados, construí uma trajetória sólida que une educação, tecnologias ee inovação. Desde 2001, dedico-me ao campo educacional, e desde 2019, atuo também na área de ciência de dados, buscando sempre encontrar soluções focadas no desenvolvimento humano. Minha experiência combina um profundo conhecimento em educação com habilidades técnicas em dados e programação, permitindo-me criar soluções estratégicas e práticas. Com ampla vivência em análise de dados, definição de métricas e desenvolvimento de indicadores, acredito que a formação transdisciplinar é essencial para preparar indivíduos conscientes e capacitados para os desafios do mundo contemporâneo. Apaixonado por café e boas conversas, sou movido pela curiosidade e pela busca constante de novas ideias e perspectivas. Minha missão é contribuir para uma educação que inspire pensamento crítico, estimule a criatividade e promova a colaboração.

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