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Redação – O mito (Plano de aula – Ensino médio)

Como referenciar este texto: Redação – O mito (Plano de aula – Ensino médio). Rodrigo Terra. Publicado em: 15/10/2025. Link da postagem: https://www.makerzine.com.br/educacao/redacao-o-mito-plano-de-aula-ensino-medio/.


 

Esta aula tem como foco trabalhar com o gênero textual do mito em sua dimensão literária, cultural e argumentativa. A proposta é levar o estudante a reconhecer as características estruturais do mito e suas funções sociais, além de desenvolver habilidades de leitura crítica e produção de texto.

Utilizando exemplos de mitos latino-americanos e suas reaparições em provas de vestibular, vamos mostrar como o conhecimento desses textos pode enriquecer a compreensão de propostas de redação e oferecer repertório sociocultural aos alunos.

A proposta metodológica privilegia a interdisciplinaridade, integrando a leitura com reflexões sociais e históricas, características que dialogam com as exigências dos processos seletivos e com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Ao final da aula, espera-se que os alunos saibam interpretar criticamente mitos e criar suas próprias narrativas míticas, utilizando elementos do gênero em contextos contemporâneos e pessoais.

 

Objetivos de Aprendizagem

1. Compreender as características do gênero narrativo mítico e sua função cultural ao longo da história é fundamental para que o estudante reconheça como os mitos foram usados para explicar fenômenos naturais, organizar valores sociais e inspirar comportamentos. Em sala, isso pode ser explorado por meio da análise comparativa entre narrativas míticas antigas e discursos atuais que ainda guardam traços de mitificação, como propagandas ou discursos políticos.

2. Interpretar e analisar mitos latino-americanos, relacionando-os a temas contemporâneos e históricos, permite desenvolver competências críticas e ampliar o repertório cultural dos alunos. Por exemplo, analisar o mito de El Dorado à luz das questões ambientais da Amazônia ajuda a compreender como antigas crenças indígenas ainda dialogam com pautas atuais. Professores podem promover debates, propor a criação de mapas conceituais temáticos ou a leitura coletiva de textos míticos com contextualizações históricas.

3. Produzir uma narrativa mítica autoral, respeitando as convenções do gênero e inserindo elementos simbólicos, culturais e argumentativos, estimula a criatividade aliada ao domínio estrutural do texto. Para isso, os estudantes podem criar narrativas ligadas a problemas reais, como desigualdade social ou mudanças climáticas, utilizando personagens e símbolos arquetípicos — como heróis, deuses e dilemas morais. Uma boa prática é propor a produção em duplas ou grupos, permitindo a troca de ideias e a construção colaborativa do texto.

Com esses objetivos de aprendizagem, pretende-se não apenas preparar os alunos para o vestibular, mas também para aplicar o conhecimento mitológico como ferramenta de leitura crítica de mundo, desenvolvendo autonomia interpretativa e autoria textual.

 

Materiais Utilizados

Para garantir uma abordagem dinâmica e envolvente do gênero mítico, o plano de aula propõe o uso de diferentes recursos didáticos. A apresentação multimídia com slides que trazem mitos e trechos já cobrados em vestibulares serve como ponto de partida para a contextualização do conteúdo. Essa ferramenta contribui para que os estudantes identifiquem a reincidência desses textos em provas e desenvolvam uma leitura estratégica e crítica.

O texto impresso do mito latino-americano “La Llorona” será analisado em sala, permitindo que os alunos percebam suas estruturas narrativas e aproximações com temas sociais contemporâneos. Este mito, bastante difundido na América Latina, permite discutir desde gênero até memória cultural, servindo como ponte para a produção textual autoral.

Recursos simples como papel A4, canetas e marcadores coloridos são fundamentais para fomentar atividades criativas, como a produção de mapas mentais, resumos visuais ou reconstruções gráficas dos mitos. Já o uso de celulares ou tablets amplia as possibilidades de pesquisa, especialmente quando os alunos são incentivados a explorar adaptações contemporâneas de mitos em vídeos, podcasts ou blogs.

Por fim, o áudio da interpretação do mito, disponível gratuitamente pela Rádio USP, oferece uma experiência sensorial única e pode ser utilizado como disparador de discussões. Ouvir a narrativa ajuda a trabalhar aspectos de oralidade, ritmo e emoção nos textos míticos, além de favorecer a inclusão de alunos com diferentes estilos de aprendizagem.

 

Metodologia Utilizada e Justificativa

A metodologia ativa baseada em Design Thinking narrativo tem se mostrado uma abordagem inovadora e eficaz para o ensino da redação. Ao propor que os alunos criem seus próprios mitos, partindo de dilemas ou questões existenciais comuns à juventude contemporânea — como identidade, pertencimento, medo ou mudanças climáticas —, garante-se o engajamento por meio da personalização do conteúdo. Essa vivência prática permite que os estudantes explorem o processo criativo de forma estruturada, desde a identificação de um problema até a elaboração de uma narrativa mítica com personagens, símbolos e desfecho coerentes.

Paralelamente, o uso do Modelo Integrado de Leitura Crítica favorece a análise textual e a compreensão de como os mitos clássicos e contemporâneos articulam valores culturais e visão de mundo. Em sala, isso pode ser implementado por meio da leitura compartilhada de mitos indígenas brasileiros ou de tradições afro-diaspóricas, seguida de debates guiados que estimulem a interpretação simbólica e a comparação com situações atuais.

A justificativa central para essa abordagem está na sua eficácia frente aos desafios de redação em exames nacionais. Ao desenvolver a habilidade de articular argumentos ancorados em repertórios culturais, os alunos não apenas ampliam seu domínio de escrita, como também aprendem a reconhecer e reproduzir estruturas narrativas complexas. Esse conhecimento pode ser decisivo em propostas de redação que pedem reflexões sobre a condição humana, progresso social ou ancestralidade.

Por fim, essa metodologia também colabora com o desenvolvimento da expressão criativa e identidade do aluno, criando um espaço seguro para explorar emoções, crenças e vivências. Isso contribui para uma aprendizagem mais significativa e para o fortalecimento da autoestima literária dos estudantes, em consonância com os objetivos da BNCC.

 

Desenvolvimento da Aula

Preparo da aula

Para garantir uma aula engajadora e alinhada com os objetivos propostos, o professor deve reunir materiais que evidenciem a riqueza e diversidade dos mitos latino-americanos. Trechos como os da cosmogonia maia no Popol Vuh ou lendas como “La Llorona” e o “El Silbón” são excelentes pontos de partida. Recomenda-se ainda buscar questões de vestibulares em que a leitura de mitos seja cobrada de forma intertextual, evidenciando como elementos simbólicos e narrativos podem apoiar argumentos em redações e interpretações textuais.

Introdução da aula (10 min)

Comece com uma pergunta provocativa como: “Se não existisse a ciência, como contaríamos a origem da noite?” Essa abordagem estimula o pensamento crítico e conduz os estudantes à reflexão sobre as funções do mito. Em seguida, utilize recursos midiáticos — como vídeos animados ou áudios dramatizados de lendas — para despertar emoções e criar um ambiente imersivo. Um exemplo eficiente é o uso de animações curtas da “La Llorona”, seguidas de perguntas norteadoras sobre as possíveis origens e funções sociais da narrativa.

Atividade principal (30–35 min)

Divida os alunos em grupos e disponibilize diferentes mitos. Estimule a leitura crítica com foco em estrutura narrativa (início, clímax, desfecho), arquétipos presentes (heróis, monstros, divindades) e simbologias (noite, fogo, animais). Peça para que identifiquem relações entre o mito e alguma situação da atualidade. Por exemplo, um grupo que lê o mito da criação segundo os maias pode relacionar os ciclos de destruição e reconstrução aos impactos da crise climática.

Na sequência, desafie os estudantes a criar seus próprios mitos em resposta a questões contemporâneas, como o surgimento das redes sociais ou o sentimento de solidão nas grandes cidades. É fundamental que respeitem elementos formais do gênero, como linguagem simbólica, personagens arquetípicos e explicações míticas. Essa produção estimula a criatividade, argumentação simbólica e capacidade de síntese — competências valorizadas nos vestibulares.

Fechamento (5–10 min)

Conclua com uma roda de leitura dos mitos criados. Dê destaque aos elementos bem trabalhados: ambientação simbólica, uso de arquétipos ou pertinência ao tema proposto. Faça conexões com redações de vestibular que utilizaram temas semelhantes, como o ENEM de 2011 sobre invisibilidade social, mostrando como a simbologia mítica pode enriquecer a argumentação. Finalize orientando os alunos a manter um repertório cultural ativo para usar mitos como ferramentas argumentativas e estéticas.

 

Avaliação / Feedback

A avaliação será qualitativa e participativa, considerando aspectos como engajamento, interpretação dos mitos e domínio dos elementos estruturais na produção textual. O professor atuará como mediador durante os debates, incentivando a expressão de ideias e observando como os alunos articulam conceitos mitológicos ao longo das discussões.

Para estimular a autorreflexão, uma proposta interessante é solicitar que os alunos troquem textos e façam comentários construtivos sobre os trabalhos dos colegas, apontando tanto pontos fortes quanto possibilidades de melhoria. Essa atividade fomenta a escuta ativa, a empatia e o pensamento crítico.

Ao final da aula, recomenda-se a entrega de um feedback detalhado — oral ou por escrito — abordando critérios como coerência simbólica, criatividade na apropriação do mito, vinculação com temáticas contemporâneas e adequação ao gênero. Essa devolutiva pode ser feita em formato de roda de conversa, valorizando a participação coletiva.

Como recurso adicional, é possível criar uma rubrica de avaliação com descritores claros, que apoiem os alunos na autopercepção de suas produções textuais e funcionem como guia para futuras escritas. Isso também favorece a transparência e alinhamento com os objetivos da aula.

 

Integração Interdisciplinar

Esta aula oferece excelentes oportunidades de integração com outras áreas do conhecimento. Em História, por exemplo, os mitos podem ser explorados para analisar a cosmovisão de diferentes civilizações, como os astecas, incas e maias. Os alunos podem estudar como os mitos estruturavam as crenças, justificavam a organização social e explicavam fenômenos naturais, promovendo assim uma compreensão ampla da cultura dessas sociedades.

Na disciplina de Filosofia, os mitos podem servir como ponto de partida para o debate sobre os modos antigos de interpretar o mundo em contraposição ao surgimento do pensamento racional. É interessante propor atividades que estimulem os estudantes a comparar um mito de criação com teorias filosóficas, como as de Tales de Mileto ou Anaximandro, fazendo análises sobre a passagem do pensamento mítico ao pensamento lógico.

Outra possibilidade é envolver Arte e Linguagens, incentivando a produção multimodal: criar histórias em quadrinhos baseadas em mitos estudados, encenar passagens simbólicas ou elaborar podcasts temáticos. Assim, os alunos internalizam o conteúdo por meio de práticas expressivas e reflexivas. Em Geografia ou Sociologia, é possível relacionar os mitos à organização dos espaços sagrados e à dinâmica cultural nos territórios onde essas civilizações surgiram.

Esse trabalho interdisciplinar favorece o desenvolvimento do pensamento crítico, amplia o repertório sociocultural e contribui para uma leitura mais complexa do mundo, em sintonia com os objetivos da BNCC e com os principais temas cobrados em vestibulares.

 

Resumo para os Alunos

Hoje exploramos o universo dos mitos como forma de narrativa literária que atravessa séculos e continua a moldar a forma como entendemos a realidade. Iniciamos com a leitura e análise do mito latino-americano La Llorona, ícone folclórico que suscita reflexões sobre maternidade, perda e punição moral. Discutimos como a história ressurge em diferentes contextos e continua atual, mesmo em tempos modernos.

Durante a atividade em grupo, cada time teve o desafio de criar uma narrativa mítica usando elementos essenciais deste gênero, como personagens simbólicos, ambiente atemporal e explicações para fenômenos naturais ou comportamentais. Essa dinâmica possibilitou a aplicação prática do conteúdo, estimulando a criatividade, além de promover a compreensão intercultural entre diferentes tradições.

Reforçamos o papel dos mitos não apenas como textos literários, mas como veículos de memória coletiva e identidade cultural. Através deles, é possível reinterpretar o presente à luz do passado, desenvolvendo um repertório valioso para redações argumentativas e provas de vestibular.

Como aprofundamento, sugerimos que os alunos explorem os seguintes recursos:

 

Rodrigo Terra

Com formação inicial em Física, especialização em Ciências Educacionais com ênfase em Tecnologia Educacional e Docência, e graduação em Ciências de Dados, construí uma trajetória sólida que une educação, tecnologias ee inovação. Desde 2001, dedico-me ao campo educacional, e desde 2019, atuo também na área de ciência de dados, buscando sempre encontrar soluções focadas no desenvolvimento humano. Minha experiência combina um profundo conhecimento em educação com habilidades técnicas em dados e programação, permitindo-me criar soluções estratégicas e práticas. Com ampla vivência em análise de dados, definição de métricas e desenvolvimento de indicadores, acredito que a formação transdisciplinar é essencial para preparar indivíduos conscientes e capacitados para os desafios do mundo contemporâneo. Apaixonado por café e boas conversas, sou movido pela curiosidade e pela busca constante de novas ideias e perspectivas. Minha missão é contribuir para uma educação que inspire pensamento crítico, estimule a criatividade e promova a colaboração.

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