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Set with Friends — ensinar SET online: padrões e conjuntos

Como referenciar este texto: Set with Friends — ensinar SET online: padrões e conjuntos. Rodrigo Terra. Publicado em: 01/12/2025. Link da postagem: https://www.makerzine.com.br/educacao/set-with-friends-ensinar-set-online-padroes-e-conjuntos/.


 
 

Este texto apresenta orientações práticas para usar a plataforma em sala (e a distância), sugestões de sequências didáticas, adaptações por série e propostas de avaliação formativa. O objetivo é ajudar docentes a transformar o jogo em uma experiência de aprendizagem ativa e mensurável.

Ao longo das subseções você encontrará descrições do gameplay, exemplos de atividades, variações pedagógicas e recursos complementares para integrar o SET com projetos de matemática, robótica educacional e pensamento computacional.

 

O que é o jogo SET?

O SET é um jogo de observação e raciocínio que usa um baralho de 81 cartas — cada carta combina quatro atributos (cor, forma, quantidade e preenchimento), e cada atributo tem três possíveis variações. O objetivo é identificar tríades de cartas (conjuntos) em que, para cada atributo, as três cartas sejam todas iguais ou todas diferentes. A regra simples cria um desafio profundo: combinações que parecem óbvias podem esconder exceções e exigem atenção aos detalhes.

O gameplay é rápido e adaptável: partidas podem ser individuais, em pequenos grupos ou em disputas maiores; podem também ser cronometradas para trabalhar velocidade de processamento. Na versão online, como “Set with Friends”, a dinâmica se mantém, mas ganha facilidades de distribuição, registro de resultados e modos multiplayer em tempo real, o que facilita o uso em aulas presenciais e a distância.

Do ponto de vista pedagógico, SET é excelente para trabalhar reconhecimento de padrões, lógica combinatória, probabilidade e estratégias de busca. Professores podem explorar atividades guiadas — por exemplo, pedir que alunos justifiquem por que três cartas formam (ou não) um conjunto — para incentivar argumentação matemática e linguagem específica sobre atributos e regras.

Em sala, recomendo sequências que comecem por familiarização visual, avancem para tarefas de busca sem tempo e só depois incluam competição cronometrada. Na versão online, aproveite recursos como quadros compartilhados, registro de jogadas e estatísticas para feedback formativo; propostas de diferenciação podem incluir redução de atributos para turmas iniciais ou desafios de extensão envolvendo contagem de conjuntos possíveis e modelagem computacional simples.

 

Por que usar SET no ensino de Matemática?

O jogo SET é uma ferramenta pedagógica poderosa porque transforma conceitos abstratos de matemática em tarefas visuais e manipuláveis. Ao pedir que os alunos identifiquem conjuntos válidos entre cartas com quatro atributos, o jogo trabalha diretamente no reconhecimento de padrões e na discriminação de propriedades — habilidades centrais para a compreensão de conjuntos, classificação e relações entre elementos. Além disso, por ter regras simples e um espaço grande de combinações possíveis, oferece baixo limiar de entrada e alto teto de desafio, adequado para turmas heterogêneas.

Do ponto de vista cognitivo, jogar SET ativa raciocínio lógico, atendimento sustentado, memória de trabalho e estratégias combinatórias. Os estudantes praticam hipóteses (por exemplo, “se a cor for igual, então…”) e deduções rápidas ao confrontar múltiplas variáveis simultâneas. Essas práticas são transferíveis para temas formais de matemática escolar, como operações com conjuntos, introdução a relações e até noções iniciais de probabilidade e contagem.

No contexto da sala de aula, SET também se destaca como instrumento de avaliação formativa. Professores podem observar estratégias dos alunos, registrar erros recorrentes (confusão entre atributos, leitura apressada) e diferenciar intervenções: exercícios guiados para quem precisa de apoio e desafios de velocidade/complexidade para quem progide mais rápido. A versão online facilita esse processo ao permitir partidas remotas, estatísticas automáticas e agrupamentos flexíveis, ampliando as possibilidades didáticas em ensino híbrido.

Finalmente, integrar SET a sequências didáticas é simples e versátil: comece com rodadas orientadas para apresentar termos e regras, evolua para tarefas de descoberta em duplas e proponha desafios que conectem o jogo a conteúdos formais (problemas de contagem, criação de regras e representação simbólica). Com pequenas adaptações é possível alinhá-lo a objetivos curriculares, promover trabalho colaborativo e estimular pensamento algorítmico — competências essenciais na formação matemática contemporânea.

 

Como jogar Set with Friends (versão online)

Set with Friends é uma implementação online do jogo SET que reproduz a dinâmica básica: um tabuleiro com cartas que combinam quatro atributos (cor, forma, quantidade e preenchimento) e o objetivo de identificar conjuntos de três cartas em que cada atributo é todo igual ou todo diferente. Para começar, acesse a plataforma em Set with Friends, crie uma sala ou junte-se a uma existente, escolha o modo (rápido, clássico, ou prática) e convide os alunos por link. O anfitrião pode definir número de jogadores, tempo por rodada e ativar recursos como pistas ou histórico de movimentos.

No gameplay online, 12 cartas são exibidas inicialmente; quando não há conjuntos visíveis, o sistema adiciona três cartas extras. Os jogadores clicam nas cartas que acreditam formar um conjunto e, se estiverem corretos, ganham pontos e as cartas são substituídas. A plataforma geralmente inclui um temporizador, pontuação automática e indicadores de disputas (quem apertou primeiro), o que facilita a mediação em turmas grandes. Em modos de prática, o jogo oferece feedback imediato, ideal para treinar antes de partidas cronometradas com a turma.

Para uso em sala, é útil combinar partidas individuais e em equipes: proponha rodadas rápidas para aquecer, seguido de jogos por equipes para fomentar comunicação e justificativa de escolhas. O professor pode projetar a tela principal para a turma, controlar o ritmo e usar o chat ou áudio para pedir explicações sobre por que um trio é (ou não é) um conjunto, promovendo metacognição. Outra estratégia é criar torneios por grupos de habilidade e trocar pares de alunos para diversificar interações.

Por fim, aproveite os recursos pedagógicos da plataforma: registre resultados para avaliação formativa, exporte estatísticas quando disponível e adapte exercícios (por exemplo, focar somente em cor/forma) para trabalhar objetivos específicos. Considere também acessibilidade: aumente o zoom no tabuleiro, leia atributos em voz alta para alunos com baixa visão e permita tempo extra para quem precisar. Essas práticas transformam Set with Friends em uma ferramenta versátil tanto para ensino presencial quanto para aulas remotas.

 

Sequências didáticas sugeridas

Comece a sequência didática com uma aula de exploração livre para familiarizar os alunos com a interface do “Set with Friends” e com as quatro dimensões do jogo (cor, forma, quantidade e preenchimento). Nessa primeira etapa, proponha objetivos claros: reconhecer atributos, formar sets sem pressa e descrever estratégias em voz alta. Use momentos de demonstração coletiva e depois momentos de jogo em duplas para que os estudantes aprendam observando e praticando.

Na segunda e terceira aulas, avance para tarefas guiadas que foquem em estratégias específicas: procurar atributos iguais ou todos diferentes, eliminar cartas que não participam de sets e mapear padrões recorrentes. Inclua exercícios cronometrados curtos para treinar velocidade de percepção e atividades de reflexão em que os alunos justifiquem por escrito por que um trio é (ou não é) um set. Uma boa prática é alternar rounds competitivos com rodadas colaborativas para equilibrar engajamento e aprendizagem.

Para aprofundamento, proponha desafios com variações das regras: reduzir o número de atributos para turmas mais jovens, introduzir cartas extras que exigem dupla condição, ou pedir que os alunos criem questões abertas que envolvam contagem de combinações possíveis (introduzindo noções de combinatória). Ofereça adaptações por série: no ensino fundamental inicial trabalhe com menos atributos e apoio visual; no fundamental II e ensino médio, conecte o jogo a estatística, probabilidade e modelagem algébrica.

Finalize a sequência com uma atividade de avaliação formativa que registre desempenho e progresso estratégico, não apenas acertos rápidos. Use rubricas simples que avaliem identificação correta, explicação da estratégia e colaboração. Reúna evidências por gravações de tela, relatórios curtos ou portfólios digitais e proponha uma tarefa de extensão — por exemplo, projetar uma versão do jogo em Scratch ou propor um mini projeto interdisciplinar. Para materiais de apoio e cartas customizadas, consulte recursos online como a postagem original e bancos de fichas compartilháveis.

 

Adaptações por série e níveis de habilidade

Ao planejar adaptações por série e níveis de habilidade no “Set with Friends”, é importante alinhar os objetivos de aprendizagem ao desenvolvimento cognitivo dos alunos. Para turmas iniciais, priorize o reconhecimento visual e a linguagem matemática básica, enquanto em séries mais avançadas você pode explorar raciocínio combinatório, probabilidade e estratégias competitivas. Use a plataforma como um laboratório seguro para variar a complexidade das tarefas sem perder o foco nos conceitos centrais do jogo: cor, forma, quantidade e preenchimento.

Para o ensino fundamental I, proponha atividades guiadas com foco em dois atributos por vez, tempo ampliado para tomada de decisão e trabalho em duplas ou pequenos grupos. Professores podem criar sessões coletivas em que um aluno apresenta potenciais conjuntos e os colegas validam, promovendo argumentação e vocabular técnico. Recursos físicos (cartas impressas) podem ser usados em paralelo para alunos que se beneficiam de manipulação concreta antes de migrar para a versão online.

No fundamental II e no ensino médio, aumente a complexidade introduzindo desafios temporizados, torneios por equipes e tarefas metacognitivas — por exemplo, pedir que os alunos justifiquem por escrito por que um trio é ou não um conjunto. Explore variações do jogo (como reduzir o número de cartas em cena ou ajustar feedback da plataforma) para trabalhar conceitos matemáticos como permutações, combinações e probabilidades. Aproveite os dados de desempenho gerados pelo ambiente online para identificar padrões e planejar intervenções individuais.

Para turmas heterogêneas e alunos com necessidades especiais, adote diferenciação por suporte e produto: ofereça pistas visuais, uso de contraste elevado, voz sintetizada ou pares tutor-aluno; proponha tarefas com níveis de complexidade graduais e possibilite mais tempo de resposta. Avaliações formativas podem ser baseadas em rubricas simples que considerem precisão, rapidez progressiva e capacidade de argumentação. Em contexto remoto, combine sessões síncronas para instrução e avaliação oral com atividades assíncronas para prática individual, garantindo acessibilidade e acompanhamento contínuo.

 

Avaliação e evidências de aprendizagem

Ao avaliar o uso do jogo SET em contextos presenciais e remotos, é importante ampliar o conceito de evidência para além de acertos isolados. Evidências válidas incluem registros de partidas (logs de jogadas), capturas de tela de soluções, justificativas escritas ou orais dos alunos sobre por que um conjunto é válido, e observações do processo de resolução. Esses artefatos permitem avaliar não só a precisão, mas também o raciocínio, a estratégia e a capacidade de transferir padrões para situações novas.

Para avaliação formativa, integre ciclos curtos de feedback: rounds de 5–10 minutos seguidos de discussões, cartões de saída (exit tickets) com uma reflexão rápida sobre a estratégia usada e sessões de feedback entre pares. Use perguntas orientadoras como Como identificou esse conjunto? ou Que padrão observou primeiro? para capturar o pensamento dos alunos. O objetivo aqui é mapear progressos e dificuldades, ajustando a mediação pedagógica em tempo real.

Para avaliações somativas e registros de aprendizagem, recomendamos rubricas simples alinhadas a objetivos claros: precisão na identificação, clareza da justificativa, uso de estratégias eficazes e colaboração. Uma rubrica exemplificativa pode incluir:

  • Precisão: identifica conjuntos corretos de forma consistente;
  • Justificativa: explica por que as cartas formam um conjunto com linguagem matemática ou visual adequada;
  • Estratégia: usa abordagens sistemáticas (p. ex., eliminação por atributo) e adapta quando necessário;
  • Colaboração: contribui e responde no trabalho em pares ou grupos.

Na prática, combine dados automáticos da plataforma (tempo médio por acerto, número de conjuntos encontrados) com evidências qualitativas (justificativas, gravações de tela, relatórios de grupos) para compor portfólios digitais. Considere adaptações para avaliação remota — como tarefas cronometradas controladas, uso de salas de reunião para observação ao vivo e critérios explícitos para colaboração — e registre provas de autoria quando necessário. Assim, a avaliação passa a refletir tanto domínio conceitual quanto habilidades procedimentais e metacognitivas desenvolvidas com o SET.

 

Próximos passos e recursos

Para dar continuidade às atividades com SET, comece definindo próximos passos claros: agende sessões regulares de prática orientada, varie os níveis de desafio e documente o progresso dos alunos. Inicie com partidas cronometradas e tarefas de identificação isolada de atributos para consolidar a percepção visual; depois avance para atividades que exijam justificativas verbais ou escritas das escolhas, promovendo metacognição.

Explore recursos técnicos e pedagógicos que facilitam o trabalho remoto e híbrido: use a plataforma Set with Friends para criar salas, compartilhar telas e salvar partidas, e consulte tutoriais e FAQs para configurar turmas e relatórios. Se possível, exporte registros de jogo ou capture telas para compor portfólios digitais e facilitar a avaliação formativa.

Para avaliação e adaptação, combine métricas quantitativas (número de conjuntos identificados, tempo médio) com observações qualitativas (estratégias usadas, justificativas, colaboração). Proponha tarefas de nivelamento e fichas de autopontuação para que os alunos reflitam sobre seus progressos; use rubricas simples que valorizem tanto a precisão quanto o raciocínio explicável.

Finalmente, conecte-se a uma rede de suporte: compartilhe planos e variações em grupos de professores, procure repositórios de atividades ou crie uma coleção no site da escola. Recursos adicionais e inspirações podem ser encontrados na seção de educação da MakerZine: MakerZine — Educação, e em comunidades online que trocam sequências didáticas, desafios e extensões interdisciplinares para integrar SET a projetos de matemática e pensamento computacional.

 

Rodrigo Terra

Com formação inicial em Física, especialização em Ciências Educacionais com ênfase em Tecnologia Educacional e Docência, e graduação em Ciências de Dados, construí uma trajetória sólida que une educação, tecnologias ee inovação. Desde 2001, dedico-me ao campo educacional, e desde 2019, atuo também na área de ciência de dados, buscando sempre encontrar soluções focadas no desenvolvimento humano. Minha experiência combina um profundo conhecimento em educação com habilidades técnicas em dados e programação, permitindo-me criar soluções estratégicas e práticas. Com ampla vivência em análise de dados, definição de métricas e desenvolvimento de indicadores, acredito que a formação transdisciplinar é essencial para preparar indivíduos conscientes e capacitados para os desafios do mundo contemporâneo. Apaixonado por café e boas conversas, sou movido pela curiosidade e pela busca constante de novas ideias e perspectivas. Minha missão é contribuir para uma educação que inspire pensamento crítico, estimule a criatividade e promova a colaboração.

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