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Sociologia – Construção social da sexualidade (Plano de aula – Ensino médio)

Como referenciar este texto: Sociologia – Construção social da sexualidade (Plano de aula – Ensino médio). Rodrigo Terra. Publicado em: 01/11/2025. Link da postagem: https://www.makerzine.com.br/educacao/sociologia-construcao-social-da-sexualidade-plano-de-aula-ensino-medio/.


 
 

Esta aula tem como objetivo central apresentar aos alunos do ensino médio os principais conceitos relacionados à construção social da sexualidade, destacando as diferenças entre os aspectos biológicos e culturais que a compõem. Trata-se de uma abordagem essencial para promover a reflexão crítica sobre as normas de gênero, a diversidade sexual e os papéis sociais historicamente atribuídos.

A proposta pedagógica parte da utilização de metodologias ativas, incentivando o protagonismo estudantil, o trabalho em grupo e o diálogo interdisciplinar entre Sociologia e Biologia, especialmente no que diz respeito à diferenciação entre sexo biológico e gênero.

Este roteiro é pensado para uma aula de 50 minutos, com estratégias que favorecem a participação ativa dos estudantes, tendo como eixo a análise crítica de situações do cotidiano, trechos de vídeos e discussões em grupo.

Ao final, o professor terá em mãos um resumo para ser partilhado com os estudantes, além de sugestões de materiais complementares de acesso gratuito e em português, fortalecendo a continuidade do aprendizado para além da sala de aula.

 

Objetivos de aprendizagem

1. Compreender a sexualidade como uma construção social influenciada por fatores históricos e culturais. Este objetivo busca ampliar a visão dos estudantes sobre a sexualidade, indo além de uma abordagem puramente biológica. Em sala de aula, o professor pode propor a análise de linhas do tempo que mostrem como diferentes épocas e culturas abordaram a sexualidade de maneiras distintas, incentivando os alunos a discutir como valores sociais e religiosos moldaram tais visões.

2. Diferenciar os conceitos de sexo, gênero e sexualidade, reconhecendo suas implicações sociais. É importante que os estudantes compreendam que sexo está relacionado a características biológicas, enquanto gênero está ligado à identidade e aos papéis atribuídos socialmente. Para aprofundar essa compreensão, recomenda-se a elaboração de esquemas comparativos em grupo e a utilização de trechos de documentários ou entrevistas que ilustrem vivências diversas, promovendo empatia e o entendimento da pluralidade humana.

3. Promover a reflexão crítica sobre normas de gênero e estigmas associados à diversidade sexual. Para alcançar esse objetivo, a sala pode ser organizada em rodas de conversa com perguntas norteadoras, como: “Quais comportamentos considerados ‘masculinos’ ou ‘femininos’ você vê sendo reforçados na mídia?” ou “Você já testemunhou ou vivenciou algum estigma relacionado à sexualidade?”. Atividades como essas ajudam os alunos a reconhecerem a existência e os efeitos das normas e preconceitos sociais na vida cotidiana.

Ao abordar esses objetivos com atividades práticas, diversificadas e interativas, os educadores fortalecem o pensamento crítico dos estudantes e criam um espaço seguro para o diálogo aberto sobre temas muitas vezes tratados com tabu ou desinformação.

 

Materiais utilizados

Para tornar a aula mais dinâmica e significativa, foram selecionados materiais que fomentam a participação ativa dos alunos e incentivam a reflexão crítica. O uso de um projetor ou televisão com acesso à internet é essencial para exibir vídeos educativos e pequenos trechos de documentários que contextualizem a construção social da sexualidade. Um bom exemplo é o vídeo “Gênero, sexo e sexualidade”, disponível no canal da Universidade Federal de Pelotas no YouTube. Ele apresenta, de forma acessível, a diferença entre os conceitos de sexo, gênero e sexualidade, sendo um excelente ponto de partida para o debate em sala.

Materiais como cartolinas, canetas coloridas e post-its também desempenham papel importante, especialmente durante as atividades em grupo. Os estudantes podem utilizá-los para mapear ideias principais, construir painéis conceituais ou esquemas de contraste entre as visões biológicas e sociológicas da sexualidade. Essa produção visual torna o conteúdo mais tangível e facilita a assimilação dos conceitos.

Para aprofundamento teórico, recomenda-se o uso de textos de apoio, como trechos da cartilha “Orientações sobre identidade de gênero”, elaborada pela UFRGS. Esse material fornece bases conceituais atualizadas com linguagem acessível aos jovens, além de abordar exemplos práticos de como a identidade de gênero se manifesta no cotidiano.

Esses recursos somam-se à metodologia ativa da aula, facilitando a compreensão dos temas e promovendo um ambiente de aprendizagem mais reflexivo, colaborativo e contextualizado.

 

Metodologia utilizada e justificativa

A proposta metodológica desta aula se baseia na aprendizagem baseada em projetos (PBL) e nas rodas de conversa, escolhidas por seu potencial em tornar os estudantes agentes ativos de seu próprio aprendizado. Com o PBL, os alunos são desafiados a investigar e propor soluções para questões relacionadas à sexualidade enquanto construção social, desenvolvendo competências como autonomia, pensamento crítico e trabalho em equipe.

As rodas de conversa complementam essa abordagem promovendo a escuta ativa, a empatia e a troca de perspectivas entre os participantes. Por exemplo, pode-se iniciar a atividade com a exibição de um trecho de documentário sobre diversidade sexual, seguido de uma discussão conduzida com perguntas orientadoras, como: “O que é naturalizado em nossa sociedade em relação à sexualidade?” ou “Como nossa cultura influencia a forma como percebemos o gênero?”.

A interdisciplinaridade com a Biologia será abordada de forma prática, ao diferenciar conceitos como sexo biológico, gênero, identidade de gênero e orientação sexual. O professor pode planejar em conjunto com o colega de Biologia uma atividade comparativa entre os aspectos fisiológicos e as construções sociais, como uma tabela ou infográfico colaborativo. Isso fortalece a compreensão dos alunos e evidencia a importância do diálogo entre as ciências humanas e naturais.

Essa metodologia também se justifica pela necessidade de criar um ambiente seguro e acolhedor na escola para debater temas que muitas vezes são marginalizados. Dar voz aos estudantes e valorizar suas vivências torna a aula mais significativa e fortalece laços de respeito e cidadania crítica.

 

Desenvolvimento da aula

Preparo da aula

Antecipadamente, o professor deve selecionar os recursos audiovisuais a serem utilizados, certificando-se de que estejam acessíveis e tecnicamente funcionais. É recomendável baixar vídeos e documentos, como os materiais públicos disponibilizados pela UFRGS, evitando depender de conexão com a internet durante a aula. Testar projetores e caixas de som garante que os estudantes acompanhem bem o conteúdo, especialmente para vídeos com áudio complexo.

Introdução da aula (10 min)

O primeiro momento da aula deve provocar reflexão. Ao perguntar aos alunos: “Você nasceu homem ou mulher, ou foi ensinado a ser?”, o professor estimula uma desconstrução dos conceitos tidos como naturais. Registre as diferentes respostas no quadro, categorizando-as por temas como ‘fatores biológicos’, ‘influência familiar’, ‘papéis sociais’ etc. Isso ajuda a visualizar a diversidade de percepções presentes em sala, promovendo empatia e abrindo espaço para o debate conceitual.

Atividade principal (30-35 min)

Após exibir o vídeo “Gênero, sexo e sexualidade” (duração aprox. de 8 minutos), organize a turma em grupos de 4 a 5 alunos. Oriente para que identifiquem situações cotidianas – como atividades esportivas, formas de vestir ou preferências escolares – em que haja imposição ou julgamento baseado em expressões de gênero e sexualidade. Com base nessas discussões, os grupos devem elaborar mini-cartazes com exemplos, definições breves e elementos visuais que traduzam o aprendizado. Essa produção favorece a mediação entre teoria e realidade vivida.

Fechamento (5-10 minutos)

Reserve os minutos finais para que cada grupo apresente seu cartaz em até 2 minutos. Em seguida, organize uma roda de conversa guiada por questões como: “O que mais surpreendeu vocês nas discussões?” ou “Que mudanças gostariam de ver no ambiente escolar a partir do que aprenderam hoje?”. Para consolidar o conteúdo, distribua um resumo impresso com os principais conceitos (como sexo biológico, identidade de gênero, orientação sexual e expressão de gênero), além de links para acesso a vídeos e artigos complementares. Isso reforça o aprendizado contínuo para além do espaço escolar.

 

Avaliação / Feedback

A avaliação será tanto diagnóstica quanto formativa, com atenção especial à qualidade da participação dos estudantes durante as discussões em grupo. O professor pode observar se os alunos conseguem utilizar adequadamente termos como “gênero”, “sexo biológico” e “construção social” em suas argumentações. Além disso, avaliar a escuta ativa e o respeito às opiniões divergentes contribui para mensurar o desenvolvimento de competências socioemocionais e cidadãs.

Durante a atividade principal, os grupos podem apresentar suas reflexões por meio de pequenos seminários, dramatizações ou cartazes. O professor deve oferecer devolutivas construtivas orais imediatas, incentivando o aprofundamento e o rigor conceitual. A coerência das ideias apresentadas e o uso de exemplos concretos serão critérios avaliativos importantes.

Ao final da aula, uma estratégia simples e eficaz de feedback será aplicada: cada aluno escreverá em um post-it uma palavra que represente o aprendizado mais significativo ou uma dúvida persistente. Essa ação rápida oferece ao professor uma visão panorâmica sobre as compreensões e lacunas da turma, facilitando o planejamento de intervenções pedagógicas futuras.

Além disso, o professor pode compilar os post-its e utilizá-los como ponto de partida para uma roda de conversa na aula seguinte, promovendo a continuidade do debate e fortalecendo o vínculo entre conteúdo e experiência pessoal dos alunos. Essa prática promove a autorreflexão e a metacognição, pilares importantes da aprendizagem significativa.

 

Resumo para os alunos

Resumo da Aula – Construção Social da Sexualidade

Na aula de hoje, aprendemos que a sexualidade humana não deve ser compreendida apenas pela perspectiva biológica. Embora o sexo diga respeito às características físicas atribuídas ao nascimento, o gênero trata dos papéis sociais e comportamentos esperados para homens e mulheres, que variam conforme a cultura e o tempo. Já a sexualidade abrange dimensões mais amplas, como o desejo, a identidade afetiva e a forma como cada pessoa se relaciona consigo mesma e com os outros.

Para ilustrar essas diferenças, discutimos situações do cotidiano em que normas de gênero são reforçadas de maneira implícita, como na divisão de brinquedos para meninas e meninos, na publicidade e nas expectativas familiares. Em grupos, os estudantes analisaram trechos de vídeos curtos e refletiram sobre como essas construções sociais moldam nossas atitudes, mesmo sem percebermos. Foi destacado o papel da mídia, da escola e da família na manutenção ou transformação desses padrões.

Como aprofundamento, indicamos dois materiais de apoio que podem ser acessados gratuitamente: o vídeo “Gênero, sexo e sexualidade” – UFPEL e a Cartilha de Identidade de Gênero – UFRGS. Esses recursos reforçam a ideia de que o entendimento da sexualidade requer olhar crítico sobre normas sociais estabelecidas.

Na próxima aula, vamos explorar como as políticas públicas no Brasil têm buscado enfrentar o preconceito relacionado ao gênero e à sexualidade, ampliando os debates iniciados hoje.

 

Rodrigo Terra

Com formação inicial em Física, especialização em Ciências Educacionais com ênfase em Tecnologia Educacional e Docência, e graduação em Ciências de Dados, construí uma trajetória sólida que une educação, tecnologias ee inovação. Desde 2001, dedico-me ao campo educacional, e desde 2019, atuo também na área de ciência de dados, buscando sempre encontrar soluções focadas no desenvolvimento humano. Minha experiência combina um profundo conhecimento em educação com habilidades técnicas em dados e programação, permitindo-me criar soluções estratégicas e práticas. Com ampla vivência em análise de dados, definição de métricas e desenvolvimento de indicadores, acredito que a formação transdisciplinar é essencial para preparar indivíduos conscientes e capacitados para os desafios do mundo contemporâneo. Apaixonado por café e boas conversas, sou movido pela curiosidade e pela busca constante de novas ideias e perspectivas. Minha missão é contribuir para uma educação que inspire pensamento crítico, estimule a criatividade e promova a colaboração.

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