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Sociologia – Desenvolvimento (Polany) e Subdesenvolvimento (Plano de aula – Ensino médio)

Como referenciar este texto: Sociologia – Desenvolvimento (Polany) e Subdesenvolvimento (Plano de aula – Ensino médio). Rodrigo Terra. Publicado em: 16/11/2025. Link da postagem: https://www.makerzine.com.br/educacao/sociologia-desenvolvimento-polany-e-subdesenvolvimento-plano-de-aula-ensino-medio/.


 
 

Por meio de uma metodologia ativa baseada em estudo de caso e discussão em grupo, os alunos serão convidados a pensar criticamente a respeito dos modelos de desenvolvimento adotados por diferentes países, especialmente os do chamado Sul Global. A aula buscará explorar as raízes do subdesenvolvimento como uma construção histórica e não como uma condição natural.

Utilizando exemplos do cotidiano e de eventos geopolíticos recentes, será possível correlacionar as transformações estruturais nos sistemas econômicos globais com os impactos sociais e culturais locais. A teoria de Polanyi, centrada na crítica à mercantilização da vida e à separação das esferas econômicas e sociais, será chave para esse entendimento.

Ao final da aula, espera-se que os alunos consigam compreender os conceitos de desenvolvimento e subdesenvolvimento em maior profundidade e identificar como esses conceitos se manifestam em suas realidades locais.

 

Objetivos de Aprendizagem

Ao final desta aula, os estudantes deverão ser capazes de compreender os conceitos de desenvolvimento e subdesenvolvimento a partir da perspectiva sociológica. Isso inclui distinguir abordagens tradicionais e críticas, como a de Karl Polanyi, e compreender como esses conceitos se formam historicamente. Para facilitar essa compreensão, sugere-se a leitura de trechos selecionados de A Grande Transformação, associando-os a dinâmicas contemporâneas, como a financeirização de serviços essenciais ou a precarização do trabalho.

Outro objetivo essencial é relacionar a teoria de Polanyi com os processos históricos de globalização, enfatizando suas implicações sociais. Os alunos podem, por exemplo, realizar em grupos apresentações sobre como diferentes países do Sul Global vivenciaram políticas de ajuste estrutural nas décadas de 1980 e 1990 e como esses processos impactaram suas economias, com especial atenção ao desmonte de proteções sociais.

A aula também buscará estabelecer conexões entre formas de desenvolvimento e os contextos históricos, culturais e econômicos. Nesse sentido, os alunos vão analisar estudos de caso como o crescimento industrial da Coreia do Sul, comparado ao modelo agroexportador de países latino-americanos. Isso permitirá que percebam o desenvolvimento como um processo político e situado.

Esses objetivos podem ser alcançados a partir de metodologias participativas, como rodas de discussão, debates regrados e análises de reportagens e dados do IBGE. Incentivar os alunos a trazerem exemplos de suas vivências no bairro ou município ajuda a construir uma ponte entre teoria e realidade.

 

Materiais Utilizados

Para que a aula sobre desenvolvimento e subdesenvolvimento seja dinâmica, interdisciplinar e envolvente, a seleção dos materiais foi pensada com foco em recursos acessíveis e interativos. O mapa-múndi, seja impresso ou digital, ajuda os alunos a visualizarem a distribuição geográfica dos países considerados desenvolvidos, em desenvolvimento e subdesenvolvidos, tornando mais concreto o debate sobre desigualdades regionais e econômicas.

O projetor multimídia é essencial para exibir vídeos curtos, gráficos interativos e trechos de reportagens internacionais, que contextualizem situações do Sul Global mencionadas durante a aula. Além disso, será utilizado para projetar frases-chave de Karl Polanyi e mapas socioeconômicos que complementem a compreensão crítica dos alunos.

O texto introdutório sobre Karl Polanyi deve ser selecionado de fontes confiáveis, como o SciELO ou a Biblioteca Digital da Unicamp. Escolha trechos acessíveis para o ensino médio, com destaque para sua crítica à economia desinserida do contexto social. A sugestão é dividir os alunos em pequenos grupos, cada um com a missão de interpretar e apresentar um parágrafo do texto, facilitando o entendimento coletivo.

Materiais como cartolinas, post-its e canetas coloridas permitem atividades como construção de painéis temáticos, mapas conceituais colaborativos ou esquemas comparativos entre desenvolvimento e subdesenvolvimento. O uso de celulares com acesso à internet será supervisionado para a busca de dados atualizados sobre os indicadores de desenvolvimento de diferentes países, estimulando competências de pesquisa e análise crítica de informações.

 

Metodologia Utilizada e Justificativa

A aula será conduzida por meio da metodologia ativa de Aprendizagem Baseada em Casos, permitindo que os alunos analisem diferentes situações concretas de países com trajetórias de desenvolvimento e subdesenvolvimento. A proposta é trabalhar com estudos de caso como os modelos de industrialização da Coreia do Sul e do Brasil, incentivando comparações e a reflexão crítica sobre os fatores que impulsionam ou limitam o crescimento econômico e social.

Essa abordagem se justifica pela necessidade de tornar os conceitos sociológicos mais acessíveis e aplicáveis ao mundo real. Ao integrar conteúdos de geografia, história e atualidades, a aula favorece uma análise mais rica e interdisciplinar. Por exemplo, ao discutir a globalização, os estudantes podem analisar como políticas de ajuste estrutural impactaram diversos países africanos e latino-americanos nos anos 1980 e 1990.

Além disso, a pesquisa em grupo e os debates orientados promovem a autonomia intelectual e a formação de opinião embasada, elementos centrais para a formação de cidadãos críticos. Ao invés de memorizar definições, os alunos são incentivados a identificar os processos históricos, políticos e econômicos por trás dos discursos sobre desenvolvimento e subdesenvolvimento.

Como dica prática, o professor pode utilizar reportagens recentes, dados do PNUD ou vídeos explicativos para ilustrar os temas tratados, tornando a aula mais dinâmica e conectada ao cotidiano. Também é possível propor mapas mentais comparativos entre países ou indicadores sociais como forma de visualizar as desigualdades e transformações discutidas.

 

Preparo da Aula

Antes do início da aula, é fundamental que o professor realize um preparo cuidadoso e criterioso para garantir um aprendizado significativo. A seleção de dois estudos de caso sobre países com trajetórias econômicas contrastantes — como Noruega e Haiti — é um ponto de partida valioso. Essas escolhas devem se basear em fontes confiáveis, como o IBGE Educação, IPEA, ou até relatórios do Banco Mundial e da ONU, assegurando dados atualizados e contextualizados. O objetivo é instigar o olhar crítico dos alunos sobre a noção de “desenvolvimento” como algo historicamente construído e não universal.

Além dos estudos de caso, recomenda-se a leitura antecipada de trechos selecionados da obra A Grande Transformação, de Karl Polanyi. O ideal é que o professor escolha passagens que abordem a crítica à mercantilização das relações sociais e à ideia de que os mercados podem funcionar de forma autônoma em relação à sociedade. Esses excertos podem ser distribuídos em formato digital (PDF) ou impresso, dependendo da infraestrutura disponível na escola, sempre com o cuidado de incluir uma breve contextualização para facilitar a compreensão dos estudantes.

Para dar suporte visual e guiar a discussão, a elaboração de slides ou cartazes com mapa conceitual das principais ideias de Polanyi é altamente recomendada. No cartaz, destaque conceitos-chave como “mercado autorregulado”, “sociedade desembedada”, e “movimento duplo”. Essa ferramenta permitirá que os alunos se orientem durante a análise dos casos e ajuda a conectar teoria e prática.

Professores também podem preparar um roteiro de perguntas para orientar a discussão em grupo. Perguntas como “Quais fatores históricos impactaram o desenvolvimento ou subdesenvolvimento deste país?”, ou “Como as políticas econômicas interferiram nas formas de vida locais?”, podem ser úteis para fomentar o pensamento crítico. Com esse preparo, a aula ganha em profundidade e contribui para que os alunos compreendam como o tema se insere em uma perspectiva sociológica crítica e interdisciplinar.

 

Introdução da Aula (10 min)

Para iniciar a aula de forma instigante, o professor projetará imagens cuidadosamente selecionadas que evidenciem as condições contrastantes entre um país considerado desenvolvido (como Suécia ou Japão) e um país classificado como subdesenvolvido (como Haiti ou Sudão). As imagens podem incluir aspectos como infraestrutura, acesso à educação, saúde, transportes ou meio ambiente. Cada dupla de alunos será convidada a observar essas imagens e refletir: O que diferencia esses dois contextos e por quê?. Essa atividade promove uma análise visual crítica e estimula o engajamento imediato com os conteúdos que serão abordados.

Em seguida, cada dupla anotará sua reflexão em um post-it e o fixará no quadro ou em um painel de ideias. O professor organizará brevemente as respostas por temas recorrentes como desigualdade, industrialização, colonização, acesso a recursos e políticas públicas. Essa sistematização servirá como gancho para introduzir os conceitos centrais da aula: desenvolvimento, subdesenvolvimento e os fatores sociológicos e históricos relacionados a esses termos.

Para aprofundar o momento, o professor pode fazer perguntas provocativas como: Será que desenvolvimento significa apenas ter mais tecnologia? ou De que forma o contexto histórico de um país influencia sua posição econômica atual?. Essa mediação reflexiva pavimentará o caminho para a introdução das teorias sociológicas, em especial as de Karl Polanyi, que contribuem para uma leitura crítica das desigualdades no sistema mundial.

Uma dica prática é alternar os pares de alunos após essa primeira troca para a próxima atividade, estimulando outros pontos de vista e maior interação entre a turma. Utilizar post-its também permite ao professor recolher dados qualitativos sobre a percepção dos alunos, que poderão ser retomados ao final da aula para avaliar a evolução da compreensão conceitual.

 

Atividade Principal (35 min)

A atividade principal propõe uma dinâmica de grupo centrada na análise de dois estudos de caso contrastantes: Noruega, como exemplo de país desenvolvido, e Haiti, como caso de país com altos índices de subdesenvolvimento. Os alunos serão divididos em pequenos grupos e receberão fichas com dados econômicos, sociais e históricos de cada país, além de textos-base sobre a teoria de Karl Polanyi. O objetivo é que os estudantes usem esses elementos para refletir criticamente sobre os fatores que levaram cada nação às suas situações atuais.

No processo de análise, o professor pode orientar os grupos com perguntas que estimulem conexões conceituais, como: “Como a mercantilização de recursos naturais e serviços afetou a estrutura social local?”, ou “De que maneira o Haiti foi impactado por dinâmicas históricas globais em comparação com a Noruega?”. Essa etapa deve durar cerca de 20 minutos, tempo necessário para que os alunos organizem ideias e sistematizem as observações em forma de cartaz.

Na segunda parte, cada grupo apresenta seu cartaz comparativo destacando os principais fatores que explicam as diferenças e semelhanças entre os dois contextos, com base na teoria de Polanyi. É interessante que as apresentações incentivem o debate entre os colegas, promovendo uma escuta ativa e reflexiva sobre os caminhos históricos do desenvolvimento e suas consequências sociais.

Por fim, a aula se encerra com um diálogo coletivo mediado pelo professor, onde os alunos discutem como elementos como globalização econômica, fluxos de capitais e políticas internacionais moldam diferentes trajetórias nacionais. Essa conclusão ajuda a reforçar a ideia de que o subdesenvolvimento não é uma condição natural, mas sim o resultado de processos históricos e estruturais interdependentes que podem ser compreendidos por meio da perspectiva sociológica.

 

Fechamento (5 a 10 min)

No momento de fechamento da aula, o professor irá recalibrar o foco nos conceitos principais abordados, especialmente o desenvolvimento entendido como um processo histórico, condicionado por fatores sociais, culturais, econômicos e políticos. Essa retomada buscará enfatizar que o desenvolvimento não segue uma única trajetória e tampouco deve ser visto como resultado exclusivo de esforço individual ou políticas isoladas. Ao convidar os alunos a pensar sobre o Brasil nesse contexto, será possível discutir tanto avanços como limites estruturais ligados à herança colonial, aos modelos econômicos adotados e à inserção subordinada no sistema global.

Para ampliar a análise crítica, o conteúdo será interligado com temas da geografia, como a distribuição desigual de recursos e infraestrutura, e da história, como os desdobramentos do colonialismo e da industrialização tardia. Incentiva-se que os estudantes conectem esses elementos às realidades locais, considerando como os contextos regionais brasileiros reproduzem, ou resistem, aos padrões de subdesenvolvimento.

Além da conversa em sala, os alunos serão orientados a acessar o portal Brasil.IO, uma base aberta de dados públicos sobre indicadores sociais e econômicos do Brasil. A proposta é que, até a aula seguinte, cada estudante escolha ao menos dois estados brasileiros com diferentes níveis de desenvolvimento para comparar índices como PIB per capita, taxa de alfabetização e acesso a saneamento básico. Essa análise formará a base para uma reflexão escrita crítica, que relacione os dados com os conceitos estudados.

Essa tarefa promoverá a autonomia na pesquisa e o letramento estatístico dos alunos, permitindo que vejam na prática como a estrutura socioeconômica do país reflete desigualdades internas e históricas. O exercício consolida o entendimento da abordagem de Polanyi ao conectar o plano teórico à realidade concreta de diferentes regiões brasileiras.

 

Avaliação / Feedback e Observações

A avaliação será formativa, centrada na observação contínua do envolvimento dos alunos e no processo de construção do conhecimento. Durante as discussões em grupo, o professor deverá atentar-se à argumentação, escuta ativa e capacidade de articular os conceitos de desenvolvimento e subdesenvolvimento com exemplos reais. Um instrumento útil pode ser uma ficha de observação com critérios como clareza de ideias, respeito às falas dos colegas e pertinência das contribuições.

A elaboração dos cartazes comparativos também será elemento-chave na avaliação, pois permite visualizar como os alunos compreendem as diferentes abordagens teóricas e os aplicam a contextos históricos e geográficos distintos. Recomenda-se que os cartazes sejam apresentados oralmente à turma, promovendo um espaço de síntese e expressão crítica. Após a apresentação, o professor poderá oferecer feedback oral imediato, destacando pontos fortes e sugerindo melhorias.

Como complemento, a atividade escrita sugerida para casa — como a redação de um pequeno ensaio ou relato reflexivo — funcionará como espaço de consolidação das aprendizagens. É importante que ela estimule a relação entre os conceitos discutidos em aula e a vivência dos estudantes, por exemplo, por meio da análise de notícias atuais ou experiências comunitárias.

Recomenda-se que o professor registre observações qualitativas sobre o desempenho de cada grupo e de alunos individualmente, prestando atenção especial à evolução ao longo das aulas. Esse registro permite não apenas ajustar intervenções pedagógicas, mas também dialogar com os estudantes sobre seus próprios processos de aprendizagem, incentivando a autorreflexão e a autonomia crítica.

 

Resumo para os Alunos

Nesta aula, abordamos os conceitos de desenvolvimento e subdesenvolvimento a partir das ideias de Karl Polanyi. Discutimos como essas categorias não são naturais nem neutras, mas fruto de processos históricos e escolhas políticas. Segundo Polanyi, o desenvolvimento não pode ser entendido apenas pelo crescimento econômico, mas deve considerar o bem-estar social e a integração entre economia e sociedade.

Por meio de análise de casos reais, refletimos sobre como certos países avançam economicamente enquanto outros enfrentam desafios estruturais, mostrando que o subdesenvolvimento resulta de relações globais desiguais. Utilizamos gráficos, mapas e dados socioeconômicos para comparar diferentes contextos, identificando como a globalização impacta tanto positivamente quanto negativamente a vida cotidiana.

Durante as discussões em grupo, os alunos puderam compartilhar percepções sobre como essas questões aparecem em suas comunidades. Debatemos, por exemplo, o acesso desigual à saúde e educação, além das influências externas que moldam as políticas públicas no Brasil. Essa troca promoveu um olhar crítico e colaborativo sobre o tema.

Para aprofundar, recomendamos pesquisar indicadores sociais do seu estado no site Brasil.IO. Observe estatísticas como IDH, PIB per capita e taxa de escolarização. Traga esses dados para a próxima aula, pois vamos debater como os números revelam (ou escondem) realidades sociais diversas.

 

Rodrigo Terra

Com formação inicial em Física, especialização em Ciências Educacionais com ênfase em Tecnologia Educacional e Docência, e graduação em Ciências de Dados, construí uma trajetória sólida que une educação, tecnologias ee inovação. Desde 2001, dedico-me ao campo educacional, e desde 2019, atuo também na área de ciência de dados, buscando sempre encontrar soluções focadas no desenvolvimento humano. Minha experiência combina um profundo conhecimento em educação com habilidades técnicas em dados e programação, permitindo-me criar soluções estratégicas e práticas. Com ampla vivência em análise de dados, definição de métricas e desenvolvimento de indicadores, acredito que a formação transdisciplinar é essencial para preparar indivíduos conscientes e capacitados para os desafios do mundo contemporâneo. Apaixonado por café e boas conversas, sou movido pela curiosidade e pela busca constante de novas ideias e perspectivas. Minha missão é contribuir para uma educação que inspire pensamento crítico, estimule a criatividade e promova a colaboração.

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