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Sociologia – Globalização (Milton Santos) (Plano de aula – Ensino médio)

Como referenciar este texto: Sociologia – Globalização (Milton Santos) (Plano de aula – Ensino médio). Rodrigo Terra. Publicado em: 09/11/2025. Link da postagem: https://www.makerzine.com.br/educacao/sociologia-globalizacao-milton-santos-plano-de-aula-ensino-medio/.


 

A globalização não é um fenômeno homogêneo nem beneficia a todos igualmente. Milton Santos oferece um conceito fundamental: a globalização perversa, que aprofunda desigualdades e concentra o poder em poucas regiões. O estudo dessas ideias promove uma visão crítica e interdisciplinar sobre o mundo globalizado.

Além de compreender os conceitos sociológicos e geográficos, os estudantes serão incentivados a fazer conexões com seu cotidiano, sua realidade local e notícias que circulam nos meios de comunicação, desenvolvendo senso crítico frente ao mundo contemporâneo.

A interdisciplinaridade será explorada principalmente com a Geografia, mas também abriremos espaço para conexões com Economia, atualidades e História.

Com apoio de uma metodologia ativa, propomos um trabalho colaborativo de análise de mapas e reportagens, estimulando reflexões e argumentações que aproximem o aluno das discussões sociológicas atuais sobre desenvolvimento e globalização.

 

Objetivos de Aprendizagem

Os objetivos de aprendizagem desta aula giram em torno da compreensão crítica da globalização, com ênfase nas reflexões do geógrafo Milton Santos. O primeiro passo é garantir que os estudantes possam identificar o conceito de globalização para além de sua definição econômica e tecnológica, entendendo suas dimensões culturais, políticas e sociais. Milton Santos propõe a ideia de uma ‘globalização perversa’, que será apresentada aos alunos de forma acessível e contextualizada, permitindo conexões com elementos atuais.

Outro objetivo central é fomentar a análise da relação entre globalização, desenvolvimento e subdesenvolvimento. Para isso, os alunos serão convidados a investigar como o sistema globalizado favorece certos países e regiões enquanto aprofunda desigualdades em outras partes. Como exemplo, podem ser utilizados mapas comparativos de IDH e acesso à tecnologia, além de reportagens que abordem a dependência econômica de países do Sul Global.

Será incentivado o desenvolvimento do pensamento crítico e da argumentação fundamentada com base em dados e acontecimentos reais. Atividades como debates em grupo, interpretação de gráficos econômicos e análise de casos atuais — como a distribuição desigual de vacinas durante a pandemia — ajudarão os alunos a conectar teoria e prática, ampliando sua compreensão sobre os efeitos da globalização.

Esses objetivos permitirão que os discentes desenvolvam sua capacidade de leitura de mundo de maneira crítica, reflexiva e propositiva, características fundamentais para a formação cidadã no contexto do ensino médio.

 

Materiais Utilizados

Para garantir o engajamento dos alunos e a efetiva compreensão da abordagem crítica de Milton Santos sobre a globalização, é essencial utilizar uma variedade de materiais que possibilitem uma experiência didática rica e dinâmica. Um mapa-múndi impresso ou projetado será um recurso central para localizar os centros e periferias da economia global, permitindo que os estudantes visualizem fisicamente os espaços de exclusão e concentração de poder descritos por Santos.

Os recortes de jornais ou sites de notícias atuais sobre questões econômicas globais são fundamentais para conectar a teoria à realidade. Esses textos podem abordar desde processos de desindustrialização nos países periféricos até a concentração de empresas multinacionais em regiões centrais. Os alunos podem trabalhar em grupos para analisar essas reportagens, relacionando-as com os conceitos de globalização perversamente desigual.

O vídeo “Por uma outra globalização”, encontrado em canais educativos no YouTube, é uma excelente introdução às ideias de Milton Santos. Recomendamos exibi-lo integralmente ou em trechos-chave, seguido de um debate em sala sobre os principais conceitos abordados, como a globalização como fábula e como perversidade.

Além disso, a cópia resumida de um texto de Milton Santos com licença aberta – como os disponíveis no SciELO – permitirá que os alunos tenham contato direto com a linguagem do autor, promovendo leitura crítica e análise textual. Para consolidar o aprendizado, atividades com cartolinas e marcadores podem ser realizadas para construção de mapas mentais que sintetizem as ideias principais da aula, promovendo também o trabalho colaborativo e a organização dos conhecimentos adquiridos.

 

Metodologia Utilizada e Justificativa

A aula será conduzida com base na metodologia ativa da Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP), uma estratégia que promove o protagonismo estudantil e a construção coletiva de conhecimentos. Neste contexto, os alunos serão instigados a investigar, discutir e propor interpretações sobre o conceito de globalização perversa, conforme proposto por Milton Santos, a partir de problemas reais e atuais da sociedade.

A escolha da ABP justifica-se pela complexidade multidisciplinar do tema, que demanda a articulação de saberes prévios em Geografia, Sociologia, História e atualidades. A metodologia favorece a colaboração em pequenos grupos, em que os estudantes compartilham informações, organizam dados de reportagens e vídeos e produzem sínteses que representam diversas perspectivas sobre os impactos da globalização.

Durante a aula, os alunos terão acesso a recortes de jornais, mapas atualizados e documentos da ONU e órgãos internacionais que evidenciem desigualdades regionais e a concentração de riquezas. Serão convidados a refletir sobre como essas desigualdades se manifestam localmente, criando conexões entre o conteúdo escolar e sua realidade cotidiana.

Como dica prática, o professor pode iniciar a atividade com uma pergunta-problema impactante: “Por que, mesmo com tantos avanços tecnológicos e comunicacionais, o mundo permanece tão desigual?”. A partir daqui, os estudantes buscarão coletivamente respostas e hipóteses, promovendo uma aula dinâmica, crítica e engajada.

 

Desenvolvimento da Aula

Preparo da aula: Antes do início, o professor deve selecionar reportagens atuais sobre temas como comércio internacional, desigualdade social e os impactos da globalização, com ênfase na América Latina. Também é essencial escolher um trecho acessível das obras de Milton Santos, como o capítulo “Por uma outra globalização”, e montar uma apresentação com imagens de mapas-múndi atuais, linhas de comércio e fluxos financeiros entre países. Esses materiais servirão de base para construir uma discussão crítica e fundamentada.

Introdução (10 min): A aula pode começar com uma roda de conversa em que os alunos respondem perguntas provocativas: “O que vocês sabem sobre a globalização?”, “Que benefícios ela traz?” e “Quem são os mais prejudicados?”. Em seguida, exibe-se um pequeno trecho do vídeo de Milton Santos, disponível no YouTube ou eduCapes, em que ele diferencia a globalização real da globalização perversa. Isso estabele o tom crítico da discussão e desperta o interesse dos estudantes.

Atividade Principal (30-35 min): Os alunos são divididos em grupos e recebem materiais que incluem reportagens, dados estatísticos e trechos de Milton Santos para análise. A proposta é que cada grupo identifique elementos da globalização perversa nos materiais, produza um mapa mental com os principais conceitos, fluxos econômicos e impactos sociais, e compartilhe referências de sua própria realidade local. Essa etapa incentiva o pensamento crítico, a colaboração e a interdisciplinaridade.

Fechamento (5-10 min): Cada grupo apresenta seu mapa mental em sala, permitindo comparações entre as interpretações. O professor retoma os conceitos fundamentais — como globalização técnica, perversa e solidária — e estimula uma reflexão final sobre caminhos possíveis para uma globalização mais justa. Pode-se ainda propor uma tarefa complementar: os alunos devem preparar um pequeno artigo de opinião ou vídeo expressando sua visão crítica sobre a globalização a partir dos aprendizados da aula.

 

Avaliação / Feedback

A avaliação será tanto diagnóstica quanto formativa, acompanhando o processo de aprendizagem dos estudantes ao longo das atividades propostas. Será observada a participação ativa nas dinâmicas em grupo, especialmente durante a análise de mapas e reportagens, bem como a articulação de ideias durante os debates. Os educadores devem ficar atentos à capacidade dos alunos de reconhecer as diferentes formas de globalização e aplicar os conceitos de Milton Santos na análise da realidade contemporânea.

Nos mapas mentais produzidos pelos grupos, o professor poderá avaliar a compreensão conceitual e a organização das ideias, considerando critérios como clareza, profundidade das conexões e originalidade das reflexões. É importante direcionar o olhar avaliativo para o processo, mais do que para o produto final, incentivando a reflexão contínua dos estudantes.

Feedbacks orais serão fornecidos de forma imediata após a socialização dos trabalhos, permitindo correções, sugestões e valorização dos avanços. Esses retornos devem ser feitos com escuta ativa e linguagem encorajadora, estimulando o protagonismo dos alunos e o aprendizado coletivo.

Como proposta opcional, os alunos podem escrever textos de opinião relacionando aspectos da realidade brasileira com as reflexões feitas em aula, especialmente sobre desigualdade, subdesenvolvimento e concentração de poder. Esses textos podem ser exibidos em um mural digital, como no Padlet, criando um espaço interativo de compartilhamento e debate entre as turmas.

 

Resumo para os Alunos

Nesta aula, os alunos tiveram a oportunidade de conhecer e debater as ideias de Milton Santos sobre a globalização a partir de uma perspectiva crítica. A principal reflexão girou em torno do conceito de “globalização perversa”, termo utilizado por Santos para descrever uma forma de integração global que estende as desigualdades sociais e econômicas ao reforçar o domínio de determinados países e setores sobre os demais.

Por meio da análise de materiais como mapas geopolíticos, reportagens atuais e vídeos explicativos, a turma foi provocada a observar como essas desigualdades se manifestam no dia a dia. A atividade de produção em grupo estimulou a cooperação e o pensamento reflexivo, à medida que os estudantes conectaram os conceitos teóricos com a realidade socioeconômica do Brasil, identificando, por exemplo, como grandes empresas globais impactam o comércio local ou o acesso a recursos tecnológicos.

Foi discutido também o papel do cidadão nesse cenário, promovendo reflexões sobre como cada indivíduo pode contribuir para formas mais solidárias e equitativas de organização social e econômica, incluindo o consumo consciente, o ativismo digital e a valorização do conhecimento crítico sociológico.

Recursos complementares indicados:

 

Rodrigo Terra

Com formação inicial em Física, especialização em Ciências Educacionais com ênfase em Tecnologia Educacional e Docência, e graduação em Ciências de Dados, construí uma trajetória sólida que une educação, tecnologias ee inovação. Desde 2001, dedico-me ao campo educacional, e desde 2019, atuo também na área de ciência de dados, buscando sempre encontrar soluções focadas no desenvolvimento humano. Minha experiência combina um profundo conhecimento em educação com habilidades técnicas em dados e programação, permitindo-me criar soluções estratégicas e práticas. Com ampla vivência em análise de dados, definição de métricas e desenvolvimento de indicadores, acredito que a formação transdisciplinar é essencial para preparar indivíduos conscientes e capacitados para os desafios do mundo contemporâneo. Apaixonado por café e boas conversas, sou movido pela curiosidade e pela busca constante de novas ideias e perspectivas. Minha missão é contribuir para uma educação que inspire pensamento crítico, estimule a criatividade e promova a colaboração.

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