Além de compreender os conceitos sociológicos e geográficos, os estudantes serão incentivados a fazer conexões com seu cotidiano, sua realidade local e notícias que circulam nos meios de comunicação, desenvolvendo senso crítico frente ao mundo contemporâneo.
A interdisciplinaridade será explorada principalmente com a Geografia, mas também abriremos espaço para conexões com Economia, atualidades e História.
Com apoio de uma metodologia ativa, propomos um trabalho colaborativo de análise de mapas e reportagens, estimulando reflexões e argumentações que aproximem o aluno das discussões sociológicas atuais sobre desenvolvimento e globalização.
Objetivos de Aprendizagem
Os objetivos de aprendizagem desta aula giram em torno da compreensão crítica da globalização, com ênfase nas reflexões do geógrafo Milton Santos. O primeiro passo é garantir que os estudantes possam identificar o conceito de globalização para além de sua definição econômica e tecnológica, entendendo suas dimensões culturais, políticas e sociais. Milton Santos propõe a ideia de uma ‘globalização perversa’, que será apresentada aos alunos de forma acessível e contextualizada, permitindo conexões com elementos atuais.
Outro objetivo central é fomentar a análise da relação entre globalização, desenvolvimento e subdesenvolvimento. Para isso, os alunos serão convidados a investigar como o sistema globalizado favorece certos países e regiões enquanto aprofunda desigualdades em outras partes. Como exemplo, podem ser utilizados mapas comparativos de IDH e acesso à tecnologia, além de reportagens que abordem a dependência econômica de países do Sul Global.
Será incentivado o desenvolvimento do pensamento crítico e da argumentação fundamentada com base em dados e acontecimentos reais. Atividades como debates em grupo, interpretação de gráficos econômicos e análise de casos atuais — como a distribuição desigual de vacinas durante a pandemia — ajudarão os alunos a conectar teoria e prática, ampliando sua compreensão sobre os efeitos da globalização.
Esses objetivos permitirão que os discentes desenvolvam sua capacidade de leitura de mundo de maneira crítica, reflexiva e propositiva, características fundamentais para a formação cidadã no contexto do ensino médio.
Materiais Utilizados
Para garantir o engajamento dos alunos e a efetiva compreensão da abordagem crítica de Milton Santos sobre a globalização, é essencial utilizar uma variedade de materiais que possibilitem uma experiência didática rica e dinâmica. Um mapa-múndi impresso ou projetado será um recurso central para localizar os centros e periferias da economia global, permitindo que os estudantes visualizem fisicamente os espaços de exclusão e concentração de poder descritos por Santos.
Os recortes de jornais ou sites de notícias atuais sobre questões econômicas globais são fundamentais para conectar a teoria à realidade. Esses textos podem abordar desde processos de desindustrialização nos países periféricos até a concentração de empresas multinacionais em regiões centrais. Os alunos podem trabalhar em grupos para analisar essas reportagens, relacionando-as com os conceitos de globalização perversamente desigual.
O vídeo “Por uma outra globalização”, encontrado em canais educativos no YouTube, é uma excelente introdução às ideias de Milton Santos. Recomendamos exibi-lo integralmente ou em trechos-chave, seguido de um debate em sala sobre os principais conceitos abordados, como a globalização como fábula e como perversidade.
Além disso, a cópia resumida de um texto de Milton Santos com licença aberta – como os disponíveis no SciELO – permitirá que os alunos tenham contato direto com a linguagem do autor, promovendo leitura crítica e análise textual. Para consolidar o aprendizado, atividades com cartolinas e marcadores podem ser realizadas para construção de mapas mentais que sintetizem as ideias principais da aula, promovendo também o trabalho colaborativo e a organização dos conhecimentos adquiridos.
Metodologia Utilizada e Justificativa
A aula será conduzida com base na metodologia ativa da Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP), uma estratégia que promove o protagonismo estudantil e a construção coletiva de conhecimentos. Neste contexto, os alunos serão instigados a investigar, discutir e propor interpretações sobre o conceito de globalização perversa, conforme proposto por Milton Santos, a partir de problemas reais e atuais da sociedade.
A escolha da ABP justifica-se pela complexidade multidisciplinar do tema, que demanda a articulação de saberes prévios em Geografia, Sociologia, História e atualidades. A metodologia favorece a colaboração em pequenos grupos, em que os estudantes compartilham informações, organizam dados de reportagens e vídeos e produzem sínteses que representam diversas perspectivas sobre os impactos da globalização.
Durante a aula, os alunos terão acesso a recortes de jornais, mapas atualizados e documentos da ONU e órgãos internacionais que evidenciem desigualdades regionais e a concentração de riquezas. Serão convidados a refletir sobre como essas desigualdades se manifestam localmente, criando conexões entre o conteúdo escolar e sua realidade cotidiana.
Como dica prática, o professor pode iniciar a atividade com uma pergunta-problema impactante: “Por que, mesmo com tantos avanços tecnológicos e comunicacionais, o mundo permanece tão desigual?”. A partir daqui, os estudantes buscarão coletivamente respostas e hipóteses, promovendo uma aula dinâmica, crítica e engajada.
Desenvolvimento da Aula
Preparo da aula: Antes do início, o professor deve selecionar reportagens atuais sobre temas como comércio internacional, desigualdade social e os impactos da globalização, com ênfase na América Latina. Também é essencial escolher um trecho acessível das obras de Milton Santos, como o capítulo “Por uma outra globalização”, e montar uma apresentação com imagens de mapas-múndi atuais, linhas de comércio e fluxos financeiros entre países. Esses materiais servirão de base para construir uma discussão crítica e fundamentada.
Introdução (10 min): A aula pode começar com uma roda de conversa em que os alunos respondem perguntas provocativas: “O que vocês sabem sobre a globalização?”, “Que benefícios ela traz?” e “Quem são os mais prejudicados?”. Em seguida, exibe-se um pequeno trecho do vídeo de Milton Santos, disponível no YouTube ou eduCapes, em que ele diferencia a globalização real da globalização perversa. Isso estabele o tom crítico da discussão e desperta o interesse dos estudantes.
Atividade Principal (30-35 min): Os alunos são divididos em grupos e recebem materiais que incluem reportagens, dados estatísticos e trechos de Milton Santos para análise. A proposta é que cada grupo identifique elementos da globalização perversa nos materiais, produza um mapa mental com os principais conceitos, fluxos econômicos e impactos sociais, e compartilhe referências de sua própria realidade local. Essa etapa incentiva o pensamento crítico, a colaboração e a interdisciplinaridade.
Fechamento (5-10 min): Cada grupo apresenta seu mapa mental em sala, permitindo comparações entre as interpretações. O professor retoma os conceitos fundamentais — como globalização técnica, perversa e solidária — e estimula uma reflexão final sobre caminhos possíveis para uma globalização mais justa. Pode-se ainda propor uma tarefa complementar: os alunos devem preparar um pequeno artigo de opinião ou vídeo expressando sua visão crítica sobre a globalização a partir dos aprendizados da aula.
Avaliação / Feedback
A avaliação será tanto diagnóstica quanto formativa, acompanhando o processo de aprendizagem dos estudantes ao longo das atividades propostas. Será observada a participação ativa nas dinâmicas em grupo, especialmente durante a análise de mapas e reportagens, bem como a articulação de ideias durante os debates. Os educadores devem ficar atentos à capacidade dos alunos de reconhecer as diferentes formas de globalização e aplicar os conceitos de Milton Santos na análise da realidade contemporânea.
Nos mapas mentais produzidos pelos grupos, o professor poderá avaliar a compreensão conceitual e a organização das ideias, considerando critérios como clareza, profundidade das conexões e originalidade das reflexões. É importante direcionar o olhar avaliativo para o processo, mais do que para o produto final, incentivando a reflexão contínua dos estudantes.
Feedbacks orais serão fornecidos de forma imediata após a socialização dos trabalhos, permitindo correções, sugestões e valorização dos avanços. Esses retornos devem ser feitos com escuta ativa e linguagem encorajadora, estimulando o protagonismo dos alunos e o aprendizado coletivo.
Como proposta opcional, os alunos podem escrever textos de opinião relacionando aspectos da realidade brasileira com as reflexões feitas em aula, especialmente sobre desigualdade, subdesenvolvimento e concentração de poder. Esses textos podem ser exibidos em um mural digital, como no Padlet, criando um espaço interativo de compartilhamento e debate entre as turmas.
Resumo para os Alunos
Nesta aula, os alunos tiveram a oportunidade de conhecer e debater as ideias de Milton Santos sobre a globalização a partir de uma perspectiva crítica. A principal reflexão girou em torno do conceito de “globalização perversa”, termo utilizado por Santos para descrever uma forma de integração global que estende as desigualdades sociais e econômicas ao reforçar o domínio de determinados países e setores sobre os demais.
Por meio da análise de materiais como mapas geopolíticos, reportagens atuais e vídeos explicativos, a turma foi provocada a observar como essas desigualdades se manifestam no dia a dia. A atividade de produção em grupo estimulou a cooperação e o pensamento reflexivo, à medida que os estudantes conectaram os conceitos teóricos com a realidade socioeconômica do Brasil, identificando, por exemplo, como grandes empresas globais impactam o comércio local ou o acesso a recursos tecnológicos.
Foi discutido também o papel do cidadão nesse cenário, promovendo reflexões sobre como cada indivíduo pode contribuir para formas mais solidárias e equitativas de organização social e econômica, incluindo o consumo consciente, o ativismo digital e a valorização do conhecimento crítico sociológico.
Recursos complementares indicados: