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Sociologia – Sociologia como Ciência/Diferenciando do Senso Comum e da Religião (Plano de aula – Ensino médio)

Como referenciar este texto: Sociologia – Sociologia como Ciência/Diferenciando do Senso Comum e da Religião (Plano de aula – Ensino médio). Rodrigo Terra. Publicado em: 10/11/2025. Link da postagem: https://www.makerzine.com.br/educacao/sociologia-sociologia-como-cienciadiferenciando-do-senso-comum-e-da-religiao-plano-de-aula-ensino-medio/.


 
 

O plano também promove uma perspectiva interdisciplinar, podendo ser articulado com a disciplina de Filosofia, ao tratar dos fundamentos do conhecimento racional e com a História, ao apresentar o surgimento das ciências sociais durante o Iluminismo. Na prática, serão propostas atividades que estimulam a argumentação, análise e comparação entre diferentes formas de saberes.

O enfoque será dado ao uso de metodologias ativas, como a aprendizagem baseada em problemas (ABP), com situações contextualizadas do cotidiano, para facilitar a compreensão do papel social da Sociologia enquanto ciência.

Ao final da aula, os estudantes deverão ser capazes de identificar as características fundamentais do conhecimento científico em oposição às crenças e ao senso comum, compreendendo como a Sociologia investiga a realidade social a partir de métodos sistemáticos e objetivos.

Este plano visa contribuir para uma formação cidadã crítica e reflexiva dos estudantes em preparação para os desafios do vestibular e da vida em sociedade.

 

Objetivos de Aprendizagem

Os objetivos desta aula são formulados para promover uma compreensão crítica e fundamentada da Sociologia como ciência. O primeiro objetivo — distinguir o conhecimento sociológico do senso comum e da religião — propõe que os alunos aprendam a identificar as diferenças entre as explicações científicas sobre fenômenos sociais e aquelas baseadas em tradições populares ou crenças religiosas. Para atingir esse objetivo, o professor pode utilizar exemplos do cotidiano, como crenças sobre violência urbana, para mostrar como a Sociologia investiga causas estruturais enquanto o senso comum tende a buscar culpados individuais ou explicar por moralidade.

Já o segundo objetivo — compreender a Sociologia como uma ciência que utiliza métodos empíricos e racionais — convida os estudantes a entrar em contato com conceitos como observação sistemática, coleta de dados e uso de teorias para interpretar a realidade social. Uma atividade possível seria apresentar trechos de gráficos e pesquisas do IBGE, incentivando os alunos a pensar sobre como essas informações são produzidas.

O terceiro objetivo — desenvolver a capacidade de análise crítica diante de explicações sociais do cotidiano — sugere que os discentes sejam estimulados a questionar narrativas superficiais ou preconceituosas. Isso pode ser feito por meio de debates orientados, análise de reportagens e dramatizações de situações sociais, nas quais os estudantes deverão aplicar o olhar sociológico para propor interpretações alternativas baseadas na investigação científica.

No geral, os objetivos desta aula visam formar um sujeito ativo e reflexivo, capaz de compreender a sociedade com base no conhecimento científico, respeitando a existência do senso comum e da religião, mas distinguindo suas naturezas e finalidades. Tais metas dialogam com as competências da BNCC para o ensino médio, que enfatizam o pensamento crítico e a valorização de diferentes saberes.

 

Materiais utilizados

Para a implementação eficaz deste plano de aula sobre Sociologia como ciência, é essencial contar com alguns materiais didáticos que facilitem tanto a exposição teórica quanto a participação ativa dos estudantes. O quadro branco com marcadores é um recurso fundamental para registrar conceitos-chave durante a explanação e também para mapear coletivamente, com os alunos, as diferenças entre ciência, senso comum e religião.

O uso de um computador ou projetor é opcional, mas altamente recomendado. Com ele, o professor pode apresentar vídeos curtos, mapas conceituais e gráficos explicativos. Uma sugestão é exibir trechos de entrevistas ou reportagens que exemplifiquem o uso da Sociologia para compreender realidades sociais, o que torna o conteúdo mais envolvente e próximo da vivência dos jovens.

As fichas com situações-problema são uma estratégia de metodologia ativa que estimula a reflexão crítica. Elas podem conter dilemas do cotidiano, como a explicação de um fenômeno social a partir do senso comum e, depois, sua abordagem sociológica. Por exemplo, por que certos bairros concentram mais violência? A partir dessa pergunta, os alunos podem discutir hipóteses baseadas em crenças populares e, depois, buscar fundamentos científicos.

O acesso à internet é fundamental para a pesquisa em plataformas educativas como a Escola Digital e o repositório SciELO. Esses recursos fornecem artigos, vídeos e textos que permitem aos estudantes aprofundar-se em temas específicos, além de desenvolver habilidades de busca e análise de fontes confiáveis. Para escolas com acesso limitado, o professor pode orientar previamente quais materiais online imprimir e distribuir em sala.

 

Metodologia utilizada e justificativa

A metodologia ativa de Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) será o eixo central do plano de aula, uma vez que coloca os estudantes como protagonistas no processo de aprendizagem. Ao serem desafiados com situações-problema inspiradas em dilemas sociais reais ou fictícios — como, por exemplo, a mobilização de um bairro contra uma obra pública ou discussões familiares sobre temas polêmicos — os alunos são incentivados a refletir sobre diferentes formas de conhecimento e suas implicações na compreensão da realidade.

Esse tipo de atividade demanda que os estudantes argumentem, pesquisem e confrontem explicações científicas, religiosas e do senso comum, promovendo o desenvolvimento de habilidades de análise crítica e de confronto de ideias. Em pequenos grupos, cada estudante pode assumir funções específicas (pesquisador, relator, debatedor), favorecendo a responsabilidade compartilhada e a cooperação intelectual.

Para potencializar a estratégia, recomenda-se o uso de ferramentas digitais como quadros colaborativos (Padlet, Jamboard) e fóruns de discussão online, onde os grupos podem registrar suas ideias e interagir com diferentes pontos de vista. A mediação do professor é crucial para auxiliar os discentes na identificação dos critérios que caracterizam o pensamento científico, diferenciando-o de mecanismos explicativos baseados na tradição, vivência pessoal ou fé.

Ao final das atividades, os grupos devem apresentar suas sínteses à turma, promovendo um debate coletivo orientado pelo professor. Essa sequência fortalece a compreensão de que a Sociologia, enquanto ciência, se constrói a partir da observação sistemática, da problematização e do debate fundamentado — aspectos ausentes no senso comum e nas doutrinas religiosas.

 

Desenvolvimento da aula

Preparo da aula

Antes da aula, o professor deve preparar fichas com situações sociais ambíguas, como “Por que há desigualdade social?” ou “Por que algumas pessoas não seguem regras?”. Essas perguntas devem permitir múltiplas interpretações e estimular a comparação entre diferentes formas de conhecimento. Além disso, selecione e salve em PDF artigos introdutórios sobre o método científico na Sociologia, disponíveis no portal SciELO, para consulta em sala ou como tarefa de aprofundamento.

Introdução da aula (10 min)

Inicie a aula com a pergunta: “Você acredita em tudo que vê nas redes sociais?” escrita no quadro. Esta provocação instiga os alunos a refletirem sobre a confiabilidade de diferentes fontes de informação e os leva a perceber como muitas vezes baseiam opiniões em senso comum ou informações não verificadas. O professor pode citar exemplos virais ou fake news para conectar com a realidade dos jovens.

Atividade principal (30 a 35 min)

Divida os alunos em pequenos grupos e entregue uma ficha com uma situação social a cada grupo. Cada grupo deve construir três explicações para a situação: uma de senso comum, uma religiosa e uma científica (sociológica). Por exemplo, para a desigualdade social: uma explicação de senso comum pode dizer que “algumas pessoas são preguiçosas”; a religiosa pode remeter à noção de provações divinas; enquanto a científica abordará fatores estruturais, como acesso desigual a recursos e políticas públicas.

Após a análise, cada grupo apresenta suas três interpretações para a classe. O professor facilita o debate destacando os critérios de cada abordagem – subjetividade e experiência individual no senso comum, fé e elementos transcendentes na religião, e objetividade com base em dados e métodos na Sociologia.

Fechamento (5 a 10 min)

Finalize a aula com a construção coletiva de um quadro comparativo no quadro ou em cartaz com as principais características do senso comum, da religião e da ciência. Pergunte aos alunos como a Sociologia pode ajudá-los a compreender situações do cotidiano como violência urbana, preconceitos ou mobilidade social. Como material complementar, sugira uma breve leitura sobre Durkheim ou Weber para consolidar os fundamentos da metodologia sociológica.

 

Avaliação / Feedback

A avaliação será qualitativa, considerando não apenas a presença, mas também a qualidade da participação dos alunos durante as atividades em grupo. O professor deve observar se os estudantes utilizam corretamente os termos técnicos da Sociologia, se conseguem identificar diferenças conceituais entre o senso comum, a religião e o conhecimento científico, e como articulam suas ideias de forma lógica e fundamentada.

Além da observação contínua, recomenda-se aplicar uma atividade de autoavaliação no final da aula. Os alunos podem escrever brevemente sobre aquilo que mais chamou sua atenção na discussão, e também algo novo que tenham aprendido sobre o conceito de ciência. Essa prática desenvolve habilidades metacognitivas, promovendo uma aprendizagem mais reflexiva.

Outra sugestão é propor uma rápida atividade escrita ou oral, na qual cada grupo compartilhe um exemplo concreto do cotidiano que ilustre a diferença entre senso comum e conhecimento científico. Por exemplo, podem discutir crenças populares versus dados estatísticos sobre saúde pública ou violência urbana. Essa estratégia permite diagnosticar o nível de compreensão conceitual dos alunos em tempo real.

Por fim, uma boa prática seria incorporar plataformas digitais como o Mentimeter ou o Padlet para colher o feedback da turma de forma anônima e visual. Isso facilita a identificação de dúvidas ainda existentes e reforça uma cultura de escuta ativa em sala de aula.

 

Observações

Para reforçar e ampliar o conteúdo apresentado em sala de aula, é altamente recomendável que os estudantes tenham acesso a materiais complementares de qualidade. Uma excelente sugestão é o e-book “Introdução à Sociologia”, produzido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que pode ser baixado gratuitamente no site da Editora UFRGS. A obra aborda os principais conceitos da disciplina de forma clara e didática, servindo como base para revisões e aprofundamento dos temas discutidos em sala.

Outra fonte muito rica é o portal A Escola Digital, que oferece recursos multimídia, como vídeos, infográficos e podcasts, acerca de temas sociológicos. Esses materiais podem ser usados como ferramentas de apoio tanto pelo professor para enriquecer as aulas quanto pelos estudantes em seus estudos individuais. Trabalhar com esses formatos auxilia no desenvolvimento de habilidades digitais e estimula diferentes formas de aprendizagem visual e auditiva.

Além disso, a proposta pode ser enriquecida com uma abordagem interdisciplinar. Ao tratar dos limites entre ciência, religião e senso comum, recomenda-se uma articulação com a disciplina de Filosofia, sobretudo nos tópicos ligados à epistemologia e às teorias do conhecimento. Essa conexão permitirá que os alunos compreendam como o conhecimento científico é construído de forma distinta das crenças religiosas ou da sabedoria popular.

Por fim, utilizar a História como apoio também pode ser produtivo. Discutir o surgimento da Sociologia no contexto do Iluminismo e da Revolução Industrial proporcionará aos alunos uma visão mais ampla do contexto histórico que possibilitou o desenvolvimento das Ciências Sociais. Incentive os estudantes a relacionar esses períodos com transformações sociais significativas, como a urbanização e a consolidação da racionalidade como valor moderno.

 

Resumo para os alunos

Nesta aula, discutimos um dos pilares fundamentais da disciplina: a Sociologia como ciência. Compreender essa base é essencial para diferenciar os vários tipos de conhecimento que encontramos no nosso cotidiano. A Sociologia, como ciência social, utiliza métodos sistemáticos, observações empíricas e teorias para analisar os comportamentos, grupos e instituições sociais.

Enquanto o senso comum é baseado em experiências pessoais, tradições e interpretações subjetivas, a Sociologia busca explicações fundamentadas, testáveis e reproduzíveis. Por exemplo, dizer que “a juventude está perdida” é uma afirmação comum no senso comum; já para a Sociologia, seria necessário realizar uma investigação com dados concretos para entender a condição da juventude em determinado contexto.

Já a religião oferece explicações sobre o mundo fundamentadas na fé e em crenças espirituais. Embora essenciais para muitos indivíduos e culturas, essas explicações não seguem os mesmos critérios rigorosos de verificação e métodos científicos adotados pela Sociologia. Isso não diminui o valor desses tipos de saberes, mas destaca as diferenças fundamentais entre eles.

Como atividade complementar, você pode formar grupos e investigar um fenômeno social — como o bullying nas escolas ou o uso das redes sociais entre adolescentes — utilizando uma abordagem sociológica: formular perguntas, pesquisar dados e apresentar hipóteses. Para aprofundar, recomendamos visitar o portal EduCAPES, que oferece recursos educacionais abertos, e consultar artigos acadêmicos no SciELO.

 

Rodrigo Terra

Com formação inicial em Física, especialização em Ciências Educacionais com ênfase em Tecnologia Educacional e Docência, e graduação em Ciências de Dados, construí uma trajetória sólida que une educação, tecnologias ee inovação. Desde 2001, dedico-me ao campo educacional, e desde 2019, atuo também na área de ciência de dados, buscando sempre encontrar soluções focadas no desenvolvimento humano. Minha experiência combina um profundo conhecimento em educação com habilidades técnicas em dados e programação, permitindo-me criar soluções estratégicas e práticas. Com ampla vivência em análise de dados, definição de métricas e desenvolvimento de indicadores, acredito que a formação transdisciplinar é essencial para preparar indivíduos conscientes e capacitados para os desafios do mundo contemporâneo. Apaixonado por café e boas conversas, sou movido pela curiosidade e pela busca constante de novas ideias e perspectivas. Minha missão é contribuir para uma educação que inspire pensamento crítico, estimule a criatividade e promova a colaboração.

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