A proposta combina leitura, escrita, reflexão crítica e colaboração entre os estudantes. Ao final, espera-se que os alunos sejam capazes de incorporar referências de forma fluida e pertinente, respeitando os critérios de coesão e coerência textual exigidos nos principais exames nacionais, como o Enem.
Esta aula será desenvolvida com metodologia ativa baseada na aprendizagem por descoberta e escrita colaborativa, além de oferecer uma abordagem interdisciplinar com a área de História e atualidades.
O professor atuará como mediador do processo, estimulando a pesquisa, o debate e a construção de um repertório autoral por parte dos estudantes.
Objetivos de Aprendizagem
Os objetivos de aprendizagem desta aula visam aprofundar o domínio dos estudantes sobre a intertextualidade na redação dissertativa, prática essencial para a elaboração de textos mais sofisticados e alinhados aos critérios avaliativos de exames como o Enem. Ao compreender o conceito de intertextualidade, os alunos aprenderão que a integração de vozes externas em seus argumentos não deve ser feita de forma mecânica, mas como parte de uma construção crítica e reflexiva.
Para atingir esse objetivo, propõe-se o uso de atividades que explorem diferentes gêneros textuais e mídias, como artigos jornalísticos, tirinhas, trechos de romances e vídeos. Por exemplo, pode-se começar a aula com a análise de um meme e identificar sua relação com uma situação social discutida em sala. A partir dessa análise, os alunos podem construir parágrafos em que utilizam esse conteúdo como exemplo em uma argumentação sobre o tema.
Espera-se também desenvolver competências para incorporar essas referências externas de maneira pertinente. Uma sugestão prática é utilizar uma tabela de repertório ao longo do bimestre, onde os alunos vão catalogando autores, obras, acontecimentos históricos e culturais que podem ser usados em diferentes temáticas. Essa ferramenta prática permitirá consultas rápidas e estimulará o uso consciente de repertório sociocultural na produção dos textos.
A interdisciplinaridade será trabalhada a partir da conexão com disciplinas como História, Sociologia e Atualidades. Tópicos como liberdade de expressão, democracia ou impactos da tecnologia, por exemplo, podem ser discutidos em grupo com apoio de professores dessas áreas, e os alunos podem treinar como transformar essas discussões em argumentos consistentes na redação.
Com essas estratégias, os estudantes não só aprimoram suas produções textuais, como também se aproximam de uma formação cidadã crítica. Ao fim deste plano de aula, espera-se que estejam aptos a produzir textos argumentativos que abordem diferentes perspectivas e utilizem referências de maneira natural, coerente e embasada.
Materiais utilizados
Para a realização desta aula sobre dissertação com foco em intertextualidade, é essencial reunir uma variedade de materiais que estimulem tanto a leitura crítica quanto a produção escrita. Os itens básicos incluem cartolina, canetas coloridas, folhas A4 e impressões de textos-base, que podem ser selecionados de acordo com o tema da redação. Esses textos devem variar entre notícias, trechos literários, poemas e dados estatísticos, permitindo aos alunos experimentar diferentes formas de referência textual.
O uso de recursos audiovisuais também é altamente recomendável. Um projetor ou TV será útil para exibir vídeos curtos relacionados aos temas debatidos ou exemplos de redações bem construídas que utilizam intertextualidade com eficácia. Isso ajuda os estudantes a visualizar como referências externas podem ser incorporadas de forma orgânica em seus próprios textos.
A conexão com a internet é outro recurso importante, especialmente para a etapa de pesquisa orientada. Os alunos podem usar seus próprios celulares para buscar informações atualizadas, verificar a veracidade de dados mencionados em textos e encontrar novos repertórios pertinentes às redações. É fundamental que o professor oriente esse processo, indicando fontes confiáveis e sugerindo palavras-chave de busca.
Entre as plataformas recomendadas para enriquecer o repertório, destaca-se a Plataforma EduCapes, que oferece acesso gratuito a artigos, vídeos e materiais didáticos nas mais diversas áreas do conhecimento. Essa ferramenta permite expandir a discussão em sala para temas interdisciplinares, conectando a prática da redação a conhecimentos de História, Sociologia, Filosofia e Ciências.
Esses materiais servem não apenas como instrumentos de apoio, mas como pontes para um trabalho mais colaborativo e crítico. Ao preparar os recursos com antecedência e planejar atividades que façam uso dinâmico deles, o professor cria um ambiente de aula envolvente e produtivo, favorecendo o desenvolvimento das competências exigidas em exames como o Enem.
Metodologia utilizada e justificativa
A metodologia ativa adotada nesta aula tem como base a Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP), cuja proposta central é colocar os estudantes como protagonistas de seu próprio aprendizado. Ao resolverem problemas reais e atuais por meio da produção de textos dissertativos, os alunos desenvolvem não apenas habilidades linguísticas, mas também competências críticas e analíticas essenciais para a vida em sociedade. A ABP se destaca por criar conexões autênticas entre o conteúdo escolar e o mundo exterior, favorecendo maior engajamento e retenção do conhecimento.
No contexto desta aula, os alunos serão desafiados a escolher um problema social contemporâneo e elaborar uma dissertação que dialogue com diferentes tipos de referências, incluindo textos jornalísticos, obras literárias, dados estatísticos, imagens e vídeos. O professor fornecerá uma curadoria de materiais para estimular a leitura crítica e promover a construção de repertórios socioculturais diversos. Essa abordagem permite que os estudantes compreendam que escrever também é uma prática social e reflexiva.
A intertextualidade será uma habilidade central a ser desenvolvida. Ao incluir diferentes vozes em seu texto, o aluno aprende a construir argumentos mais consistentes e contextualizados. Por exemplo, ao redigir sobre temas como desigualdade social ou racismo estrutural, o estudante poderá relacionar sua argumentação com falas de pensadores importantes, eventos históricos e tendências sociais atuais. Essa prática não apenas valoriza a originalidade, mas também demonstra capacidade de síntese e de articulação de ideias.
Além disso, a interdisciplinaridade será amplamente valorizada. Professores de História e Sociologia, por exemplo, poderão colaborar na seleção de temas e repertórios, enriquecendo o aprendizado e oferecendo múltiplas perspectivas. Essa integração interáreas torna o processo de construção textual mais robusto e significativo, permitindo que o aluno compreenda o impacto de sua escrita como ferramenta de transformação social.
Ao final da atividade, os estudantes revisarão seus textos em grupos, identificando onde e como utilizaram a intertextualidade e refletindo sobre seus efeitos argumentativos. Essa análise colaborativa reforçará a compreensão dos critérios de qualidade textual e estimulará o desenvolvimento contínuo da escrita autoral.
Desenvolvimento da aula
Preparo da aula
Antes do início da aula, o professor deve selecionar três gêneros textuais distintos que permitam conexões com debates atuais e recorrentes no Enem. Uma sugestão é escolher uma notícia recente sobre mudanças climáticas, um excerto da obra Quarto de Despejo de Carolina Maria de Jesus e um gráfico estatístico que representem desigualdade de renda no Brasil. É importante que esses textos sejam previamente analisados pelo docente para garantir que contenham potenciais elementos intertextuais e temas transversais.
Introdução da aula (10 min)
Comece perguntando à turma: “Por que alguns textos nos fazem refletir mais do que outros?”. Em seguida, apresente dois exemplos de parágrafos de redações: um sem referências externas e outro rico em intertextualidade. Solicite aos alunos que apontem diferenças no impacto argumentativo. Use esse momento para introduzir o conceito de intertextualidade, explicando que ela vai além de citações e envolve diálogo com ideias de outros textos, discursos sociais e até elementos culturais como músicas ou memes.
Atividade principal (30 a 35 min)
Organize os alunos em grupos de três a quatro integrantes e distribua para cada grupo o conjunto de textos-base selecionado. Desafie-os a produzir um parágrafo dissertativo que explore, de forma coerente e pertinente, pelo menos duas referências intertextuais. Estimule a criatividade e originalidade. Após a escrita, promova uma rodada de troca de produções entre os grupos. Cada grupo deverá ler, comentar e sugerir melhorias no parágrafo lido, reforçando a atividade de análise crítica e colaborativa.
Enquanto os grupos trabalham, o professor pode expor exemplarmente trechos de redações nota 1000 do Enem com uso adequado de intertextualidade. A análise coletiva desses modelos permitirá compreender como repertórios bem conectados fortalecem argumentos. Aponte casos de originalidade e pertinência nas referências escolhidas.
Fechamento (5 a 10 min)
Peça que cada grupo compartilhe o parágrafo produzido e explique as escolhas feitas quanto às referências utilizadas. Promova uma discussão final sobre como esses elementos foram integrados ao argumento principal. Finalize retomando os conceitos de intertextualidade, coerência, coesão e repertório sociocultural. Provoque a reflexão com a pergunta: “Com quais textos você se identifica e gostaria de levar para sua dissertação?”. Incentive os estudantes a construir seu próprio banco de referências para as redações futuras.
Avaliação / Feedback
A avaliação do trabalho com dissertação intertextual deve ir além da simples correção gramatical: é necessário um olhar atento ao processo de construção textual dos alunos. Por isso, adota-se uma abordagem processual e participativa, na qual se observa o envolvimento dos estudantes nas etapas de leitura, análise crítica e elaboração dos textos. Incentiva-se o uso de uma rubrica clara, que traga critérios como coesão, clareza, originalidade e articulação eficaz dos repertórios intertextuais.
Uma estratégia prática é apresentar essa rubrica aos alunos antes do início da atividade. Assim, eles conhecem os critérios de sucesso e podem se autorregular ao longo da escrita. Durante as oficinas de produção, o professor pode circular entre os grupos, estimulando a troca de ideias e oferecendo orientações imediatas que favoreçam o aprimoramento contínuo do texto.
Como forma de feedback final, recomenda-se uma devolutiva escrita individual ou por grupo, destacando pontos fortes — como referências bem conectadas ao tema ou argumentações consistentes — e sugerindo possíveis melhorias, como explorar maior variedade de fontes ou integrar melhor os repertórios mencionados ao argumento central.
Também são eficazes momentos coletivos de leitura e revisão entre pares. Organize sessões em que os grupos troquem textos entre si, aplicando os critérios da rubrica como leitores críticos. Isso estimula o pensamento metacognitivo e permite que cada aluno observe diferentes usos da intertextualidade.
Por fim, o uso de portfólios digitais pode ser uma ferramenta complementar: os estudantes reúnem produções, reflexões e revisões ao longo do bimestre, permitindo ao professor e ao próprio aluno acompanharem a evolução na capacidade de dialogar com outros textos de forma crítica e criativa.
Interdisciplinaridade
A interdisciplinaridade é um eixo fundamental para enriquecer as produções dissertativas dos alunos. Ao integrar conhecimentos de História e Sociologia, os estudantes passam a compreender que a argumentação se fortalece com base em análises de contextos históricos e fenômenos sociais. Um exemplo prático para explorar essa relação é trabalhar com textos sobre desigualdade social, trazendo dados do IBGE, imagens de campanhas de conscientização e trechos de obras como Vidas Secas, de Graciliano Ramos.
Durante a aula, o professor pode propor a análise de uma notícia atual sobre movimentos sociais e, em seguida, estimular os alunos a relacionarem o tema com períodos históricos, como o movimento operário no século XIX. Essa comparação estimula o pensamento crítico e fornece ao aluno referência concreta para argumentar com autoridade nas dissertações.
A introdução de repertórios filosóficos — como as ideias de Rousseau ou Hannah Arendt sobre liberdade e responsabilidade — amplia ainda mais o potencial analítico dos textos produzidos. Para que isso ocorra de forma eficaz, é recomendável promover rodas de leitura ou debates em grupo com excertos curtos e contextualizados dessas fontes.
Além disso, utilizar referências culturais, como músicas, filmes e até memes que dialoguem com os temas propostos, estimula a participação e amplia o repertório ativo dos estudantes. Por exemplo, uma redação sobre consumismo pode se beneficiar da análise crítica de um videoclipe pop associado ao tema.
Por fim, é essencial que o professor conduza o processo de forma colaborativa, permitindo que os alunos compartilhem seus repertórios pessoais e criem conexões entre diferentes áreas do saber. Isso não só contribui para uma escrita mais densa e autoral, mas também prepara os alunos para os desafios dos exames nacionais e da vida cidadã.
Resumo para os alunos
Nesta aula, aprofundamos o conceito de intertextualidade e sua importância na produção de textos dissertativos mais robustos. Entendemos que dialogar com outros textos não se limita a citar autores ou obras, mas implica em trazer contextos sociais, históricos e culturais que reforcem os argumentos apresentados. Por meio da análise de textos reais aplicados em provas como a do Enem, os alunos puderam observar como a intertextualidade é um recurso estratégico para enriquecer a argumentação.
Durante a prática, produzimos em grupo parágrafos que incorporaram referências a reportagens atuais, obras literárias clássicas e indicadores sociais. A atividade mostrou como os diferentes tipos de texto contribuem para a construção de raciocínios mais sólidos e convincentes. Além disso, o uso de fontes diversas ajudou a desenvolver um repertório autoral, tão valorizado nos critérios de correção de redações.
Trabalhamos também a identificação de diferentes níveis de intertextualidade – explícita e implícita – e como elas podem ser utilizadas eticamente e com pertinência dentro do texto. Os alunos foram estimulados a refletir criticamente sobre as fontes utilizadas, considerando sempre a coerência com o tema proposto e com os seus próprios pontos de vista.
Para quem quiser continuar praticando, recomendamos o acesso gratuito ao material ‘Repertório Sociocultural para Redação’ disponível na Plataforma EduCapes. O curso introdutório de Produção Textual da UFPB Aberta também é uma excelente ferramenta para estudo complementar.
Lembre-se: uma dissertação de qualidade não se faz apenas com boas ideias, mas sim com argumentos bem embasados, conectados e contextualizados. Pratique sempre e esteja atento(a) aos acontecimentos do mundo para alimentar sua bagagem de conhecimento.