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O que você vai ver neste post:

 

Educação Continuada ou LifeLong Learning

 

Existe um conceito muito relevante nesta nossa discussão, que é conhecida como Educação Continuada (Lifelong Learning). A Educação continuada está centrado na ideia de que nunca é tarde demais para aprendermos algo novo, ou seja, você sempre irá complementar o que já conhece. Ela transcende lugares e formatos. É uma aprendizagem para a vida.

Segundo o Dr. Alvin Toffler, escritor e pensador norte-americano:

O analfabeto do século 21 não será aquele que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender e reaprender.

 

Pense neste novo formato de aprender e reaprender conteúdos usando três pilares básicos, o primeiro é Aprender a aprender, o segundo é Desaprender e o terceiro é Reaprender. Desafiar nossos Modus Operandi é propor novas conexões neurais para nosso cérebro, e assim mantê-lo ativo e em pleno funcionamento durante muitos anos. Exercitar o cérebro é o mesmo que exercitar músculos em seu corpo, nesta analogia, se você vai a academia e realiza atividades físicas, seus músculos responderão à estas atividades e irão crescer. Com o cérebro essa prática deve ser a mesma, ao exercitá-lo você notará o surgimento de novas formas de conectar conhecimentos e criará uma nova visão para inovar na Educação.

A Educação Continuada é também um instrumento que contribui para a vida pessoal. À medida que nos cercamos de conhecimentos e informações válidas e pertinentes para lidar com nossos desafios pessoais e a vida diária, desenvolvemos a habilidade de identificar, valorizar e fortalecer sonhos, aspirações, conhecimentos, competências desenvolvidos ao longo da trajetória escolar, familiar e comunitária. Além disso, a Educação Continuada favorece a apropriação de habilidades pessoais, estratégias mentais e instrumentos práticos para o planejamento de metas e para alcançá-las.

 

1 – Aprender a aprender
O ato de aprender, fazendo uma analogia, deve ser exercitado para se fortalecer da mesma maneira como na prática de atividades físicas, no início você não se sentirá bem, pensará em desistir, porém com o tempo começará a notar os resultados. Como esse processo varia muito de pessoa para pessoa, sua tarefa será entender como você aprende algo novo e, a partir desse ponto, adaptar tal informação ao seu contexto de vida.

A ideia de aprender pressupõe não só a aquisição de certo saber, mas também a crença nesse saber, sua possibilidade de verdade. Não se trata aqui de fé religiosa, que pressupõe uma ausência de dúvida no que se apresenta como revelação divina, mas da crença que acompanha até mesmo o saber científico, em que a dúvida é o motor do método.” [1]

 

2 – Desaprender
Passamos o capítulo 1 inteiro falando sobre aprendizagem, agora aparecem três pontos importantes, sendo que um deles está relacionado com desaprender. Parece não fazer muito sentido, correto? Vamos entender melhor este termo. Pense no termo “Desaprender” como algo que precisa ser renovado ou reinventado. Por exemplo, você já resolveu exercícios típicos de vestibulares e sabe bem que em muitos casos é possível resolvê-los de diferentes formas. Você desaprendeu que seria possível resolvê-los de uma única forma possível, assim foi capaz de aprender ou desenvolver novas formas de resolução.

[…] nenhum espaço de aula conseguirá desencadear processos de construção de conhecimento, se os envolvidos, principalmente o professor ou mediador, em sua liberdade pedagógica, não for capaz de reinventar cada aula como um acontecimento único para um público especial, considerando que a sociedade atual está cada vez mais exigente e influenciada pela comunicação e inovação tecnológicas.” [2]

 

3 – Reaprender
Agora que você já passou pelo “aprender a aprender” e pelo “desaprender”, o terceiro ponto importante é simples, reaprender. Vamos reaprender a trabalhar com os alunos, vamos focar nossa atenção

É importante evitar um modelo de ‘escola’ simplista demais, supondo, por exemplo, que os discípulos sempre seguem cegamente o mestre ou que todos os membros aceitam o mesmo paradigma intelectual. Os mestres às vezes aprendem com os discípulos.” [3]

 

Somos eternos aprendizes, porém, para que isso possa ocorrer de forma efetiva é necessário existir um passo inicial. O passo inicial só depende de você.

Vou citar um caso de uma pessoa, chamada Rodrigo Terra, que acabara de ingressar em seu curso de graduação de Física, cujo aquele universo se torna seu único universo.

Sim, isso aconteceu comigo!

Ao ingressar no Instituto de Física, da USP, passei a consumir assuntos de Ciências desde o café da manhã até antes de dormir. Fazia leitura de artigos e livros técnicos, assistia a palestras e peças de teatro com temas científicos, meus amigos mais próximos atuavam / atuam como Professores de Física, etc.

No segundo ano da faculdade, comecei a perceber que estava com dificuldades para lembrar de palavras simples, como carteira, por exemplo. Ao sair de sua casa sempre lembrava de pegar sua carteira, porém a palavra não surgia na mente. Então, conversando com alguns amigos de faculdade e recebi um conselho um pouco diferenciado, o de ler menos materiais técnicos e retomar algumas leituras variadas, como contos infantis, pois é, um dos conselhos recebidos foi para que eu voltasse a consumir conteúdos que não falavam somente de Ciências.

Com o tempo esse problema cessou. É claro que isto também está relacionado com uma maior atenção ao fato de que eu estava gaguejando ao tentar se lembrar de palavras de uso cotidiano, mas tenho certeza de que me foi muito útil reaprender a considerar novas leituras.

 

A Educação Continuada é focada na pessoa, ou seja, você será responsável pela sua própria orientação e desenvolvimento. Esse argumento pode soar bem para alguns, mas também pode assustar outras pessoas. O ponto positivo é, existem muitas opções que lhe permitirão estudar em horários vagos. O ponto negativo é que você precisará se organizar e ser fiel a sua agenda para conseguir cumprir tais compromissos firmados com você.

O importante é: Você será recompensado por todo o esforço que fizer e notará isso rapidamente. O termo para importante que descreve toda essa ideia é autoaprendizagem.

 

Vamos fazer um exercício mental agora. Pense em uma profissão que você conheça bem. Sim, pode pensar em Professores de Física. Pense agora, na variedade de tarefas que este profissional executava há algumas décadas antes da existência do universo hiperconectado da internet.

Pensou?

 

Agora, compare com a variedade de tarefas que este mesmo profissional executa atualmente, dentro do contexto em que vivemos.

Analisando apenas a variedade de tarefas, você acha que os cenários são iguais? Você acha que a complexidade do trabalho é a mesma?

Provavelmente sua resposta deve ter sido: “Não!” e “Não mesmo!”. De maneira alguma estou desmerecendo o trabalho que os primeiros profissionais desenvolveram, mas de fato, se compararmos ambos os períodos, o nosso cotidiano exige tarefas diferentes e mais complexas.

 

Ok. Pronto, já montamos nossos cenários comparativos.

Agora, responda: Quais ferramentas tecnológicas você utiliza durante um dia normal do seu trabalho?

Ponto para mim!

 

Se você pensou em pelo menos UMA, já posso concluir meu raciocínio e dizer com toda a certeza que você levou um tempo para aprender a utilizar tal ferramenta e que hoje você já conhece uma porcentagem significativa das opções que formam tal ferramenta. Educação Continuada! Você não precisou fazer um curso de graduação ou pós-graduação para aprender a utilizá-la. Ela estava em suas mãos, no celular ou no computador, e você só precisou explorar algumas vezes para se ambientar. Se você tivesse assistido a um vídeo on-line provavelmente você teria passado por esse processo de forma mais rápida, pois alguém já teria indicado o “caminho das pedras”.

Ponto para a Educação continuada!

 

Falando um pouco sobre mercado de trabalho e currículo da nossa área de atuação, a Educação Continuada é muito bem vista pelas instituições de ensino básico, pois é fácil verificar pelo currículo o quanto um profissional se dedicou para ampliar seus conhecimento e habilidades. Você conseguirá encontrar cursos bem interessantes para complementar sua formação inicial. Normalmente estes cursos são rápidos, gratuitos e ainda oferecem certificados, olhe só quantas vantagens! Vou falar melhor sobre esses cursos no próximo tópico.

Outro ponto a ser destacado aqui é que muitos cursos de formação inicial ainda são tecnicistas. Não estou culpando ninguém, apenas fazendo uma análise. Estes cursos têm vantagens, como constituir uma sólida base de conhecimentos para a utilização profissional, mas e quanto ao conhecimentos que passaram por atualizações durante o último ano, ou durante o último mês, ou até mesmo durante a última semana. Cursos complementares podem suprir essa pendência, assim cada um faz o seu papel e você sai ganhando.

 

Estímulo à análise

  1. Neste momento, propomos a seguinte atividade. Verifique se o seu currículo pode ser atualizado com os novos conhecimentos obtidos no último ano ou meses.
  2. Em seguida, acrescente, no mesmo currículo, novos conhecimentos que gostaria de adquirir, para ampliar suas competências profissionais.
  3. Cite alguns conhecimentos que você aplica em seu dia a dia que são frutos do seu aprendizado.
  4. Liste quais são os aprendizados que você adquiriu no último ano, por meio de cursos formais (presenciais ou on-line) ou informais (leitura, pesquisa, acesso a vídeos etc.), seja de interesse profissional ou pessoal.

 

E ai, o que pensou? Compartilhe aqui nos comentários!

 

Referências Bibliográficas

[1] Almeida, R. Aprendizagem de desaprender: Machado de Assis e a pedagogia da escolha. Educ. Pesqui. vol.39 no.4 São Paulo Oct./Dec. 2013. Acesso em 06/20/2020 – Reflexão sobre um dos pilares da Educação continuada, desaprender e como ele pode ser aplicado ao contexto literário, trazendo novas pontos de vista aos professores de Ciências. Link da publicação: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-97022013000400012&script=sci_arttext

[2] Xavier, O.S. & Fernandes, R. C. A. A Aula em Espaços Não-Convencionais. In: VEIGA, I. P. A. Aula: Gênese, Dimensões, Princípios e Práticas. Campinas: Papirus Editora, 2008. – Sugestão para aprofundamento no tema inovação em Educação, como é a nova relação professor-aluno e suas interações.

[3] Burke, P. Uma história social em três dimensões. In: Uma história social do conhecimento II: da enciclopédia à Wikipédia. Trad. Denise Bottmann. Rio de Janeiro: Zahar, 2012. – Referência para aprofundar a reflexão sobre os princípios da Educação Continuada, aprender a aprender, desaprender e reaprender.


Como referenciar este post: Educação Continuada / LifeLong Learning. Rodrigo R. Terra. Publicado em: 16/11/2020. Link da postagem: (http://www.makerzine.com.br/educacao/educacao-continuada-lifelong-learning/).


Rodrigo Terra

Professor de Física, STEM / STEAM, Maker, Pesquisador em Ciências Educacionais com ênfase em Tecnologia Educacional, Especialista em Docência, Sócio diretor e Professor de Física do Duvidando, Líder Google Educator, Professor do YouTube Edu, eternamente curioso, apaixonado por café e por uma boa conversa. Acredita que somente com uma formação diversificada é que poderemos construir uma educação mais livre e efetiva.

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