Como referenciar este texto: ‘ODS 14 – Vida na Água: Proteger Mares, rios e recursos aquáticos’. Rodrigo Terra. Publicado em: 14/08/2025. Link da postagem: https://www.makerzine.com.br/educacao/ods-14-vida-na-agua-proteger-mares-rios-e-recursos-aquaticos/.
Conteúdos que você verá nesta postagem
O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14 – Vida na Água – busca proteger e conservar os oceanos, mares, rios e demais recursos hídricos, fundamentais para a vida no planeta. A água cobre cerca de 71% da superfície terrestre e abriga uma imensa biodiversidade, sendo também uma das principais fontes de alimento, transporte, lazer e regulação climática. No entanto, a exploração excessiva, a poluição, a sobrepesca e os efeitos das mudanças climáticas ameaçam seriamente a saúde dos ecossistemas aquáticos. Proteger esses ambientes é garantir a sobrevivência de inúmeras espécies e a manutenção do equilíbrio ambiental que sustenta a vida humana. Assim, compreender a importância da vida aquática e adotar práticas responsáveis de manejo dos recursos hídricos é essencial para um futuro sustentável.
Importância da vida na água
A vida na água é vital para a manutenção da saúde do planeta. Oceanos, mares e rios desempenham funções essenciais no equilíbrio climático, na produção de oxigênio, no transporte de nutrientes e no sustento de comunidades costeiras e ribeirinhas. Estima-se que os oceanos produzam mais da metade do oxigênio que respiramos e absorvam uma parte significativa do dióxido de carbono emitido pelas atividades humanas, contribuindo para mitigar o aquecimento global.
Além disso, os ecossistemas aquáticos abrigam uma diversidade biológica incomparável, com milhões de espécies, muitas delas ainda desconhecidas. Essas espécies fornecem alimentos, medicamentos e recursos para inúmeras atividades econômicas. A pesca, por exemplo, é uma fonte de subsistência e renda para milhões de pessoas em todo o mundo.
A preservação da vida aquática também está diretamente ligada à segurança hídrica e alimentar. Rios e lagos fornecem água potável para o consumo humano e para a irrigação de lavouras, enquanto os ambientes costeiros protegem contra eventos climáticos extremos, como tempestades e tsunamis, funcionando como barreiras naturais.
Dessa forma, cuidar da vida na água não é apenas uma questão ambiental, mas também econômica, social e de saúde pública. A sua degradação compromete a qualidade de vida e a sobrevivência de gerações futuras, exigindo ação conjunta de governos, empresas, comunidades e indivíduos.
Desafios e barreiras
A proteção dos ecossistemas aquáticos enfrenta uma série de desafios complexos que envolvem aspectos ambientais, econômicos, sociais e políticos. Um dos maiores obstáculos é a poluição marinha e fluvial, causada principalmente pelo descarte inadequado de resíduos sólidos, como plásticos, que se acumulam em rios e oceanos, afetando a fauna e a flora aquática. Além disso, a poluição química, proveniente de esgoto doméstico não tratado, agrotóxicos e derramamentos de petróleo, compromete a qualidade da água e ameaça a saúde pública.
Outro desafio significativo é a sobrepesca e pesca ilegal, que reduz drasticamente as populações de peixes e desequilibra as cadeias alimentares marinhas. Essa prática, muitas vezes motivada pela busca por lucro rápido, prejudica comunidades pesqueiras que dependem da pesca sustentável para sua sobrevivência.
A mudança climática intensifica esses problemas, provocando o aumento da temperatura da água, a acidificação dos oceanos e a elevação do nível do mar, com impactos severos nos recifes de corais, manguezais e outras áreas costeiras. Esses fenômenos afetam não apenas a biodiversidade, mas também as economias locais que dependem do turismo e da pesca.
Há ainda barreiras econômicas e institucionais para a implementação de políticas eficazes, incluindo a falta de financiamento, a ausência de fiscalização adequada e a resistência de setores econômicos que veem nas regulamentações ambientais uma ameaça aos lucros.
Por fim, a questão da justiça ambiental também se impõe: países em desenvolvimento, que muitas vezes contribuem menos para a poluição global, sofrem de forma desproporcional com os impactos sobre os recursos aquáticos. Comunidades costeiras e ribeirinhas vulneráveis têm menor capacidade de adaptação e enfrentam riscos maiores de perda de sustento, migração forçada e insegurança alimentar.
Boas práticas e soluções
Proteger mares, rios e recursos aquáticos exige ações coordenadas que conciliem conservação e desenvolvimento sustentável. Diversas iniciativas ao redor do mundo demonstram que é possível restaurar ecossistemas aquáticos e garantir a subsistência das comunidades que deles dependem.
A implementação de áreas marinhas protegidas é uma das estratégias mais eficazes. Elas limitam ou proíbem atividades extrativas em regiões estratégicas, permitindo a regeneração da fauna e flora aquática. Um exemplo é a ampliação da Área de Proteção Ambiental Marinha do Arquipélago de Fernando de Noronha, que contribuiu para a recuperação de espécies de peixes e corais ameaçados.
Outra prática relevante é a gestão integrada de bacias hidrográficas, que considera não apenas o uso da água, mas também a preservação das matas ciliares, o controle da poluição e o equilíbrio entre necessidades humanas e conservação ambiental. O Programa Produtor de Água, no Brasil, oferece incentivos financeiros para agricultores que adotam práticas de preservação e recuperação de nascentes, reduzindo a sedimentação e melhorando a qualidade da água.
Tecnologias inovadoras também desempenham papel importante. Sistemas de tratamento descentralizado de esgoto, coleta e reciclagem de resíduos plásticos e monitoramento por satélite ajudam a prevenir e mitigar danos ambientais. Projetos de economia circular aplicados à pesca e à aquicultura sustentável evitam a sobre-exploração e asseguram a renovação dos recursos.
A educação ambiental e a participação comunitária são essenciais para o sucesso dessas práticas. Quando comunidades locais compreendem a importância da preservação e participam do processo de tomada de decisões, as medidas adotadas tendem a ser mais eficazes e duradouras.
Integração com diferentes disciplinas
O ODS 14 – Vida na Água oferece um vasto campo de possibilidades para trabalhos interdisciplinares no ensino básico e médio, permitindo que diferentes áreas do conhecimento abordem a temática de forma complementar e conectada com a realidade dos estudantes.
Ciências – Estudo dos ecossistemas aquáticos (marinhos, fluviais e lacustres), biodiversidade, cadeias alimentares e impactos da poluição na fauna e flora. A análise de processos como a eutrofização e a acidificação dos oceanos pode ser feita com experimentos simples e dados de monitoramento disponíveis em plataformas científicas abertas.
Geografia – Compreensão das dinâmicas costeiras, correntes marítimas, recursos pesqueiros e gestão territorial das zonas costeiras. Pode incluir o uso de mapas temáticos, imagens de satélite e dados geoespaciais para analisar a relação entre atividades humanas e qualidade da água.
Matemática – Interpretação de gráficos e tabelas sobre níveis de poluição, quantidade de microplásticos, variação de estoques pesqueiros ou pH da água. Análises estatísticas podem ser aplicadas para estimar tendências e avaliar a eficácia de políticas ambientais.
História – Estudo do papel dos rios, mares e oceanos no desenvolvimento das civilizações, rotas comerciais e expansão marítima. Análise de como a exploração de recursos aquáticos moldou sociedades e influenciou transformações econômicas e culturais.
Português – Produção de textos argumentativos, resenhas de documentários e campanhas de conscientização sobre preservação da água e dos ecossistemas aquáticos. Também pode envolver debates, artigos de opinião e projetos de jornalismo escolar.
Arte – Produção artística inspirada nos ecossistemas marinhos e fluviais, utilizando materiais recicláveis ou técnicas mistas. A arte pode ser usada como ferramenta de sensibilização para causas ambientais, explorando estética e mensagem.
Educação Física – Reflexão sobre esportes aquáticos e segurança em ambientes como rios, lagos e praias, promovendo conscientização sobre cuidados ambientais e preservação das áreas usadas para lazer.
Ao integrar diferentes disciplinas, o ODS 14 promove um aprendizado contextualizado, estimulando nos estudantes não apenas a compreensão dos problemas e soluções para a vida na água, mas também a percepção de como o conhecimento se conecta para enfrentar desafios globais.
Integração com outras ODS
O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14 está profundamente conectado a diversas outras metas da Agenda 2030, reforçando a ideia de que a preservação da vida aquática depende de ações coordenadas em múltiplas frentes. A relação mais direta se dá com o ODS 6 – Água Potável e Saneamento, já que a poluição dos corpos d’água está intimamente ligada à falta de tratamento adequado de esgoto e ao manejo ineficiente de resíduos sólidos.
O ODS 13 – Ação Contra a Mudança Global do Clima também se integra de forma natural, pois o aquecimento global influencia diretamente os ecossistemas marinhos e de água doce, afetando a biodiversidade e a produtividade pesqueira. O controle das emissões de gases de efeito estufa e a adoção de práticas de mitigação e adaptação beneficiam diretamente a saúde dos oceanos e rios.
Outro ponto de convergência está no ODS 12 – Consumo e Produção Responsáveis, uma vez que a redução do uso de plásticos descartáveis, o incentivo à economia circular e a gestão eficiente dos recursos naturais reduzem a pressão sobre os ecossistemas aquáticos.
Além disso, a relação com o ODS 15 – Vida Terrestre evidencia que a preservação de áreas costeiras, manguezais e zonas úmidas é fundamental tanto para a biodiversidade terrestre quanto para a aquática, pois esses ambientes atuam como berçários naturais e filtros contra a poluição.
Por fim, há um vínculo importante com o ODS 2 – Fome Zero e Agricultura Sustentável, já que a pesca responsável e a aquicultura sustentável não apenas preservam os estoques pesqueiros, mas também garantem segurança alimentar e subsistência para milhões de pessoas em todo o mundo. Essa interconexão demonstra que proteger mares e rios é uma ação transversal que amplia os resultados positivos em várias áreas do desenvolvimento sustentável.
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