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Como referenciar este texto: Desvendando a Taxonomia de Bloom: Da Teoria à Prática Educacional. Rodrigo Terra. Publicado em: 11/03/2024. Link da postagem: https://www.makerzine.com.br/educacao/desvendando-a-taxonomia-de-bloom-da-teoria-a-pratica-educacional.

Conteúdos dessa postagem

Introdução à Taxonomia de Bloom

A Taxonomia de Bloom, desde sua concepção na década de 1950, tem sido um pilar fundamental na estruturação de objetivos educacionais, facilitando a criação de ambientes de aprendizagem mais eficazes e direcionados. Este texto busca oferecer uma introdução abrangente à Taxonomia de Bloom, explorando seu histórico, desenvolvimento e a relevância contínua no campo da educação.

Breve Histórico e Desenvolvimento da Taxonomia de Bloom

A Taxonomia de Bloom foi desenvolvida por Benjamin Bloom e outros colaboradores na década de 1950 como uma ferramenta para classificar os objetivos educacionais e promover uma compreensão mais profunda e sistemática do processo de aprendizagem. Bloom, um psicólogo educacional da Universidade de Chicago, liderou um grupo de pesquisadores em um esforço para categorizar os domínios da aprendizagem e os objetivos educacionais associados. O resultado foi a publicação, em 1956, do “Taxonomy of Educational Objectives, Handbook I: The Cognitive Domain”, que propunha uma estrutura hierárquica para classificar os objetivos de aprendizagem em termos de complexidade cognitiva.

Originalmente, a Taxonomia de Bloom abrangia três domínios principais da aprendizagem: cognitivo, afetivo e psicomotor. O mais amplamente adotado e discutido entre esses foi o domínio cognitivo, que se concentra nos processos mentais de compreensão e processamento de informações. O domínio cognitivo foi dividido em seis níveis, organizados de maneira hierárquica: Conhecimento, Compreensão, Aplicação, Análise, Síntese e Avaliação. Essa hierarquia pretendia refletir a progressão da aprendizagem, desde a aquisição básica de conhecimento até habilidades de pensamento mais complexas e críticas.

Objetivo e Importância da Taxonomia de Bloom na Educação

O principal objetivo da Taxonomia de Bloom é oferecer uma estrutura que professores e educadores possam utilizar para focar em níveis de aprendizagem específicos, garantindo que o ensino seja mais alinhado com objetivos educacionais claros e mensuráveis. Isso permite a criação de currículos, avaliações e atividades de ensino que promovem uma aprendizagem mais efetiva e abrangente, indo além da memorização de fatos para incluir a compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação de informações.

A importância da Taxonomia de Bloom no campo da educação é multifacetada. Ela fornece uma linguagem comum para educadores discutirem e planejarem os objetivos de aprendizagem, promovendo uma maior clareza e coesão dentro e entre instituições educacionais. Além disso, ao categorizar os objetivos de aprendizagem, a taxonomia ajuda os professores a identificar e implementar métodos de ensino que atendam às necessidades de aprendizagem variadas dos alunos, incentivando um ensino mais inclusivo e adaptativo.

A relevância da Taxonomia de Bloom estende-se também à avaliação, oferecendo aos educadores um framework para desenvolver avaliações que medem adequadamente uma gama de habilidades cognitivas, do conhecimento básico à capacidade de avaliação crítica e criação. Isso assegura que a avaliação seja alinhada com os objetivos de aprendizagem, proporcionando uma medida mais precisa do progresso e da proficiência do aluno.

Desde sua introdução, a Taxonomia de Bloom tem sido revisada e expandida, refletindo as mudanças nas teorias educacionais e nas necessidades da sala de aula moderna. Em 2001, uma versão revisada foi publicada, atualizando os nomes e a ordem de alguns níveis para refletir melhor a natureza dinâmica da aprendizagem. A revisão transformou a Síntese em Criação e posicionou-a no topo da hierarquia, indicando a importância da capacidade de criar novo conhecimento como o ápice da aprendizagem cognitiva.

Descrição da Taxonomia Original

Três Domínios de Aprendizagem

1. Domínio Cognitivo: Este domínio concentra-se no desenvolvimento intelectual e no conhecimento. É o mais amplamente utilizado e discutido dos três domínios, estruturado em uma hierarquia que vai do simples ao complexo. Ele engloba habilidades mentais e o entendimento de conceitos.

2. Domínio Afetivo: Relacionado às emoções, atitudes, apreciações e valores. Este domínio abrange a maneira pela qual lidamos com nossos sentimentos e como eles afetam nossas interações e aprendizados. Envolve a formação de valores e a capacidade de relacionar-se emocionalmente com os outros.

3. Domínio Psicomotor: Foca no desenvolvimento de habilidades físicas e na coordenação motora. Este domínio inclui ações que exigem destreza física, manipulação de objetos e o uso de ferramentas ou instrumentos.

Níveis de Aprendizagem no Domínio Cognitivo

1. Conhecimento: A base da pirâmide e o nível mais básico, envolvendo a memorização de fatos, termos, conceitos básicos e respostas sem compreensão profunda.

Exemplo de Objetivo: Um aluno memoriza as capitais dos países da América do Sul.

2. Compreensão: Neste nível, o aluno começa a entender o significado das informações, podendo explicar conceitos ou traduzir material de uma forma para outra.

Exemplo de Objetivo: Um aluno explica as causas da Primeira Guerra Mundial em suas próprias palavras.

3. Aplicação: Capacidade de usar a informação aprendida em novas situações, aplicando conceitos, regras, métodos, ou teorias.

Exemplo de Objetivo: Um aluno usa a lei da gravidade para calcular o tempo que um objeto leva para cair de determinada altura.

4. Análise: Envolve examinar e quebrar informações em partes, identificando causas, análise de processos e padrões.

Exemplo de Objetivo: Um aluno analisa os elementos literários de uma obra para discutir seu tema central.

5. Síntese: Construção de uma estrutura ou padrão a partir de elementos diversificados; pensar de forma criativa para formar uma nova totalidade.

Exemplo de Objetivo: Um aluno cria um plano de negócios inovador que resolve um problema específico da comunidade.

6. Avaliação: Fazer julgamentos sobre o valor das ideias ou materiais, usando critérios para apoiar opiniões e decisões.

Exemplo de Objetivo: Um aluno avalia a eficácia das diferentes estratégias de marketing digital baseando-se em dados de desempenho.

 

Cada nível da Taxonomia de Bloom no domínio cognitivo constrói sobre o anterior, exigindo um pensamento mais complexo e profundo à medida que se avança. Isso reflete a ideia de que a aprendizagem é um processo contínuo, onde habilidades mais simples devem ser dominadas antes de se mover para tarefas mais complexas. A aplicação desta estrutura ajuda os educadores a projetar currículos e avaliações que promovem um desenvolvimento holístico e progressivo das habilidades dos alunos, alinhando atividades de aprendizagem com objetivos educacionais claros e mensuráveis.

Níveis de Aprendizagem no Domínio Afetivo

O domínio afetivo, refere-se ao aspecto da aprendizagem que envolve atitudes, emoções, valores e o desenvolvimento de sentimentos. Diferente do domínio cognitivo, que se concentra no intelecto, o domínio afetivo foca na maneira pela qual as pessoas reagem emocionalmente, como elas valorizam e a forma pela qual elas adotam crenças e atitudes em relação ao mundo ao seu redor. A progressão neste domínio move-se do recebimento simples de estímulos a uma resposta emocional complexa e uma consistente forma de valorização.

1. Recepção (Receber): O nível mais básico do domínio afetivo, onde o indivíduo mostra-se disposto a prestar atenção e estar consciente da existência de certos estímulos, fenômenos ou informações sem necessariamente valorizá-los.

Exemplo de Objetivo: Um aluno demonstra disposição para ouvir sobre a importância da diversidade cultural.

2. Resposta (Responder): Neste nível, o indivíduo não apenas está ciente, mas também reage a estímulos. Isso pode incluir participar ativamente e mostrar interesse ou preferência por determinados tópicos, ideias ou disciplinas.

Exemplo de Objetivo: Um aluno participa de uma discussão em classe sobre a mudança climática e expressa sua preocupação com o tema.

3. Valorização (Valorizar): O indivíduo atribui valor a um fenômeno ou informação, indicando uma crença internalizada ou atitude. Isso pode incluir a apreciação e a adoção de valores específicos que influenciam o comportamento.

Exemplo de Objetivo: Um aluno se compromete a reciclar e reduzir o desperdício pessoal após aprender sobre os impactos ambientais do lixo.

4. Organização (Organizar): Neste estágio, os indivíduos começam a organizar valores, balanceando-os, e integrando-os em um sistema coerente de valorização. Eles relacionam novos valores aos já existentes e resolvem conflitos entre eles para formar um sistema consistente de valores.

Exemplo de Objetivo: Um aluno integra a importância da sustentabilidade em seu conjunto de valores pessoais, influenciando suas escolhas de consumo e estilo de vida.

5. Caracterização por um Conjunto de Valores (Internalização de Valores): O nível mais elevado do domínio afetivo, onde um indivíduo adota um conjunto de valores que se manifesta em um comportamento consistente e um estilo de vida. Neste ponto, os valores tornam-se uma parte significativa da personalidade do indivíduo, influenciando a forma como ele age e toma decisões de forma geral.

Exemplo de Objetivo: Um aluno vive de acordo com um conjunto de princípios éticos fortes, como honestidade e justiça, em todas as suas interações e decisões.

Níveis de Aprendizagem no Domínio Psicomotor

O domínio psicomotor da Taxonomia de Bloom se refere ao aprendizado relacionado a movimentos físicos e habilidades motoras. Esse domínio abrange atividades que exigem o uso de habilidades motoras para executar tarefas que demandam precisão, força, agilidade e coordenação. Embora não tenha sido tão amplamente elaborado ou revisado por Bloom e sua equipe original como os domínios cognitivo e afetivo, o domínio psicomotor é fundamental em campos que envolvem atividades físicas, como educação física, dança, artes, e certas áreas da medicina e da engenharia. Ao longo dos anos, diversos educadores expandiram e adaptaram este domínio para se adequar melhor às suas necessidades específicas.

1. Imitação: Aprender observando e copiando. Neste estágio, os alunos começam a replicar ações observadas em outros, sem compreensão profunda ou precisão.

Exemplo de Objetivo: Um aluno observa o professor demonstrar um saque no tênis e tenta imitar a ação.

2. Manipulação: Execução de ações com alguma competência, seguindo instruções ou imitações, mas sem fazer por conta própria.

Exemplo de Objetivo: Após várias práticas e correções, o aluno consegue realizar o saque no tênis conforme instruído, sem necessidade de observação contínua.

3. Precisão: Aperfeiçoamento da habilidade motora com precisão e eficiência sem a necessidade de modelos externos.

Exemplo de Objetivo: O aluno executa o saque no tênis com precisão e consistência, mostrando controle sobre a direção e força da bola.

4. Articulação: Combinação de uma série de habilidades motoras em uma ação fluida e coordenada, onde diferentes habilidades são sintetizadas.

Exemplo de Objetivo: O aluno combina habilmente o saque no tênis com movimentos adequados de pés, posicionamento corporal e planejamento tático para jogar efetivamente.

5. Naturalização: Habilidades motoras tornam-se automatizadas e são executadas com alta eficiência e sem esforço consciente.

Exemplo de Objetivo: O saque do aluno no tênis é realizado com naturalidade e eficiência, adaptando-se automaticamente a diferentes situações de jogo sem necessidade de pensamento consciente.

Revisão da Taxonomia de Bloom

Atualização da Taxonomia de Bloom em 2001

A revisão de 2001 da Taxonomia de Bloom foi um esforço colaborativo liderado por Lorin Anderson e David Krathwohl, que eram ex-alunos de Bloom, e um grupo de especialistas em educação e psicologia cognitiva. O principal objetivo dessa revisão era modernizar a taxonomia para refletir as práticas contemporâneas na educação e na pesquisa psicológica, bem como incorporar novas abordagens pedagógicas que surgiram desde a publicação original.

Novos Termos e Estrutura

A estrutura revisada introduziu várias mudanças significativas nos nomes e na organização dos níveis de aprendizagem no domínio cognitivo. Os seis níveis foram mantidos, mas com terminologias atualizadas e uma pequena reorganização:

  1. Lembrar: Anteriormente conhecido como “Conhecimento”, este nível enfatiza a capacidade de recuperar conhecimentos prévios, reconhecendo e recordando fatos, termos e conceitos básicos.

  2. Entender: Substituindo “Compreensão”, envolve interpretar, exemplificar, classificar, resumir, inferir, comparar e explicar material ou ideias.

  3. Aplicar: Manteve o mesmo nome, destacando a habilidade de usar informações em novas situações, aplicando conhecimentos, teorias, procedimentos ou metodologias.

  4. Analisar: Este nível foca na habilidade de decompor informações em partes componentes, entender sua estrutura e as relações entre elas.

  5. Avaliar: Antes o topo da hierarquia original, agora enfatiza a capacidade de julgar com base em critérios e padrões, avaliando teorias ou soluções.

  6. Criar: Substituindo “Síntese” e movido para o topo da hierarquia, este nível ressalta a capacidade de juntar partes para formar um todo novo, com ênfase na criação de um produto ou ponto de vista original.

Diferenças entre a Versão Original e a Revisada

As principais diferenças entre a versão original e a revisada da Taxonomia de Bloom podem ser resumidas em três áreas chave:

1. Terminologia: A revisão atualizou a linguagem usada para descrever os níveis de aprendizagem, tornando-a mais aplicável às práticas educacionais modernas e refletindo melhor a natureza ativa do aprendizado.

2. Estrutura: A maior mudança estrutural foi a promoção da “Criação” para o nível mais alto, destacando a importância da síntese e da inovação no processo de aprendizagem. Isso reflete uma mudança no foco de uma aprendizagem baseada na memorização para uma que valoriza o pensamento crítico e a criatividade.

3. Enfoque no Estudante: A revisão enfatizou a aprendizagem como um processo mais ativo e centrado no estudante, em contraste com a visão mais passiva sugerida pela taxonomia original. Isso está alinhado com as abordagens pedagógicas contemporâneas, que valorizam a participação ativa dos alunos na construção do conhecimento.

A revisão da Taxonomia de Bloom em 2001 foi um marco importante na educação, refletindo as mudanças nas teorias de aprendizagem e nas práticas pedagógicas.

Aplicação da Taxonomia de Bloom na Educação

Desenvolvimento de Currículos e Avaliações

A aplicação da Taxonomia de Bloom no desenvolvimento de currículos começa com a definição clara de objetivos educacionais que se alinham aos diferentes níveis da taxonomia. Isso permite aos educadores estruturar o conteúdo de forma que os estudantes progridam de tarefas de aprendizagem que exigem habilidades cognitivas mais simples para aquelas que exigem habilidades mais complexas. Por exemplo, um currículo pode começar com objetivos que enfocam a memória e o entendimento (Lembrar e Entender) e, gradualmente, avançar para objetivos que exigem aplicação, análise, avaliação e criação.

Na avaliação, a Taxonomia de Bloom ajuda os educadores a criar instrumentos de avaliação que medem adequadamente uma ampla gama de habilidades cognitivas. Ao invés de se concentrarem apenas na memorização de fatos, as avaliações podem ser projetadas para avaliar a compreensão dos estudantes, sua capacidade de aplicar conhecimentos em novos contextos, analisar informações, avaliar argumentos e criar novas soluções para problemas.

Exemplos de Atividades de Aprendizagem

Lembrar: No nível mais básico, atividades como flashcards, listas de memorização e quizzes focam na recordação de fatos específicos, termos e conceitos básicos.

Entender: Para promover a compreensão, os educadores podem pedir aos alunos que resumam textos, expliquem conceitos em suas próprias palavras ou ilustrem ideias com diagramas.

Aplicar: Atividades que exigem a aplicação de conhecimentos podem incluir a resolução de problemas práticos, a realização de experimentos ou a utilização de informações aprendidas em projetos.

Analisar: Neste nível, os estudantes podem ser encorajados a dissecar argumentos, comparar e contrastar ideias, ou analisar dados para identificar padrões ou tendências.

Avaliar: Atividades que promovem a avaliação podem envolver debates, a crítica de teorias ou a avaliação da viabilidade de diferentes soluções para um problema.

Criar: No nível mais alto da taxonomia, os alunos podem ser desafiados a projetar um produto inovador, escrever uma peça de teatro ou desenvolver um plano de pesquisa para investigar uma questão científica.

Benefícios da Utilização da Taxonomia de Bloom

Para Professores:

  • Facilita o desenvolvimento de objetivos de aprendizagem claros e mensuráveis.
  • Ajuda na criação de avaliações que abrangem uma gama completa de habilidades cognitivas.
  • Promove a reflexão sobre práticas pedagógicas e o alinhamento entre ensino, aprendizagem e avaliação.

Para Alunos:

  • Encoraja o desenvolvimento de habilidades de pensamento crítico e resolução de problemas.
  • Apoia a aprendizagem progressiva, do básico ao complexo, ajudando os alunos a construir e aplicar conhecimentos de forma mais eficaz.
  • Melhora a autoeficácia dos estudantes, à medida que eles se tornam capazes de abordar tarefas mais desafiadoras e complexas.

Críticas e Limitações

Críticas Recebidas pela Taxonomia de Bloom

1. Hierarquia Rígida: Uma das críticas mais frequentes à Taxonomia de Bloom é a sua representação de habilidades cognitivas em uma estrutura hierárquica rígida. Críticos argumentam que a aprendizagem não ocorre necessariamente de maneira linear, como sugerido pela taxonomia, e que habilidades mais complexas, como a análise e a avaliação, podem ser desenvolvidas simultaneamente ou mesmo antes de habilidades consideradas mais básicas, como a memorização.

2. Foco no Domínio Cognitivo: Embora a Taxonomia de Bloom abranja domínios afetivo e psicomotor, a maior parte de sua aplicação e discussão concentra-se no domínio cognitivo. Isso levou a críticas sobre a negligência de aspectos emocionais e físicos da aprendizagem, que são igualmente importantes no processo educativo.

3. Desconsideração das Diferenças Individuais: A taxonomia é frequentemente criticada por sua abordagem generalizada, que não leva em consideração as diferenças individuais entre os alunos, incluindo seus interesses, motivações e estilos de aprendizagem. Isso pode levar a estratégias de ensino que não atendem às necessidades específicas de todos os estudantes.

4. Relevância Cultural e Contextual: Outra crítica importante é que a Taxonomia de Bloom pode não ser universalmente aplicável em diferentes contextos culturais e educacionais. O que é considerado um objetivo educacional de alto nível em uma cultura pode não ser visto da mesma maneira em outra, levantando questões sobre a universalidade e a aplicabilidade transversal da taxonomia.

Limitações na Aplicação Prática

1. Dificuldade de Implementação: Na prática, professores e educadores podem encontrar dificuldades ao tentar aplicar a taxonomia de maneira rigorosa, especialmente ao projetar avaliações e atividades de aprendizagem que correspondam claramente a cada nível. A complexidade de alguns conteúdos e habilidades pode desafiar a categorização simples.

2. Avaliação de Habilidades Superiores: Embora a taxonomia ofereça um guia para a criação de avaliações que medem habilidades cognitivas superiores, como análise, síntese e avaliação, na prática, essas habilidades são frequentemente mais difíceis de avaliar objetivamente. Isso pode levar a uma dependência excessiva de avaliações focadas em habilidades de nível inferior, como memorização.

3. Suposição de Progressão Linear: A suposição de que os alunos devem dominar habilidades de nível inferior antes de progredir para habilidades de nível superior pode não refletir com precisão o processo de aprendizagem de todos os alunos. Alguns estudantes podem demonstrar fortes habilidades analíticas ou criativas enquanto lutam com a memorização de fatos, sugerindo que o desenvolvimento cognitivo não segue sempre um caminho linear.

4. Adaptação a Novos Paradigmas Educacionais: Com a evolução da educação para abordagens mais centradas no aluno, como aprendizagem baseada em projetos e aprendizagem invertida, a aplicabilidade da Taxonomia de Bloom, com sua estrutura mais tradicional, tem sido questionada. Educadores estão buscando frameworks que suportem melhor essas abordagens inovadoras e que reflitam a interatividade e a natureza dinâmica da aprendizagem contemporânea.

Taxonomia de Bloom e Tecnologia Educacional

Integrando Tecnologia e Taxonomia de Bloom na Educação

A tecnologia educacional pode ser empregada de várias maneiras para apoiar os objetivos estruturados pela Taxonomia de Bloom, desde o nível básico de lembrar até o mais avançado de criar. Ferramentas digitais, plataformas de aprendizado online, aplicativos educacionais, e recursos multimídia oferecem oportunidades diversificadas para que os educadores projetem atividades de aprendizagem alinhadas com cada nível da taxonomia. Essas tecnologias permitem a personalização do ensino, a promoção de interações mais engajadoras e o desenvolvimento de habilidades de pensamento crítico e criativo.

Ferramentas Tecnológicas Para Aplicação dos Diferentes Níveis de Aprendizagem

1. Lembrar e Entender:

  • Kahoot! e Quizlet: Ferramentas de criação de quizzes e flashcards que estimulam a memorização e compreensão de conceitos através de jogos e repetição espaçada.
  • Vídeos educativos (YouTube, Khan Academy): Oferecem recursos visuais e auditivos para ajudar na assimilação de conceitos e teorias, facilitando a compreensão.
  • TED-Ed: Plataforma que oferece vídeos educacionais sobre uma ampla gama de tópicos, que podem ser usados para introduzir conceitos e estimular a compreensão.
  • Duolingo ou Babbel: Aplicativos de aprendizagem de idiomas que utilizam técnicas de repetição espaçada e quizzes para ajudar na memorização de vocabulário e na compreensão de regras gramaticais.

 

2. Aplicar e Analisar:

  • Simulações e jogos educativos (PhET, Minecraft Education Edition): Permite que os estudantes apliquem conceitos em cenários simulados, desenvolvendo habilidades de resolução de problemas e análise crítica.
  • Google Earth e aplicativos de realidade aumentada: Proporcionam contextos reais ou simulados para explorar conceitos geográficos, históricos e científicos, estimulando a análise e aplicação do conhecimento.
  • GeoGebra: Ferramenta matemática online que permite a estudantes e professores explorar diversos conceitos matemáticos e científicos através de atividades interativas, facilitando a aplicação e análise.
  • Labster: Oferece simulações de laboratório virtuais que permitem aos estudantes aplicar teorias científicas em experimentos virtuais, promovendo a análise crítica e compreensão de conceitos complexos.

 

3. Avaliar:

  • Ferramentas de colaboração online (Google Docs, Padlet): Estimulam a avaliação crítica e o feedback entre pares, permitindo que os estudantes colaborem em projetos e discutam ideias.
  • Fóruns de discussão e blogs educativos: Oferecem espaços para debate, análise crítica e avaliação de ideias ou trabalhos de colegas, promovendo o pensamento reflexivo e crítico.
  • Socrative: Ferramenta de avaliação que permite aos professores criar exercícios ou quizzes que os alunos podem responder em tempo real, promovendo a avaliação e reflexão sobre o conhecimento adquirido.
  • Turnitin: Plataforma conhecida por verificar a originalidade de trabalhos acadêmicos, mas também pode ser usada para desenvolver habilidades críticas de avaliação ao analisar fontes e evitar o plágio.

 

4. Criar:

  • Plataformas de codificação (Scratch, Code.org): Encorajam os estudantes a criar jogos, histórias e animações, aplicando lógica de programação e criatividade.
  • Ferramentas de edição de vídeo (iMovie, Adobe Premiere Rush) e design gráfico (Canva, Adobe Spark): Permitem que os alunos produzam conteúdo original, como vídeos, pôsteres e apresentações, demonstrando compreensão e criatividade.
  • Tinkercad: Aplicativo web de modelagem 3D que permite aos alunos criar designs complexos, desenvolvendo habilidades de pensamento espacial e criativo.
  • Storybird: Plataforma que permite aos usuários criar histórias visuais digitais, incentivando a criatividade através da escrita e ilustração.

Ferramentas Adicionais para Todos os Níveis

  • Google Classroom: Permite a organização de tarefas, feedback e avaliações de forma eficiente, apoiando todos os níveis da Taxonomia de Bloom, desde a distribuição de material informativo até a submissão de projetos criativos pelos alunos.
  • Padlet: Uma ferramenta colaborativa que funciona como um mural digital, onde alunos e professores podem postar textos, imagens, links e vídeos. É versátil para suportar atividades em todos os níveis de aprendizagem, desde a coleta de informações básicas até a colaboração em projetos complexos.

Rodrigo Terra

Atuei como Professor de Física e Cultura Maker, por mais de 20 anos. Sou Pesquisador em Ciências Educacionais com ênfase em Tecnologia Educacional e Docência. desenvolvendo trabalhos de Consultorias Pedagógicas para diversas empresas do setor educacional. Há alguns anos, venho direcionando meus estudos para o universo dos dados e programação. Atualmente, trabalho como Líder Acadêmico de matérias técnicas, como Data Analytics, Gestão de Produtos Digitais e Mercado Financeiro. Sou um eterno curioso, apaixonado por café e por uma boa conversa. Acredito que somente com uma formação transdisciplinar é que criamos oportunidades pensar em diferentes aspectos ou ponto de vista de um mesmo assunto, e com isso, desenvolver pessoas mais conscientes e preparadas para a vida.

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